17.2.08

O DRAMA DA PETROBRÁS

Waldo Luís Viana*

Pouca gente sabe, mas já fui empregado da Petrobrás. Não terceirizado, mas por concurso. E pedi demissão, dez meses depois, sendo entrevistado por quatro psicólogas que, naturalmente, me olhavam atônitas. Saí, porque queria completar o curso de Economia na Gama Filho, chegava em casa à meia-noite, atravessando toda a cidade, do bairro de Piedade ao Leme, jantava, dormia de madrugada e acordava às seis e trinta da manhã para estar às oito no Edifício-sede.

Em minha época, 1976, não havia auxílio-refeição, vale-transporte, nem nada. Era só o salário-seco, mais auxílio-periculosidade (para subir e descer de elevador) e cartão de ponto. Ah, como detesto cartão de ponto, mas agradeço a Deus, porque foi o pavor dele que me fez poeta: “sou um homem que vive nos interlúdios concedidos pelo relógio de ponto...” – dizia nos versos trôpegos da mocidade...

Queria ser escritor – imagina?, no Brasil de Paulo Coelho e José Sarney – e as psicólogas me perguntavam, sofridas, o motivo de eu querer ir embora. Sem muita paciência – já tinha pavio curto naquela época – redargüi: “quero ver o sol nascer...”. Elas não entenderam nada, tadinhas, mas eu chegava em casa tarde, saía cedo e não via o sol subir no horizonte. Coisa de poeta.

Fui posto no serviço de pessoal da empresa e era tão bom datilógrafo que me puseram para compulsar documentos sigilosos sobre a empresa. Impressionou-me a quantidade de internações psiquiátricas entre os petroleiros, mas isso não podia comentar com ninguém. Internavam-me em sala sem janela e fui dos únicos datilógrafos a utilizar máquinas elétricas com pedais, já extintas, para confeccionar tabelas de relatórios “top-secret” para a diretoria. Minha curiosidade era imensa e, como era muito rápido, lia tudo e anotava os detalhes escabrosos num bloquinho. Tudo isso eu já destruí, mas de memória, na época, o maior número de internamentos eram os do serviço de contabilidade. Fora a incidência de alcoolismo que era muito grande no geral. Segredo tão ou melhor guardado do que o da Igreja Católica em relação ao alcoolismo entre os prelados...

Há trinta e dois anos, com Shigeaki Ueki na presidência, vivíamos a presidência do déspota prussiano Ernesto Geisel e as conseqüências do choque do petróleo, que fizeram o japonezinho desligar a sua piscina de água quente para poupar energia. Como fazia parte da “peãozada”, fingia-me de morto e não tocava em política, assunto proibido. A Petrobrás já era, então, orgulho nacional e não havia pai de família que não estufasse o peito de orgulho, quando afirmava que o filho trabalhava na empresa.

Quando pedi demissão descontentei meus pais. Resolvera seguir o destino pedregoso e íngreme da não burocracia. Para mim, era insuportável ver aqueles técnicos de administração, de gravatinha, batendo em meu ombro e dizendo a frase-modelo: “meu filho, quando eu me aposentar...”

A empresa articulava uma espécie de lavagem cerebral no empregado, como se não funcionasse sozinha, dada a sua grandiosidade. Muitos trabalhavam com febre, com medo de ir ao serviço médico e serem mal vistos pelos chefetes de seção.

Naquela época, a empresa gastava 11% de seu orçamento com despesas de pessoal e, atualmente, reduziu esse “gasto” para 9%, entregando algumas atividades-meio a terceirizados, aliás muito mal vistos pelos concursados, que detêm crachá autêntico. Não sei como está hoje, mas o cartão de ponto é exigido até para profissionais de curso superior, os horários são rígidos e a mega-empresa continua um quartel. De fazer inveja aos atuais militares que nem rancho têm para oferecer aos recrutas.

Os privilégios dos petroleiros existem, mas as benesses e salários-extras continuam em poder de uma elite muito bem estabelecida, estruturada e corporativa. São ciosos de seus privilégios e têm cabeça de funcionários públicos, ou seja, sabem que se mantiverem a cabecinha conservadora, não contestatória, se lamberem muito bem as botas dos chefes (que eles chamam, na intimidade, de “os picas grandes”), permanecerão até a aposentadoria, quando como verdadeiros trapos humanos vão requerer aposentadoria com complemento financeiro da PETROS.

Essa empresa hoje é imensa, tentacular, um estado dentro do estado, e a União, apesar de todos os esforços do governo tucano para privatizá-la, no que foi impedido pelo Alto Comando do Exército, ainda detém 51% do capital das ações com direito a voto. Com a troca de governo, tornou-se a jóia da coroa do PT e é administrada diretamente pelo Palácio do Planalto e pela Casa Civil, passando por cima, na prática, pela natural hierarquia do Ministério das Minas e Energia.

