15.9.06

MTB nega vazamento

Bastos nega que PF tenha vazado informações a Renan

Ministro acha injusta acusação de procuradores sobre operação no Senado


O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou ontem que não houve irregularidade no modo de agir da Polícia Federal na Operação Mão-de-Obra, que desarticulou, em julho, quadrilha acusada de fraudar licitações em órgãos públicos, entre os quais o Senado, na contratação de serviços de vigilância, limpeza e informática. Bastos considerou precipitada e injusta a acusação, feita pelos procuradores Luciano Rolim e José Alfredo de Paula Silva, de que a PF teria passado dados sigilosos da operação, como buscas e apreensões de documentos no Senado, um dia antes ao presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), com danos graves à investigação.

Um dos beneficiados pelo vazamento, conforme os procuradores, teria sido o diretor-geral do Senado, Agaciel da Silva Maia, indicado por Renan para acompanhar os policiais durante as operações realizadas na Casa. A sala de Agaciel seria alvo de buscas e apreensões. 'O resultado da busca na sala do diretor-geral foi pífio', disse Rolim. 'Não havia agenda, anotações, processos, nada.'

Renan afirmou que é praxe o dirigente do órgão investigado colaborar com a investigação. Por isso, disse, indicou Agaciel para acompanhar a diligência.

A denúncia dos procuradores reacendeu a antiga rivalidade entre o Ministério Público e a PF. Mas segundo o ministro, esse tipo de atitude só beneficia os bandidos. 'Estamos todos - PF e MP - do mesmo lado. O nosso inimigo é o crime. Não é uma instituição nem a outra', disse Thomaz Bastos.

Ele também negou que tenha havido vazamento de dados sigilosos. 'Não se chegou lá e disse que ia fazer busca e apreensão. O que se disse foi: nós vamos fazer uma diligência. E ponto final', garantiu.

'INTELIGÊNCIA'

O ministro lembrou que a PF realizou quase 300 operações com 'absoluto êxito' em parceria com o MP, nos últimos três anos, usando os mesmos métodos. 'Com inteligência, sem disparar um tiro, a PF desbaratou quadrilhas em todo o Brasil, inclusive esta (a que fraudava licitações no Senado).'

Sobre a acusação de que a PF teria cometido uma série de atropelos na operação, o ministro insinuou que os procuradores estão querendo aparecer. 'Não dá para discutir (o assunto) pela TV e pela mídia. Tem que ser discutido de maneira fraterna entre as entidades que se incumbem de combater o crime.'

Bastos disse também que não recebeu nenhum ofício, solicitação ou reclamação da autoridade competente para questioná-lo - no seu caso, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza.

Apesar de ter negado qualquer deslize na operação, a Polícia Federal abriu sindicância para apurar a acusação dos procuradores.
Estadão

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