PF prende petistas acusados de comprar dossiê anti-Serra
Membro do partido e ex-agente da PF foram presos com R$ 1,7 milhão em São Paulo
Polícia também prendeu em Mato Grosso líder da máfia sanguessuga e seu primo, que carregava no aeroporto vídeos e fotos contra tucano
A Polícia Federal apreendeu ontem US$ 248,8 mil e R$ 1,168 milhão (R$ 1,7 milhão), em um hotel de São Paulo, em poder do petista Valdebran Carlos Padilha da Silva, empreiteiro mato-grossense, e de Gedimar Pereira Passos, advogado e ex-agente da PF. Eles estavam intermediando a compra de vídeos, fotos e documentos que mostrariam suposto envolvimento dos candidatos tucanos Geraldo Alckmin e José Serra com a máfia dos sanguessugas.
O material, que teria sido reunido e arquivado por Luiz Antonio Vedoin, um dos donos da Planam, foi encontrado e apreendido em Cuiabá (MT), na noite de anteontem.
Vedoin, apontado como chefe do esquema dos sanguessugas, foi preso ontem pela Polícia Federal, na capital mato-grossense, sob acusação de "ocultação e venda de provas" e "chantagem de pessoas envolvidas em crimes".
Em nota oficial, a PF informou que a operação policial começou na noite de anteontem, no aeroporto de Várzea Grande, "região metropolitana de Cuiabá, quando localizou na bagagem de Paulo Roberto Trevisan [primo de Vedoin] uma fita de vídeo, um DVD, uma agenda e seis fotografias que vinculariam políticos ao esquema de superfaturamento [na compra de ambulância pelo Ministério da Saúde] investigado na Operação Sanguessugas".
"No vídeo aparece José Serra. Tem fotos do Alckmin e do [senador tucano] Antero [Paes de Barros] e deputados daqui", afirmou a PF em Mato Grosso.
Trevisan foi detido quando subia a escada do avião com uma pasta azul levando o material com imagens da presença de Serra e outros tucanos na entrega de 41 uma ambulâncias em Cuiabá, em maio de 2001. As ambulâncias foram vendidas pela Planam. Trevisan estava embarcando para São Paulo, onde ocorreria a negociação.
Levado à PF, Paulo Trevisan disse que iria entregar o material em São Paulo a pedido de Vedoin a uma pessoa que o reconheceria pela pasta azul. Em seguida, Trevisan foi liberado.
A PF de Mato Grosso acionou a Superintendência da PF em SP na madrugada de ontem. Mediante ordem judicial, pediu que os policiais localizassem Padilha e Passos. Eles foram encontrados nos quartos 475 e 479 do hotel Ibis Congonhas, próximo ao aeroporto.
Tecnicamente, não foram presos em flagrante, pois não é crime portar dinheiro em espécie, conforme a legislação brasileira. A ilegalidade se confirmará se não conseguirem comprovar a origem do dinheiro. Eles foram levados pelos policiais à superintendência da PF para prestar esclarecimentos sobre o montante que estava em seu poder e ficaram detidos, pois tiveram sua prisão temporária decretada por sete dias.
Por determinação judicial, o dinheiro apreendido ficará sob a custódia da 3ª Vara da Justiça Federal em Mato Grosso. Vedoin está sob a custódia da Polinter, em Cuiabá. Segundo a PF, as diligências executadas em São Paulo e Cuiabá têm autorização judicial, despachada pelo juiz César Bearsi, também da 3ª Vara da Justiça Federal.
Desdobramentos
As prisões realizadas ontem, segundo a PF, são desdobramento da Operação Sanguessugas, deflagrada em maio, com a prisão de 48 empresários -entre os quais Darci e Luiz Antonio Vedoin- e funcionários de suas empresas, além dos ex-deputados Ronivom Santiago e Carlos Rodrigues.
Ao dar seqüência a linhas de investigação que derivavam do foco principal da operação sanguessugas, a PF identificou novos personagens no desdobramento de negócios atribuídos aos Vedoin. Segundo a PF, os policiais receberam uma informação de que Paulo Trevisan estava levando o material a São Paulo. A Justiça Federal havia autorizado escutas telefônicas para monitorar Vedoin.
Padilha seria o coordenador da campanha petista em Mato Grosso. À PF Gedimar Passos disse que estava a serviço do PT na negociação para comprar documentos e imagens que poderiam colocar sob suspeita os candidatos tucanos à Presidência e ao governo paulista.
Folha
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