30.9.06

Escândalo do abafa-dossiê

Não bastasse o tremendo estrago causado à imagem do governo Lula pelo escândalo do dossiê, que envolve, inclusive com mandados de prisão já decretados, pessoas estreitamente ligadas ao presidente da República, como o seu segurança e o seu churrasqueiro predileto, surge agora um subproduto da desastrada “Operação Tabajara” – a grotesca tentativa de um bando de petistas de comprar um dossiê que supostamente comprometeria o candidato a governador de São Paulo José Serra, com a tramóia dos sanguessugas. Para dizer sem subterfúgios, trata-se agora de uma clara tentativa de abafa, por parte do Ministério da Justiça e da força que lhe é subordinada, a Polícia Federal (PF), quem sabe para que a dinheirama encontrada com os intermediários da negociação do dossiê – R$ 1,75 milhão em dólares e reais – não pudesse causar impacto eleitoral.

O Banco Central (BC) é a instituição que possui o registro de todas as operações de compra e venda de dólares, feitas pelas instituições financeiras em operação no País, assim como detém a identificação de todos os envolvidos em transações desse gênero. Era de crer, portanto, que na investigação da procedência daquela grande soma de dinheiro em espécie a Polícia Federal tivesse feito, logo de início, uma consulta formal ao BC. Mas qual foi a surpresa – e a compreensível indignação – dos senadores Tasso Jereissati e Heráclito Fortes quando, ao visitarem anteontem o presidente do BC, Henrique Meirelles, dele ficaram sabendo que até então nem a Polícia Federal nem o Ministério da Justiça haviam solicitado àquela instituição informações que identificassem as pessoas que sacaram ou transportaram o dinheiro apreendido.

Entende-se o desabafo contundente do senador Jereissati: “Isso é escândalo, um absurdo. O ministro da Justiça tem que responder a isso. Do contrário, está sendo cúmplice de um crime.” Disse mais o presidente do partido dos tucanos: “Acuso o Ministério da Justiça e a PF de estarem escondendo o que sabem.” Apesar de o BC ter todas as condições de rastrear o caminho do dinheiro, Meirelles disse a Jereissati que “todas as investigações estão sendo conduzidas apenas pela PF, sem nenhuma articulação com o Banco Central” – o qual, em razão das normas do sigilo bancário, só pode realizar levantamentos e fornecer informações quando oficialmente instado a fazê-lo. Não há, então, como deixar de dar razão ao senador cearense, quando considera estranhíssimo que a PF ainda não tenha pedido ao BC ajuda para solucionar o caso – e que a PF “já sabe”, sendo de alguma forma constrangida a não informar.

Não melhorou em nada a imagem da Polícia Federal a “defesa” que fez seu diretor-geral, Paulo Lacerda, ao afirmar que “buscar informações no BC é irrelevante”, pelo fato de a PF já ter obtido as informações necessárias, graças ao acordo de cooperação com os EUA. Só depois dessas idas e vindas é que a PF oficiou ao BC pedindo informações. Ora, será que o órgão incumbido de fiscalizar e controlar o fluxo das operações financeiras do País não teria, de início, informação alguma a prestar sobre o caso? Por sua vez, o ministro Márcio Thomaz Bastos não deu resposta àquelas indagações, preferindo resvalar para a saída fácil da ironia, ao dizer: “É querer demais da natureza humana que presidentes de partidos, na véspera das eleições que lhes são desfavoráveis, não tentem gerar fatos.”

Ora, um ministro da Justiça, sob cujo comando está a força federal que desenvolve importante investigação criminal, não deveria, pelo menos publicamente – e sob pena de clara suspeição –, referir-se abertamente a favoritismos eleitorais, posto que ele está a serviço de uma Pasta Ministerial de Estado e não de uma candidatura à reeleição de um governante. E, a propósito de “gerar fatos”, há de convir: quem gerou o fato do dossiêgate?

Passadas duas semanas sem a descoberta da origem do dinheiro, mas sabendo-se que foi Hamilton Lacerda – ex-assessor de comunicações do candidato petista a governador de São Paulo, Aloizio Mercadante – quem transportou aquela grande quantidade de cédulas de dólares e reais para os intermediários presos da desastrada “Operação Tabajara”, tem -se apenas que saber, desse cidadão, onde ele pegou a dinheirama. Será tarefa tão difícil, essa?
Estadão

29.9.06

Carta para o Chico Buarque

Chico, você foi, é e será sempre meu herói. Pelo que você foi, pelo que você é e pelo que creio que continuará sendo. Por isso mesmo, ao ver você declarar que vai votar no Lula “por falta de opção”, tomei a liberdade de lhe apresentar o que, na opinião do seu mais devoto e incondicional admirador, pode ser uma opção.

Eu também votei no Lula contra o Collor. Tanto pelo que representava o Lula como pelo que representava o Collor. Eu também acreditava no Lula. E até aprendi várias coisas com ele, como citar ditos da mãe. Minha mãe costumava lembrar a piada do bêbado que contava como se tinha machucado tanto. Cambaleante, ele explicava: “Eu vi dois touros e duas árvores, os que eram e os que não eram. Corri e subi na árvore que não era, aí veio o touro que era e me pegou.” Acho que nós votamos no Lula que não era, aí veio o Lula que era e nos pegou.

Chico, meu mestre, acho que nós, na nossa idade, fizemos a nossa parte. Se a fizemos bem feita ou mal feita, já é uma outra história. Quando a fizemos, acreditávamos que era a correta. Mas desconfio que nossa geração não foi tão bem-sucedida, afinal. Menos em função dos valores que temos defendido e mais em razão dos resultados que temos obtido. Creio que hoje nossa principal função será a de disseminar a mensagem adequada aos jovens que vão gerenciar o mundo a partir de agora. Eles que façam mais e melhor do que fizemos, principalmente porque o que deixamos para eles não foi grande coisa. Deixamos um governo que tem o cinismo de olimpicamente perdoar os “companheiros que erraram” quando a corrupção é descoberta.

Desculpe, senhor, acho que não entendi. Como é, mesmo? Erraram? Ora, Chico. O erro é uma falha acidental, involuntária, uma tentativa frustrada ou malsucedida de acertar. Podemos dizer que errou o Parreira na estratégia de jogo, que erramos nós ao votarmos no Lula, mas não que tenham errado os zésdirceus, os marcosvalérios, os genoinos, dudas, gushikens, waldomiros, delúbios, paloccis, okamottos, adalbertos das cuecas, lulinhas, beneditasdasilva, burattis, professoresluizinhos, silvinhos, joãopaulocunhas, berzoinis, hamiltonlacerdas, lorenzettis, bargas, expeditovelosos, vedoins, freuds e mais uma centena de exemplares dessa espécie tão abundante, desafortunadamente tão preservada do risco de extinção por seu tratador. Esses não erraram. Cometeram crimes. Não são desatentos ou equivocados. São criminosos. Não merecem carinho e consolo, merecem cadeia.

Obviamente, não perguntarei se você se lembra da ditadura militar. Mas perguntarei se você não tem uma sensação de déjà vu nos rompantes de nosso presidente, na prepotência dos companheiros, na irritação com a imprensa quando a notícia não é a favor. Não é exagero, pergunte ao Larry Rother do New York Times, que, a propósito, não havia publicado nenhuma mentira. Nem mesmo o Bush, com sua peculiar e texana soberba, tem ousado ameaçar jornalistas por publicarem o que quer que seja. Pergunte ao Michael Moore. E olhe que, no caso do Bush, fazem mais que simples e despretensiosas alusões aos seus hábitos ou preferências alcoólicas no happy hour do expediente.

Mas devo concordar plenamente com o Lula ao menos numa questão em especial: quando acusa a elite de ameaçá-lo, ele tem razão. Explica o Aurélio Buarque de Hollanda que elite, do francês élite, significa “o que há de melhor em uma sociedade, minoria prestigiada, constituída pelos indivíduos mais aptos”. Poxa! Na mosca. Ele sabe que seus inimigos são as pessoas do povo mais informadas, com capacidade de análise, com condições de avaliar a eficiência e honestidade de suas ações. E não seria a primeira vez que essa mesma elite faz esse serviço. Essa elite lutou pela independência do Brasil, pela República, pelo fim da ditadura, pelas diretas-já, pela defenestração do Collor e até mesmo para tirar o Lula das grades da ditadura em 1980, onde passou 31 dias. Mas ela é a inimiga de hoje. E eu acho que é justamente aí que nós entramos.

Nós, que neste país tivemos o privilégio de aprender a ler, de comer diariamente, de ter pais dispostos a se sacrificar para que pudéssemos ser capazes de pensar com independência, como é próprio das elites - o que, a propósito, não considero uma ofensa -, não deveríamos deixar como herança para os mais jovens presentes de grego como Lula, Chávez, Evo Morales, Fidel - herói do Lula, que fuzila os insatisfeitos que tentam desesperadamente escapar de sua “democracia”. Nossa herança deveria ser a experiência que acumulamos como justo castigo por admitirmos passivamente ser governados pelo Lula, pelo Chávez, pelo Evo e pelo Fidel, juntamente com a sabedoria de poder fazer dessa experiência um antídoto para esse globalizado veneno. Nossa melhor herança será o sinal que deixaremos para quem vem depois, um claro sinal de que permanentemente apoiaremos a ética e a honestidade e repudiaremos o contrário disto. Da mesma forma que elegemos o bom, destronamos o ruim, mesmo que o bom e o ruim sejam representados pela mesma pessoa em tempos distintos.

Assim como o maior mal que a inflação causa é o da supressão da referência dos parâmetros do valor material das coisas, o maior mal que a impunidade causa é o da perda de referência dos parâmetros de justiça social. Aceitar passivamente a livre ação do desonesto é ser cúmplice do bandido, condenando a vítima a pagar pelo malfeito. Temos opção. A opção é destronar o ruim. Se o oposto será bom, veremos depois. Se o oposto tampouco servir, também o destronaremos. A nossa tolerância zero contra a sacanagem evitará que as passagens importantes de nossa História, nesse sanatório geral, terminem por desbotar-se na memória de nossas novas gerações.

Aí, sim, Chico, acho que cada paralelepípedo da velha cidade, no dia 1º de outubro, vai se arrepiar.

Seu admirador número 1,
Zé Danon

José Danon é economista e consultor de empresas

Dólares teriam um só comprador

Dólares teriam um só comprador em 4 locais

Segundo a Folha apurou, há registro do dinheiro nas corretoras EBS, Action, em agência bancária e em uma quarta instituição

Em dois lugares, a moeda estrangeira teria sido comprada do banco Sofisa, sediado em SP, que trouxe ao país lote de US$ 15 mi


Uma parte dos dólares apreendidos com petistas que tentavam negociar um dossiê contra o candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra, teria sido comprada por uma única pessoa em, pelo menos, quatro lugares diferentes.
Segundo a Folha apurou, as corretoras EBS e Action estão entre as que têm o registro de uma parcela do dinheiro.
Além dessas duas corretoras, ainda haveria uma terceira instituição autorizada a operar com câmbio e também uma agência bancária. Duas dessas instituições teriam comprado a moeda estrangeira diretamente do banco Sofisa, que tem sede em São Paulo e trouxe para o país um lote de US$ 15 milhões. Como parte do dinheiro estava seriada e ainda tinha a cinta da casa da moeda dos Estados Unidos, ficou mais fácil o rastreamento.

