5.7.09

Entrevista de Wilson Santarosa ao jornal O Globo

Entrevista de Wilson Santarosa ao jornal O Globo

4 de julho de 2009 / 22:30
*Concedida em 29/06/2009 ao jornalista Chico Otávio na sede da Petrobras. Wilson Santarosa é gerente executivo da Comunicação Institucional da Petrobras

O GLOBO - A Petrobras está demandando um pouco dos nossos esforços, Particularmente depois da CPI, e evidentemente a historia do blog também.

SANTAROSA – Eu acho que viria mais cedo ou mais tarde. Até brinco com o pessoal: infelizmente, ou felizmente, veio com a gente, agora nós não criamos isso, você sabe, quem criou foi a UFMG.

O GLOBO - Não sabia.

SANTAROSA – Eles criaram numa crise há um ano e meio dois anos atrás. Nós estávamos trabalhando já algum tempo na criação de um veículo mais ágil. Quando chegou a CPI surgiu a informação que a UFMG tinha usado esta ferramenta. Nós fomos procurar, saber como e descobrimos. Por um lado, foi ótimo porque a gente conseguiu dar vazão às informações para o povo conhecer. Por outro lado, no início criou um ruído com a imprensa, que em seguida ajustamos e tudo se acomodou. Ele veio para ser uma ferramenta nova, que vamos tentar consolidar.

O GLOBO - Na minha opinião, foi o que eu percebi, acho que o que mais causou um certo desconforto foi só aquela história de divulgar as perguntas e as respostas antes.

SANTAROSA – Nós percebemos um apelo de vocês. Nós sentimos o apelo de vocês e ajustamos para proteger o profissional.

O GLOBO - Uma curiosidade minha é que, tendo essa oportunidade aqui, é te perguntar o que mudou no seu discurso… O senhor foi um líder sindical importante.

SANTAROSA – Nem tanto…

O GLOBO - Ah, foi… O movimento petroleiro nos anos 80, anos 90, é só pegar os jornais.

SANTAROSA – Para falar a verdade, foi de 84 a 92.

O GLOBO - Mas não teve uma greve importante em 95?

SANTAROSA – Mas eu não era mais do movimento sindical… Eu participei de 84 a 92, foi a minha vida sindical. Depois eu me afastei.

O GLOBO - O senhor entrou em 84 no próprio sindicato dos petroleiros de Campinas, ou não?

SANTAROSA – É.

O GLOBO - Mas como diretor?

SANTAROSA – É.

O GLOBO - E aí ficou…

SANTAROSA – Até 92.

O GLOBO - Oito anos. Foram quantos mandatos?

SANTAROSA – Foram dois, e não encerrou o terceiro. Eu era o presidente, começou a se discutir em Brasília, no Congresso, a alteração da lei para aposentadoria da previdência…

O GLOBO - Isso é que eu queria perguntar para o senhor também, a questão da previdência.

SANTAROSA – É. E eu corria o risco de perder a especial, que eu tinha a especial. Minha aposentadoria era especial. Aí, um grupo que se aposentava naquela época, 25 mil, foi uma debandada na Petrobras em função da possibilidade de perder a especial. Porque ia alterar a lei da Previdência. Aí, no momento da minha aposentadoria, para não perder a especial, eu me aposentei e no dia seguinte eu pedi minha renúncia do sindicato, porque sendo aposentado eu não podia dirigir o sindicato.

O GLOBO - O senhor era operador de refinaria?

SANTAROSA – Eu era operador de transferência e estocagem.

O GLOBO - O senhor saiu em 92?

SANTAROSA – 92.

O GLOBO - O senhor já tinha quanto tempo de casa, digamos assim?

SANTAROSA – Na Petrobras?

O GLOBO - Sim.

SANTAROSA – Dezessete anos. Que eu sempre considerei mais. Como era especial, eu sempre fiz essa conta. E a conta era 1,4.

O GLOBO - O senhor sempre trabalhou na refinaria em Campinas?

SANTAROSA – Sim, Replan. Eu saí em 92. Em 95, eu me elegi conselheiro da Petros, que na época se chamava conselho de curadores. Depois, a legislação mudou para Conselho Deliberativo. Fiquei de 95 a 2000.

O GLOBO - Nessa época, o senhor resistiu a algum tipo de mudança que a patrocinadora, o governo federal, tentava fazer com o plano de previdência dos funcionários da Petrobras?

