31.7.09

Uma Bolsa que não fecha

O presidente Lula deverá anunciar hoje, em Minas Gerais, um reajuste de 10% no valor dos benefícios do Bolsa Família, apesar de o governo não ter previsto, no orçamento do programa, verba suficiente para o aumento.

Ontem, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que o governo está fazendo as contas para saber o tamanho do pedido de crédito suplementar que será encaminhado ao Congresso, até o fim do ano, para garantir o pagamento de todos os benefícios.

A previsão é que o reajuste dos benefícios custe aos cofres públicos R$ 1,19 bilhão a mais por ano.

Após participar de um programa de rádio ontem, Paulo Bernardo alegou que os recursos adicionais serão necessários para cobrir a expansão do número de beneficiários do Bolsa Família este ano, e não para cobrir os custos do reajuste. O programa começou o ano atendendo a 11,1 milhões de famílias e, em outubro, um ano antes das eleições de 2010, já estará atendendo a 12,4 milhões. O orçamento inicial, que será insuficiente para cobrir as despesas, é de R$ 11,4 bilhões.

— Estamos revisando todas as contas. É possível que precisemos colocar um pouco mais de dinheiro no orçamento por conta disso (ampliação do número de famílias), independente do reajuste do Bolsa Família — afirmou Paulo Bernardo.

Mais 1,3 milhão de famílias em 2009

Na contramão do que declarou o ministro, porém, a expansão do número de beneficiários foi anunciada desde janeiro, e já estava em andamento.

Em maio, foram incorporadas 300 mil novas famílias ao programa.

O cronograma prevê a incorporação de mais 500 mil famílias em agosto e outras 500 mil em outubro.

No início do ano, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome estimava que precisaria de mais R$ 500 milhões para bancar a expansão. Até anteontem, a estimativa era de R$ 400 milhões. Ontem, o ministério informou que precisará só de mais R$ 155 milhões para incorporar 1,3 milhão de famílias ao Bolsa Família em 2009, e que o pedido de verba extra já foi encaminhado ao Ministério do Planejamento.

Se o gasto extra estivesse dentro do limite de 10% previsto em lei, a verba poderia ser remanejada por decreto. Paulo Bernardo, no entanto, deixou claro que o governo deverá fazer um pedido de crédito suplementar ao Congresso, o que indica a necessidade de um montante maior.

— Nós vamos ter que resolver dois problemas no Bolsa Família. Um é o reajuste que vai ser dado. E outro é que, como aumentou o número de famílias que recebem, nós vamos ter ainda uma defasagem no orçamento, que estamos calculando e vamos mandar ao Congresso até o fim do ano — disse o ministro.

Para Paulo Bernardo, o programa pesa pouco nas contas públicas: — Se você contar o tamanho das contas federais, o Bolsa Família tem até um valor relativamente pequeno no orçamento.

O ministro evitou confirmar o percentual do reajuste que deve ser anunciado hoje por Lula. Na última terça-feira, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, sinalizou que o aumento poderá ser de 10%, o que aumentaria o repasse médio de R$ 85 para R$ 93,50 por mês. E causaria impacto anualizado de R$ 1,19 bilhão no orçamento. Paulo Bernardo alegou que, se antecipasse o índice na véspera do anúncio oficial, seria chamado de linguarudo por Lula.

Durante o programa de rádio "Bom-dia, ministro", Paulo Bernardo defendeu a importância do Bolsa Família como contraponto à crise econômica. E cutucou a oposição: — Quando o presidente Lula resolveu criar a Bolsa Família, a partir da unificação de vários programas sociais, vários deles (da oposição) diziam que isso era esmola, assistencialismo, um equívoco. Hoje, estou convencido e acho que qualquer comerciante de São Gonçalo vai concordar comigo: o Bolsa Família teve um peso extraordinariamente importante nessa crise.

Ele teve um peso econômico porque as famílias de baixa renda não só mantiveram a sua demanda no comércio como até aumentaram — disse Bernardo.

"Pela lógica, não dá para ter mais gastos"

O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), disse que vê com reservas a decisão do presidente de anunciar um reajuste para as bolsas neste momento de crise.

O senador concorda com o aumento do benefício, mas acha que o governo pode não ter recursos para honrar os compromissos. Para ele, é importante que o governo tenha dinheiro não apenas para reajustar o benefício, mas também concluir obras já anunciadas.

— Aplaudo a iniciativa, mas questiono os recursos. Num país com um quadro brutal de queda de receitas e aumento de despesas, pela lógica o governo não tem dinheiro para acrescentar mais gastos — disse Agripino.

Apesar da queda na arrecadação e dos resultados ruins nas contas do governo, o líder do PT na Câmara, Cândido Vacarezza (SP), discorda.

Para ele, Lula age certo ao aumentar o valor dos benefícios pagos a famílias de baixa renda. Vacarezza argumenta que o ministro Paulo Bernardo só pedirá crédito suplementar porque sabe que existe dinheiro em caixa. Essa é a condição básica para se recorrer ao crédito suplementar.

— O Bolsa Família é um programa de desenvolvimento econômico, que traz milhões de pessoas para o mercado. Portanto, num momento de crise, esse aumento é muito bemvindo — disse Vacarezza. O Globo

Corte pede dados sobre atividades das Farc no Brasil

As suspeitas sobre o alcance das conexões internacionais da guerrilha colombiana vão muito além da Venezuela.
O Tribunal Penal Internacional (TPI) está analisando indícios de que uma rede de apoio e financiamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) atuaria em diversos países, entre eles o Brasil.
A informação foi confirmada à Folha pelo promotor-chefe do TPI, o argentino Luis Moreno-Ocampo, em recente passagem pela Suíça. Seu escritório enviou uma carta às autoridades brasileiras para saber se foi aberta investigação sobre as atividades da guerrilha no país.
Segundo o promotor, os indícios sobre as ações no Brasil aparecem em mensagens encontradas num dos computadores de Raúl Reyes, o número dois das Farc que foi morto num ataque do Exército colombiano a seu acampamento no Equador, no ano passado.
"Estamos avaliando o que está sendo feito na Colômbia e descobrimos que há conexões das Farc em outros países, inclusive no Brasil", disse o promotor, na cidade de Basileia.
No ano passado, o governo brasileiro negou qualquer envolvimento com as Farc depois que e-mails obtidos do computador de Raúl Reyes revelaram esforços da guerrilha em abrir um diálogo com PT e Planalto.
Moreno-Ocampo também confirmou que há suspeita de atividades de apoio às Farc em outros países, entre eles a Suíça, onde as Farc estariam usando os bancos locais para fazer lavagem de dinheiro oriundo de atividades criminosas.
O pedido de informação do TPI sobre as operações internacionais das Farc foi enviado a dez países, além de Brasil e Suíça: Colômbia, Venezuela, Equador, México, Costa Rica, Peru, Panamá, Nicarágua, Espanha e Dinamarca.
O embaixador do Brasil em Haia (Holanda), onde fica a sede do TPI, José Artur Denot Medeiros, confirmou que recebeu a comunicação no segundo semestre de 2008. Mas disse que ele não continha solicitação sobre dados específicos.
A Promotoria do TPI esclareceu que está no estágio de "análise". "Ainda não há uma decisão. O escritório está analisando se há base razoável para crer que foram cometidos crimes sob sua jurisdição", explicou Cornelia Schneider, assessora de Moreno-Ocampo.
Pelo Estatuto de Roma, que rege o TPI, o promotor pode pedir informações quando há suspeita de que foram cometidos os delitos que estão sob sua jurisdição: genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crime de agressão.Folha

30.7.09

Um diálogo fictício no Twitter entre dois Zés: Saramago e Sarney

Aproveitando a crítica do Editor do UOL Tabloide ao Twitter, o UOL Tabloide orgulhosamente apresenta o exclusivo e fictício diálogo, no Twitter, entre dois Zés bem comentados no momento: Saramago e Sarney! Aqui

josesarney: caro colega escritor, como José, estou indignado com a perseguição que estamos sofrendo no twitter

saramago: escrevo curtamente, porque curto é o espaço, espaço que não deveria ter limites, mas tem, todavia, contra suposta vocação da inter

josesarney: como dizia, tenho tentado explicar, da forma mais transparente possível, todos os meus atos, secretos ou não

saramago: da internet, e no exíguo espaço, antes de reduzi-lo a ruídos, rumores ou roncos grunhidos como grunho forte, daqueles que metem me

josesarney: assim como tentei explicar a qualidade de minha vasta obra literária, que apenas alguns críticos conseguiram compreender

saramago: lamento não só a falta de caracteres e de caracteres (mantenho a grafia portuguesa que o acordo ortográfico pretende matar), que

saramago: que permeia a vida virtual, que inexiste virtualmente, alheia ao real que nos rodeia, ainda que não o percebamos, como também a pe

josesarney: como assim, falta de caráter? Você é mais um desses provocadores, que não acreditam que eu não sei o que é ato secreto?

saramago: permissão que se confunde lamentavelmente com a pior das permissividades, humanos agredindo e agredindo-se sem razão ou sem limite

josesarney: não estou entendendo a sua posição, colega José. Você também entrou para o #forasarney?