Prisão
No dia 15 de setembro, a PF apreendeu no hotel Ibis Congonhas, em São Paulo, US$ 248,8 mil que fariam parte de um pagamento total de R$ 1,75 milhão. Entre os dólares, havia um montante de US$ 110 mil em notas seriadas, que foram emitidas pela casa da moeda norte-americana em abril deste ano.
A pedido da Polícia Federal, o dinheiro foi rastreado pelas autoridades americanas, daí o surgimento do Sofisa. De acordo com a nota oficial que foi divulgada no início da noite de ontem pelo Sofisa, o banco adquiriu os recursos do Commerzbank de Frankfurt no dia 15 de agosto. A operação foi registrada no Banco Central que atestou a regularidade da entrada do dinheiro.
Os dólares, que, segundo o Sofisa, foram transportados pela empresa Brinks, entraram no país no dia 17 e ficaram guardados no cofre da própria transportadora.
Desde então, até o dia 15 de setembro, o Sofisa negociou os dólares com três pessoas físicas, três empresas e 14 instituições autorizadas pelo BC a operar com câmbio. Isso inclui corretoras, agências de turismo e outros bancos. Apenas o destino de uma parte desses recursos interessa à PF.
Uma outra parte do dinheiro usado na negociação dos petistas teria sido adquirida em uma agência bancária que não tem ligação com o Sofisa e em outra instituição que opera com câmbio. Os dados do Sofisa foram entregues à Polícia Federal no final da tarde de ontem, após a Justiça determinar o repasse das informações.
Segundo a nota divulgada pelo banco, o Sofisa recebeu às 17h de ontem o ofício da Justiça de Cuiabá e "prontamente atendeu a decisão".
Folha

Lula boicota debate na Globo

Lula boicota debate na Globo e diz no ABC que governar com elite é "fardo"

"Eu não poderia deixar de vir aqui por nada desse mundo", diz presidente em comício em São Bernardo

Petista também faz ataques a imprensa e diz que um dia publicará um livro com maldades escritas contra ele durante o seu governo

Em seu último comício de campanha, em São Bernardo do Campo (SP), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não mencionou sua ausência no debate na TV e voltou ao seu tema preferido nos últimos dias: criticar a imprensa e a "elite".
"Vocês não sabem o fardo que é governar um país com uma parte pequena da elite preconceituosa, como a que temos no Brasil. Preconceituosa, que coloca veneno todos os dias", afirmou o presidente.
Lula falou do seu tempo de sindicalista, das "biritas" que os "companheiros" tomavam em sua casa, arrancando risadas e aplausos do público. São Bernardo é o berço político do petista. "Eu não poderia deixar de vir aqui por nada desse mundo", disse, sem se referir ao debate na TV Globo que ocorria simultaneamente.
Em 35 minutos de discurso, o presidente não mencionou diretamente a crise do dossiê e recuou do tom de vitória em primeiro turno, quando disse que iria "matar" as eleições no domingo. "Se tudo acontecer, como eu penso que vai acontecer, nós ganharemos as eleições no domingo pela competência. Com muita humildade e respeito aos meus adversários."
Bastante sorridente, Lula usou de ironia para criticar a imprensa, de quem disse receber um "tratamento requintado" com gentilezas e carinhos, e se referiu aos jornalistas como "operários da comunicação de boa índole". Nesse momento, ele revelou sua intenção de escrever um livro de desabafo.
"Eu, quando puder, vou publicar um livro sobre alguns articulistas nesses quatro anos de governo. Vou publicar para ver a quantidade de maldade que fizeram comigo, a quantidade de coisas que fizeram com a minha família, e eu, em nenhum momento, reagi", disse.
Misturando elite com a imprensa, o presidente afirmou que o preconceito contra ele é "questão de pele".
Lula também voltou a criticar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, dizendo que o tucano gostaria que só a população que vota "neles" tivesse direito a voto. Ainda sobre o ex-presidente, o petista disse ter herdado um país "que diziam quebrado" e que FHC esperava voltar ao governo "como salvador da pátria" após seu insucesso no governo.
O presidente abriu seu discurso reclamando da falta de iluminação da praça onde foi realizado o comício. Disse que hoje conversaria com o prefeito de São Bernardo, William Dibb (PSB). "Muito estranho que só na praça tenha faltado energia. Isso é um pouco da realidade da política brasileira."
Lula ainda fez criticas à polícia, dizendo que ela "de vez em quando, continua enganando a sociedade dizendo coisas que não são verdade".
No palco, estavam os deputados José Mentor e Professor Luizinho (PT-SP), ambos absolvidos pela Câmara no escândalo do mensalão. Ao lado, o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, circulava entre os convidados da Presidência.
Sobre o debate, apenas o vice-presidente da República, José Alencar, falou com a imprensa. Disse que foi uma escolha pessoal do presidente. "Lula tem muita experiência em debates. Se ele tivesse ido, com certeza, teria vencido o debate. Posso lhe garantir", afirmou.
Folha

28.9.06

Berzoini falou

Berzoini rompe silêncio e critica responsáveis por caso do dossiê

Em sua primeira entrevista desde que foi afastado da coordenação geral da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, fez uma crítica aos responsáveis pela desastrada tentativa de divulgação de um dossiê contra líderes tucanos. Sem citar nomes, disse que eles precisam "pensar no que fizeram".
Berzoini também afirmou que não tem apego ao cargo. Reclamou ainda de estar sendo "fuzilado" pela imprensa. Sobre as críticas de Lula, declarou que frases do presidente-candidato condenando o episódio foram distorcidas.
"Essas pessoas [participantes da operação] têm uma reflexão a fazer. Todos eles têm história política e precisam agora pensar no que fizeram", declarou Berzoini. Apesar do tom de condenação, o presidente do PT assegurou que não guarda mágoas. Também não quis responder se ele próprio deveria fazer algum tipo de reflexão.
Desde que o caso veio à tona, Berzoini sustenta que não tinha conhecimento do dossiê montado pelo "núcleo de análise de risco e mídia" da campanha, eufemismo para a divisão de inteligência do comitê que coordenava.
Participaram da operação Jorge Lorenzetti (professor universitário e dublê de churrasqueiro catarinense), Oswaldo Bargas (metalúrgico, amigo de Lula há 30 anos), Expedito Veloso (ex-diretor do Banco do Brasil) e Gedimar Passos (um ex-policial contratado pela campanha).
Berzoini afirmou que não dá importância a tais especulações. "Eu não tenho apego nem desapego ao cargo. Não estou grudado a essa cadeira [de presidente]. Fico até quando o PT quiser", disse. Mas demonstrou que, ao menos por ora, não pretende se afastar do cargo, para o qual foi eleito pelo voto direto dos militantes no ano passado.
"Continuo exercendo as minhas responsabilidades como presidente."

Impacto na campanha
Candidato a deputado federal pelo PT paulista, reconheceu que o episódio "causa impacto" em sua campanha individual. Demonstrou especial irritação com a imprensa, que teria desvirtuado o sentido da já famosa declaração de Lula de que os responsáveis pela operação eram "aloprados", todos contratados por Berzoini.
"O presidente não quis dizer isso, basta ler a declaração inteira. Estou acostumado com isso. A mídia quis dar a manchete. É esta a maneira como a mídia se comporta historicamente nesse país, não é de hoje." A imprensa, de acordo com o presidente do PT, já fez dele um juízo instantâneo. "A imprensa me investigou, sentenciou, condenou e fuzilou", afirmou Berzoini.
O presidente do PT acusou a Folha de estar torcendo pela vitória de Alckmin. "Podem torcer à vontade, mas vocês vão perder essa eleição."
Folha

26.9.06

Boletim da campanha Lula

Em pauta

Watergate não é aqui

A edição 1975 da revista Veja é um panfleto eleitoral a serviço da candidatura Geraldo Alckmin. Um panfleto, não: 1.252.978 panfletos dedicados a atacar a candidatura Lula.

Segundo Veja, Lula pode ganhar as eleições, tanto no primeiro quanto no segundo turno; mas também pode vir a ter sua candidatura, sua posse ou seu mandato cassados.

Para tentar sustentar esta conclusão golpista, Veja compara a divulgação do dossiê Serra/Vedoin com o caso Watergate, que levou à cassação do presidente norte-americano Richard Nixon.

Esta comparação é historicamente incorreta. No caso Watergate, ficou provado que o presidente dos EUA, Nixon, obstruiu com mentiras e destruição de documentos a investigação de um crime.

No caso do dossiê Serra/Vedoin, as instituições do governo estão na vanguarda das investigações, tendo todo o apoio e o estímulo do presidente da República.

A revista Veja chega a afirmar que "Lula pode ser eleito" e "não poderá ser diplomado presidente e ficará inelegível por três anos. Novas eleições serão convocadas". Ou, ainda, que Lula poderá ter "o seu diploma cassado e não poderá exercer mais a presidência".

Noutras palavras: uma semana antes do primeiro turno, a revista semanal de maior circulação do país estimula abertamente um golpe contra a vontade popular.

Aquilo que não teve coragem ou disposição de fazer, em 2005, um setor da oposição parece estar disposto a tentar agora.

Ou porque sabe que eleitoralmente não há como nos derrotar. Ou porque acredita que, agindo desta forma, pode levar a eleição para o segundo turno. Ou, ainda, porque quer criar o máximo de dificuldades para o segundo mandato de Lula.

Como se vê, não está em jogo apenas a eleição de Lula, ou de nossos candidatos majoritários e proporcionais em todo o país. Está em jogo a democracia, que inclui o elementar direito do povo escolher o presidente da República.

Em defesa da democracia, precisamos ampliar ao máximo a mobilização em favor da reeleição de Lula. Reforçar as nossas candidaturas ao governo, senado, deputados federais e estaduais. E ficar vigilantes, pois a oposição conservadora tentará lançar mão de todos os meios contra nós.

Contra o golpismo da direita, a força do povo.

25.9.06

Flagrantes

Durante toda a semana, as manchetes dos jornais e dos on-lines ganharam uma rotatividade impressionante em torno do mesmo assunto. A própria Folha mudou seu título principal num mesmo dia, tal a velocidade dos fatos em relação ao "dossiêgate".
No mesmo período, um outro tema permaneceu congelado nos cantinhos onde ficam os mais procurados na internet: o vídeo da Daniella Cicarelli com o namorado. Sério concorrente na mídia às diatribes e aleivosias dos políticos.
O que os dois, digamos, escândalos têm em comum para despertar tanta atenção? Jornalisticamente se explica por conterem um dos ingredientes que formam as notícias: o flagrante.
A modelo, o namorado e os petistas foram pegos literalmente no ato. Quem nunca parou na rua para ver batida de carro, corrida atrás de ladrão ou beijo na boca que atire o primeiro ovo. Da curiosidade que matou o gato vive a imprensa.
Os dois assuntos podem ser colocados no mesmo balaio midiático, porque monopolizaram a atenção do público. A observação dos dois flagrantes, com distanciamento crítico e sem falsos pudores, faz a balança da indecência pesar para o lado dos políticos. Só que o desejo incontido de dois jovens saudáveis registrado por um paparazzo tem sofrido mais intolerância do que a orgia de barrigudos com dinheiro sujo. Enquanto a maioria dos eleitores parece indiferente a malfeitorias nas barbas do poder, a garota perde contratos e o rapaz tem o emprego ameaçado.
É pena. Daniella agarradinha ao namorado, no doce balanço do mar, expressa uma pureza que não se encontra no exibicionismo fútil das celebridades nem na ética elástica e mutante dos homens públicos. O amor, mesmo na sua forma mais crua, deveria ser sempre absolvido. Já o despudor político...
Sergio Costa - Estadão

Contas PT = Maior bagunça

Contas da campanha do PT estão 'na maior bagunça'

Maioria dos candidatos a governador não apresentou recibos da verba recebida do comitê da reeleição


Faltam seis dias para a eleição e as contas da campanha à reeleição do presidente Lula estão 'na maior bagunça', conforme definição dos próprios dirigentes do comitê central, em Brasília. Planilha com a contabilidade da campanha obtida pelo Estado mostra que, até o fim de agosto, haviam sido repassados R$ 4.007.500,00 para os candidatos a governador, e que a maioria deles ainda devia o recibo referente à verba recebida.

