Parlamentares se dizem surpresos
Informados das prisões, eles afirmam não ter conhecimento de fraudes e chegam a demitir assessores acusados
Deputados que tiveram assessores presos ontem na Operação Sanguessuga da Polícia Federal declararam desconhecer as acusações contra seus funcionários e procuraram se "descolar" das atividades do servidor. Os deputados e o líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), único senador que teve assessor preso, se disseram surpresos com o envolvimento dos funcionários.
Em viagem oficial ao Paraguai, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), só deverá tratar do assunto no sábado depois que conhecer oficialmente a investigação da Polícia Federal.
Na Câmara, no entanto, há suspeitas de que muitos deputados podem estar envolvidos na quadrilha montada para desviar dinheiro público em licitações fraudulentas para a compra de ambulâncias. Parlamentares só podem ser presos em flagrante e em caso de crime inafiançável, e os processos contra eles correm no Supremo Tribunal Federal (STF).
Entre os presos está o assessor do segundo secretário da Mesa, deputado Nilton Capixaba (PTB-RO), Francisco Machado Filho. Ontem, a assessoria de Capixaba informou que o deputado estava em local de difícil comunicação, na divisa com a Bolívia, e não tinha conhecimento da operação da PF. O deputado João Mendes (PL-RJ) exonerou ontem o assessor parlamentar Régis Moraes Galheno. "Não compactuo e nunca compactuei com atos e ações ilegais", afirmou Mendes. Outro que anunciou que demitirá seu assessor foi o senador Suassuna. Por meio de sua assessoria, o parlamentar informou que mandou demitir Marcelo Cardoso Carvalho.
Na operação, a PF prendeu o filho da deputada Edna Macedo (PTB-SP), Octávio José Bezerra Sampaio Fernandes, de 31 anos. O marido da deputada e pai de Octávio José, Octávio Fernandes, disse desconhecer as acusações contra o filho e informou que o advogado da família estava entrando com pedido de habeas-corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O pai negou que o filho trabalhe no gabinete da deputada.
A assessoria do deputado Vieira Reis (PRB-RJ), cujo assessor Cristiano de Souza Bernardo foi preso, alegou que o deputado ainda se informava sobre o caso.
A assessoria do deputado Maurício Rabelo (PL-TO) afirmou que Luiz Carlos Moreira Martins não tem vínculo com seu gabinete. Segundo a assessoria de Rabelo, Martins é consultor autônomo que atua na Câmara prestando serviços para diversos gabinetes e já trabalhou para o parlamentar.
O deputado Benedito Dias (PP-AP) afirmou que Erik Janson Sobrinho de Lucena, que foi preso, deixou de trabalhar com ele "há mais de três anos".
O deputado Pastor Pedro Ribeiro (PMDB-CE) disse que Adarildes Costa, presa na operação da PF, é sua assessora há quase sete meses. "Estou convicto de que qualquer coisa que ela tenha feito, que eu não sei o que foi, não teve nada de escuso (sic) com o gabinete", disse Pedro Ribeiro.
A deputada Elaine Costa (PTB-RJ), cujos assessores Marco Antonio Lopes e Nívea Martins de Oliveira também foram presos, está de licença médica. No gabinete do deputado Eduardo Seabra (PTB-AP), a informação era de que tinha viajado para o Estado e seria tentado um contato com ele hoje. De acordo com informações obtidas na PF, Pedro Braga de Souza Júnior, preso ontem, é assessor de Seabra.
Um comentário:
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