saramago: incendiários digitais que querem tudo transformar, que jamais compreenderão o sentido de orações subordinadas repletas de vírgulas

josesarney: caro Saramago, sou um admirador de seus livros, que um assessor leu-me e gostou, jamais imaginaria que estivesse do outro lado

saramago: vírgula, suprema pontuação, que guarda em si porvir e passado, e que amarra as pontas da vida, como queria a personagem de Machado

saramago: que tentou sem sucesso uni-las, as duas pontas, a de lá e a de cá, como forma de recuperar o grande amor que nunca veio a conhecer

saramago: ou seja, o de Capitu, a virgem dos lábios de mel, já vinha eu a dizer, equivocadamente, confundindo-a com outra musa das letras do

saramago: outra musa literária brasileira, a do Alencar, não o vice, mas o escritor, como eu, que não soube bem dividir vida política de vid

saramago: literária, não misturando-a em demasia, apesar de defender umas ultrapassadíssimas ideias sobre a vergonhosa escravidão brasileira

josesarney: então, desculpe, não consegui acompanhar seu raciocínio, mas queria dizer que a crise não é minha, é do Senado

saramago: escritor que foi senador como o senhor, aliás, e que, apesar duma lamentável defesa da escravidão, que já citei, deixou obras bela

josesarney: como eu!

saramago: diferentemente de outros escritores brasileiros, que até presidente da República foram, mas que nem de longe deixaram a obra-prima

saramago: esses 140 toques me deixam doudo! Como já dizia, obras como Iracema, com seus olhos de cigana dissimulada, já ia dizer, a novament

saramago: a novamente confundi-la, Iracema, com Capitu, do imortal Machado de Assis, um escritor de capítulos curtos, curtíssimos, por vezes

saramago: curtos demais para o meu pobre gosto, que sempre fui autor de livros e parágrafos intermináveis, intermináveis, mesmo sem o limite

saramago: RAIOS! O limite dos 140 toques, aliás, cento e quarenta, por extenso, que fica mais interessante e bonito que os míseros 140 toque

josesarney: caro Saramago, cansei de segui-lo no twitter. Afirmo, só, que não deixarei a cadeira, a menos que o presidente Lula deixe a sua

saramago: a minha? Que cadeira, pois, estás maluco, opá? Não é que consegui escrever uma mensagem que não é um grunho dentro daqueles 140 to

josesarney: fui!


saramago: foste? já avisaste a imprensa? Pois imagino eu como ela reagiria com tal declaração inesperada e imperiosa, tamanha gente a aguard

Golpe no Codefat

Ministro do Trabalho deveria recuar em manobra que atropelou 19 anos de gestão equilibrada no FAT

O MINISTRO do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), acaba de atropelar 19 anos de gestão equilibrada do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Por meio de uma série de manobras, promoveu a eleição de um aliado, Luigi Nese, para a presidência do conselho deliberativo do fundo (Codefat). Com isso, implodiu a representação patronal e apoderou-se de um órgão que vai gerir um orçamento de R$ 43 bilhões em ano eleitoral.
A principal fonte de recursos do FAT são as contribuições para o PIS e o Pasep. Uma parcela de 60% é destinada ao pagamento de seguro-desemprego, abono salarial e programas como treinamento de mão de obra. O restante vai para o financiamento de projetos pelo BNDES.
O fundo é gerido pelo Codefat, órgão colegiado, de caráter tripartite e paritário, composto por representantes dos trabalhadores, dos empregadores e do governo. Tem se mantido assim desde sua criação, em 1990. Sua composição equilibrada visava desde o início garantir a execução de políticas públicas de emprego e renda de maneira descentralizada e participativa.
Como esta Folha noticiou ontem, esses princípios, que deveriam ter caráter permanente, foram atropelados pelo ministro. A cada dois anos, um novo presidente do Codefat é eleito. Havia uma tradição de que as entidades representativas de trabalhadores, empresários e governo indicassem um nome de consenso para representá-los no próximo biênio. Esse mecanismo, ainda que imperfeito, garantiu equilíbrio e afastou a ingerência política direta do governo.
Lupi quebrou a tradição ao forçar a candidatura de um aliado, provocando o abandono das quatro maiores confederações de empresários. O avanço começou em abril, quando o Codefat teve sua composição ampliada de 12 para 18 membros, a fim de acomodar as centrais sindicais reconhecidas por lei aprovada em 2008. Na nova composição, também foram acrescentadas duas vagas patronais e outras duas para representantes do governo, garantindo a paridade.
Uma das vagas patronais, no entanto, foi concedida à Confederação Nacional de Serviços (CNS) -e coube a Luigi Nese, que recentemente recebeu o registro sindical do próprio ministro Lupi e tem sua legitimidade contestada pelos representantes patronais mais antigos.
Não foi a primeira tentativa de intervenção no Codefat. Lupi, cujos métodos fazem lembrar a truculência estadonovista, já havia tentado em abril eliminar a presidência rotativa do órgão.
Há muitas implicações negativas na concentração de poder sobre o fundo bilionário. Menos fiscalização e aparelhamento por grupos de pressão e sindicatos encastelados no poder são apenas algumas delas. Os recursos do FAT têm sido cada vez mais alvo de conflitos políticos, disputas e denúncias de desvio.
É imperioso que o ministro recue de sua decisão -mas não é demais lembrar que somente após pressão da Comissão de Ética Pública do governo ele aceitou se licenciar da presidência do seu partido, ligado à Força Sindical. Editorial da Folha

28.7.09

A tropa do Sarney!

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), decidiu reagir ao que considera uma campanha midiática para retirá-lo do cargo. Uma equipe de 15 jornalistas foi contratada há três semanas para fazer parte de um bunker de contrainformação. Os profissionais analisam diariamente o noticiário dos jornais, municiando os assessores de imagem de Sarney. Com base na análise dos jornalistas, o gabinete de crise do presidente do Senado elabora um “relatório de intervenção” para rebater as reportagens. Contratados inicialmente até novembro, os jornalistas do bunker trabalham todos os dias, até mesmo nos fins de semana. O pagamento pela tarefa, segundo um dos contratados, será feito em dinheiro vivo, forma encontrada para não deixar rastros diretos do vínculo com o presidente do Senado.

A estrutura foi montada num shopping center do Lago Norte, a 10km da Casa que Sarney preside. O objetivo principal é vencer a guerra de informação. Para isso, os jornalistas, a maioria recém-formada, abastecem endereços eletrônicos com opiniões favoráveis ao parlamentar. Blogs de jornalistas políticos e redes sociais como Twitter e Orkut são os alvos. A orientação é publicar comentários positivos a respeito do político e questionar a isenção dos veículos de imprensa que denunciam a família Sarney. A tática é usar nomes falsos para participar do debate, de preferência comuns, como “Maria Mercedes” e “Raimundo Nonato”.

No Orkut, a comunidade Guarnicê Maranhão — referência a uma das manifestações folclóricas do estado, o bumba meu boi — foi criada com esse fim. “Aqui, se encontram aqueles que amam o Maranhão”, aponta a descrição do endereço. No Twitter, a página de “guarnice_ma” elogia a biografia de Sarney e questiona as críticas feitas pelos jornais. Até o início da noite de ontem, a página contava com 61 seguidores e acompanhava outros 356 perfis. Somente na segunda-feira, foram publicados, até o começo da noite, 27 comentários, todos favoráveis ao presidente do Senado. “Jornais estão fazendo tudo o que for possível para derrubar Sarney”, dizia um dos textos.

Ferramentas

A orientação, segundo um jornalista contratado, é obter o maior número de seguidores para, assim, aumentar a área de influência. A equipe também rastreia, por meio de uma ferramenta da internet, todos os comentários postados no Twitter que envolvam Sarney.

Sem saber do propósito real do trabalho, os profissionais foram recrutados numa seleção realizada mês passado, no Hotel Eron, próximo à Torre de TV. Quem distribuiu currículo no Senado foi sondado para as vagas. Eles tiveram que fazer uma prova de 30 questões de português, inglês e conhecimentos sobre a conjuntura política atual. Também fizeram parte do questionário perguntas sobre afinidade partidária ou visão pessoal sobre política. Os candidatos que acertaram 25 ou mais questões foram convocados para um treinamento e, só após três dias de palestras, souberam o que fariam: reverter a imagem negativa de Sarney na internet.

A maioria dos jornalistas receberá R$ 1,8 mil mensais por seis horas de trabalho. No início do mês, receberam adiantado uma ajuda de custo de R$ 200 para gastos com transporte. A equipe conta ainda com coordenadores e dois advogados para consultas jurídicas. Há um monitoramento intenso da imprensa do Maranhão e do Amapá, respectivamente a base política e eleitoral do presidente do Senado. Nesses estados, quase 300 veículos de comunicação, entre rádios, televisões, jornais impressos, revistas e sites, são analisados. A expectativa é que a estrutura seja ampliada na próxima semana, quando termina o recesso — e a pressão política contra a permanência de Sarney vai aumentar. Procurada pela reportagem, a assessoria de Sarney na Presidência do Senado negou o trabalho de contrainformação. “Asseguramos que da parte da Presidência do Senado não houve contratação de jornalistas”, apontou a assessoria da imprensa do senador.

