Rafael Alegría, líder da resistência hondurenha
Antigo frequentador de Porto Alegre por conta do Fórum Social Mundial, Rafael Alegría, fundador e coordenador da Vía Campesina, dirige a Central Nacional de Trabalhadores do Campo em Honduras e assumiu a frente dos protestos pelo retorno do presidente hondurenho deposto, Manuel Zelaya. É organizador da Frente Nacional de Resistencia contra o Golpe e participa do bloqueio à estrada que liga o país à Guatemala. Nesta entrevista, ele fala sobre a resistência.
Zero Hora – Os protestos tentam inviabilizar o atual governo?
Rafael Alegría – Trancamos o transporte de combustíveis. O protesto é pacífico. As pessoas, deixamos passar. A ponte até Puerto Cortés, por onde seguem mercadorias para o Exterior, está tomada. Nicarágua, Guatemala e El Salvador bloqueiam as fronteiras.
ZH – Como é a repressão?
Alegría – Há violência e ameaças. Eu já era ameaçado por causa dos conflitos no campo, pelos representantes do retrocesso, que fizeram este golpe. Tentam inibir as pessoas de ir às ruas. Mas vamos em frente, mesmo com medo. Temos apoio da comunidade internacional, que entende que o presidente hondurenho eleito e legítimo é José Manuel Zelaya Rosales.
ZH – Há apoio entre os militares para o retorno de Zelaya?
Alegría – Os militares que apoiam este golpe são os que nos anos 80 se envolveram com violação dos direitos humanos. Grande parte deles são contra a repressão.
ZH – Por que houve o golpe?
Alegría – O presidente quis mudar uma Constituição obsoleta e fazer reformas econômica e política. Isso provocou raiva.
ZH – De Manágua, Zelaya cogitou uma insurreição. O que o sr. acha? Tem contato com ele?
Alegría – O contato é permanente com o presidente, e o artigo 3 da Constituição diz que ninguém deve obediência a um governo usurpador. Por isso, temos direito à insurreição, pacífica ou armada. Optamos pela pacífica. Se nos armássemos, justificaríamos a repressão violenta do exército.
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