O Assentamento Ena não é uma exceção. De acordo com os resultados do estudo socioeconômico e ambiental realizado pelo IICA, todos os 22 assentamentos da Bacia do Rio Xingu, em Mato Grosso, enfrentam problemas. Das 5.375 famílias beneficiadas com lotes de terra, apenas 2.449 (45%) residem neles. Num dos assentamentos, o Santa Lúcia, o índice de residentes é de 13%.
Para a equipe que realizou o estudo, sob a coordenação da geóloga Ana Brígida Cardoso, de Cuiabá, as causas da evasão das famílias são "a falta de escolas ou de ensino de qualidade, de assistência à saúde, de infra-estrutura de transportes (qualidade das estradas e de meios de transporte), recursos para a produção, distância das cidades e centros consumidores, entre tantos outros, bastante conhecidos dos gestores da reforma agrária".
Os pesquisadores também constataram que os filhos dos assentados não querem permanecer na terra, preferindo migrar para a cidade: "Quase não há adolescentes nos assentamentos."
A produção agrícola é pífia na maior parte dos casos. Predomina a pecuária, praticada precariamente pelos assentados, ou por vizinhos para quem arrendam as terras. A reportagem do Estado verificou que as famílias que sobrevivem melhor são as que contam com a aposentadoria rural ou participam de programas de distribuição de renda, como o Bolsa-Família.
De acordo com a assessoria de imprensa do Incra, a partir do estudo do IICA será desenvolvido um plano de consolidação da reforma no Estado de Mato Grosso. Ele deve atingir inicialmente 42 assentamentos na região do Baixo Araguaia. Ainda não há previsão de prazo para chegar à Bacia do Xingu.
Estadão
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