COMUNIDADES
Para rebater denúncias e críticas ao presidente do Senado, o bunker de contrainformação possui uma comunidade no Orkut e um perfil no Twitter. Nos blogs de política, a tática consiste em inserir comentários se valendo de pseudônimos. Cada um dos sites possui internautas assíduos. Em um deles, por exemplo, “Cordeiro Vargas” defendeu José Sarney: “O PSDB e o DEM através de seus membros estão a (sic) 6 anos batendo insistentemente no presidente e seu governo, na maioria das vezes de maneira totalmente irresponsável, criando boatos e distorcendo fatos, aí quando o Lula resolve lembrá-los de alguns erros e distorções do desgoverno que tiveram, esbravejam e se põem a espernear dizendo que é insensatez do presidente.” Correio Brasiliense

Suécia cobra Chávez por armas achadas com as Farc

Vendidos à Venezuela, lança-foguetes suecos estavam em poder da guerrilha

Apreensão foi divulgada por Bogotá; para o governo venezuelano, acusação é "show" para justificar as bases dos EUA na Colômbia

Luis Ramírez - 25.jul.2009/France Presse

Soldado colombiano patrulha área de
selva de Meta (centro)


DA REDAÇÃO

Armas de fabricação sueca vendidas nos anos 80 à Venezuela foram encontradas em poder das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), afirmou ontem o governo da Suécia, que questionou o governo Hugo Chávez a respeito.
O pedido de explicações, apresentado em Estocolmo pelo conselheiro político do Ministério do Comércio da Suécia, Jens Eriksson, reforça as acusações feitas pelas autoridades colombianas à Venezuela no fim de semana e ontem.
O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, disse que a acusação é um "show midiático" para justificar o aumento da presença militar dos EUA na Colômbia. Os países negociam ampliar o uso pelos americanos de ao menos três bases colombianas, o que Chávez considera uma ameaça.
O vice-presidente da Colômbia, Francisco Santos, mencionou ontem a apreensão de um "potente arsenal" com a guerrilha, parte dele vindo da Venezuela. Santos pediu "vigilância externa" sobre a questão.
Anteontem, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, disse ter reclamado "nos canais diplomáticos apropriados" sobre as armas das Farc. Ele afirmou que a guerrilha marxista, que se financia com o narcotráfico, estuda comprar mísseis terra-ar.

Volta da tensão
As acusações de Uribe coincidiram com a publicação de reportagem sobre o tema pela revista colombiana "Semana", que citou fontes anônimas do governo. Antes, a revista britânica especializada em defesa "Jane's Intelligence Weekly" havia reportado o mesmo.
Segundo as revistas, foram apreendidos com as Farc lança-foguetes AT-4, espécie de bazuca de manuseio tido como fácil, de pouca precisão, fabricados pela sueca Saab Bofors Dynamics. Ontem a empresa "lamentou" o achado com as Farc, consideradas terroristas por EUA e União Europeia.
Vender armas ou repassá-las a grupos terroristas viola leis internacionais desse comércio.
O chefe da agência sueca que supervisiona exportações de armas, Jan-Erik Lovgren, afirmou a uma emissora de rádio que os artefatos foram vendidos à Venezuela nos anos 80.
A "Semana" diz que os AT-4 foram encontrados com as Farc em julho e outubro de 2008. O dado foi entregue à Suécia, que confirmou, com base nos números de série, a origem deles.
O governo Uribe, segundo a revista, questionou a Venezuela sobre o episódio em junho, mas não teria obtido resposta.
A decisão de Bogotá de abordar publicamente o tema dá fôlego à tensão diplomática bilateral, reacesa recentemente em decorrência do acordo militar em negociação entre Estados Unidos e Colômbia.
Ambos os episódios são um revés na reaproximação entre Uribe e Chávez iniciada pouco após o bombardeio colombiano a uma base das Farc no Equador, em março de 2008.
À época, a Colômbia ameaçou processar a Venezuela e o Equador por seus supostos elos com as Farc, com base em dados achados em laptops da guerrilha. Com a reaproximação, o tema arrefecera. Folha

27.7.09

UFJF oferece cursos para militantes de Movimento Sociais

UFJF oferece cursos para militantes de Movimento Sociais

http://www.ufjf.br/

Publicada em: 20 de julho de 2009 -

a

Professor da Universidade de Havana, Luiz Armando Suárez Salazar

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em parceria com a Escola Nacional Florestan Fernandes, está ministrando curso de Especialização em Estudos Latinos Americanos para 25 militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

A parceria teve início no ano de 1999 com a passagem, pela cidade de Juiz de Fora, da Marcha Popular pelo Brasil. Os cursos, proporcionados pela UFJF, tem como público alvo a população do meio rural, historicamente excluída da maioria das políticas públicas e, consequentemente, do ensino superior.

A coordenadora do projeto na UFJF e professora da Faculdade de Serviço Social, Cristina Bezerra explica que o objetivo dos cursos é estudar os processos de desenvolvimento político, cultural, econômico e social latino americano. E assim capacitar esses jovens militantes a pensar criticamente, possibilitando criar alternativas para o quadro político vivenciado por eles.

Nestes 10 anos foram oferecidos três cursos. Os dois primeiros eram cursos de extensão, com os temas “Realidade Brasileira para Jovens do Meio Rural” e “A Realidade Brasileira a partir dos Grandes Pensadores Brasileiros”. O curso ministrado atualmente é o de Especialização em Estudos Latinos Americanos, que já está em sua terceira turma na UFJF desde o dia 7 de julho. As aulas vão até o dia 25.

Nesta segunda-feira, dia 20, os militantes terão aula como o doutor em Ciências Sociais da Universidade de Havana, professor Luiz Armando Suárez Salazar, responsável pela disciplina História Política na América Latina.

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Curso de Especialização busca entender e fortalecer os processos históricos latino americanos

Especialização em Estudos Latino Americanos

A iniciativa de criar um Curso de Especialização em Estudos Latino Americanos veio para entender e fortalecer os processos históricos da região, suas contradições e superações possíveis, buscando caminhos para uma integração soberana, que respeite a autodeterminação dos povos e a cultura histórica que lhes são próprias, assim como suas riquezas materiais.

O curso buscou capacitar os militantes dos movimentos ligados à Via Campesina sobre lutas de resistência que tivessem como meta entender, discutir e agir a partir de uma matriz histórica latino-americana. A proposta, então, é a de recuperar o pensamento de intelectuais e militantes latino-americanos, tais como Simon Bolívar, José Martín, Che Guevara, Mariategui, atualizando-a a partir da articulação dos movimentos sociais e das lutas dos camponeses no mundo, afetados pelas políticas da OMC e das grandes empresas transnacionais.

Outras Informações: 2102-3561/3573 Faculdade de Serviço Social
www.ufjf.br/facssocial

Petrobras paga R$ 203 mi a empresa devedora da União

Grupo Protemp já utilizou laranjas e teve incremento de 920% nos ganhos com a estatal

Empresa diz que questiona débitos na Justiça; contratos com a Petrobras foram por dispensa de licitação e pelo sistema de convite

A Petrobras pagou, de 2003 a junho deste ano, R$ 203,1 milhões a um grupo de empresas de terceirização de mão de obra de Santo André (Grande ABC) que já utilizou laranjas e tem uma dívida milionária cobrada pela União, entre débitos tributários e previdenciários.
As empresas possuem o mesmo nome -Protemp-, têm fundadores ou sócios em comum, apresentam o mesmo endereço e estão abrigadas no mesmo site da internet.
A própria Petrobras enviou à Folha, em um primeiro momento, os valores como se fossem repassados a uma só empresa. Só depois confirmou que eram três diferentes CNPJs.
Dos 27 contratos com a Petrobras desde 2005, 11 foram por dispensa de licitação e 16 pelo sistema de convite, em que a estatal escolhe as empresas que apresentam propostas.
Segundo a Petrobras, a Protemp é responsável por funcionários que fazem de análise de dados meteorológicos ou fiscalização de topografia até serviços de limpeza e comunicação. A empresa diz não ter contratos com outros órgãos públicos.
Dois CNPJs que receberam verbas da Petrobras estão na Lista de Dívida Ativa da União desde fevereiro de 2009 e não podem obter Certidão Negativa de Débitos, o que impede a contratação. Quem está na lista, diz a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, "não está parcelando, não tem uma decisão judicial favorável (mesmo que liminarmente) e nem efetuou um depósito como forma de garantia, antes de discutir a validade ou não do tributo".
A reportagem apurou que o primeiro débito previdenciário surgiu em 1999. Hoje, a União cobra dívida de R$ 16,99 milhões. A Protemp diz que os contratos foram feitos porque a empresa questiona débitos na Justiça e está parcelando a dívida. A Petrobras afirma que até o último contrato, de outubro de 2008, toda a documentação estava em ordem.
O grupo Protemp já prestava serviços à Petrobras antes de 2003, mas em volume menor: R$ 19,9 milhões entre 1995 e 2002, no governo Fernando Henrique Cardoso -crescimento de 920,3% em relação ao período da gestão Lula.