SANTAROSA – Enquanto conselheiro eleito, eu levantei todos os problemas que a Petros tinha ao longo dos anos. Porque qualquer ação de RH, aqui na Petrobras, tinha algum tipo de impacto na Petros. E eu, como eleito, fiz esse papel. Eu fui lá e levantei tudo o que tinha. Só que, foi caminhando o tempo, e não houve uma negociação no governo anterior, nós tentamos um processo em dezembro de 98, quando houve uma alteração na Constituição, que dava para as empresas dois anos para os fundos se adaptarem. Então, nós entramos na época para garantir o direito adquirido antes da alteração da Constituição, que se alterou, deu dois anos, então foi em 2000. Aí, inverteu: eu vim pra cá em 2003. Na época, era o mais capacitado pelos cinco anos de Petros.

O GLOBO - O senhor trabalhou muito com essa questão da Previdência?

SANTAROSA – Trabalhei muito. O presidente, na época, José Eduardo Dutra, falou: “você vai ter que assumir a presidência do conselho”. E ainda falou: “vamos botar você e o Lima”, que era o RH, na época, e hoje é o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (José Lima de Andrade Neto). Aí, eu passei pro lado de cá. Eu tive que pensar pelo lado de gestão empresarial. Em vez de eu ficar na guerra entre sindicatos na Justiça e tal, nós buscamos a via da negociação. Levou seis anos de negociação para chegarmos a um acordo. E aí, o pessoal acabou topando, fizeram a repactuação e a Petrobras se comprometeu a colocar R$ 5,7 bilhões, fruto daquele estudo que fiz lá atrás.

O GLOBO - Está no acordo?

SANTAROSA – Está no acordo. Foi um bom acordo.

O GLOBO – Ativo?

SANTAROSA – Não, fundo de pensão da Petrobras e os participantes. Política natural de qualquer sociedade, contrária, trabalharam contra a readaptação, uma votação que todos participaram, a maioria acabou vencendo, o acordo foi consolidado e a repactuação foi feita. Foi instalado novo plano, que em vez de ser BD passou para CD.

O GLOBO – A gente tem percentual?

SANTAROSA – Na votação, a aceitação do acordo foi de 73%.

SANTAROSA – Com relação à gestão, quando nós assumimos, a despesa administrativa da Petros girava em torno de 11,5%.

O GLOBO – Que ano foi?

SANTAROSA – Nós assumimos em 2003. A despesa administrativa girava em torno de 11,5%. Estabelecemos como meta 8%. No terceiro ano, atingiu 8% e hoje está em 6,4%. A rentabilidade era em torno 9,5% do patrimônio na nossa gestão, muito embora eu reconheça que a estabilidade econômica influenciou nesse total, mas também não tinha o rendimento estratosférico de antes. Isso está no nosso balanço e é público.

O GLOBO – O senhor ainda é presidente do conselho?

SANTAROSA – Sou.

O GLOBO – Qual é o seu prêmio mais importante?

SANTAROSA – O mais importante é o Caboré, que todo publicitário quer, que todo mundo quer a indicação. É o mais importante na área de marketing e publicidade.

No dia da entrega, ninguém falta, todo mundo está lá. São só três indicados no Brasil inteiro, isso já é um prêmio. Duvido que alguém de empresa pública tenha sido indicado.

O GLOBO – O senhor tem noção de quantos prêmios são da sua gestão, já somou alguma vez?

SANTAROSA – Mais de 100.

O GLOBO – Só para entender melhor, estes prêmios tem a ver com a gerência executiva da Comunicação Institucional, não tem nada a ver com Petros.

SANTAROSA – Não.

O GLOBO – Tá ótimo.

SANTAROSA – Agora, o prêmio de comunicação empresarial, que é o da Aberje, eu ganhei por três anos consecutivos. É o mais serio de todos eles na área empresarial.

O GLOBO – Por que na área de comunicação? O senhor veio para cá porque tinha uma certa aptidão, interesse?

