17.9.06

A endemia e a quadrilha

Que a corrupção no Brasil é "endêmica", não precisaria o Banco Mundial dizer. Todo mundo sabe. Novidade é o fato de que, ao terminar o governo do partido que se intitulava dono exclusivo da ética, a corrupção não só continua "endêmica" como se agravou. Como diria o presidente Lula, "nunca neste país" um procurador-geral da República havia acusado a cúpula, TODA a cúpula, de um partido do governo de formar uma "quadrilha".
Sempre neste país, acusados de corrupção se defendiam, negavam até a morte que política se faz obrigatoriamente pondo a mão em matéria fecal. Agora, petistas dão de ombros para esse comportamento ou tem até orgasmos com ele, como se vê em artigos de supostas intelectuais do PT. Natural, nessa podridão, que se chegue ao dossiê contra José Serra.
Anos atrás, Lula e o PT, corretamente, haviam desprezado o papelório do chamado "dossiê Cayman".
Agora, ao contrário, um filiado ao partido e uma pessoa que se disse a serviço do PT são presos com dinheiro vivo (e não pouco, R$ 1,7 milhão), que seria usado para comprar o novo dossiê.
Ou seja, a "quadrilha" mostra agora um novo ramo de atividades, sempre, no entanto, como "organização criminosa". Aliás, só delinqüentes usam dinheiro vivo, nessa proporção, para qualquer tipo de operação.
Enquanto isso, a renda do trabalhador no governo do Partido dos Trabalhadores caiu a um ritmo anual de 1,12% e, pela primeira vez em 13 anos, aumentou o número de crianças entre 5 e 14 anos que são forçadas a trabalhar.
Até a única boa notícia contida na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (a queda na desigualdade) é falsa, porque o Ipea já demonstrou que a pesquisa contém brutal sub-declaração dos rendimentos com juros.
Clovis Rossi

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