Laranjas
As empresas com o nome Protemp pertencem, já pertenceram ou foram fundadas pela empresária Sueli do Espírito Santo, sócia majoritária na Protemp SG Prestação de Serviços, aberta em 1998 em nome de Walter Fabri. À Folha Fabri, que trabalha na empresa até hoje, disse que nunca foi sócio. "Sempre fui funcionário."
O endereço da sede foi alterado de uma sala em Santana do Parnaíba para o centro de Santo André em 2004. Em 2006, foi aberta a filial do Rio, a cem metros da sede Petrobras.
Na internet, a Protemp diz ter sido fundada em 1987. Na verdade, essa era a Protemp Serviços Empresariais, outra da lista de devedores e que recebeu verbas da Petrobras.
Criada por Sueli do Espírito Santo e Agostinho João Pinheiro (já morto), ela esteve em nome de duas moradoras da periferia de Santo André. Uma delas, Deolinda Malentachi (que também foi sócia de outra Protemp), morreu em novembro de 2007. Ela tinha uma participação majoritária na empresa, de R$ 296 mil. Mas não deixou bens. A documentação mostra que Deolinda deixou o negócio três dias antes de sua morte.
Já a Protemp Consultoria em RH está hoje em nome de ao menos uma laranja. Essa empresa, no entanto, não recebeu da Petrobras.
A Folha localizou, na periferia de Santo André, a aposentada Maria Aparecida da Costa, que aparece como sócia da Protemp Consultoria, mas diz ter sido colocada em uma confusão depois que ela perdeu seus documentos. "Pediram para eu assinar uns papéis", afirmou.
Maria Aparecida afirmou que, agora, segue orientações de um advogado, que, segundo ela, a procurou há alguns meses. O advogado é Saulo de Lima, de Blumenau (SC). Ex-juiz, foi secretário na gestão do petista Dario Lima e defende o ex-prefeito em outro caso. Folha

26.7.09

-Lo que hay detrás de las amenazas de Chávez

Internacionales
-Lo que hay detrás de las amenazas de Chávez

www.notiar.com.ar



Especialistas consideran que el supuesto enojo del Presidente de Venezuela hace parte de la estrategia de su Revolución Bolivariana.

La ofensiva armamentista y el discurso nacionalista que ha vuelto a exponer en los últimos días el presidente de Venezuela, Hugo Chávez, no es una reacción al acuerdo de cooperación militar entre Estados Unidos y Colombia, sino que corresponde a una estrategia ideada hace cerca de cinco años para desarrollar la llamada Revolución Bolivariana.

Dicha estrategia está clara en un documento titulado ‘Revolución Bolivariana, la nueva etapa, el nuevo mapa estratégico’, que fue discutido y aprobado por el Alto Gobierno venezolano en noviembre del 2004 y que, dentro de diez objetivos básicos, resalta el noveno, que se pretende: “Profundizar y acelerar la conformación de la nueva estrategia militar nacional”.

Es precisamente desde ese punto que el gobierno de Hugo Chávez ha diseñado toda su estrategia militar, la cual siempre ha tenido a Colombia como uno de los ejes de referencia para justificar su carrera armamentista.

En esa estrategia del Gobierno bolivariano se propuso “el fortalecimiento de las acciones defensivas en las fronteras para contrarrestar al Plan Colombia; promover la coordinación militar con fuerzas militares amigas, promover e impulsar la integración militar latinoamericana para la defensa y el desarrollo de los pueblos, dotar a la Fuerza Armada Nacional, impulsar un centro de enseñanza con la participación de ejércitos extranjeros y desarrollar la industria militar y naval”.

Cinco años después de haberlos proyectado, prácticamente todos estos puntos han sido desarrollados por el gobierno del presidente Hugo Chávez, dejando en evidencia que al buscar un enfrentamiento con Colombia, sólo pretende justificar el propósito militar de la llamada ‘Revolución Bolivariana’.

No es cesión de soberanía

El nuevo enfrentamiento del Primer Mandatario venezolano con Colombia y su anuncio de movilizar tropa, al tiempo de revisar los asuntos comerciales, lo justificó en la firma del acuerdo de cooperación militar que tendrá el país con Estados Unidos, el cual se fundamenta en el uso de tres bases militares.

Contrario a lo expresado por Venezuela, Ecuador y la oposición colombiana, el mensaje del Gobierno Nacional ha sido muy claro desde hace dos semanas, cuando reveló el avance de ese preacuerdo, el cual se deberá firmar, a mas tardar, en septiembre próximo en Washington.

La defensa, primero, fue ante el Consejo de Estado y esta semana en el Congreso de la República, en donde el Alto Gobierno aseguró que el acuerdo en ningún momento compromete la cesión “de un milímetro” del territorio nacional, como lo aseguró el ministro del Interior y de Justicia, Fabio Valencia Cossio.

Colprensa conoció las obligaciones que se estipulan en el acuerdo colombo-estadounidense, el cual se fundamenta en el respeto a los principios y propósitos de la Carta de las Naciones Unidas, como también la “sujeción al ordenamiento jurídico” de cada país.

Un aspecto más, que ya está concertado entre Colombia y Estados Unidos, es que se profundizará en la cooperación de áreas como “interoperabilidad, procedimientos conjuntos, logística y equipo, entrenamiento e instrucción, intercambio de inteligencia, capacidades de vigilancia y reconocimiento, ejercicios combinados y otras actividades acordadas mutuamente”.

En el mismo preacuerdo se establece con claridad que todas las actividades requerirán ser autorizadas por las autoridades colombianas y todos los sobrevuelos deben ser autorizados de conformidad con la normatividad nacional.

Como segundo aspecto, las dos naciones expresan que “nada de lo dispuesto en el acuerdo podrá afectar a terceros estados porque su esencia es la cooperación”.

En cuanto al polémico tema de la inmunidad, se dice que “para el personal de los Estados Unidos se aplicará lo previsto en la Convención de Viena sobre Relaciones Diplomáticas y en los convenios bilaterales de 1952 y de 1974. Se reconoce la importancia de que las personas cobijadas por inmunidad, y que cometan una actividad ilícita en Colombia, sean investigadas y, si se amerita, procesadas con todo el rigor de la ley. Además, se reconoce como necesaria la cooperación y mutua asistencia sobre el desarrollo de las investigaciones y procesamientos pertinentes, así como el suministro de información (inmunidad, pero no impunidad).

No caer en el juego

El ex presidente de la Comisión II del Senado, encargada de los asuntos militares y relaciones internacionales, Manuel Ramiro Velásquez, sostiene que el peor error que podría hacer el Presidente colombiano es hacerle el juego a su homólogo venezolano.

“Debemos manejar la situación con mucho tino para no retar al presidente Chávez, pues ya conocemos que su reacción iría en contra del empleo de muchos colombianos, que producen para exportar artículos a Venezuela”, expresó el senador antioqueño.

Es precisamente ese tino del que habla Velásquez, el que empezó a utilizar el Mandatario al expresarse sobre el tema. El jueves, por ejemplo, en tono muy tranquilo dijo que “estos acuerdos nunca tienen por objeto crear condiciones de agredir a terceros estados. Eso está excluido en el texto, en los acuerdos que lo enmarcan y en la práctica colombiana”.

El senador Velásquez, quien fue el citante del debate al Gobierno esta semana en el Congreso, insistió en que este debe seguir abierto mientras se firma el acuerdo con EE.UU.

Identidad de país

Otro experto en el tema de las relaciones diplomáticas entre Colombia y Venezuela es el ex canciller Guillermo Fernández de Soto, quien sostiene que el país debe enfrentar esta salida de Chávez con sentido de unidad nacional.

Fernández de Soto recuerda que Colombia siempre ha sido un eje estratégico para Chávez al desarrollar la Revolución Bolivariana e indicó que lo más importante para Colombia es que se debe actuar de forma unida, en especial porque este tipo de roces siempre generan una afectación comercial, por lo cual “debe haber un consenso en lo político y lo económico”.

Incluso, va un poco más allá y pide que Estados Unidos fije una posición de más alto nivel para defender la posición de Colombia: “Debemos actuar con mucha sensatez y prudencia. En los momentos difíciles es cuando se ve el talante de los gobernantes”.

Guerra, distante

El también ex ministro de relaciones exteriores Augusto Ramírez Ocampo opina que el anuncio del presidente Hugo Chávez de ordenar una movilización de tropas a la frontera no es nuevo y que hace un año, cuando lo dispuso, finalmente lo echó para atrás.

Reconoce Ramírez que si bien es preocupante para Colombia la decisión de Venezuela de seguir armándose, comprar armas y recibir asesoría de países como Irán, Rusia y China, no ve cerca la posibilidad de una guerra.

Frente al acuerdo militar dice que Venezuela quiere olvidar que está basado en el anterior Plan Colombia, que se firmó durante el gobierno del presidente Andrés Pastrana Arango.

Dato clave

Ayer, ante el Parlamento de su país, el presidente Hugo Chávez acusó a EE.UU. de convertir a Colombia en la Israel de América Latina.


“El presidente yanqui está convirtiendo a Colombia en una plataforma para agredir a pueblos hermanos“, dijo Chávez e instó a Uribe a reflexionar.

Objetivos de la Revolución Bolivariana

En noviembre de 2004 el presidente Hugo Chávez se propuso cumplir diez objetivos para la Revolución Bolivariana. La mayoría de los mismos ya los ha desarrollado:

1. Avanzar en la conformación de la nueva estructura social.

2. Articular y optimizar la nueva estrategia comunicacional.

3. Avanzar, aceleradamente en la constru-

cción del nuevo modelo democrático de participación popular.