SANTAROSA – No meio sindical, me notabilizei com campanhas, ideias. As pessoas da área me conheciam. Como eu sempre fui um grande estudioso da Petrobras, em função do monopólio, também conheci muito a empresa. Com os cinco anos de conselho de Petros, eu trabalhei na divulgação daqueles problemas e convenci todo mundo que aquilo era real. Fui reconhecido como homem de comunicação. Antes de trabalhar na Petrobras, eu trabalhei numa empresa de consultoria. Durante dez anos eu dirigi a empresa. Eu sou formado em contabilidade. Nesse período, de 2000 a 2002, eu dirigi a Ceasa de Campinas, que é a quarta maior do Brasil, ela é gigantesca.

O GLOBO – Imagino.

SANTAROSA – Então vinha todo esse acúmulo de gestão e o Dutra, sabendo disso, ele me conhecia há muito tempo, me convidou: “Olha, preciso de alguém ali e eu gostaria que você assumisse”. Vim pra isso e por isso.

O GLOBO – São seis anos…

SANTAROSA – Seis anos e meio.

O GLOBO – Qual é a sua impressão da imprensa brasileira?

SANTAROSA - Está passando por fase de transição. Saiu do jornalismo investigativo, de pesquisa, acredito que em função de crises financeiras dos veículos, que reduziram pessoal, custos; do advento da internet, que facilita pesquisa de assunto. As assessorias empresariais vieram nesse período. Agora, com as novas mídias, os jornalistas do mundo inteiro terão que voltar à essência do jornalismo.

O GLOBO – Agora, tem outros ex-Sindipetro também, nessa área de comunicação.

SANTAROSA - Sim. Estão nas Regionais de Comunicação. Desde a década de 90, essa é a comunicação institucional. As refinarias têm, todas elas, os terminais, o E&P. A empresa passou por alguns momentos de muita greve, e noutros momentos, de acidentes. Ela teve essa fase. A década de 90 foram as greves, no início; depois, nós tivemos alguns acidentes. Antigamente, se chamava Asscom – Assessoria de Comunicação das unidades. Isso foi na época do Rennó, depois o Reischstul. O que o pessoal preferiu: escolher gente da operação para ser os assessores de imprensa, porque eles conheciam o processo. O processo produtivo, eu digo. Não foi com a gente. Porque era uma relação constante e tinha que explicar o que estava acontecendo nas refinarias, ou naquele terminal, ou naquela plataforma. E isso veio vindo, de lá pra cá. Porque que eu os trouxe? Esse pessoal fez isso a vida inteira, eles sabem fazer: se relacionar com as comunidades, se relacionar com aqueles projetos que nós temos nas regiões Brasil afora. Eles são especialistas nisso. Eles só nos ajudam. Quem é o gerente deles não sou eu, é o Fernando Moura, que é engenheiro de produção. Há gerente que é jornalista, psicólogo, geólogo, médico. Às vezes criam alguns mitos. Dos 34 gerentes, 4 são ex-sindicalistas.

O GLOBO – Dentro dessa estrutura aqui são quantos funcionários?

SANTAROSA – 440. Na Comunicação, 440. São 1.150 na empresa inteira.

O GLOBO – Hoje o senhor fez uma referência à CPI, lá no seu discurso, não foi?

SANTAROSA - Fiz.

O GLOBO – Por quê?

SANTAROSA - Porque nós estávamos anunciando justamente a área de patrocínio. E a apresentação do nosso balanço social é o resultado do que a gente faz. Eu me referi a ela no seguinte sentido: nós estamos no meio de um burburinho. E nós temos que dar respostas à opinião pública, à imprensa, e à CPI. E que vai nos dar um belíssimo trabalho. Mas nós estamos preparados e prontos para fazer.

O GLOBO – O senhor está preparado para ir à CPI?

SANTAROSA – Não tenho problema em ir. Acho que temos que ir, já que a área de patrocínio é um dos itens do requerimento da CPI. A Petrobras está pronta e o presidente Gabrielli tem reiterado isso. Todos os supostos problemas foram esclarecidos no blog.

SANTAROSA – Outro mito: aumentou a verba para a comunicação da Petrobras. Aumentou o orçamento. E isso é real. O que nós fizemos? Já se fazia isso tudo. Já se fazia nas pontas. As pontas que eu digo é lá na unidade. Lá em Paulínia, lá em Mataripe, lá no Nordeste inteiro, lá na plataforma. O que nós fizemos? Não tem controle, tem que ter controle. O gerente lá da ponta faz e a administração aqui não fica nem sabendo. E é desse jeito. Por que é que nós juntamos…

O GLOBO – Padronizaram…

SANTAROSA – Juntamos, alinhamos dentro de seis programas com critérios conhecidos e estabelecidos e, se não se enquadrar ali, não tem patrocínio. Não tem. Quando pode ter um que fuja, aí a gente tenta enquadrar.

