22.5.06

Doação de bingos a lula

Baseada em indícios, afirmação estará no relatório final, que deve ir a votação no plenário do Senado no início de junho

Garibaldi Alves, relator da comissão, deve propor no texto aplicação de referendo popular e liberação desse jogo sob controle da União

O relatório final da CPI dos Bingos deverá afirmar que a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto recebeu R$ 1 milhão de empresários de bingos em troca da regulamentação da atividade no país. O texto deverá propor a liberação dos bingos sob controle da União e submetida a um referendo popular marcado para 2008, antecipou o relator Garibaldi Alves (PMDB-RN).
Ele pretende fechar a versão preliminar do relatório na quinta. O texto deve ser submetido à votação em 8 de junho.
Sem ter obtido provas do pagamento dos bingueiros, o relatório se baseará em indícios e sobretudo no testemunho do advogado Rogério Buratti, ex-assessor do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto.
Buratti declarou à CPI que empresários ligados a bingos teriam doado R$ 1 milhão à campanha de Lula. O dinheiro seria de angolanos que exploravam jogos e teria sido captado pelo empresário Roberto Kurzweil, em nome de Palocci.
No primeiro ano de governo, Lula encaminhou a liberação dos bingos, que atuavam, como hoje, por conta de liminares concedidas pela Justiça ou de forma clandestina. Em janeiro de 2004, estava pronta a proposta de um grupo de trabalho interministerial, mas a regulamentação foi atropelada pelo escândalo Waldomiro Diniz.
Depois que o então assessor de José Dirceu na Casa Civil foi flagrado cobrando propina do empresário de jogos Carlos Cachoeira, Lula se viu forçado a baixar medida provisória proibindo bingos e máquinas caça-níqueis no país. A MP acabou rejeitada no Congresso.
Apesar de o Supremo Tribunal Federal considerar que a legislação não libera o jogo, haveria hoje cerca de 400 casas de bingos, segundo a CPI.
O senador Garibaldi Alves disse ontem que tende a propor a regulamentação dos bingos no relatório final. Para evitar sonegação de impostos ou lavagem de dinheiro, o relatório deverá propor que os jogadores sejam identificados. "Essa é a tendência, mas preciso ouvir mais a comissão", disse ele.
Folha