4. Acelerar la creación de la nueva institucionalidad del aparato del Estado.

5. Activar una nueva estrategia integral y eficaz contra la corrupción.

6. Una nueva estrategia electoral.

7. Acelerar la construcción del nuevo modelo productivo rumbo a la creación del nuevo sistema económico.

8. Continuar instalando la nueva estructura territorial y eliminar el latifundio.

9. Profundizar y acelerar la conformación de la nueva estrategia militar nacional.

10. Seguir impulsando el nuevo sistema multipolar internacional.

Fuente: El País (Colombia)

25.7.09

Juíza paralisa ação sobre Greenhalgh

A juíza Maria de Fátima Paula Pessoa Costa, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, trancou o inquérito aberto pela Polícia Federal de Brasília no ano passado para investigar o advogado e ex-deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP).
Acionada por um deputado federal, a PF queria apurar o episódio em que Greenhalgh, então contratado pelo banqueiro Daniel Dantas, trocou telefonemas -interceptados com ordem judicial pela Operação Satiagraha- com o chefe do Gabinete Pessoal do presidente Lula, Gilberto Carvalho.
Nas ligações, Greenhalgh pedia informações sobre suposta atuação da PF e da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) contra um executivo ligado ao banqueiro, Humberto Braz -que meses depois foi condenado em São Paulo por corrupção ativa.
A juíza acolheu pedido do advogado de Greenhalgh, José Roberto Batochio, que atua em nome da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Ela não viu "justa causa" no prosseguimento do inquérito.
"Não se vislumbra, sequer em tese, nenhuma ilicitude na conduta do sr. Gilberto Carvalho, impossível é caracterizar como ilícita ou de algum modo típica a mera indagação anteriormente feita pelo paciente [Greenhalgh]", escreveu a juíza, que viu também "impossibilidade jurídica da ocorrência do delito" previsto no artigo 325 do Código Penal, que trata da violação do sigilo funcional. Cabe recurso do Ministério Público Federal do Distrito Federal.
O inquérito de Brasília não se confunde com a nova apuração, que deverá tratar dos mesmos fatos, a ser aberta em São Paulo por ordem judicial.Folha

"Tenho provas de que dinheiro da BrT bancou a Satiagraha"

DANIEL DANTAS

"Tenho provas de que dinheiro da BrT bancou a Satiagraha"

Banqueiro acusado de crimes financeiros afirma que tele subornou congressistas

O BANQUEIRO Daniel Dantas, do grupo Opportunity, condenado por corrupção e acusado de crimes financeiros investigados na Operação Satiagraha, afirmou ontem, em entrevista à Folha na sede do banco, no Rio, ter provas de que a Brasil Telecom subornou congressistas da base aliada do governo para que ele fosse relacionado no relatório da CPI dos Correios, em 2005, e de que a empresa financiou a Satiagraha.

FOLHA - A Operação Satiagraha, da Polícia Federal, foi assumida pelo delegado Ricardo Saadi, que tem um perfil mais técnico do que o antigo condutor da investigação, o delegado Protógenes Queiroz, acusado de ilegalidades por sua defesa. Como o sr. avalia a atual condução das investigações do caso?
DANIEL DANTAS - Ainda há coisas estranhas. Uma pessoa me informou que existia dinheiro da Brasil Telecom pagando agentes que trabalhavam na Operação Satiagraha.

FOLHA - O sr. tem provas disso?
DANTAS - Tenho. Vou apresentá-las no momento adequado. Tenho informações e provas de que tem dinheiro da Brasil Telecom alimentando a Operação Satiagraha. Tenho também informações de que a Brasil Telecom andou pagando congressistas para me incluir no relatório da CPI [dos Correios], pedindo meu indiciamento pelo financiamento do mensalão.

FOLHA - Em relação a quais congressistas o sr. tem provas de que foram pagos?
DANTAS - Eu não vou te dizer neste presente momento. Muitas pessoas têm me ajudado. Veja só, depois de meu depoimento na CCJ [Comissão de Constituição e Justiça do Senado, em 2006], uma pessoa do Banco do Brasil me deu muitas informações a respeito de um tal de "Mexerica", disse que era um homem do [Luiz] Gushiken [então no comando da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica], que trabalhava no Banco do Brasil e fazia caixa de campanha, que na verdade grampeava telefones. Essa pessoa disse: "Transformaram o Banco do Brasil em um braço de arrecadação para campanha". Depois, cinco outras pessoas do Banco do Brasil me procuraram para dizer essas coisas. Uma dessas pessoas me procurou e disse que seria presa comigo por ter dito essas coisas. Isso ocorreu há 15 dias.

FOLHA - Esses seriam crimes contra a administração pública. O sr. não tem que apresentar essa provas ao Ministério Público?
DANTAS - Não. Eu não sou funcionário público. Eu posso apresentar essas provas na minha defesa. Eu suspeito que esse assunto seja enorme, muito grande. Em um só contrato da Telecom Italia, a Procuradoria de Milão entende que foram destinados 25 milhões para pagar autoridades no Brasil. A verba gasta pela Brasil Telecom e pelos fundos que estavam na disputa contra nós foi imensa. Essas questões vão aparecer na Procuradoria da Itália [que investiga a Telecom Italia] e no processo da 7ª Vara [Criminal Federal de São Paulo, que investiga eventuais crimes cometidos pelo delegado Protógenes na Satiagraha]. O Paulo Lacerda [ex-diretor-geral da Polícia Federal] foi usado, ele não sabia o que estava acontecendo.

FOLHA - A Polícia Federal acusa o sr. de usar a Agropecuária Santa Bárbara Xinguara para lavar dinheiro. Isso ocorreu?
DANTAS - É uma acusação delirante. Vou explicar por que estamos investindo na agropecuária. Meu trabalho aqui é procurar investimentos. Gasto meu tempo estudando, não gasto meu tempo gerenciando. Quando resolvemos sair do setor de telecomunicações, olhamos para o mundo e percebemos que iríamos ficar incompetitivos, porque o Brasil não está investindo em educação, e a Ásia está. O Brasil tem vantagens competitivas nos recursos naturais e possui um dos maiores potenciais de produção de alimento do mundo. A Ásia está expandindo do ponto de vista de renda, o que expande o consumo, [mas] eles não têm como produzir e nós temos. Investimos em pecuária e mineração por esses motivos.

FOLHA - O sr. foi condenado por irregularidades financeiras em um processo nas ilhas Cayman. Qual sua posição sobre essa condenação?
DANTAS - Houve irregularidades no processo. Há provas na Itália de que a Telecom Italia está metida nisso.

FOLHA - Em uma das interceptações da Satiagraha, há uma conversa de pessoas acusadas de serem seus emissários, que comentam que o sr. não está preocupado com o julgamento da Satiagraha nas instâncias superiores. Isso é verdade?
DANTAS - Isso não é verdade. Essa gravação não é minha. Nunca falei isso. Estávamos recebendo muita informação de que havia corrupção na Justiça. Há provas na Operação Satiagraha de que houve corrupção na Justiça por parte dos agentes dos fundos de pensão. Não posso comentar sobre isso porque isso está sob segredo de Justiça. Estávamos vendo que havia algo completamente fora de ordem. O que os advogados aqui argumentavam era que a probabilidade de ocorrerem eventos como esse nos tribunais superiores é menor. Essa foi a discussão que existiu em relação a esse tema. Arranjaram um juiz que de alguma forma achavam que tinha certa antipatia por empresários, ou coisa que o valha. Qual é o risco [para os adversários de Dantas]? Os tribunais superiores? Qual é a vacina? Lançaram suspeita [sobre os tribunais].

FOLHA - Quando o sr. menciona um juiz pouco simpático aos empresários, se refere a Fausto De Sanctis?
DANTAS - A sensação que tenho em relação ao juiz é de um certo preconceito em relação à minha atividade.

UNE CHAPA-BRANCA

A entidade que representa os estudantes brasileiros envergonha sua história de lutas com o protesto a favor do governo, pago pelos cofres públicos


Gustavo Ribeiro

Givaldo Barbosa/Ag. O Globo
CONTRAPARTIDA
Em Brasília, universitários aplaudiram o presidente Lula e criticaram
a criação da CPI da Petrobras

A União Nacional dos Estudantes (UNE) transformou-se em uma repartição financiada pelo governo para apoiar suas causas. Triste. Poucas coisas são mais patéticas e melancólicas do que um jovem sem espírito crítico. Felizmente, são raríssimas as circunstâncias históricas que levam a juventude a sufocar sua qualidade humana mais preciosa, a rebeldia com ou sem causa, para idolatrar o poder central. Quando isso ocorre, é sintoma de alguma moléstia social. Arriscando aqui a violar a Lei de Godwin (a bem-humorada sacada do advogado americano Mike Godwin, segundo quem todo argumentador perde força quando compara um evento atual com os da Alemanha nazista), a UNE de hoje lembra o fervor patriótico da Juventude Hitlerista. Lembra também os squadristi, a tropa de choque infanto-juvenil do regime fascista italiano de Benito Mussolini. A UNE, a Juventude Hitlerista e os squadristi têm em comum a força na ausência da razão e o desejo de servir cegamente a um líder.

Reunidos em Brasília em congresso na semana passada para eleger o novo presidente da entidade, os estudantes foram às ruas. Combater a corrupção? Não. Pela preservação da Floresta Amazônica? Nada disso. A UNE protestou contra a criação da CPI da Petrobras, uma das patrocinadoras do evento. A antes combativa entidade estudantil inovou em sua servidão ao poder em troca de dinheiro. Para abrir o congresso, a entidade convidou o presidente Lula, saudado por cerca de 3 000 squadristi brasileiros. Talvez Brasília só tenha assistido a tamanho servilismo por parte de estudantes universitários brasileiros quando, no regime militar, foi organizada a Arena Jovem, braço do partido de sustentação ao governo.

A atual geração está jogando na lama a rica história da UNE de enfrentamento com o poder. Não apenas de contestação, mas de produção cultural alternativa de qualidade nos anos 60 – quando foi presidida por José Serra, hoje governador de São Paulo. Cerca de 6 000 estudantes que foram ao congresso ficaram alojados em escolas públicas de Brasília – e estes, sim, deixaram sua marca de rebeldia, pena que apenas depredando salas, destruindo mesas e abandonando garrafas de bebidas alcoólicas vazias e preservativos usados nas salas.