Quem manda na Petrobrás é Lula e Lula desmanda na Petrobrás. Era para ser o paraíso petista, mas nunca o foi. A empresa foi presidida por um geólogo medíocre, que, inflado pela posição majestática, imaginou que seria, ipso facto, governador de Sergipe. O povo, que jamais se sentiu proprietário da empresa, não o contemplou com a investidura tão pretendida. Resultado, o homem ficou no sereno, de férias, esperando um aceno na neblina do grande presidente que finalmente lhe acomodou em cargo menor. Esse nunca mais levantará a cabeça, mas é “soldado” do partido...

Os petistas invadiram a empresa, de alto a baixo, como a KGB fazia na União Soviética com o controle dos bairros em Moscou. Nenhum cargo de confiança ficou incólume. O comissariado manda e desmanda mesmo. Todo mundo baixa a cabeça, naquela técnica de sabujice de quem quer sobreviver, esperando novos tempos. Precisaríamos de um Machado de Assis ou de um Lima Barreto para descrever o que acontece na mente dos chefes de seção e dos engenheiros de staff. Principalmente aqueles que assistem à farra das concessões orçamentárias a diversas ONGs desconhecidas...

Os controles e auditorias internos são draconianos, principalmente no varejo. Os gastos no atacado, em dólares e euros, sob responsabilidade das diretorias e do Conselho de Administração fogem à imaginação dos mortais da planície ou a qualquer vasculhador que não seja do meio. Para quem não conhece economia de petróleo, as tacadas são indectáveis!

Como uma empresa de petróleo mal administrada é um supernegócio, bastaria uma vista d’olhos nas empresas fornecedoras da Petrobrás, muitas delas criadas por ex-funcionários, e os escritórios de advocacia, para os contenciosos surgidos com os que negociam diretamente com ela, para assuntar diversas surpresas. Isso seria matéria para os serviços de inteligência da Polícia Federal, da ABIN, do CADE e de outras agências, além da curiosidade atenta do que os petistas chamam de mídia golpista. Isso sem falar no Ministério Público, que tem tantos procuradores jovens e loucos para defender os altos interesses da sociedade. Aqui vai um terno pedido do poeta: por favor, dêem um passo à frente...

A Petrobrás é tão importante que, em toda crise nacional, anunciam a descoberta de um poço. É como a decretação de um “carnaval-off”. Agora mesmo, quando fomos emparedados pela Bolívia, dirigida por um índio plantador de coca, apareceu um grande campo de gás. O campo é Júpiter. Antes, um poço a oito mil metros de profundidade, o Tupi, que vai nos levar à OPEP. Só não temos tecnologia para perfurar até lá e o gás de Santos só poderá ser explorado a partir de 2012. Os barris que produzimos, em regime de auto-suficiência, não nos garante o refino, porque o petróleo é nosso, mas é grosso. E temos de lançar mão das energias do etanol e do anidro, além das termoelétricas, torcendo para que chova sem parar para que os níveis dos reservatórios hidroelétricos voltem aos níveis normais.

Enquanto o Chile e a Argentina já estão enfrentando o apagão e a Bolívia precisará do próprio gás para garantir o inverno, sabemos que vai faltar gás a partir de junho no eixo Rio-São Paulo, porque o governo petista não pode contrariar os bolivianos pelos acordos ideológicos assinados no Foro de São Paulo.

Como dizia o prussiano Ernesto Geisel, cujo túmulo infelizmente está perto do de minha mãe no Cemitério São João Batista, vamos depender do gás boliviano no longo prazo. E o futuro chegou, com os gênios da raça do PT (à la Sargento Garcia) manobrando a crise.

Os pífios resultados da economia produzida pelo horário de “verão” brasileiro, que começa na primavera, atestam bem que algo vai muito mal no setor elétrico. O preço de refino do óleo continua bastante caro e não compensa a exibição midiática de nossas reservas potenciais.

Agora vem a bomba. Furtaram programas privilegiados, com informações sigilosas sobre nossas reservas. Colocaram os dados, não criptografados, num laptop dentro de um container. Isso parece esses filmes classe B de tráfico de drogas nos Estados Unidos, em que alguém copia um CD e o coloca em lugar privilegiado, informando os interessados que depositam determinada quantia em conta numerada num paraíso fiscal. E ainda se diz que a turma do PT aceita a assessoria especializada em petróleo de firma norte-americana, que tem seus tentáculos no mundo inteiro, inclusive no Iraque. Além das implicações diplomáticas, esse furto vem bem na hora da discussão da farra dos cartões corporativos que põe o governo de nádegas de fora. Tudo muito conveniente, acrescendo-se que a Petrobrás não levou o fato a conhecimento público em tempo e a cena do crime foi alterada.

