18.5.06

Oposição reage a Tarso

Oposição reage a Tarso e obstrui votações
Presidente do PSDB exige retratação do ministro


Os reflexos políticos da crise de segurança em São Paulo abriram uma guerra no Congresso e levaram à paralisação dos trabalhos no Senado. O estopim foram declarações do ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, que acusou "o governo de Geraldo Alckmin" de preferir negociar com os criminosos a aceitar ajuda da força federal para enfrentar o crime organizado. A oposição reagiu bloqueando a votação de projetos de interesse do governo.

Nervoso, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), anunciou o rompimento do diálogo com o governo e atacou o ministro. "Ele é um irresponsável e leviano, que só pensa em poder", disse Tasso, ao anunciar a decisão de cortar o diálogo com "esse governo, que tem um homem que fala uma bobagem desse tamanho". Segundo ele, Tarso deveria se retratar, pois procurou responsabilizar Alckmin, que está fora do governo paulista, com base em especulações. "O ministro quis fazer política de baixo nível, de leviandade, justamente no momento em que o Senado começa a trabalhar com seriedade."

O clima de tensão foi reforçado quando o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), reagiu com veemência a outra declaração de Tarso, que comentara com ironia a polêmica a respeito dos vestidos recebidos por Lu Alckmin, mulher do candidato tucano à Presidência. "Qual a segurança de um presidente da República que não sabe dos vestidos que a mulher tem no armário?", indagara Tarso. Segundo Virgílio, o ministro o procurou há alguns dias para evitar ataques aos parentes dos candidatos ao Planalto - providência que reduziria a pressão por apuração dos negócios de Fábio Luis, um dos filhos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Não é o mesmo homem que esteve comigo para dizer que queria elevar o debate."

Enquanto isso, a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC), tentava falar ao telefone com Tarso. Só no início da noite é que ela subiu à tribuna para defendê-lo, dizendo que ele se baseara em notícias divulgadas pela imprensa sobre acordo entre o governo de São Paulo e o PCC.

"Não podemos trazer para o plenário o calor da disputa eleitoral", interveio o senador Sibá Machado (PT-AC), tentando colocar panos quentes. "Nós somos contra a politização desse episódio, e a pesquisa mostrou que tanto o governo estadual quanto o federal têm culpa."

Diante das cobranças da oposição, que se revezou em atacar Tarso, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse que, em nenhum momento, Lula teria estimulado a disputa política por conta dos episódios de violência. Tanto que o próprio presidente orientou aliados a evitar troca de acusações. Jucá afirmou que conversara com Tarso, que negou as declarações. "Foram informações truncadas."

"Ele não é nenhuma criança", devolveu Virgílio, certo de que o ministro agira intencionalmente para acirrar o clima eleitoral. O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) foi duro com o ministro, afirmando que ele criou "ambiente desagregador" justamente no momento em que os partidos estavam se entendendo para a votação de projetos. Pela manhã, os senadores haviam aprovado pacote de medidas de combate à criminalidade e selaram acordo para avançar nas votações. De acordo com ACM, Tarso "não tem autoridade" para falar sobre o episódio de São Paulo.
Estadão

Um comentário:

Anônimo disse...

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