O GLOBO – Há um tema assim, que sempre me mobilizou um pouquinho: samba. Quando o Lula diz: “o governo vai ajudar”, e determina que a Petrobras resolva o problema lá com a Liga. Aí eu acho que esse protocolo, no caso, fica prejudicado.

SANTAROSA – Esse não é um patrocínio social, mas já fazemos patrocínio social das comunidades das escolas de samba aqui no Rio de Janeiro. É patrocínio social não é carnaval. A gente vai na Portela, a gente vai na Vila, a gente vai na Mangueira, que já é velha conhecida. Acho que é a mais antiga.

O GLOBO – Mas a Mangueira continua?

SANTAROSA – Continua.

O GLOBO – Vila, Portela, Mangueira, Salgueiro… Você falou o quê?

SANTAROSA – Rocinha.

O GLOBO – Beija Flor?

SANTAROSA – Beija Flor. Agora, tudo com projeto social. O que aconteceu esse ano? O pessoal das escolas solicitou uma audiência com o Lula via Sérgio Cabral. Disseram que o carnaval do Rio de Janeiro corria um risco de ser pífio. Foi solicitado ao Presidente da República ajuda para que não parasse o Carnaval. Em função da forte presença da Petrobras no Rio de Janeiro – a sede, os investimentos maiores aqui no Rio de Janeiro, e a bacia do pré-sal que já vinha vindo. A diretoria decidiu: “Vale a pena o investimento”. E aí nós fizemos o quê? Um investimento de seis milhões. Mas não foi assim, o Presidente da República mandou. Foi feita uma análise da viabilidade e do interesse da companhia. A diretoria decidiu em função de tudo o que está acontecendo no Rio de Janeiro.

O GLOBO – Mas eles deram a contrapartida?

SANTAROSA – Total.

O GLOBO – Tipo espaço para a Petrobras na passarela do samba…

SANTAROSA – O espaço, a visibilidade, todas as quadras por um período de um ano. Acho que está até hoje em todas as quadras a nossa marca exibida, a obrigatoriedade de todo ensaio técnico. A contrapartida foi cumprida.

O GLOBO – Já que a ideia é atacar todos os mitos, posso atacar mais um?

SANTAROSA – Claro, fique à vontade.

O GLOBO – O senhor tem pretensões políticas?

SANTAROSA – Não.

O GLOBO – Lá em Campinas?

SANTAROSA – Não. Se eu quisesse eu dava uma entrevista por dia para aparecer. Eu nunca quis misturar função com a pessoa física. Eu nunca quis isso. Acho que aqui eu não preciso disso.

O GLOBO – Não tá dentro aí do seu projeto?

SANTAROSA – Não.

O GLOBO – O senhor pretende fazer algum tipo de… Essa sua experiência, de por isso no papel?

SANTAROSA – De registrar? É, pode até ser, porque o projeto de memória da Petrobras fui eu que idealizei, antes de vir para cá. Dois anos e meio, quase três anos antes. Portanto, deve ter sido 2000, por aí… Eu idealizei um projeto de memória porque eu falei: não tem memória, não tem história, nós vamos perder essa história toda…

O GLOBO – Mas o senhor idealizou isso no tempo da Petros, o senhor estava na Petros?

SANTAROSA – Não. Eu era só conselheiro e me reunia uma vez por mês. Eu idealizei lá fora. Eu procurei os sindicatos de São Paulo e mostrei que era possível fazer um projeto para resgatar a memória do movimento sindical dos trabalhadores da Petrobras, até a memória da própria Petrobras. Fiz o projeto, trouxe aqui, pedi patrocínio para a Dulce Ângela, que era a Gerente. Teve uma demora, mas um dia eles me procuraram e disseram: “Olha, interessa à Petrobras patrocinar isso”. E aí surgiu esse projeto. Depois de um tempo…

O GLOBO – Em que ano foi iniciado o projeto?

SANTAROSA – Foi iniciado em 2001.

O GLOBO – Tipo memória oral?

SANTAROSA - Também.