Escaldado pelo escândalo do mensalão, que comprovou o uso de mais de R$ 55 milhões de caixa 2 pelo PT, o partido anunciara que, em 2006, teria uma contabilidade limpa. Não conseguiu. Do repasse de R$ 512,5 mil ao comitê de Vladimir Palmeira, que disputa o governo do Rio, a campanha de Lula não conseguiu nenhum recibo. Isso irritou os dirigentes do partido, que escreveram por cinco vezes: 'Está a maior bagunça'na parte referente ao número do recibo, na coluna 'situação'.

Para São Paulo foram enviados R$ 989 mil. Recibos, por enquanto, só promessas. Em compensação, os R$ 20 mil enviados para Roraima, em três parcelas, estão documentados e guardados no cofre do diretório nacional do PT, em São Paulo, com cópias para o comitê central, em Brasília. 'Bagunça' também foi constatada na prestação de contas de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

Em Rondônia, os recibos que chegaram ao comitê central superam os valores repassados. Também foram encontrados erros nos recibos de Minas Gerais, que obteve da campanha nacional R$ 226 mil. Do Amazonas, nenhum documento foi recebido. Já a candidata Ana Júlia, que disputa o governo do Pará e recebeu R$ 450 mil, não prestou conta de três repasses realizados em agosto.
Estadão

24.9.06

A dança da pizza do Coaf

O Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) só dança conforme a música e no ritmo que o músico escolheu tocar. Criado para detectar operações criminosas de lavagem de dinheiro, no caso dos saques milionários feitos por Marcos Valério o Coaf não tocou nem dançou por muito tempo. Só foi para o salão dois anos depois - e mesmo assim pressionado pelas denúncias de escancarada omissão. Já no caso do caseiro Francenildo Santos Costa, o Coaf chegou a ensaiar os primeiros passos, mas foi atropelado pela Caixa Econômica Federal, que agiu mais rápido apresentando o próprio extrato bancário do caseiro. Agora, no caso do dossiê falso, tal como no episódio Marcos Valério, o Coaf voltou a não ouvir a música, ficou surdo ou o músico toca num ritmo lento e muito baixinho, justamente para não ser ouvido. É muito provável que assim siga até as eleições ou, quem sabe, até ser produzida uma versão para o dossiê falso que livre do caso o presidente da República. Tarefa nada fácil, visto que os operadores do dossiê eram pessoas que desfrutavam do cotidiano e da intimidade de Lula.

Com o título O Coaf nada fez contra Valério, publiquei neste espaço, em 3/7/2005, artigo denunciando a omissão desse conselho em relação aos milionários saques em dinheiro feitos pelas empresas de Marcos Valério. O Coaf escondeu as informações durante dois anos e não as enviou ao Ministério Público para investigação, como manda a lei. Mais que provado, ficou escancarado o acobertamento do governo no caso e comprovado o uso político de uma instituição pública em favor das atividades criminosas da parceria PT-Valério. Ao tomar conhecimento de que a deputada juíza Denise Frossard (PPS-RJ) encaminhara representação contra o Coaf ao Ministério da Fazenda, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, chamou-a a seu gabinete e prometeu que a omissão não se repetiria, o Coaf seria reformulado para funcionar com rapidez e eficiência na identificação de operações financeiras criminosas. A deputada procurou esta articulista, logo depois, dizendo-se feliz por terem o artigo citado e sua representação produzido resultado positivo.

Não completara um ano a primeira decepção: o ex-ministro Antonio Palocci acionou o Coaf para ter acesso à movimentação bancária do caseiro Francenildo Santos Costa. Não se tratava de nenhuma investigação criminosa, mas de bisbilhotagem da vida financeira de alguém que deixara Palocci mal em entrevista concedida ao Estado - uma tentativa de desqualificar as revelações do caseiro. Mas, como o Coaf não chegou a obedecer às ordens de Palocci, restou a dúvida: vai ver o ministro da Justiça fez cumprir a promessa feita à deputada Frossard e o uso político do Coaf é coisa do passado.

O que dizer, agora, no caso do dossiê falso? A Polícia Federal (PF) identificou os bancos e as agências bancárias onde foram feitos os saques em dinheiro, no valor de R$ 1,75 milhão, para dois operadores do PT “comprarem” o dossiê falso. Essa informação é mais do que suficiente para o Coaf identificar os titulares das contas bancárias e os nomes dos sacadores. Mas o conselho não agiu, como no episódio Marcos Valério-PT-mensalão, escondeu as informações alegando não ter tido tempo para verificar os saques. E precisa de tempo?

A desculpa é tão fajuta quanto o dossiê. Simplesmente porque o Coaf possui as informações desde a semana passada, quando o dinheiro foi retirado dos três bancos, e tem condições de identificar os titulares das contas e os sacadores em minutos. Basta querer. Funciona assim: todos os bancos em operação no País são obrigados a comunicar ao sistema de informações do Banco Central (BC) - Sisbacen -, online, todas as operações de saques em dinheiro com valor acima de R$ 10 mil e o BC é obrigado a repassá-las imediatamente ao Coaf. Manda a regra que o Coaf examine os saques e encaminhe os que julgar suspeitos ao Ministério Público para abertura de investigação e inquérito. Se a PF já identificou os bancos e até as agências bancárias por onde circulou o dinheiro sujo do PT, o trabalho do Coaf ficou ainda mais facilitado. Só não revela os nomes dos implicados se não quiser ou recebeu ordens superiores.

O Coaf está subordinado ao Ministério da Fazenda e há uma promessa do ministro da Justiça de não permitir seu uso político. Será que os dois ministros preferem dançar a dança da pizza?

*Suely Caldas é jornalista. E-mail: sucaldas@terra.com.br

Lula diz ter mais ética que todos

Lula diz ter mais ética que toda a oposição reunida

Em Araraquara, carro em que estava o presidente foi atingido por ovo atirado por manifestante não identificado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem um dos mais duros discursos contra adversários desde que estourou o caso do dossiê Vedoin. Em comício em Araraquara (SP), disse que, do ponto de vista moral e ético, ele é muito melhor que toda a oposição. Afirmou que o “tucano” é ave bela, mas perigosa, “que dissemina o ódio contra o PT”.

“Respeito é bom e a gente gosta de dar e receber. Se colocar todos eles no balaio, não valem o que eu valho do ponto de vista moral e ético”, discursou o presidente para 2 mil pessoas. Na chegada ao local, o carro em que Lula estava foi atingido por um ovo jogado por um homem, mas não houve registro policial.

Lula iniciou o discurso afirmando que o PT e seus militantes não deveriam revidar os ataques da oposição. “Precisamos tomar cuidado para não permitir que nossa alma fique nervosa como a alma dos nossos adversários.” Logo em seguida, porém, fez ataques aos adversários.

Numa referência ao PSDB, disse que “é importante a gente saber que, embora o tucano seja uma ave belíssima, uma ave que tem um bico excepcionalmente bonito, aquele bico é predador”. “Na Granja do Torto eu vi. Os tucanos vão comer os ovos dos filhos de pássaros que estão no ninho. (...) É importante a gente admirar a beleza, mas é preciso tomar muito cuidado, porque eles pregam o ódio contra o PT e os partidos de esquerda”, explicou.

O presidente mais uma vez disse ser perseguido pela imprensa. “Não quero que a imprensa seja chapa-branca, mas ela precisa ser verdadeira. Se a imprensa tivesse tido um tratamento republicano comigo, eu teria 70% dos votos desse País.”

No dia em que pesquisa Ibope apontou queda de 2 pontos (Lula foi de 49% para 47%), o presidente minimizou os resultados. “Pesquisa é importante, mas mais importante é a vontade do povo brasileiro”, disse em comício em Jacareí, à noite, visto por 9 mil pessoas, segundo o PT - a PM calculou 4 mil. No palanque, além de quatro ministros, estava a deputada Angela Guadagnin (PT-SP), que protagonizou a dança da pizza no Congresso quando companheiro de partido foi absolvido no mensalão.

Ainda em Araraquara, Lula acusou o PSDB e o PFL de tratar o eleitor petista como “um povo de segunda classe”. Para ele, a oposição sente “ódio” do PT e de seu governo porque não entende “como um torneiro mecânico pode cuidar do Brasil melhor do que eles”. Em Jacareí, mais ataques: “Quando o povo pobre votava nos políticos do PFL por causa do cabresto eles não se incomodavam.” E continuou: “Mas, agora, o povo não está votando porque não precisa de favor. É esse país que estamos construindo que incomoda.”

Mais cedo, em Uberlândia (MG), Lula conclamou os que o apóiam a ir para as ruas em todo o País. No palanque, o vice-presidente, José Alencar, sete ministros e o candidato do PMDB ao Senado, Newton Cardoso.
Estadão

Como é que pode?

“Solta Pedro I o grito do
Ipiranga. E o caboclo, em
cócoras. Vem, com o 13 de Maio, a libertação dos escravos; e
o caboclo, de cócoras. Derriba
o 15 de Novembro um trono,
erguendo uma República; e o caboclo, acocorado. (...) A cada um desses estrondos, soergue
o torso, espia, coça a cabeça, ‘magina’, mas volve à
modorra e não dá pelo resto.”

Com esta imagem de Jeca Tatu, Rui Barbosa abria, em 1919, uma conferência no Teatro Lírico do Rio de Janeiro sobre a questão social e política no Brasil. O perfil do capiau que “vegeta de cócoras” fora inicialmente traçado por Monteiro Lobato em dois artigos para este jornal, em 1914. Lobato, fazendeiro em Taubaté, tornou-se escritor, pediu desculpas por ter ofendido Jeca Tatu e escreveu novas histórias dando conta de que aquela figura, sinônima de ingênuo, curou as doenças, comprou uma fazenda e ficou rica. Infelizmente, o Jeca, que o velho Rui elegeu como símbolo da incúria dos governos, continua impassível e de cócoras. Fez apenas algumas melhorias na casinha de sapé onde guarda migalhas que abastecem o vazio do estômago.

Quanto mais Jecas Tatus, mais fortes as mãos que levam cestas básicas. Por aqui começa a explicação para a recorrente e inquietante pergunta do momento: como é que pode um país conviver com tantos escândalos, com tanta podridão, com tantos achaques, com tanta leniência, e ainda se dar ao luxo de se considerar avançado e pleitear um lugar nos foros ocupados por nações do Primeiro Mundo? Como se explica o fato de o mandatário-mor, acossado mais uma vez por situações rocambolescas e abomináveis, perpetradas por assessores mais chegados, como a compra de dossiês para prejudicar adversários, continuar imune ao repertório de perfídias, conchavos, negociatas, fraudes e mentiras abrigadas em seu governo? Como o candidato à reeleição continua impávido no alto de 56% de votos válidos, quando a tempestade devasta pessoas que, até há bem pouco, privavam de sua intimidade? Por mais que se diga que político é tudo igual e que a pilantragem, ontem como hoje, escorre pelos desvãos da República, não seria, no mínimo, um contra-senso eleger - e eleger bem - pessoas que acabaram de ser defenestradas da vida pública e voltam a pedir voto pelo bem do povo e felicidade geral da Nação? Como se explicam os “grampos” colocados na sede da nossa maior Corte Eleitoral, no momento em que os magistrados se esforçam para promover um choque de moralidade nos costumes eleitorais? Chegamos à perfeição em matéria de paradoxo: grampear a Justiça.

Mas, no Brasil, isso é fichinha. Do vilão que se transforma em herói ao nome digno que se joga na cesta do lixo, a distinção é imperceptível. O olhar nacional se acostumou à escuridão. Como ensinava Adam Smith, uma vez que nossa visão sobre estética é influenciada por usos e costumes, não se pode esperar que percepções relativas à beleza de conduta estejam inteiramente isentas do domínio desses princípios. Quem enfrenta o infortúnio de ser criado no meio da violência, licenciosidade, falsidade e injustiça se acostuma a aceitar quem pratica tais monstruosidades. Familiarizadas desde a infância com os vícios, as pessoas se predispõem a considerá-los naturais, como se fossem o “jeito do mundo”, algo que pode e deve ser por elas praticado. Essa disfunção está por trás do estado de devassidão que toma conta do País. E que recebe versões exóticas de intelectuais de porte, como Marilena Chauí, que chega ao exagero de reconhecer nestas eleições “uma auto-afirmação das classes populares”. Ao contrário do que diz, a realidade não é mais forte que o simulacro. Quando o governo constrói gigantesca rede de cooptação fisiológica, focada no impulso alimentar, não abre o pulmão da cidadania. Ao contrário, age para manter o status quo. A realidade social, esta sim, é o próprio simulacro.

Que fique bem claro: se “a nossa montanha é vítima de um parasita”, como Lobato aludia nas primeiras letras sobre o Jeca Tatu, que considerava inadaptável à civilização, hoje o parasita é o governo, e não o caboclo que mora numa casa de taipa, tem oito filhos para sustentar, uma roça onde cultiva feijão (quando chove) e uma mulher que requenta restos de comida. Compara-se a um chupim quem se alimenta da miséria do povo. Ou quem desfila sua exuberância eleitoral na passarela do cordão de miseráveis jogados no curral de bolsas e cestas assistencialistas. Um povo subordinado, dependente, tem uma única lógica: votar nos governantes dos quais depende. Chega-se, assim, ao dossiêgate e à inferência: Lula poderá até descer um pouco do lugar onde se encontra, mas continuará firme na rota do segundo mandato.

Outra resposta para as grandes interrogações que se fazem está no papel da Justiça. O País presenciou, nos últimos meses, uma coleção de escândalos cabeludos. Infelizmente, a Justiça não conseguiu dar vazão aos indícios criminosos que bateram às suas portas. E as perguntas afloram. Como podem perfis atolados na lama emergir tão depressa? Se eleitos, ganharão status mais confortável para se defender. Como se explica o fato de o PT patrocinar outro escândalo, quando se pensava que a crise do mensalão tivesse dado definitiva lição ao partido? Como se explica a “burrice” da área de “mídia e risco” da campanha, chefiada pelo churrasqueiro-mor da Granja do Torto, não pensar que a compra de um dossiê poderia acabar chamuscada? Mas, no Brasil, o tempo funciona como borracha de catástrofes. Inquietação, incredulidade e perplexidade cairão no limbo. Após o impacto sobre setores médios e formadores de opinião, o tsunami desaguará nas margens sem a força inicial. A cada estrondo, o caboclo soergue o torso, espia, coça a cabeça, “magina”, volve à modorra e não dá pelo resto.

Gaudêncio Torquato, jornalista E-mail: gautor@gtmarketing.com.br

23.9.06

Lula, Dirceu e Furnas!!!

Em livro, Jefferson envolve Lula e Dirceu com dinheiro de Furnas

Em "Nervos de Aço", livro que acaba de lançar, o ex-deputado federal Roberto Jefferson diz que contou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o PT e o PTB tinham acertado partilhar R$ 3 milhões arrecadados de empresas prestadoras de serviço à estatal Furnas Centrais Elétricas.
Hoje se dizendo eleitor de Heloísa Helena (PSOL), Jefferson diz que o acordo fora firmado com o então ministro da Casa Civil, José Dirceu. Diante da surpresa que diz ter causado, Lula desconhecia o acordo, suspeita Jefferson, à época deputado federal pelo PTB.
O diálogo com o presidente, na presença de Dirceu e do ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guias (PTB), é a principal novidade das 375 páginas de "Nervos de Aço" (editora Topbooks; R$ 39,90).
Jefferson conta que aquele foi seu último encontro oficial com o presidente. Era a manhã de 26 de abril de 2005. No Palácio do Planalto, Lula quis saber a razão de o então diretor de Engenharia e Planejamento de Furnas, Dimas Toledo, não ter ainda sido substituído por um indicado pelo PTB, como acertado anteriormente.
"Roberto, por que está demorando tanto? Por que vocês não trocaram ainda, rapaz? Eu não quero manter esse cara lá. Por que ainda não saiu a nomeação do PTB? Vamos nomear o [Francisco] Spirandel?", teria dito Lula a Jefferson, que escreve ter sugerido ao presidente que Toledo fosse mantido.
"Lula não gostou: "Pô, como é que é? Mas por quê? Vocês já estão fazendo acordo?" "Já." "Que acordo é esse?", ele quis saber. "Qual foi o acordo que vocês fizeram, porra?"."
Jefferson explicou o que era o acordo. Segundo ele, Dirceu defendia internamente a permanência de Dimas Toledo, que caíra em desgraça com Lula por transferir mais de R$ 1 milhão ao governo de Minas Gerais, de Aécio Neves, do PSDB.
Para não trocar Dimas por um petebista, Dirceu teria proposta a ele "um acerto direto entre o PT e o PTB", pelo qual os partidos dividiriam "a arrecadação mensal" de Furnas, "por meio de Dimas Toledo". O dinheiro seria arrecadado "entre empresas interessadas em contratos com Furnas".
Segundo Jefferson, Lula se irritou com a explicação e não a aceitou. "Aquele senhor está traindo o governo, está fazendo o jogo do governador de Minas Gerais, e eu não quero a permanência dele. Não quero esse cara lá. Se você não tirar eu tiro e ofereço a outro partido. Tem que tirar!", teria dito o presidente, mandando, a seguir, Dirceu nomear Spirandel.
O Palácio do Planalto foi informado do conteúdo do livro, mas não havia se manifestado até a conclusão desta edição. Dirceu não quis falar sobre o livro, informou sua assessoria.
No livro, Jefferson não esclarece o destino dos R$ 4 milhões que o PT teria doado ao PTB em 2004. O PT sempre negou ter dado a verba ao partido, do qual, até hoje, é aliado. "Politicamente, recebi, tecnicamente, não. Não há dinheiro, logo não há cadáver, logo não há crime."
O livro foi escrito a partir de relatos ao jornalista e escritor Luciano Trigo.
Folha

Lula critica "golpismo" e fala em 2º turno

Em evento com prefeitos, presidente disse que rivais têm buscado "outros meios" para retirá-lo do Palácio do Planalto

O "povo brasileiro não permitirá que o resultado das urnas seja fraudado pela manipulação da informação", disse Tarso

Em discurso ontem a cerca de 500 prefeitos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva insinuou haver um clima de golpismo na oposição e admitiu a possibilidade de a eleição ser decidida no segundo turno. Segundo ele, seus adversários têm buscado "outros meios" para retirá-lo do Palácio do Planalto.
"Tem gente neste país que falou: "Vamos deixar o operário entrar, ele não vai dar certo e depois a gente volta com toda a força". Só que os números mostram que demos mais certo do que eles, e eles agora estão ansiosos para ver se existem outros meios, que não é da relação democrática da eleição, para evitar que as pessoas dirijam este país", disse o presidente.
Na mesma linha, também agradeceu o apoio de sindicatos e movimentos sociais. "É preciso ficar de olho, porque tem gente neste país que ainda não aprendeu a viver na democracia", afirmou, em evento com prefeitos num hotel de Brasília.
Lula falou após ter ouvido discursos de prefeitos, do vice-presidente, José Alencar, e do ministro Tarso Genro (Relações Institucionais). A maioria deles inflamou a platéia ao atacar as "elites" e denunciar o que classificam de uma espécie de complô da imprensa contra a reeleição do presidente.
"A veia democrática do povo brasileiro não permitirá que o resultado das urnas seja fraudado pela manipulação da informação, pela informação unilateral, e pela forma absolutamente arbitrária como seu governo está sendo atacado", disse Tarso, coordenador político do governo e principal responsável por rebater os ataques.

2º turno
Em fala de improviso, o petista disse ter certeza da vitória, mas incluiu a possibilidade de segundo turno e pediu ânimo se a eleição não for vencida em 1º de outubro. "Se não deu no primeiro turno e tiver segundo turno, não tem nenhum problema, porque o mundo é assim mesmo e é bom que tenha dois turnos. Que nós vamos ganhar, eu tenho certeza." No evento, recebeu um manifesto de apoio assinado por 2.135 prefeitos.
Lula declarou que a análise do conteúdo do dossiê contra tucanos é mais importante do que as investigações sobre a montagem e a venda do documento. Sobre os envolvidos no caso, muitos próximos do próprio petista, Lula elevou o tom, dizendo que "quem compra vira tão bandido quanto eles".
"Eu quero saber de onde veio o dinheiro sim, eu quero saber toda a tramóia que houve, mas sobretudo eu quero saber que diabo de conteúdo que há nesse dossiê que pessoas cometeram a enroscada que cometeram".
Lula atacou os petistas envolvidos no escândalo. "Se alguém botou para vender uma informação, é porque é bandido. E quem compra vira tão bandido quanto eles."
À CBN Lula buscou se distanciar dos envolvidos no escândalo, inclusive de seu amigo Jorge Lorenzetti. "O Jorge Lorenzetti não tinha nenhuma participação no governo." Ao atacá-los, falou em "prática política condenável", pessoas "imbuídas de momentos de loucura" e "imbecilidade".

Alencar
Ao sair ontem em defesa de Lula no escândalo do dossiê, o vice-presidente da República, José Alencar, atacou a estrutura petista e minimizou a influência do candidato dentro do PT. Para ele, Lula é "vítima de ações insanas do partido".
Em entrevista antes do encontro, o vice disse que os partidos devem prezar por "ideais" e fugir de interesses "subalternos": "Há quatro partidos grandes no Brasil e alguns outros que naturalmente irão se fundir (...) Que essas fusões se façam dentro de um princípio de ideais, de afinidades, não ligadas a interesses subalternos."
Segundo Alencar, Lula tem sido "vítima" da atual estrutura petista. Questionado se Lula tem controle entre os petistas que o cercam, Alencar respondeu: "Ele tem controle, sim senhor. Só que ele não é o coordenador do partido e nem mesmo participa da coordenação. O braço dele não alcança essa distância. Ele colocou lá pessoal da sua confiança. Houve problemas? Foram punidos".
Alencar atribuiu ao "desespero" eleitoral o fato de a oposição usar a crise do dossiê nas propagandas eleitorais no rádio e na TV. E criticou o tom das perguntas sobre o escândalo, ao comentar as ações da Polícia Federal: "Veja com que espírito democrático é conduzido o governo. Isso é que vocês tem que compreender, porque, do contrário, acabam se colocando de uma maneira aparentemente de oposição".
No discurso, Alencar chorou ao lembrar de dificuldades da adolescência.
Folha

22.9.06

NOTA DOS CLUBES MILITARES

NOTA DOS CLUBES MILITARES

Rio de Janeiro, 21 de setembro de 2006

Em meados de 2005, explodiu o escândalo do chamado “mensalão”, a
partir do flagrante preparado contra um funcionário desonesto e das
denúncias abertas de um Deputado ameaçado pela armação que se preparava
para fazê-lo o “bode expiatório”.
A Nação a tudo assistiu, aturdida pela desfaçatez de homens públicos e
membros do governo.
A partir de então, todos os dias são tornados públicos novos
escândalos, sempre envolvendo pessoas próximas ao Governo, ao Presidente
ou ao seu Partido.
As demissões, forçadas pelas circunstâncias e pelo constrangimento
político, nunca foram acompanhadas de completa apuração e das punições
necessárias.
A sucessão de casos escabrosos e de atos de corrupção já não
surpreende o brasileiro honesto.
Nesta semana, surge outro escândalo. Uma tentativa de
comprometimento de dois candidatos a cargos executivos com o “caso da
compra das ambulâncias”, mediante a negociação fraudulenta de suposto
“dossiê”. Chantagem ou denúncia, mas com a evidente intenção de
desqualificar concorrentes eleitorais. Novamente, envolvendo assessor do
Presidente, pessoas importantes na hierarquia do seu Partido e dinheiro de
procedência duvidosa.
Já se torna evidente que a corrupção não é somente um ilícito do qual
se beneficiam pessoas e grupos, mas sim algo que se transformou em meio de
conquista e manutenção do poder.
A sensação é de perigo iminente à Democracia. Por isso os Clubes
Naval, Militar e de Aeronáutica, por seus Presidentes, sentem-se no dever de
manifestar, publicamente, sua indignação com esse estado de coisas e de
ressaltar a importância das próximas eleições como instrumento à disposição
do povo brasileiro para o saneamento da vida política nacional.

Alte Esq José Julio Pedrosa - Presidente do Clube Naval
Gen Ex Gilberto B de Figueiredo - Presidente do Clube Militar
Ten Brig Ivan Moacyr da Frota - Presidente do Clube de Aeronáutica

PF afasta delegado!!

PF afasta delegado e faz intervenção branca para controlar investigações

Orientação é restringir acesso a informações e concentrar apuração em policiais de confiança do diretor do órgão

O delegado Edmilson Pereira Bruno, que prendeu petista e ex-policial em São Paulo e fez a apreensão do dinheiro, está fora do caso


A Polícia Federal tentou abafar o caso do dossiê após descobrir o envolvimento de petistas no escândalo. Em São Paulo, onde um ex-agente da PF foi preso, a orientação era restringir ao máximo o acesso a informações e concentrar a investigação nas mãos de policiais de confiança do diretor-executivo da PF, delegado Zulmar Pimentel, 55, segundo homem na hierarquia do órgão.
Segundo a Folha apurou, o delegado Edmilson Pereira Bruno, que estava de plantão na madrugada de sexta-feira e prendeu o petista Valdebran Padilha, foi afastado do caso.
Durante a operação, o delegado prendeu ainda o ex-agente da PF Gedimar Passos -que negociava o dossiê com Padilha, no hotel Ibis-, apreendeu R$ 1,7 milhão e colheu os primeiros depoimentos.
Na segunda-feira, Bruno foi afastado. No lugar dele foram acionados policiais ligados ao superintendente em exercício da PF em São Paulo, Severino Alexandre, indicado para a diretoria executiva do órgão pelo diretor-executivo Pimentel.
Como o superintendente em exercício, a Folha apurou que o policial preso também fazia parte do grupo de agentes que gozavam da confiança do diretor-executivo -a PF de Brasília não confirmou a informação.
Por orientação do superintendente em exercício, todos os delegados e agentes foram proibidos de falar sobre o caso. Também foi vetada a divulgação de imagens do dinheiro apreendido no hotel.
As fitas de vídeo gravadas pelo circuito interno do Ibis, segundo um funcionário do hotel, haviam sido prometidas ao delegado Bruno, que deveria retirá-las na segunda-feira. Por determinação do superintendente em exercício, o material foi lacrado e encaminhado diretamente para ele.
Uma das situações consideradas "estranhas" por agentes da PF, que pediram para que seus nomes não fossem divulgados, foi o depoimento de Freud Godoy, ex-assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O superintendente em exercício determinou que Godoy fosse ouvido na segunda-feira por uma delegada assistente dele, considerada "novata" na profissão. O normal, dizem, seria Bruno ter assumido o interrogatório já que ele ouviu os presos e é delegado de classe especial, último grau na polícia.
A Folha tentou entrar em contato ontem com o delegado Bruno e com o superintendente em exercício. O primeiro, segundo a assessoria da PF, não tinha autorização para falar com a imprensa. Precisava da aprovação de Alexandre.
A reportagem telefonou cinco vezes para o gabinete do superintendente Alexandre. As secretárias informaram que transmitiriam o recado, mas que ele dificilmente fala com jornalistas. Localizado por telefone, Bruno se negou a falar. A PF em Brasília foi informada sobre o teor da reportagem, mas não retornou as ligações.
Folha

Dossiê tinha dados contra PT

Foi para tirar de circulação um calhamaço com cerca de 2.000 páginas com denúncias contra vários partidos, principalmente contra o PT, que petistas estariam dispostos a pagar R$ 2 milhões para Luiz Vedoin, chefe dos sanguessugas.
A afirmação foi feita pelo ex-policial federal Gedimar Pereira Passos, preso na sexta-feira negociando o dossiê. Os documentos, disse ele, desapareceram.
"A família Vedoin se dispôs a vender ao PT informações graves que envolvem não só políticos de outros partidos, mas também políticos do próprio PT", disse Passos, que estaria a serviço do PT.
Segundo o ex-policial, o dossiê abordava casos "graves", que não se limitavam ao esquema dos sanguessugas. Os papéis, disse, faziam parte do "pacote" vendido por Vedoin.
Passos afirmou também, segundo a polícia, que viu o calhamaço durante uma reunião em Cuiabá (MT). Disse que, na quinta-feira, quando se encontrou no hotel com o emissário dos Vedoin, Valdebran Padilha, os papéis não estavam com ele.
A PF está buscando o documento citado pelo ex-agente.
Folha

21.9.06

Rede de impunidade

JORGE LORENZETTI, diretor de banco público, colaborador de uma fundação agraciada com R$ 18 milhões em recursos federais e churrasqueiro presidencial, era "analista de risco e mídia" da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva; Oswaldo Bargas, ex-secretário do Ministério do Trabalho que, segundo "Época", formou dupla com Lorenzetti para oferecer à revista um dossiê contra os tucanos, atuava no programa de governo.
Ricardo Berzoini, ex-ministro que só anteontem se lembrou de que fora avisado da negociação com o semanário, preside o PT e chefiava a campanha à reeleição. Expedito Veloso, o mais novo personagem do enredo, deixou ontem a diretoria de Gestão de Riscos do Banco do Brasil.
Esse é, passado o momento inicial da chamada crise do dossiê, o primeiro esboço do "dispositivo" petista posto em marcha na tentativa de comprar informações contra adversários. A responsabilidade de Berzoini, demitido ontem da coordenação da campanha, não desaparece quando diz que desconhecia o conteúdo da conversa de um subordinado com a imprensa. Se soube do encontro, mas não procurou informar-se do assunto a ser abordado, no mínimo se omitiu.
Conceda-se a Berzoini em um ponto. Dentro do grande mapa das falcatruas em que seus correligionários foram flagrados ao longo do governo Lula, a alegação do presidente petista de que não sabia de nada ganha sentido. Do mesmo modo que o presidente da República diz ignorar o que ocorria nos gabinetes vizinhos, as arapongagens de subordinados teriam passado ao largo do chefe da campanha do PT.
Tanta desinformação poderia soar a descontrole. A repetição "ad nauseam" dos desmandos, no entanto, vai revelando uma certa ordem no caos aparente. Nessa lógica, a ignorância a respeito do que se faz nos escalões inferiores do partido e do governo interessa aos chefes hierárquicos. O nada saber é o mecanismo que inibe que a "queda de um aparelho" venha a comprometer toda a organização.
Táticas herdadas da guerrilha urbana, solidariedades forjadas em décadas de luta entre grupos sindicais e acesso facilitado aos cofres e aos contratos públicos -aos financiadores da política, portanto- se amalgamam para formar a rede "lulo-petista". Os grupos se movem com relativa autonomia, parecem fazer o que bem entendem, conspurcam as fronteiras entre Estado e partido, mas estão todos conectados entre si a sustentar um projeto de permanência no poder.
Lula teve várias oportunidades para liquidar esse submundo corrupto e autoritário instalado na máquina federal; teve meios para patrocinar depuração radical em seu partido. A imposição de uma derrota cabal ao modo "companheiro" de gerir o Estado era necessária. Mas o presidente preferiu o despiste e a acomodação. Foi o maior patrocinador da impunidade, alimento da desfaçatez que levou um grupo de "companheiros" a tentar comprar delações com dinheiro sujo em plena reta final da campanha.
Agiu bem o TSE ao abrir investigação sobre o caso do dossiê. O melhor antídoto contra a delinqüência em rede é o estabelecimento das responsabilidades de cada um -o que o tribunal tem todas as condições de fazer.
Folha

Energia criativa que vira caso de polícia

A teoria do complô da oposição e da mídia que vem sendo ensaiada pela direção petista, no caso do Dossiê Serra, não é apenas ridícula. Ela simplesmente atenta contra a evidência de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem uma oposição capaz de lhe impor grandes dores de cabeça, contou com a inestimável capacidade criadora do PT. Todas as crises políticas do governo Lula vieram do intestino de seu partido. O maquiavelismo do grupo hegemônico petista, uma aliança do stalinismo do grupo de José Dirceu com o grupo sindical originário da CUT, é tão primitivo que tem terminado, invariavelmente, em escândalos. Sua energia criativa transforma-se, num passe de mágicas, em casos de polícia.

A queda dos dirigentes envolvidos na crise do mensalão e a eleição direta para constituir a nova direção não alteraram a realidade petista: o Campo Majoritário ganhou e desfruta de uma autonomia operacional tão grande que as minorias representadas no Diretório ou na Executiva não sabem da missa a metade. A transposição de uma prática sindical truculenta para um partido político, e de lá para o cenário nacional, vai repetir eternamente esses episódios - pelo menos até que o PT lave, de fato, a sua roupa suja e reveja suas práticas.

O desastre da operação dossiê foi tão grande que a maior pergunta que se faz - fora a origem do dinheiro que compraria os corruptores Vedoin, pai e filho - é qual era, afinal, o seu objetivo. Não ajudou Lula - pelo contrário, atrapalhou uma candidatura com grandes chances de vencer a parada já no primeiro turno. Como é contra Serra, o candidato tucano que deve vencer no primeiro turno a disputa, e na remota hipótese de que a operação desse certo - isso era difícil: os Vedoin estavam sob vigilância da Polícia Federal -, teoricamente favoreceria o candidato do PT ao governo paulista, Aloizio Mercadante. A operação, no entanto, foi engendrada no comitê de campanha de Lula. Todos os envolvidos vêm da CUT e são ligados ao presidente do partido, Ricardo Berzoini, quadro originário do movimento sindical. Na vida partidária, a figura de Jorge Lorenzetti, o assessor que assumiu a culpa, é a que une, por excelência, o grupo cutista a José Dirceu.

Um petista que não é do Campo Majoritário referiu-se ontem ao escândalo como uma ação de um "imbecil com iniciativa". Os nomes arrolados na investigação, no entanto, apontam para a ação de um grupo interno. Mais do que isso, um grupo que domina a máquina partidária e no qual estão arraigadas práticas comuns do sindicalismo brasileiro. Os grupos em disputa pelo poder, de início, miram a conquista da máquina sindical como um instrumento para se chegar a um objetivo político; no poder, no entanto, a briga é pela manutenção da máquina - e a disputa por essa parcela de poder que vem da burocracia acaba se tornando um fim em si mesmo.

Campo Majoritário se recompôs com Berzoini

O Campo Majoritário, há muito, deixou de ter um conteúdo ideológico: a disputa pelo poder interno deixou de ser tática, tornou-se estratégia. Quando Lula foi eleito, a manutenção desse poder partidário garantia também ao grupo hegemônico poder sobre uma máquina muito maior, agora a governamental.

Em 2005, após a grave crise que abalou o partido e levou-o às páginas de polícia, o PT não aproveitou o processo de eleição direta para sacudir essa cultura. Pelo contrário. A vitória do Campo Majoritário, mesmo minimizada por uma representação maior das esquerda partidária, reproduziu a mesma situação anterior. O grupo hegemônico manteve uma grande autonomia sobre as instâncias formais de decisão. Mesmo alijado das instâncias decisórias do partido, José Dirceu mantém a mesma desenvoltura de antes. Berzoini assumiu a presidência, recompondo a realidade anterior. A proximidade das eleições deu ao grupo hegemônico o pretexto interno que precisava para interromper o debate em torno dos seus problemas: a proximidade das eleições e o uso que a oposição fazia dos escândalos que derrubaram a direção nacional anterior.

A solução de empurrar os problemas para baixo do tapete revelou-se improdutiva. Como não houve mudança interna de espécie alguma, o partido não conseguiu retomar, nas eleições, seu espaço como partido: a popularidade de Lula é dele, e existe apesar da legenda onde está abrigado. De quebra, mostrou que continua vulnerável a ações ética e legalmente questionáveis, como deter dinheiro de origem incerta e comprar dossiês com ele.

O escândalo pode não ter chegado em Lula, mas chegou com toda certeza em Berzoini, e certamente no Campo Majoritário. O restante dos grupos internos, que concordou em adiar a discussão interna para depois das eleições, corre o risco de pagar um preço ainda mais alto, e com juros e correção monetária, pela ação do grupo hegemônico.

Maria Inês Nassif é editora de Opinião - Valor Econômico

O chefão

O MAIS recente escândalo envolvendo Lula & Cia. tornou evidentes duas coisas. A primeira já era sabida desde pelo menos o escândalo do mensalão, há mais de um ano. Ou seja, a cúpula petista instalou uma máfia sindical-partidária no aparelho do Estado.
A função dessa máfia é garantir condições para que Lula e seu grupo se eternizem no poder. O método é desviar recursos públicos e privados para financiar campanhas eleitorais, comprar adesões no Congresso e montar operações de intimidação contra eventuais adversários.
Embora ocupando postos de pouca visibilidade, o que caracteriza os integrantes da máfia é a lealdade antiga e canina a Lula, o chefão. São operadores acostumados a agir nas sombras da delinqüência municipal. Sua ação é agora "legitimada" por intelectuais como Marilena Chaui e Rose Marie Muraro, para as quais o imoral é moral se for bom para a cúpula do partido.
Todo governo tem nichos de corrupção, muitas vezes incrustados na vizinhança dos amigos do presidente.
Mas são esquemas paralelos, de caráter "particular". Traduzem a sobrevivência do velho patrimonialismo brasileiro.
Onde o PT inovou foi ao estender esses pequenos esquemas ao aparelho governamental inteiro, dando-lhes, além de comando unificado, um caráter partidário e permanente.
De fato a corrupção se tornou "sistêmica", como querem os apologistas do governo. Não no sentido de resultar das mazelas do nosso sistema político, mas por configurar uma máquina impessoal agindo dentro do Estado.
O "dossiêgate", como vem sendo chamado, revelou no entanto algo mais perturbador do que essa notícia velha. Tornou evidente que, sob o beneplácito de Lula, a máfia continua a agir de modo cada vez mais desabrido. A impunidade, como era de se prever, gerou a desfaçatez.
O favoritismo eleitoral de Lula, turbinado pelas políticas de transferência de renda, aumentou ainda mais a sensação de impunidade. E espicaçou o atrevimento, a ponto de a facção mafiosa correr o risco de prejudicar a reeleição do chefe na tentativa de reverter a vantagem dos tucanos na eleição paulista.
O próprio Lula pergunta retoricamente o que teria a ganhar com uma operação criminal desse tipo, estando sua reeleição quase assegurada. É que em geral os asseclas são mais realistas que o rei. É que cedo ou tarde a "turma" passa a agir por conta própria.
Para ilustrar a constatação, basta lembrar que foi exatamente assim que o chefe de segurança de Getúlio mandou matar Lacerda, a principal voz da oposição em 1954, num crime imbecil que derrubaria o presidente em qualquer democracia. Se houver segundo mandato, haverá muito trabalho para o Ministério Público, para o Judiciário e para o que restar de imprensa independente "neste país".
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OTAVIO FRIAS FILHO é diretor de Redação da Folha

PT já fazia dossiês em 2002

PT já fazia dossiês em 2002, diz sindicalista.
Consultor sindical diz ter integrado grupo, criado sob consentimento de Lula, que buscava acusações contra candidatos rivais.

Segundo Wagner Cinchetto, Berzoini e Oswaldo Bargas participavam de equipe que levantou denúncias contra Serra e vice de Ciro Gomes.


O consultor sindical Wagner Cinchetto, 43, afirmou ontem, em entrevista à Folha, que dois dos principais personagens da operação de compra de dossiê contra tucanos na atual campanha eleitoral participaram de um grupo petista que operou na campanha presidencial de 2002 para proteger o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva de denúncias e levantar acusações contra os adversários da campanha.
Segundo Cinchetto, Ricardo Berzoini -então deputado federal e hoje presidente nacional do PT- e Oswaldo Bargas, amigo de Lula e ex-assessor do Ministério do Trabalho, eram dois dos cinco integrantes de um "grupo de inteligência" da campanha lulista de 2002.
Em 2003, a revista "Veja" revelou a existência do aparato da campanha de 2002. Na época, a revista disse ter apurado o assunto com 17 fontes. Assessor da presidência da Força Sindical por dois anos (1991-1993) e um dos fundadores da central, hoje consultor sindical, Cinchetto resolveu quebrar o silêncio de quatro anos e afirmou que documentos foram obtidos no Banco do Brasil para atacar o então candidato tucano à Presidência da República, José Serra.
O grupo também estaria por trás de denúncias contra o vice do candidato Ciro Gomes (então no PPS e hoje no PSB), Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.

FOLHA - O sr. integrou um grupo criado na campanha de Lula em 2002 com o objetivo de levantar denúncias contra adversários?
WAGNER CINCHETTO - Num primeiro momento, nós achávamos que o candidato Lula tinha sido muito atacado nas eleições anteriores. Nós organizamos um grupo e apresentamos uma proposta de trabalhar paralelo ao comitê eleitoral no sentido de antecipar alguns fatos, algumas denúncias que os adversários poderiam fazer, e, ao mesmo tempo, reunir material suficiente e capaz de não só combater as denúncias dos adversários como também divulgar as denúncias contra os principais adversários do candidato Lula.

FOLHA - Quem integrava o grupo?
CINCHETTO - Oswaldo Bargas, Carlos Alberto Grana, que era o secretário-geral da CUT, Berzoini e outros.

FOLHA - Quais foram as principais operações do grupo?
CINCHETTO - Primeiro houve uma série de operações no sentido de inviabilizar o vice do então candidato Garotinho, uma tentativa de recolher materiais que pudessem ser divulgados em denúncias contra o Ricardo Sérgio e o pessoal do Serra. Também foram reunidas todas as denúncias e as informações que pudessem denunciar o vice do então candidato Ciro Gomes, Paulo Pereira da Silva.

FOLHA - Sobre Paulo Pereira da Silva, o que vocês conseguiram reunir e o que fizeram com isso?
CINCHETTO - Na época, Ciro Gomes teve um crescimento muito grande nas pesquisas, que mostrava que num segundo turno ele derrotaria o candidato Lula. Foi então que nós passamos a trabalhar no ponto fraco que nós considerávamos da campanha dele, que foi a escolha do vice, presidente da Força Sindical. Contra ele já havia uma série de denúncias de irregularidades na gestão de recursos do FAT [Fundo de Amparo ao Trabalhador], a compra de uma fazenda superfaturada no interior de São Paulo, o Ministério Público já vinha investigando todas essas denúncias, e o trabalho do grupo foi simplesmente dar um pouco mais de transparência à imprensa para que esses fatos pudessem vir ao esclarecimento público.

FOLHA - Esse material acabou sendo divulgado pela imprensa?
CINCHETTO - Foi divulgado de uma maneira muito ampla pela grande imprensa, inclusive foi capa das principais revistas de São Paulo. E logo em seguida o Ciro Gomes começou a perder a cabeça, começou a ter uma série de problemas com seu vice. As denúncias atingiram em cheio a candidatura. Assim que o Ciro começou a cair, o pessoal chegou a me agradecer muito pelo trabalho realizado.

FOLHA - Sobre José Serra, o que foi levantado pela equipe?
CINCHETTO - Na ocasião, o grupo atuou no sentido de conseguir papéis importantes sobre um empréstimo feito ao então parente do Serra [Gregório Marin Preciado]. Essa documentação estava guardada no Banco do Brasil e essa operação contou com o apoio também de funcionários do Banco do Brasil. E em seguida nós enviamos os documentos ao Ministério Público e à imprensa. O trabalho foi exclusivamente em cima de tornar públicos esses documentos, não se vendeu dossiê.

FOLHA - Dos nomes que você citou como integrantes do grupo, dois voltaram ao noticiário nesse escândalo, Oswaldo Bargas e Ricardo Berzoini. O sr. acha que há um novo grupo em ação, como o de 2002?
CINCHETTO - Há grande diferença entre os dois grupos. O de 2002 trabalhou de maneira profissional, tinha um objetivo de levar o candidato Lula à sua primeira vitória eleitoral, protegendo-o de denúncias infundadas e fazendo com que o candidato passasse a ter reais chances de vitória. Diferentemente da organização desse grupo atual, que mais parece um bando de irresponsáveis comandado por um churrasqueiro, Jorge Lorenzetti. E que se juntou com uma outra pessoa que é o Bargas. Naquele momento, lá atrás, trabalhou de maneira correta e negou que tivesse participado do grupo, não teve coragem de assumir o trabalho digno que fez no primeiro grupo, para poder continuar no espaço que o levou a fazer essa trapalhada.

FOLHA - O candidato Lula tinha conhecimento da existência do grupo?
CINCHETTO - Pelo que fui informado pelos outros companheiros, não só tinha conhecimento como autorizou que o grupo fosse criado e organizado para trabalhar paralelamente à sua campanha. Jamais ninguém iria fazer um grupo desse de livre e espontânea vontade, envolvendo pessoas tão importantes da campanha, sem que o candidato soubesse.

FOLHA - Em 2003, a revista "Veja" divulgou reportagem e o sr. não se manifestou oficialmente. Por que só agora decidiu revelar o que sabe?
CINCHETTO - Não me manifestei porque recebi pedido do Carlos Grana [da CUT]. Ele disse: "O que o PT, o que o presidente Lula espera nesse momento, é o silêncio dos companheiros".
Folha

20.9.06

Grampos no tribunal

Espionagem contra ministros da corte eleitoral é ataque grave às instituições e não pode ficar sem punição

ECLIPSADO pelo chamado escândalo do dossiê, o episódio dos grampos telefônicos no Tribunal Superior Eleitoral não inspira menos preocupação do que a malfadada tentativa de compra de informações contra os candidatos José Serra e Geraldo Alckmin por parte de integrantes do PT.
Numa inspeção de rotina nos aparelhos instalados na corte, nas residências dos ministros e em telefones celulares, foram identificadas escutas irregulares destinadas a registrar as conversas de algumas das principais autoridades judiciais do país. O presidente do TSE, Marco Aurélio Mello, o vice, Cezar Peluso, e o juiz Marcelo Ribeiro, ministro responsável pela análise da propaganda eleitoral de candidatos à Presidência da República, tiveram seus telefones grampeados.
A espionagem, infelizmente, parece um negócio em franca expansão no Brasil. Gravações telefônicas, filmagens e outras bisbilhotices ilegais proliferam de modo indiscriminado e instauram um ambiente de insegurança e ameaça constante.
Descobertos nos últimos dias da campanha eleitoral, os grampos envolvem nítidos interesses partidários. O ministro Marcelo Ribeiro, o terceiro alvo da escuta clandestina, tem sido um dos mais severos magistrados na punição a irregularidades na propaganda dos candidatos.
Desde o início da campanha, por determinação do TSE, a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição já perdeu mais de 10 minutos em programas e inserções. Seu principal adversário, Geraldo Alckmin, foi proibido de reapresentar mensagem considerada ofensiva ao petista. Representações em análise no tribunal ameaçam cortes ainda maiores na propaganda situacionista. Caso todas as queixas sejam acatadas, o presidente poderá perder 12 minutos em inserções e 37 minutos nos programas.
Agrava a situação o fato de a espionagem não se restringir, potencialmente, ao âmbito eleitoral. Além de ministros da corte eleitoral, Marco Aurélio Mello e Cezar Peluso também ocupam cadeiras no Supremo Tribunal Federal, a mais alta instância do Judiciário nacional. Está sob ameaça, portanto, a integridade da principal corte do país.
A Polícia Federal anunciou a abertura de inquérito para investigar a origem das escutas. A mais leve suspeita de que possa haver envolvimento de agentes públicos basta para que o caso seja tratado como prioridade e envolva também o Ministério Público. Infelizmente, a própria natureza do delito praticado dificulta a obtenção de esclarecimentos e a reunião de provas.
Essa intensa atividade de "arapongagem" é em parte seqüela dos serviços de segurança do período militar, quando, sob os auspícios do Serviço Nacional de Informações (SNI), foi desenvolvido um extenso e ameaçador dispositivo de espionagem. Como a democracia não pode aceitar nenhuma herança autoritária, assegurar punição exemplar aos que patrocinaram os grampos ilegais na corte eleitoral é a melhor maneira de impedir o recrudescimento dessa chaga.
Folha

19.9.06

MTB falou

Bastos: PF não vai permitir uso eleitoral do caso do dossiê

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse nesta segunda-feira, no Rio, que em nenhum momento a Polícia Federal permitirá o uso eleitoral do caso do dossiê da máfia das ambulâncias que supostamente incriminaria o candidato ao governo de São Paulo pelo PSDB, José Serra, ex-ministro da Saúde. O dossiê seria vendido a militantes do PT, que foram presos num hotel de São Paulo com R$ 1,7 milhão. Em coletiva na saída do Centro Cultural da Justiça Federal, o ministro preferiu exaltar o trabalho da Polícia Federal e a credibilidade da instituição junto à sociedade. O ministro também enfatizou que "não há ninguém acima da lei" que não possa ser investigado, mas não citou nomes.

- A Polícia Federal atua dentro do padrão de trabalho que vem desenvolvendo nesses três anos e meio, em quase 300 operações bem sucedidas. A PF detectou o fato criminal e tomou todas as providências. Prendeu as pessoas, ouviu e agora está fazendo a investigação. é preciso que seja uma investigação cuidadosa, é preciso encontrar os autores, saber de onde saiu esse dinheiro.

Bastos citou o momento político como causa da euforia dos senadores Tasso Jereissati e Jorge Bornhausen, presidentes do PSDB e PFL, respectivamente, na tentativa de incriminar o governo, por causa do suposto envolvimento de um segurança de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tasso e Bornhausen também estiveram no Rio para representar contra o PT. Entregaram ao presidente do TSE, Marco Aurélio Mello, cópia da representação conta o PT. Bornhausen chegou a dizer que não confia "na imparcialidade de Bastos na investigação".

- Nesse momento em que a atmosfera eleitoral está incendiada, principalmente com a grande vantagem do presidente Lula nas pesquisas. Faltando 15 dias para a eleição, é muito difícil manter a calma e a serenidade, é muito difícil trabalhar com impessoalidade e objetividade. A crítica de Bornhausen também faz parte da atmosfera eleitoral. Eu também poderia dizer que não confio no senador Bornhausen. Não vou dizer. O que digo é que a PF é credora da população brasileira. Sempre com impessoalidade, sem perseguir e proteger. Basta ver o número de vezes em que foram atingidos, investigados, denunciados e indiciados pessoas ligadas ao governo Lula.

Bastos confirmou que conversou hoje de manhã com o presidente Lula, antes de ele embarcar para os Estados Unidos. Segundo o ministro, Lula confia no assessor e segurança que foi citado na denúncia de envolvimento no dossiê.
JBOnline




- Lula usou a expressão "não contem comigo pra fazer uso eleitoreiro". Ele não acredita no envolvimento de Freud Godoy no caso, mas tudo será investigado.




Para mostrar a isenção que a PF adotará no caso, sem fins eleitoreiros, Bastos lembrou do dossiê Cayman em 2002, que supostamente incriminaria José Serra e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em lavagem de dinheiro.




- Lula recebeu e se recusou a usar.

Depois das cartilhas, vem aí os DVD´s!!!

Mais grave do que as cartilhas, impressas aos milhares para serem distribuídas pela Secretaria de Comunicação da Presidência, vem aí nova irregularidade.

É uma publicação com todas as obras do Governo Federal, em edição de alguns milhões de exemplares, distribuídos para senadores, deputados federais e estaduais, vereadores, prefeitos e todos os diretórios do PT em todo o país.

As cartilhas parecerão pouco diante de milhões de DVDs distribuídos com o mesmo conteúdo.
O TCU vai querer que Dilma Rousseff justifique essas despesas: ela herdou o problema dos tempos de Luiz Gushiken.
Mas onde vamos chegar, my god????

Fazenda de deputado é alvo da Via Campesina

Fazenda de deputado é alvo da Via Campesina
Sem-terra dizem que área é presente da Monsanto a Lupion em troca de apoio no Congresso


Cerca de 300 integrantes da Via Campesina estão acampados desde a manhã de ontem em frente à Fazenda Santa Rita, em Santo Antônio da Platina, a cerca de 350 quilômetros de Curitiba, no norte do Paraná. A propriedade pertence ao deputado Abelardo Lupion (PFL-PR), que cria gado nelore. Segundo o movimento, o objetivo é 'denunciar a corrupção do agronegócio, do qual o parlamentar ruralista é um dos principais articuladores'. Eles pedem a cassação do mandato do deputado.

Segundo a Via Campesina, a fazenda seria um presente da multinacional americana Monsanto ao deputado em troca de apoio no Congresso para aprovação de emenda à medida provisória que autoriza o uso do glifosato como herbicida na cultura de soja transgênica - críticos do glifosato afirmam que ele causa a infertilidade do solo. O movimento disse que a aprovação ocorreu cinco meses após a compra da fazenda pelo deputado.

A Via Campesina afirma que Lupion comprou a fazenda de 145 alqueires por R$ 690 mil - menos de um terço do valor. Acusa-o ainda de fazer caixa 2 em campanha eleitoral e usar de sua influência política para liberação de recursos.

'Queremos que a Justiça e o Ministério Público tomem providências, e nada mais justo do que a cassação', disse o coordenador da Via Campesina, Diego Moreira. Acampados às margens da BR-153, os manifestantes pretendem realizar debates e discussões sobre agroecologia e reforma agrária. O movimento não tem data para ser encerrado.'Nossa manifestação é pacífica', garantiu o coordenador.

BABOSEIRAS

Lupion entrou com mandado de interdito proibitório - instrumento jurídico para evitar invasão da propriedade - e classificou o ato como 'político'. 'Inventaram baboseiras para protesto e foram fazer violência a mando do Lula, do PT e seus asseclas', acusou o deputado. Segundo ele, não há nenhuma denúncia aceita pelo Supremo Tribunal Federal contra ele, assim como todas as representações na Câmara foram rechaçadas no início. Lupion afirmou que o movimento ficou irritado porque, no relatório da CPI da Terra, ele pediu indiciamento dos líderes por apropriação indébita e prevaricação, além de propor que invasão com seqüestro seja considerado crime hediondo.

Lupion disse que comprou a fazenda em 1999 da Agroceres, em tomada de preço público. Mais tarde, a Agroceres foi incorporada à Monsanto.

'Paguei em dia e não tem dinheiro público', afirmou. Segundo ele, o movimento desconhece que o glifosato já é de domínio público há dez anos e, além disso, sua emenda não foi acolhida. Ele foi para a fazenda ontem e disse que cerca de 200 proprietários de todo o Paraná podem se dirigir até lá para lhe dar apoio.

Em Londrina, o Movimento dos Sem-Terra continua ocupando fazenda da família do deputado licenciado José Janene (PP-PR). Ela foi invadida sexta-feira, sob pretexto de 'denunciar a corrupção de políticos que usam o dinheiro público para acumular patrimônio'. A Justiça já concedeu reintegração de posse. No sábado, os sem-terra disseram ter encontrado simuladores de urnas eletrônicas na fazenda. O Ministério Público Eleitoral pediu que sejam encaminhados para a Polícia Federal fazer perícia.
Estadão

Quem é o churrasqueiro do Rei????

Freqüentador do Torto é citado como elo entre petistas
Jorge Lorenzetti, que trabalha na campanha, será investigado como um dos pilares do escândalo


Mais um homem ligado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece no escândalo da compra do dossiê contra os candidatos do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, e à Presidência, Geraldo Alckmin: Jorge Lorenzetti, um dos coordenadores da campanha à reeleição e amigo pessoal do presidente.

Lorenzetti foi apontado ontem por Freud Godoy, assessor especial de Lula, como o intermediador dos encontros que teve com o advogado Gedimar Passos - preso na sexta-feira, em São Paulo, com R$ 1,75 milhão, que seria usado na compra do dossiê Vedoin. Ele será investigado pela Polícia Federal como um dos pilares do escândalo.

O envolvimento de Lorenzetti com Lula e com a cúpula do PT transcende as relações político-partidárias. Apontado como homem com trânsito livre no Palácio do Planalto, ele é também o churrasqueiro preferencial do presidente nos encontros promovidos na Granja do Torto. Um desses churrascos foi o que Lula ofereceu ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, durante a transição de governo. Ou mesmo no churrasco oferecido ao líder cubano Fidel Castro, em 2003.

Diretor do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) desde março de 2005, Lorenzetti pediu licença do cargo em 1º de agosto para integrar a campanha à reeleição do presidente, em Brasília. A própria indicação dele para o cargo foi feita diretamente pela Presidência, mas a assessoria do banco não quis confirmar se foi um pedido pessoal de Lula.

Coincidência ou não, o atual presidente do Besc, Eurides Luiz Mescolotto, é também um velho amigo de Lula e de Lorenzetti. Indicado pelo presidente para assumir o banco - que foi federalizado em 1999 -, Mescolotto é ex-marido da senadora Ideli Salvatti (PT-SC).

Consta que na primeira quinzena de julho o próprio Lorenzetti e a senadora Ideli foram recebidos em Brasília. No encontro se discutiu, entre outras coisas, a criação de um comitê suprapartidário em Santa Catarina em apoio à reeleição.

A confiança de Lula em Lorenzetti não se restringe aos seus horários de lazer. Em 21 agosto de 2003, durante discurso do presidente, no lançamento do Pólo de Fruticultura da Amazônia, no município de Benevides (PA), Lorenzetti foi nominalmente citado por Lula como alguém em quem os presentes deveriam 'confiar', como um bom homem de relações internacionais. De fato, Lorenzetti é conhecido como um exímio arrecadador de fundos internacionais. Esse histórico começou em meados da década de 90, quando ele era uma das principais lideranças nacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT) - quando a entidade ainda não tinha relações profundas com o PT.

