Poderoso, diretor-geral do Senado é intocável
Economista, culto e articulado, o potiguar Agaciel da Silva Maia construiu uma fonte de poder invejável nos 11 anos em que está à frente da Diretoria-Geral do Senado. Apoiado pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP), de quem é antigo aliado, ele está no cargo desde 1995.
Atravessou a gestão de quatro presidentes da Casa, enfrentou incólume crises como a da violação do painel do Senado, bateu de frente com vários parlamentares e continua firme no posto.
É voz corrente no Senado que nada acontece na Casa sem a mão onipresente de Agaciel e que sua queda poderá significar um desastre para vários poderosos do parlamento. O orçamento do Senado este ano é de R$ 2,3 bilhões, conforme levantamento da ONG Contas Abertas. Desse total, algo como R$ 460 milhões, relativos a gastos de custeio, investimentos e contratação de fornecedores de bens e serviços, passam por seu crivo.
Mas o poder e a blindagem de Agaciel também o isolam de tentativas de investigações não só na Polícia Federal, mas na Justiça e no Ministério Público.
Supostamente salvo da Operação Mão-de-Obra por um vazamento de informação da PF, Agaciel obteve na Justiça o trancamento, há duas semanas, de ação de improbidade administrativa movida contra ele pelo procurador Bruno Acioly. O processo refere-se a prejuízo de R$ 4,5 milhões na compra, sem licitação, de cofres ao Senado.
Estão denunciadas oito pessoas pelo crime, para fins de ressarcimento ao erário público, mas a Justiça mandou suspender o prosseguimento da ação apenas na parte que trata sobre Agaciel.
Acioly também pediu à Justiça a indisponibilidade dos bens de Agaciel e a quebra do seu sigilo fiscal e bancário, a fim de apurar suspeitas de enriquecimento ilícito que recaem sobre ele. A Justiça também negou.
Agaciel classificou de 'improcedente' a informação de que teria sido indiciado na investigação sobre fraude em licitações no Senado. Também negou que Renan Calheiros tenha sido informado pela PF 24 horas antes sobre a operação de busca e apreensão.
EStadão
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