Gustavo Moreno/D.A.Press
PELA CAUSA
As escolas que serviram de alojamento para os estudantes tiveram móveis destruídos

23.7.09

A família de 125 milhões de reais...

Sérgio Dutti
A família Sarney: em 46 anos de vida pública, a fortuna é espetacular

...e um genro

Assis Garcez/AE
Jorge Murad, o genro: um funcionário discreto e avesso aos holofotes

Dois impérios do Maranhão, os Sarney e os Murad, aparecem unidos na suspeita de fraudar a Sudam



Na trajetória de Jorge Francisco Murad Júnior, 49 anos, há uma conjunção constante: política e negócios. Na década de 70, quando se casou pela primeira vez com Roseana Sarney, participava dos movimentos políticos da época e já se interessava por economia – curso que acabou concluindo numa faculdade particular em Brasília. Nos anos 80, teve uma influência decisiva nos rumos do governo do seu sogro, o ex-presidente José Sarney. Com um gabinete no 4º andar do Palácio do Planalto, fazia política nos bastidores, conhecia detalhes dos grandes negócios do Estado e dava até palpites nos rumos da política econômica, celebrizada na época pelo Plano Cruzado. Na década de 90, tornou-se o secretário todo-poderoso do governo de sua mulher no Maranhão, no qual toma conta de praticamente todo o Orçamento do Estado, e não se descuidou dos negócios pessoais. Hoje, é dono de cinco empresas, cujas áreas de atuação vão do turismo à distribuição de combustíveis. É justamente no caldeirão em que se misturam política e negócios que Jorge Murad afundou-se ainda mais na semana passada.

A devassa da Polícia Federal no escritório da Lunus em São Luís, empresa que pertence a Roseana e Murad, descobriu um documento que só reforça as suspeitas de envolvimento do casal nas milionárias fraudes da velha Sudam. Na lista do que foi apreendido pela polícia está o "plano de contas" da Lunus, documento semelhante a uma contabilidade. Nesse "plano de contas", há um espaço específico para descrever "ativos" e "investimentos" da Lunus – e ali, bem ali, aparece o nome da Agrima Agricultura, Indústria e Comércio de Calcário Ltda. A informação é cabeludíssima por duas razões. A primeira: a Agrima é suspeita de ter desviado entre 10 milhões e 15 milhões de reais da Sudam, num projeto agrícola chamado Nova Holanda. A segunda razão é que Jorge Murad sempre negou que tivesse relação comercial com a Agrima. Sabia-se que a Lunus e a Agrima haviam sido sócias apenas até 1994. O "plano de contas" descoberto agora é referente ao ano de 2000. E sugere que a Lunus mantém uma relação comercial de "ativos" e "investimentos" com a Agrima, que é suspeita de ter arrombado os cofres da Sudam. E agora, Jorge?

Fotos Ana Araujo

A mansão dos Sarney no Calhau: terreno de 20 000 metros

Procurado por VEJA na semana passada, Jorge Murad, fiel ao seu estilo de exposição mínima e silêncio máximo, não deu entrevista. Trata-se de um assunto delicadíssimo. A suspeita volta a montar aquele explosivo caldeirão de política e negócios. Quando for analisado o conteúdo integral dos documentos apreendidos pela polícia na empresa de Murad e Roseana, será preciso prestar atenção a esse detalhe explosivo da Agrima. Se ficar demonstrado o que até agora é um indício, o país saberá que Jorge Murad e sua mulher, candidata à Presidência da República, têm uma sociedade oculta com uma empresa envolvida em falcatruas na Sudam. Na devassa no escritório da Lunus, a Polícia Federal também apreendeu uma lista de contribuintes das campanhas de Roseana Sarney. Ali, constata-se que a boa relação comercial entre as empresas também se desdobrava no campo político. Em 1994, quando Roseana concorreu a seu primeiro mandato no governo do Maranhão, a Nova Holanda contribuiu com 50.000 reais, em valores de hoje, para sua campanha eleitoral. Em 1998, voltou ao caixa da candidata: 25.000 reais.

A bela Ilha do Curupu, onde o casal Roseana e Murad está erguendo sua nova mansão A sede das empresas de Murad: terreno em nome de um amigo

Jorge Murad é um homem discreto, que gosta de ficar longe dos holofotes. Suas raras entrevistas costumam ser dadas apenas à TV Globo do Maranhão, de propriedade da família Sarney. Mesmo atuando nos bastidores do poder, primeiro na passagem do sogro pelo Palácio do Planalto e agora no governo da mulher no Maranhão, Murad sempre acaba atraindo a atenção – e pela via mais barulhenta. No governo Sarney, durante meses foi o principal personagem de uma CPI criada para apurar denúncias de corrupção. Na época, suspeitava-se de que o reajuste de contratos mantidos com empreiteiras e fornecedores da União fora uma ação entre amigos. A investigação produziu uma tremenda algaravia, acabou em pizza, mas rendeu a Murad um inimigo eterno: o então ministro do Planejamento de Sarney, Aníbal Teixeira. O ex-ministro, num livro lançado em 1988 sob o título Calúnia, alega que foi demitido porque não cedia ao lobby de Murad em favor de grandes empreiteiras. "Ele exercia pressão constante e agia não por interesses propriamente políticos ou despretensiosos", diz Teixeira.

As relações de Murad com empreiteiras são antigas. Nos tempos do governo Sarney, vozes subterrâneas falavam do envolvimento de Murad nas suspeitas de superfaturamento da hidrelétrica Cabeça de Cavalo, um projeto de mais de 1 bilhão de reais construído pela empreiteira Odebrecht. Em 1988, quando se separou de Roseana, com quem se reconciliaria seis anos depois, Murad acabou deixando o governo de Sarney e decidiu mudar-se de Brasília para o Rio de Janeiro. Ali, passou a morar num apartamento emprestado por João Mussurunga, que trabalhara como lobista da empreiteira OAS em Brasília – a mesma que se tornaria, mais tarde, a rainha das verbas sociais do governo de Fernando Collor. A amizade dos dois nunca se desfez. Hoje, o ex-lobista da OAS, após ocupar outros cargos no governo de Roseana, é secretário particular da governadora. Na biografia de Murad, não existe uma condenação nem acusações comprovadas, mas seu nome quase sempre aparece nas bordas de negócios nebulosos.

Ari Lago

Murad, nos tempos da CPI da Corrupção no governo Sarney: pizza e inimigo eterno
Orlando Brito

Sarney com Roseana: "Propina de 53 milhões? Imagine uma coisa dessas"

Filho de uma família modesta, que nos anos 70 era dona de uma cantina de escola e uma padaria, Murad tornou-se um homem abastado – de dinheiro e de encrencas. Entre 1975 e 1976, quando estava começando a carreira que o tornaria rico, ele viveu sua primeira trapalhada. Uma empresa que pertencia a um tio do empresário foi à lona. Era uma beneficiadora de óleo de babaçu que, ao falir, perdeu as condições de pagar algumas dívidas. Suas máquinas então foram apreendidas e Murad foi escalado como fiel depositário. Como os débitos não foram pagos, ele foi parar na delegacia acusado de depositário infiel. Foi um contratempo constrangedor, mas que pode acontecer na vida de um empresário em dificuldades. Só havia um detalhe que, hoje em dia, se torna curioso. O contador da empresa falida era Aldenor da Cunha Rebouças – que atualmente é dono, em São Luís, da consultoria AC Rebouças, acusada de ser a central maranhense na produção de projetos irregulares na Sudam.

Em 1976, Murad casou-se pela primeira vez com Roseana. Foi o matrimônio de dois clãs. De lá para cá, o empresário e sua família deixaram no pó do passado os tempos de cantina e padaria. Hoje, são donos de um respeitável cardápio de propriedades urbanas e rurais. O clã dos Sarney, no entanto, não encontra concorrente à altura no Estado. Desde que entrou para a política, há 46 anos, o patriarca José Sarney passou pouco mais de três anos sem mandato, logo no início da carreira. Ainda assim, construiu uma das mais vistosas fortunas erguidas por um político. No Maranhão, numa hipérbole jocosa, costuma-se dizer que os Sarney só não são donos do mar. Erguida pelo ex-presidente em meio à labuta política, a fortuna visível dos Sarney está quase toda registrada em nome dos filhos. Na área empresarial, o clã é dono de quatro emissoras de televisão, que transmitem a programação da Rede Globo para todo o Estado. O grupo também controla o jornal O Estado do Maranhão, o maior diário de São Luís. É dono ainda de catorze emissoras de rádio espalhadas pela capital e pelo interior.

No setor imobiliário, os Sarney também são um sucesso. Em São Luís, a sede do clã é a Casa do Calhau, uma mansão colonial, cercada por coqueiros de babaçu, que ocupa um quarteirão inteiro (cerca de 20.000 metros quadrados) na área mais nobre da cidade. Ali, Sarney cultiva pés de romã durante o inverno e recebe os amigos para conversas ao pé do ouvido. Para as horas de lazer, os Sarney dispõem da Ilha do Curupu, uma reserva ambiental privada localizada nas proximidades de São Luís, à qual só é possível chegar de barco ou avião. A área tem cerca de 2.500 hectares e é um dos poucos bens herdados pela família. A ilha abriga uma mansão e logo receberá outra: a casa que está sendo construída pelo casal Jorge Murad e Roseana Sarney. Contando com as propriedades em Brasília (duas mansões no Lago Sul, o bairro mais nobre da cidade, mais um sítio) e no Rio de Janeiro (um apartamento no Leblon e uma casa no badalado balneário de Búzios), o patrimônio visível dos Sarney chega aos 125 milhões de reais.