Além do mais, sabendo-se que a Intranet da Petrobrás é uma das mais perfeitas do mundo, com as senhas sendo trocadas de vinte em vinte minutos é um escárnio que essas informações possam interferir em leilões de lençóis que envolvem bilhões de dólares e empresas estrangeiras, interessadas na exploração off-shore de nossas reservas. Como se diz em linguagem policial: a quem interessaria todo esse rebuliço?

Mas existe aí uma peninha: de quem é a investigação? Á Polícia Federal, que não é totalmente dominada pelo PT, embora tenha sido remexida em sua direção? Ao Ministério Público, que também quer seus quinze minutos de fama, porque já não tem nenhum engavetador de processos, como vergonhosamente possuía no governo FHC? Existem ainda detalhes locais ligados à Polícia Civil, que quando quer descobre qualquer coisa. E então, como ficamos? Seria apenas outra cortina de fumaça para encobrir a farra dos cartões corporativos, operada num momento de desespero por não haver nenhum outro poço de plantão a ser descoberto?

Não admira que o drama da Petrobrás, orgulho nacional seja grande. Tão grande quanto uma plataforma. Aliás, tudo é gigantesco naquela empresa que tantos serviços têm prestado a ela mesma e a sua burocracia. Inclusive os perigos da corrupção. O povo brasileiro, seu pretenso proprietário, espera por explicações.

E eu estou de fora, porque, graças a Deus, dela me demiti...

_______________

*Waldo Luís Viana é escritor, poeta, economista e ex-empregado concursado da PETROBRAS.

16.2.08

A fábula da CPI!!!

Brasil
A fábula da CPI

Acordo com a oposição limita as investigações sobre
os gastos milionários do governo em despesas sigilosas


Alexandre Oltramari e Otávio Cabral

Myrria


Os gastos com cartões corporativos do governo viraram motivo de piada em todos os lugares do Brasil, principalmente no Congresso Nacional, onde deve começar a funcionar ainda nesta semana uma CPI para investigar o caso. Fato 1: descobriu-se que os gastos com cartões aumentaram significativamente nos últimos anos. Fato 2: soube-se que boa parte desses gastos, 11,6 milhões de reais, foi feita por ecônomos da Presidência da República que cuidam das despesas institucionais do presidente Lula e de seus familiares. Fato 3: por questões de segurança, ninguém pode saber como, quando, onde e nem em que esse dinheiro foi aplicado. Fato 4: apesar do sigilo, está mais do que evidente que os cartões corporativos têm sido usados sem controle, inclusive para pagar despesas estranhas ao serviço público, com claros indícios de abusos. Conclusão: numa aparente demonstração de que nada tem a esconder, o governo apoiou a proposta da oposição de criar uma CPI para investigar os cartões. As assinaturas foram rapidamente colhidas, e a comissão só não foi instalada na semana passada porque houve um erro técnico no requerimento. Tudo certo? Não. O aparente empenho de parlamentares do governo e da oposição era apenas uma piada de faz-de-conta. Nos bastidores, combinou-se que as investigações vão apenas até o ponto em que não causem constrangimentos a ninguém. Será, portanto, uma CPI tão inconseqüente quanto as piadas e as charges sobre o assunto que ilustram estas páginas.

O acordo que viabilizou a criação da CPI maneta nasceu de uma conjunção de interesses comuns e se viabilizou debaixo de uma intensa troca de ameaças. Desde o início da crise, governo e oposição tentam chegar a um consenso sobre a melhor forma de apurar o caso. Na semana passada, o ponto de equilíbrio apareceu depois de uma conversa entre o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, e o presidente do PSDB, Sérgio Guerra. Ambos são pernambucanos e amigos de longa data, além de já terem sido aliados políticos no governo de Fernando Henrique Cardoso. Os dois concordaram que uma CPI ampla, incluindo a gestão FHC, como propôs o governo, e com poderes para acessar irrestritamente todos os documentos, poderia provocar situações de constrangimento para os dois presidentes, ainda que não existam sequer suspeitas de irregularidades envolvendo-os. Mesmo assim, milhares de servidores tiveram acesso aos cartões corporativos, e não seria surpresa se aparecessem despesas extravagantes com comida, roupas ou objetos pessoais de alguém ligado à família do atual ou do ex-presidente. Poderia ser somente um ato voluntarioso do servidor, mas não deixaria de constranger. Para evitar essa situação, combinaram que as investigações não atingiriam os gastos presidenciais. O espetáculo teria como protagonistas apenas funcionários públicos subalternos e ministros já enrolados no caso, como Orlando Silva, do Esporte, que hospedou a família no Copacabana Palace e utilizou o cartão para pagar a despesa, e Matilde Ribeiro, demitida depois de ter apresentado o cartão em um free shop. Ao final, seria uma CPI propositiva, que disciplinaria o uso dos cartões corporativos daqui em diante. O acordo foi selado em uma reunião entre o deputado tucano Carlos Sampaio, autor do requerimento de criação da comissão, e o líder do governo no Senado, Romero Jucá.