Um ex-petista que participou da fundação do partido e da campanha de Lula em 1989 disse que, por volta de 1994 e 1995, Lorenzetti formava, juntamente com Delúbio Soares (tesoureiro) e Gilmar Carneiro (secretário-geral), o tripé de comando da CUT. Segundo esse ex-petista, foi por meio da ligação de Lorenzetti com Lula e o ex-ministro José Dirceu que a CUT passou a se aproximar do PT e começou a buscar fundos internacionais para formação sindical.

Enfermeiro por formação, Lorenzetti foi também o primeiro candidato a prefeito de Florianópolis pelo PT, em 1985.
Estadão

Vedoin ofereceram dossiê ao PSDB

Há um mês, os Vedoin teriam oferecido ao PSDB entrevista para acusar PT

Há um mês, um amigo de Darci e Luiz Antônio Vedoin procurou o PSDB paulista, trazendo uma proposta dos personagens centrais do escândalo dos sanguessugas: eles ofereciam uma entrevista, na qual contariam uma versão apimentada da interferência do candidato Aloizio Mercadante (PT) na liberação de R$ 20 milhões de emendas parlamentares. A entrevista, é claro, seria 'remunerada'.

O emissário relatou que os Vedoin estavam desesperados, porque precisavam de dinheiro para pagar advogados. De acordo com o emissário, pai e filho tinham chegado à conclusão de que a última oportunidade para arranjar dinheiro para pagar os advogados que vão defendê-los nos inúmeros processos a que responderão era a eleição de outubro.

Os Vedoin sabiam, revelou o emissário, que Mercadante tinha recebido um 'presente' do governo Lula: coordenar a distribuição de R$ 20 milhões em emendas e, com esse poder de influência, vencer a disputa com Marta Suplicy pela indicação do PT para concorrer ao governo estadual paulista.

'UM SENADOR'

Luiz Antônio Vedoin chegou a mencionar, em depoimento na CPI dos Sanguessugas, 'um senador paulista', que ele não nominou, que teria comandado a distribuição de R$ 20 milhões de emendas. Os dois sabiam, também, que muitas dessas emendas serviram para compra de ambulâncias, o que facilitaria uma linha de falsa acusação contra o petista.

O PSDB rejeitou a oferta, alegando ao emissário que o partido não recorre a esse tipo de artifício - e nem precisava dele, em vista da ampla vantagem que seu candidato José Serra desfrutava sobre o seu oponente petista. O emissário, um amigo pessoal dos Vedoin que conhece lideranças do PSDB de Mato Grosso, voltou para Cuiabá sem fazer negócio.

Duas semanas depois o emissário avisou seus amigos tucanos mato-grossenses que um conhecido político paulista (que não é do PT) fizera uma oferta tentadora aos Vedoin, capaz de pagar todos os advogados de que eles precisassem. A partir desse momento, os tucanos começaram a esperar por uma denúncia articulada contra a candidatura de José Serra.
Estadão

Brasil sofre derrota no FMI

Com 90%, FMI aprova novas cotas
Decisão representa uma derrota para Brasil, Argentina, Índia e Egito e favorece China, Coréia, México e Turquia


Terminou em derrota para Brasil, Argentina, Índia, Egito e a maioria dos sul-americanos o primeiro jogo da reforma política do Fundo Monetário Internacional (FMI). Foi aprovada por 90,6% dos votos a resolução sobre mudança do sistema de cotas e de votos. Eram necessários 85%.

Por enquanto, o Brasil perde uma posição, com a subida do México. Poderá perder mais, dependendo da fórmula que seja elaborada para a redistribuição de cotas e de poder.

O Brasil deteve até agora 1,42% das cotas, em 17º lugar numa lista de 184 países. Ficará, na primeira fase da mudança, com 1,40% e cairá um degrau. O México passará de 1,21% para 1,45% e ficará em 16º lugar, uma posição acima da Espanha e duas acima do Brasil. A China passará do 8º lugar, com 2,98%, para o 6º, com 3,72% dos votos, superando a Itália. Coréia e Turquia são os outros países beneficiados no primeiro ajuste.

A reforma política deverá ocorrer em duas fases. Na primeira, haverá uma correção imediata da posição daqueles quatro países, com base nos critérios atuais de repartição de cotas e voto. Os quatro estão claramente sub-representados e o Brasil e seus aliados não se opõem a esse acerto.

Na segunda fase, que deverá ser concluída em dois anos, será definida a nova fórmula para distribuição de poder. A resolução proposta pelo diretor-gerente do FMI, Rodrigo de Rato, indica apenas os critérios que serão considerados.

Esses critérios deverão beneficiar as maiores economias e as mais abertas, até com risco de maior concentração de poder, segundo os opositores da proposta. Por causa desse risco, o Brasil e seu grupo se opuseram, embora pudessem aceitar, noutra circunstância, a concessão de mais cotas e mais votos aos quatro países. Resta agora, na segunda etapa, tentar influir na definição da fórmula.

Ontem mesmo o diretor-gerente distribuiu parte do discurso que fará hoje na abertura oficial da Assembléia de Governadores do FMI e do Banco Mundial. 'Tenho o prazer de dizer-lhes que os governadores votaram esmagadoramente a favor das reformas', dirá Rato.

'Essas reformas são o primeiro passo de um processo que aumentará a representação de muitos emergentes para refletir o aumento de seu peso na economia global. De imediato, aumentará o poder de voto de quatro países - China, Coréia, México e Turquia - os mais claramente sub-representados.'

A mudança incluirá também uma ampliação dos votos básicos dos países pobres, que dependem mais disso que das cotas para ter alguma participação política nas decisões.

A redistribuição de cotas e de votos será parte da estratégia de médio prazo proposta pelo diretor-gerente. Essa estratégia incluirá um trabalho maior de supervisão e prevenção de crises num ambiente econômico modificado pela globalização econômica e financeira.
Estadão

18.9.06

Boletim da campanha Lula

Boletim campanha lula

Querem ganhar no tapetão?

Na tarde desta segunda-feira os presidentes do PSDB e do PFL, Tasso Jereissati e Jorge Bornhausen, reuniram-se no Rio de Janeiro com o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Marco Aurélio Mello, para discutir uma representação contra a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República.

Claro que todo cidadão tem o direito de recorrer à Justiça, caso sinta seus direitos lesados. Claro, também, que a Justiça Eleitoral é o foro competente para discutir candidaturas, horário gratuito, propaganda eleitoral e similares. O que não fica claro é quem, na opinião dos senadores Jereissati e Bornhausen, deve eleger o próximo presidente da República: 125 milhões de brasileiros ou um grupo de juízes?

Sabemos que os senadores andam tendo problemas eleitorais. Tasso Jereissati é senador tucano eleito pelo Ceará. Mas no seu estado, Tasso não apóia o candidato tucano ao governo do estado. Já Bornhausen, senador pefelista eleito por Santa Catarina, preferiu não disputar sua recondução ao Senado, porque sabia que seria derrotado nas urnas.

Mas os problemas eleitorais dos senadores não justificam o desconhecimento de uma regra básica numa democracia: ao povo cabe eleger o presidente da República. Qualquer coisa fora disto é factóide. Ou golpe.

Lula divide palanque

Lula divide palanque até com quem foi preso pela Polícia Federal
Envolvidos em escândalo estiveram com Lula em Belém

O palanque misto de PT e PMDB montado ontem em Belém para Lula reuniu políticos envolvidos em escândalos e suspeitos de desviar dinheiro público. Lula, no entanto, considerou a junção uma 'aula de pós-graduação em sociologia política'. Boa parte dos que ocuparam a frente do palco chegou a ser presa pela Polícia Federal.

Subiram ao palanque de Lula, entre outros, o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), preso por suposta fraude contra a extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e que integra o conselho político de Lula; o ex-senador Ademir Andrade (PSB-PA), preso na Operação Galiléia por suspeita de fraude em licitação da Companhia Docas do Pará; Paulo Rocha (PT-PA), envolvido no escândalo do mensalão, que teria recebido repasses de R$ 950 mil do empresário Marcos Valério e renunciou para fugir do processo de cassação; e o senador Luiz Octávio (PMDB-PA), vetado para ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) porque é suspeito de desviar US$ 13 milhões do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na compra de balsas fantasmas.

O presidente citou Jader quatro vezes, sempre chamando-o de 'companheiro'. No início do discurso, saudou Ademir Andrade, presidente do PSB e aliado ao PT na disputa no Pará. Rocha, que ficara meio escondido no meio dos candidatos chamados ao palanque - aqueles que não ocupam a linha de frente do palco -, foi especialmente cumprimentado por Lula, que o achou e lhe deu um beijo.

'Eu queria saber se tem algum cientista político aqui assistindo esse comício ou se a imprensa vai registrar o que está acontecendo aqui hoje', disse Lula. 'Aqui não é um simples comício, é uma aula de pós-graduação de sociologia política, é uma coisa nova.' Lembrou que dois candidatos a governador estavam no mesmo palanque - Ana Júlia, do PT, e José Priante, do PMDB. Disse que já é hora de os dois partidos pararem com as brigas, porque o adversário comum é o PSDB.

'Não adianta o PC do B e o PT de um lado e PFL, PSDB e outras forças de direita reunidas do outro lado vendo a gente brigar', aconselhou o presidente. 'Podemos até ter os defeitos que eles querem que tenhamos, mas certamente são menores do que os deles. Fizemos mais pelo Brasil do que eles.'
Estadão

Freud Godoy é próximo de Lula e da cúpula do PT

O segurança Freud Godoy, hoje assessor do gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto, foi procurado, e não localizado, ontem pela reportagem do Estado. Próximo a Lula, Freud trabalhou como seu segurança na campanha presidencial de 2002. Antes disso já atuava como segurança para Lula, de quem era amigo em seus tempos de sindicalista.

Com a vitória de Lula, em janeiro de 2003, Freud foi nomeado para um cargo no gabinete pessoal do presidente na função de assessor especial, em 12 de março de 2003. Oficialmente, ele cuida da segurança da primeira-dama, Marisa Letícia, mas já foi visto cumprindo outras tarefas para o Planalto. No final de dezembro de 2002, ele acompanhava Lula em caminhadas na Granja do Torto, dias antes de sua posse.

Uma das tarefas do segurança é o controle de manifestações em atos de que Lula participa. Freud consta da relação de 974 militantes do PT com cargos na administração federal que descontam contribuição em folha para o partido. No PT, é tido como discreto e com circulação direta não só junto a Lula, mas também com dirigentes partidários.

17.9.06

Escutas ilegais

TSE descobre grampos em telefones de ministros

Uma varredura nos telefones dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral constatou que três deles vinham sendo monitorados: o do presidente do tribunal, ministro Marco Aurélio; seu vice-presidente, Cezar Peluso e o ministro Marcelo Ribeiro, representante da advocacia no tribunal, responsável pelo julgamento do abuso na propaganda eleitoral.

O diretor-geral do TSE, Athayde Fontoura Filho, dará entrevista coletiva nesta segunda-feira, às 9h, para relatar a descoberta. O rastreamento foi feito por empresa que faz a verificação sempre que chamada pela direção do TSE.

O fato é inédito. É a primeira vez que se descobre a existência de grampos em telefones da cúpula do Judiciário brasileiro. Já houve casos de grampos em telefones de parlamentares e até mesmo o gabinete da Presidência da República foi monitorado. Isso aconteceu em 1983, no governo do general-presidente João Figueiredo. Anos depois, já fora do poder, Figueiredo revelaria que quem grampeou seu gabinete fora Heitor Aquino Ferreira, ex-major que fora secretário particular e colaborador dos generais Golberi do Couto e Silva e Ernesto Geisel. Aquino Ferreira, um dos principais colaboradores da coleção as Ilusões Armadas do jornalista Elio Gaspari.

Revista Consultor Jurídico, 17 de setembro de 2006