O governo interino de Honduras denunciou o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), por ameaçar a segurança nacional do país com o envio de tropas venezuelanas. O motivo é que Chávez alertou, nesta quinta-feira, que a crise política de Honduras poderá levar o país a uma guerra civil de alcance regional.
Em carta enviada a Ruhakana Rugunda, atual presidente do Conselho, o chanceler hondurenho, Carlos López, denuncia "os atos de provocação realizados pelo presidente da Venezuela, por ocasião da recente sucessão presidencial [em Honduras], realizada conforme o ordenamento jurídico interno".
Ontem, o presidente venezuelano advertiu que a situação de Honduras "tende a se complicar, está ficando mais tensa" quase três semanas depois da deposição do presidente Manuel Zelaya e da instauração de um governo presidido por Roberto Micheletti, que ainda não conseguiu consolidar-se no poder e enfrenta uma ampla rejeição internacional.
Carlos López destaca as "ameaças" de envio de forças militares venezuelanas a Honduras com o "propósito de realizar uma intromissão nos assuntos internos" hondurenhos e "violar nossa integridade e soberania".
O chanceler denuncia ainda a "violação do espaço aéreo de Honduras por parte de um avião de matrícula venezuelana, na tarde do dia 5, tripulado por pilotos militares, desobedecendo proibição expressa da Direção Geral de Aeronáutica Civil, na tentativa de pousar no Aeroporto Internacional da capital".
O avião transportava o presidente deposto, Manuel Zelaya, e foi impedido de pousar pelo Exército hondurenho.
Governo de união
Apesar da retórica de Chávez e do próprio Zelaya, que nesta quarta-feira chamou os hondurenhos à insurreição, o presidente da Costa Rica, Óscar Arias, que atua como mediador no conflito político em Honduras, disse nesta quinta-feira que entre suas propostas para a solução da crise estão a formação de um governo de reconciliação presidido pelo presidente deposto e a aplicação de anistias.
Em uma entrevista à rádio Monumental, Arias foi contundente ao afirmar que "há um mandato de 34 governos para a restauração da ordem constitucional em Honduras com a restituição do presidente José Manuel Zelaya", que foi destituído no dia 28 de junho.
O líder costarriquenho acrescentou que se o presidente em exercício "diz estar disposto a renunciar para entregar o poder a alguém mais [que não seja Zelaya], essa não é uma solução".
No dia 28 de junho, Zelaya tinha previsto realizar uma consulta popular, declarada ilegal por várias instituições do Estado, para saber se a população estava de acordo em instalar uma quarta urna nas eleições. A urna perguntaria aos hondurenhos sobre a possibilidade de convocar uma Assembleia Nacional Constituinte para reformar a Carta Magna, o que a oposição afirmou ser uma tentativa para estabelecer a reeleição e manter-se no poder. Folha
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