Entre 1988 e 1994, período em que ficou separado de Roseana, o primeiro-genro resolveu dedicar-se aos negócios e ficou um pouco afastado das sombras do poder. Nesse período, criou três das cinco empresas que tem até hoje: a Bel-Sul Administração e Participações, a Lunus Serviços e Participações e a Pousada dos Lençóis. Murad é sócio ainda em outras duas firmas, a Credita Factoring e a Agrodiesel Lubrificantes e Diesel, ambas fora de atividade. Com a eleição de Roseana para o governo do Estado em 1994, Murad retomou sua prática de atuar nas franjas do poder. No primeiro mandato, ele comandou a Secretaria de Planejamento. No segundo, sua participação foi ainda mais intensa, lembrando os tempos em que atuava no Palácio do Planalto do sogro. Assumiu a principal secretaria do governo de Roseana. Concentra em seus domínios áreas vitais, como economia, indústria, comércio, ciência, tecnologia, turismo e agricultura. Se algo não passa por Murad, é sinal de que não tem importância. Se tem, Murad está lá.

Um exemplo. Um dos maiores empresários do Piauí, João Claudino, dono de um conglomerado de companhias, tentava montar um shopping em São Luís. Pretendia instalá-lo nas imediações do Tropical Shopping Center, com 170 lojas, uma sociedade entre membros da família Murad. Seria uma concorrência e tanto ter dois shoppings tão próximos um do outro, mas o negócio não avançava – até que começaram a surgir sussurros de que nunca avançaria, a menos que Murad tivesse uma participação no novo shopping. Nada foi confirmado, mas o negócio só deslanchou depois que João Claudino admitiu como sócio no empreendimento o empresário Miguel Ethel, de São Paulo, um velho amigo de Jorge Murad. O primeiro-genro possui o dom de sempre ter seus amigos instalados em lugares relevantes para os próprios negócios. Outro exemplo. O edifício em São Luís onde ficam as sedes das empresas de Murad, inclusive a Lunus, que sofreu a devassa da PF, foi construído num terreno que hoje está no nome da construtora Pleno, cujo principal acionista, Severino Francisco Cabral, é amigo e sócio de Murad.

Um dos bons negócios que o governo do Maranhão proporcionou aos empreiteiros foi a construção da estrada que leva a um parque na região dos Lençóis Maranhenses, um dos paraísos do litoral do Estado. A rodovia, que encurtou em cinco horas o tempo de deslocamento da capital a essa parte do litoral, custou 37,5 milhões de reais ao governo estadual. A construtora escalada para o trabalho chama-se Sucesso – e seu dono vem a ser aquele mesmo empresário do Piauí, João Claudino, que tanta dificuldade teve para construir um shopping em São Luís. João Claudino, desde que fez a sociedade com o amigo de Murad, não tem do que reclamar. Sua empreiteira, nas duas gestões de Roseana, já conseguiu seis belos contratos com o governo do Estado.

Há duas semanas, José Sarney ficou sabendo que partidários do tucano José Serra estariam espalhando uma história felpuda sobre sua família: a de que Fernando Sarney, o filho que cuida dos negócios do clã, teria recebido uma propina de 53 milhões de reais na privatização da estatal de energia elétrica do Maranhão, a Cemar, vendida por cerca de 600 milhões de reais. "Propina de 53 milhões? Imagine uma coisa dessas", reagiu Sarney, ao saber da história. Quem a espalhou acrescentou ainda que a empresa compradora da Cemar, a americana PPL, da Pensilvânia, teria descoberto o pagamento da propina. Hoje, a PPL – ninguém sabe por quê – mostra-se desinteressada do negócio e quer devolver a empresa de energia elétrica ao Estado. Se isso acontecer, será mais um abacaxi dos grandes, que, por ser grande, certamente cairá no colo de Jorge Murad. E ele, para enfrentar tantas dificuldades, nunca reclamou de excesso de trabalho nem de falta de salário. Ao que tudo indica, sentia-se, pelo menos até a semana passada, confortável transitando entre a política e os negócios.

Rosário de fraudes

A investigação sobre as fraudes na Sudam, uma das maiores já feitas no país, levou quase cinco anos para desembocar na devassa da Polícia Federal na empresa da governadora do Maranhão e de seu marido

Abril de 1997
O Ministério Público Federal em Mato Grosso, intrigado com o número crescente de empresas financiadas pela Sudam no Estado, começa a fiscalizar a aplicação dos recursos públicos e descobre uma usina de falcatruas

Janeiro de 1998
A investigação chega ao primeiro tubarão da turma, o empresário José Osmar Borges, que recebeu 246 milhões de reais da Sudam e é suspeito de desviar cerca de 130 milhões de reais

Fevereiro de 1999
O procurador da República José Pedro Taques, de Mato Grosso, faz uma síntese de sua investigação e distribui aos colegas de nove Estados, todos da chamada Amazônia Legal, para servir como guia nas apurações

Início de 2000
Tocantins é o primeiro Estado a descobrir que em seu território estava sendo aplicado o mesmo golpe e com os mesmos métodos encontrados em Mato Grosso. Cria-se, ali, o QG das investigações sobre o caso Sudam

Início de 2001
A Secretaria Federal de Controle, órgão do Ministério da Fazenda, numa investigação própria, descobre fraudes de 44 milhões de reais no projeto Usimar, em São Luís, no Maranhão

Abril de 2001
Com a investigação já espalhada por quatro Estados, aparecem as transcrições de diálogos telefônicos que comprometem o então senador Jader Barbalho com as fraudes na Sudam. O Ministério Público pede à Justiça a prisão preventiva de 97 suspeitos de fraudar a Sudam. Só 27 são presos. Em operações de busca em empresas e escritórios, a PF encontra uma lista em que o nome do senador José Sarney aparece ao lado de três projetos da Sudam. A lista, aliada às fraudes na Usimar, alerta os investigadores para uma possível conexão no Maranhão

Outubro de 2001
Em outro escritório de consultoria especializado em fraudar a Sudam, o AC Rebouças, em São Luís, a PF encontra um depósito para o ex-senador Jader Barbalho e documentos da Lunus, que pertence a Roseana Sarney e a seu marido. Como a Lunus, até 1994, fora dona de empresa suspeita de fraudar a Sudam, os investigadores passam a desconfiar de que a empresa pudesse, ainda hoje, estar envolvida nas irregularidades

Março de 2002
A PF faz uma devassa na sede da Lunus, em São Luís. Encontra documentos que sugerem um vínculo da Lunus com outras empresas fraudadoras da Sudam e, também, papéis sobre o projeto da Usimar

Com reportagem de Vannildo Mendes

22.7.09

Mônica Bergamo rebate críticas de Caetano Veloso

A colunista da Folha de S. Paulo, Mônica Bergamo, rebateu as críticas de Caetano Veloso de que a colunista teria o propósito de tratar o cantor como "um misto de Sarney com Dado Dolabella".

“Caetano Veloso manifestou sua contrariedade. É legítimo e natural. Mas não negou uma única linha publicada pela Folha. Do ponto de vista profissional, creio, é o que importa. Jornalistas não têm que agradar ou desagradar a Sarney, Dolabella ou Caetano, mas relatar os fatos com precisão”, declarou a jornalista.

As matérias publicadas na Folha anteriormente diziam que o cantor só pôde recorrer a patrocínio da Lei Rouanet para a turnê de seu mais novo álbum, "Zii e Zie", depois que o ministro da Cultura, Juca Ferreira, interveio em decisão da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC). Caetano, afirmou que o jornalismo praticado foi "uma pobreza", negou o interesse e disse que o produtor que o contrata que pleiteia essas causas.

A polêmica começou quando uma repórter da equipe de Mônica entrevistou Caetano no camarim em um de seus shows. O cantor respondeu algumas perguntas sobre a Lei Rouanet, mas, como a jornalista havia dito que seria apenas uma questão, insistiu para que a repórter fosse embora depois.

“A moça não só não fez uma única pergunta como na terceira de umas cinco punha na minha boca frases que eu não disse. Ela tinha sido enviada por Mônica Bergamo, e o fito era nitidamente me tratar como se eu fosse um misto de Sarney com Dado Dolabella”, afirmou o cantor em entrevista publicada nesta quarta-feira (22/07), pela Folha de S. Paulo. Comunique-se

21.7.09

“Nossa insurreição é pacífica”

Rafael Alegría, líder da resistência hondurenha

Antigo frequentador de Porto Alegre por conta do Fórum Social Mundial, Rafael Alegría, fundador e coordenador da Vía Campesina, dirige a Central Nacional de Trabalhadores do Campo em Honduras e assumiu a frente dos protestos pelo retorno do presidente hondurenho deposto, Manuel Zelaya. É organizador da Frente Nacional de Resistencia contra o Golpe e participa do bloqueio à estrada que liga o país à Guatemala. Nesta entrevista, ele fala sobre a resistência.

Zero Hora – Os protestos tentam inviabilizar o atual governo?

Rafael Alegría – Trancamos o transporte de combustíveis. O protesto é pacífico. As pessoas, deixamos passar. A ponte até Puerto Cortés, por onde seguem mercadorias para o Exterior, está tomada. Nicarágua, Guatemala e El Salvador bloqueiam as fronteiras.

ZH – Como é a repressão?

Alegría – Há violência e ameaças. Eu já era ameaçado por causa dos conflitos no campo, pelos representantes do retrocesso, que fizeram este golpe. Tentam inibir as pessoas de ir às ruas. Mas vamos em frente, mesmo com medo. Temos apoio da comunidade internacional, que entende que o presidente hondurenho eleito e legítimo é José Manuel Zelaya Rosales.

ZH – Há apoio entre os militares para o retorno de Zelaya?

Alegría – Os militares que apoiam este golpe são os que nos anos 80 se envolveram com violação dos direitos humanos. Grande parte deles são contra a repressão.

ZH – Por que houve o golpe?

Alegría – O presidente quis mudar uma Constituição obsoleta e fazer reformas econômica e política. Isso provocou raiva.

ZH – De Manágua, Zelaya cogitou uma insurreição. O que o sr. acha? Tem contato com ele?

Alegría – O contato é permanente com o presidente, e o artigo 3 da Constituição diz que ninguém deve obediência a um governo usurpador. Por isso, temos direito à insurreição, pacífica ou armada. Optamos pela pacífica. Se nos armássemos, justificaríamos a repressão violenta do exército.

18.7.09

Os novos e bons companheiros

Há alguns anos, seria quase impossível juntar Lula a Collor e Sarney em uma mesma frase. Nada tinham em comum. Agora, por um punhado de votos, estão no mesmo projeto político. Adivinha quem perdeu?


Otávio Cabral

Hélvio Romero/AE
O PASSADO É PARA SER ESQUECIDO
Lula abraça Collor, seu rival na eleição de 1989, durante evento em Alagoas:
"Quero fazer justiça ao senador Collor, que tem dado sustentação ao trabalho do governo no Senado"


Lula está com Fernando Collor e não abre. Para seu passado e para as pessoas que o seguiram com admiração na gloriosa trajetória da liderança sindical até o posto mais alto da hierarquia política do país, a Presidência da República, ele manda "aquele abraço". Os ingleses têm um ditado memorável e adequado a momentos parecidos com esse: "Politics make strange bed-fellows", que se traduz livremente por algo como "a política forma os mais estranhos casais". Mas que casal formam Lula e Collor? Um estranho casal. Lembra um pouco a distinção que o traidor do livro O Fator Humano, do grande romancista inglês Graham Greene, fazia entre o comunismo e o capitalismo. Ele justificava seu trabalho de espionagem em favor da União Soviética com a explicação de que "os pecados do comunismo pertencem ao passado, enquanto os do capitalismo ao presente". Levado ao impeachment em 1992 por corrupção, Collor é o cônjuge cujos pecados pertencem ao passado. Os de Lula são do presente: a vista grossa e a legitimação (dada por sua enorme popularidade) da fisiologia, da corrupção e do coronelismo na política brasileira.

Mais grave talvez do que absolver condutas impróprias ao abraçar certos tipos em público é o objetivo pelo qual Lula se presta a esse papel. Ele abomina derrotas políticas. Toda vez que foi derrotado no Congresso, independentemente da justeza da decisão dos parlamentares, sentiu-se pessoalmente ofendido. A companhia de gente como Collor, José Sarney e Renan Calheiros lhe causa menos desconforto do que derrotas no Congresso. Para evitá-las, ele faz qualquer coisa, até mesmo correndo o risco de passar à história como um democrata com credenciais menos impecáveis do que as que realmente possui. Tamanho é o vigor da Blitzkrieg do Executivo sobre o Congresso que, para muitos analistas, Lula já está desrespeitando o preceito constitucional da independência dos poderes.

Interferências como a ordem dada à bancada do PT para mudar de posição e passar a apoiar José Sarney afrontam a separação dos poderes prevista na Constituição. "Lula comete uma infração ética, política e moral ao interferir em outro poder", afirma o cientista político Octaciano Nogueira. "Essa interferência é um risco à democracia, pois leva ao descrédito o Legislativo, poder soberano, no qual a participação popular é mais efetiva." Com o enfraquecimento do Congresso, o controle do Executivo fica mais frouxo, propiciando até a possibilidade de medidas autoritárias e de exceção.

Roberto Stuckert Filho/Ag. O Globo
AMIGO É PARA ESSAS COISAS Sarney e o jatinho Hawker 800XP, que lhe é emprestado pelo amigo Fecury, ex-assessor feito milionário

Todas as constituições brasileiras desde 1824 seguem o preceito da separação dos poderes, o que, é óbvio, não inibiu os governantes de bulir com o Parlamento. Na opinião de Octaciano, todos os governos desde a redemocratização interferiram indevidamente no Congresso. Antes era mais às claras. Getúlio Vargas e os militares simplesmente fecharam o Congresso. O vício recente mais comum é a cooptação de partidos por meio de cargos e verbas para a formação de maiorias. Mas nenhum chegou à obsessão do lulismo, que instituiu o mensalão para controlar a Câmara e, agora, tenta subordinar o Congresso ao Executivo.

Formalmente, diga-se, a separação e a independência entre os poderes não são precondições para o funcionamento de uma democracia. Para ficarmos com um único exemplo, a Inglaterra tem um regime democrático modelar, mas no seu sistema de governo parlamentarista os poderes se embaralham. O chefe do Executivo inglês, o primeiro-ministro, é sempre um membro da Câmara dos Comuns, a câmara baixa do Parlamento – e ele é elevado ao poder ou é apeado dele não pela vontade popular expressa pelo voto direto, mas por decisão da maioria de seu partido. O Poder Judiciário na Inglaterra, por sua vez, é função dos lordes da câmara alta do Parlamento. Se não é, como a Inglaterra demonstra, o voto direto no chefe do Executivo nem a separação ou a independência dos poderes, o que mesmo define a democracia? A garantia de que nenhum grupo político se perpetue no poder.

Sob a pressão do Executivo, o Senado, como profetizou o senador Jarbas Vasconcelos em março passado, vai assumindo a forma de seu atual presidente. Na semana passada, um dos filhos de Sarney, Fernando, foi indiciado pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro e falsificação de documentos para favorecer suas empresas em contratos com estatais. Começou a chamar atenção também um dos mimos mais vistosos cultivados pela família Sarney, o jatinho Hawker 800XP, matrícula PP-ANA, com valor de mercado estimado em 7 milhões de dólares. Formalmente, ele pertence à faculdade de Mauro Fecury, ex-funcionário do Palácio do Planalto quando Sarney era presidente e hoje senador (suplente de Roseana Sarney). A política forma mesmo estranhas parcerias.Veja

Demissão sem justa causa

Marcello Casal/ABR
PAREDÃO A secretária da Receita Federal, Lina Vieira, caiu por seus defeitos ou por suas virtudes?

É folclórica a dificuldade que o presidente Lula tem de demitir seus auxiliares, mesmo alguns envolvidos em denúncias graves, como corrupção. Talvez por isso tenha sido considerada tão surpreendente a súbita exoneração, na semana passada, da secretária da Receita Federal, Lina Maria Vieira, depois de apenas onze meses no cargo. Há várias especulações quanto aos motivos que provocaram a queda da secretária. O governo ajudou a difundir que um deles seria a paralisia do órgão diante das sucessivas quedas de arrecadação de impostos, o que teria desagradado à equipe econômica. A segunda versão tem um viés político e envolve a Petrobras. Em maio passado, a Receita Federal instaurou procedimento administrativo para apurar uma manobra contábil que teria permitido à estatal deixar de recolher 4,6 bilhões de reais em tributos. A suspeita de fraude serviu de combustível para que a oposição criasse uma CPI para investigar a empresa – intenção que, por alguma razão ainda não muito bem explicada, é tratada como uma grande dor de cabeça para o governo.

O procedimento teria desgastado Lina Vieira junto a seu superior, o ministro Guido Mantega, da Fazenda, que também é membro do conselho de administração da Petrobras. Na semana passada, um dia depois da instalação da CPI no Senado, a secretária foi oficialmente demitida. A Petrobras garante que fez tudo dentro da legalidade. Ainda assim, tanto o governo quanto a Petrobras já mostraram que não estão dispostos a facilitar o trabalho dos parlamentares. Talvez por ser a maior empresa do país e a maior contribuinte do Fisco, a petrolífera se considere merecedora de alguns privilégios. Mas, como qualquer empresa que recolhe tributos, ela deve ser fiscalizada pela Receita Federal. Como qualquer empresa de capital aberto, precisa ser controlada pela Comissão de Valores Mobiliários. Como qualquer empresa que lida com recursos federais, tem de ser auditada pelo Tribunal de Contas da União e, é claro, pode e deve ser investigada pelo Congresso.

A comissão foi instalada com oito membros da base governista e apenas três da oposição. O presidente será o senador João Pedro, do PT do Amazonas, e o relator, Romero Jucá, do PMDB de Roraima, ambos expoentes de primeira grandeza da tropa de choque federal. Não foram eleitos por acaso. Com uma maioria tão ampla e o comando nas mãos de aliados, a CPI investigará apenas o que o governo permitir. "Em um país com democracia plena e economia de mercado, o Congresso e a Receita têm todo o direito de auditar as contas da maior companhia brasileira. Se não tiver nada de errado, a empresa sai fortalecida. Aqui vale o ditado de que quem não deve não teme", avalia Adriano Pires, consultor do Centro Brasileiro de Infraestrutura. Veja