Berzoini rompe silêncio e critica responsáveis por caso do dossiê
Em sua primeira entrevista desde que foi afastado da coordenação geral da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, fez uma crítica aos responsáveis pela desastrada tentativa de divulgação de um dossiê contra líderes tucanos. Sem citar nomes, disse que eles precisam "pensar no que fizeram".
Berzoini também afirmou que não tem apego ao cargo. Reclamou ainda de estar sendo "fuzilado" pela imprensa. Sobre as críticas de Lula, declarou que frases do presidente-candidato condenando o episódio foram distorcidas.
"Essas pessoas [participantes da operação] têm uma reflexão a fazer. Todos eles têm história política e precisam agora pensar no que fizeram", declarou Berzoini. Apesar do tom de condenação, o presidente do PT assegurou que não guarda mágoas. Também não quis responder se ele próprio deveria fazer algum tipo de reflexão.
Desde que o caso veio à tona, Berzoini sustenta que não tinha conhecimento do dossiê montado pelo "núcleo de análise de risco e mídia" da campanha, eufemismo para a divisão de inteligência do comitê que coordenava.
Participaram da operação Jorge Lorenzetti (professor universitário e dublê de churrasqueiro catarinense), Oswaldo Bargas (metalúrgico, amigo de Lula há 30 anos), Expedito Veloso (ex-diretor do Banco do Brasil) e Gedimar Passos (um ex-policial contratado pela campanha).
Berzoini afirmou que não dá importância a tais especulações. "Eu não tenho apego nem desapego ao cargo. Não estou grudado a essa cadeira [de presidente]. Fico até quando o PT quiser", disse. Mas demonstrou que, ao menos por ora, não pretende se afastar do cargo, para o qual foi eleito pelo voto direto dos militantes no ano passado.
"Continuo exercendo as minhas responsabilidades como presidente."
Impacto na campanha
Candidato a deputado federal pelo PT paulista, reconheceu que o episódio "causa impacto" em sua campanha individual. Demonstrou especial irritação com a imprensa, que teria desvirtuado o sentido da já famosa declaração de Lula de que os responsáveis pela operação eram "aloprados", todos contratados por Berzoini.
"O presidente não quis dizer isso, basta ler a declaração inteira. Estou acostumado com isso. A mídia quis dar a manchete. É esta a maneira como a mídia se comporta historicamente nesse país, não é de hoje." A imprensa, de acordo com o presidente do PT, já fez dele um juízo instantâneo. "A imprensa me investigou, sentenciou, condenou e fuzilou", afirmou Berzoini.
O presidente do PT acusou a Folha de estar torcendo pela vitória de Alckmin. "Podem torcer à vontade, mas vocês vão perder essa eleição."
Folha
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