O GLOBO – Ele foi trazido pra…

SANTAROSA – Ele foi trazido pra dentro porque interessa a empresa preservar a memória, a memória tecnológica, dos trabalhadores, da estrutura, de tecnologia, de tudo. Então, tem um baita de um projeto.

O GLOBO – Imagino.

SANTAROSA – Algumas empresas copiaram.

O GLOBO – Isso já produziu algum tipo de material? Livro, vídeo?

SANTAROSA – Tem muito vídeo.

O GLOBO – Chama-se Memória…

SANTAROSA – Memória Petrobras. Linha do tempo, com as unidades. Se você procurar Reduc: quero saber tudo o que aconteceu na Reduc. Mas eu quero saber no ano de 1978. Você vai lá em Reduc, 1978, e cruza a história de todo mundo que fez um depoimento, coisa e tal. É legal, mesmo. Muito bom.

O GLOBO – Mas é tipo um multimídia?

SANTAROSA – É.

O GLOBO – Muito legal.

SANTAROSA – Dá uma olhada que é interessante.

O GLOBO – O senhor é paparicado? Pelo fato de ter controle de publicidade, mídia, patrocínio cultural?

SANTAROSA – Eu não diria paparicado. As pessoas me procuram, mas eu procuro sempre fazer o caminho correto, porta de entrada. Projeto de patrocínio cultural é com a Eliane Costa; projeto social é com Nery. Eu procuro evitar que chegue tudo por meu intermedio. Tem gente que diz assim: “Não, não aceito. Tem que ser com você”. Eu chamo o gerente da área responsável para receber as pessoas.

O GLOBO – O senhor tem a agenda sempre cheia?

SANTAROSA – Muito.

O GLOBO – Chega a que horas aqui?

SANTAROSA – Chego normalmente às 9 horas e vou embora às 21 horas.

O GLOBO – O senhor disse pra mim que não tem nenhuma restrição em ir à CPI.

SANTAROSA – A Petrobras está pronta pra esclarecer tudo.

SANTAROSA – Uma coisa que eu não coloquei foi que nós demos uma organizada, uma alinhada, e os nossos processos e procedimentos de controle melhoraram muito e tem muito a melhorar. Nós instituímos uma sistemática de controle dos nossos projetos, um negócio inédito no mundo empresarial e que a área de estratégia da companhia é que vai controlar.

O GLOBO – O senhor me dá um exemplo prático, pra poder entender?

SANTAROSA – Nós instituímos uma fórmula, que está no nosso sistema SAP, na qual as informações sobre cada projeto serão introduzidas pelo pessoal da comunicação e, a partir daí, a área de Estratégia vai ficar acompanhando. Por exemplo, se o projeto é para alfabetizar X pessoas em 2 anos com idade tal. A Estratégia é que vai checar se aquilo lá atingiu o resultado. Se não atingiu, vem o alerta do desempenho dessa área.

O GLOBO – Mas a estratégia faz auditoria ou ela vai controlar remotamente?

SANTAROSA – Remotamente. Mas quem vai introduzir as informações é o fiscal do contrato, que tem a responsabilidade e não tem como enganar, mesmo que ele queira enganar, porque no início ele pontua as informações e no final ele checa se atingiu aquela meta ou não. Então, vamos trabalhar com meta. Se não atingir a meta, não tem mais patrocínio. Só mais uma coisa que eu também não lhe disse: nós não patrocinamos ONG’s. A Petrobras não patrocina ONG`s, patrocina projetos. E como é que funciona? Tem um projeto, com uma conta especial, que normalmente é de uma ONG, ou não. Os recursos vão para essa conta, sempre por etapas. Se cumpriu a primeira etapa, presta conta e recebe o resto. Se não prestar conta, não recebe. Nós já punimos, já fomos ao Ministério Público, notificamos extra-judicialmente, algumas vão até a inquérito policial.

O GLOBO – Quem hoje gere crises da Petrobras?

SANTAROSA – O coordenador do comitê de crise é o Erasmo Granado. Ele não é gerente, ele coordena o Sistema de Comunicação de Crise, que se instala num momento de crise. O Erasmo é o cara que se dedicou a isso e especializou-se nisso.

O GLOBO – Ele é especialista em quê?

SANTAROSA – Ele faz isso desde a época do Rennó. Era da área de Segurança, Meio Ambiente e Saúde, SMS.

Nenhum comentário: