Em evento com prefeitos, presidente disse que rivais têm buscado "outros meios" para retirá-lo do Palácio do Planalto
O "povo brasileiro não permitirá que o resultado das urnas seja fraudado pela manipulação da informação", disse Tarso
Em discurso ontem a cerca de 500 prefeitos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva insinuou haver um clima de golpismo na oposição e admitiu a possibilidade de a eleição ser decidida no segundo turno. Segundo ele, seus adversários têm buscado "outros meios" para retirá-lo do Palácio do Planalto.
"Tem gente neste país que falou: "Vamos deixar o operário entrar, ele não vai dar certo e depois a gente volta com toda a força". Só que os números mostram que demos mais certo do que eles, e eles agora estão ansiosos para ver se existem outros meios, que não é da relação democrática da eleição, para evitar que as pessoas dirijam este país", disse o presidente.
Na mesma linha, também agradeceu o apoio de sindicatos e movimentos sociais. "É preciso ficar de olho, porque tem gente neste país que ainda não aprendeu a viver na democracia", afirmou, em evento com prefeitos num hotel de Brasília.
Lula falou após ter ouvido discursos de prefeitos, do vice-presidente, José Alencar, e do ministro Tarso Genro (Relações Institucionais). A maioria deles inflamou a platéia ao atacar as "elites" e denunciar o que classificam de uma espécie de complô da imprensa contra a reeleição do presidente.
"A veia democrática do povo brasileiro não permitirá que o resultado das urnas seja fraudado pela manipulação da informação, pela informação unilateral, e pela forma absolutamente arbitrária como seu governo está sendo atacado", disse Tarso, coordenador político do governo e principal responsável por rebater os ataques.
2º turno
Em fala de improviso, o petista disse ter certeza da vitória, mas incluiu a possibilidade de segundo turno e pediu ânimo se a eleição não for vencida em 1º de outubro. "Se não deu no primeiro turno e tiver segundo turno, não tem nenhum problema, porque o mundo é assim mesmo e é bom que tenha dois turnos. Que nós vamos ganhar, eu tenho certeza." No evento, recebeu um manifesto de apoio assinado por 2.135 prefeitos.
Lula declarou que a análise do conteúdo do dossiê contra tucanos é mais importante do que as investigações sobre a montagem e a venda do documento. Sobre os envolvidos no caso, muitos próximos do próprio petista, Lula elevou o tom, dizendo que "quem compra vira tão bandido quanto eles".
"Eu quero saber de onde veio o dinheiro sim, eu quero saber toda a tramóia que houve, mas sobretudo eu quero saber que diabo de conteúdo que há nesse dossiê que pessoas cometeram a enroscada que cometeram".
Lula atacou os petistas envolvidos no escândalo. "Se alguém botou para vender uma informação, é porque é bandido. E quem compra vira tão bandido quanto eles."
À CBN Lula buscou se distanciar dos envolvidos no escândalo, inclusive de seu amigo Jorge Lorenzetti. "O Jorge Lorenzetti não tinha nenhuma participação no governo." Ao atacá-los, falou em "prática política condenável", pessoas "imbuídas de momentos de loucura" e "imbecilidade".
Alencar
Ao sair ontem em defesa de Lula no escândalo do dossiê, o vice-presidente da República, José Alencar, atacou a estrutura petista e minimizou a influência do candidato dentro do PT. Para ele, Lula é "vítima de ações insanas do partido".
Em entrevista antes do encontro, o vice disse que os partidos devem prezar por "ideais" e fugir de interesses "subalternos": "Há quatro partidos grandes no Brasil e alguns outros que naturalmente irão se fundir (...) Que essas fusões se façam dentro de um princípio de ideais, de afinidades, não ligadas a interesses subalternos."
Segundo Alencar, Lula tem sido "vítima" da atual estrutura petista. Questionado se Lula tem controle entre os petistas que o cercam, Alencar respondeu: "Ele tem controle, sim senhor. Só que ele não é o coordenador do partido e nem mesmo participa da coordenação. O braço dele não alcança essa distância. Ele colocou lá pessoal da sua confiança. Houve problemas? Foram punidos".
Alencar atribuiu ao "desespero" eleitoral o fato de a oposição usar a crise do dossiê nas propagandas eleitorais no rádio e na TV. E criticou o tom das perguntas sobre o escândalo, ao comentar as ações da Polícia Federal: "Veja com que espírito democrático é conduzido o governo. Isso é que vocês tem que compreender, porque, do contrário, acabam se colocando de uma maneira aparentemente de oposição".
No discurso, Alencar chorou ao lembrar de dificuldades da adolescência.
Folha
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