Paulo Vitale
O ex-presidente Fernando Henrique diz que não tem nenhum receio das investigações em seu governo

Havia, porém, um problema a ser resolvido. Esse tipo de acordo nem sempre resiste a uma nova revelação, ao ímpeto de um parlamentar descompromissado, ao atropelo dos fatos. Para evitar imprevistos, o governo decidiu nomear o presidente e o relator da CPI – respectivamente o senador Neuto De Conto (PMDB-SC) e o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) –, os dois cargos mais importantes, o que, em tese, lhe confere o controle absoluto dos passos da comissão. A oposição, porém, desconfiou das intenções oficiais, e tucanos que desconheciam o acordo ameaçaram se rebelar contra o compromisso de não investigar as despesas presidenciais. Foi quando surgiu o segundo ingrediente decisivo em busca da cumplicidade. Lideranças petistas espalharam que os arquivos do Palácio guardavam grande quantidade de munição contra os tucanos. Em uma reunião na presidência do Senado, Roseana Sarney, líder do governo no Congresso, foi explícita ao revelar que um motorista à disposição do ex-presidente Fernando Henrique teria gastado 45.000 reais com o cartão corporativo do governo em apenas um mês. Instada a provar o que dizia, a senadora revelou ter obtido a informação no Palácio do Planalto. Não foi só ela. Os recados, em tom de ameaça, foram transmitidos também pelo senador Romero Jucá. Ele garantiu que o governo dispõe de informações sobre gastos do ex-presidente FHC com vinhos caros, comidas finas, fraldas, óculos e até detalhes sobre a contratação supostamente irregular de uma chef de cozinha. As informações constam de um levantamento feito pela Casa Civil em que estão listados cerca de sessenta itens classificados como "despesas exóticas" do gabinete do presidente no governo passado.

Sergio Dutti/AE
O presidente Lula é contra a divulgação dos gastos dos cartões corporativos de seu gabinete por questões de segurança

São essas despesas secretas difundidas como ameaça pelas lideranças petistas contra os tucanos que, paradoxalmente, o governo petista quer manter sob sigilo. A principal preocupação do Palácio do Planalto é a divulgação dos gastos de um grupo de vinte servidores responsáveis pelo pagamento das despesas de Lula e de seus familiares. Para não esclarecer as dúvidas que existem, o governo argumenta que as despesas são sigilosas e que a divulgação colocaria em risco a segurança do presidente e de sua família. Ao todo, os pagamentos secretos realizados pelos dez ecônomos da Presidência mais gastadores somam 11,6 milhões de reais desde o início do governo, em 2003. Contrariando a principal utilidade dos cartões, que é facilitar a fiscalização dos gastos por meio de suas faturas, os assessores de Lula sacaram 1,7 milhão de reais em dinheiro vivo, dificultando seu rastreamento. Esses gastos, por isso, se tornaram uma imensa caixa-preta do governo. "Os cartões nunca foram usados para pagar despesas pessoais do presidente e de sua família. Há despesas realizadas para a manutenção da segurança do presidente e de sua família, o que é bem diferente", garante o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins. Pode não ser bem assim.

Ed Ferreira/AE
Romero Jucá e o tucano Carlos Sampaio: acordo para manietar a CPI

VEJA teve acesso à prestação de contas de uma pequena parte das despesas bancadas pelos cartões de crédito corporativos que estão sob a responsabilidade dos dez ecônomos que atendem o presidente. Os dados estão arquivados na Secretaria de Administração da Presidência da República. São 42 pagamentos, realizados por quatro servidores palacianos entre 2003 e 2005, que somam 307 030,66 reais. De fato, como alega o Planalto, há gastos cuja divulgação pode colocar em risco a segurança do presidente. Um dos pagamentos, feito a uma locadora numa viagem de Lula a Manaus em abril de 2004, revela a quantidade de veículos blindados que integra uma comitiva presidencial. Outra fatura, paga em uma viagem de Lula a São Paulo em junho de 2006, mostra o número exato de seguranças do presidente que tomaram café-da-manhã e jantaram num hotel.

Thomate


Mas as prestações de conta também revelam despesas que, justamente por ser secretas, podem ser interpretadas como exóticas – não se saberá isso até que se revelem as circunstâncias desses gastos, que podem muito bem ser perfeitamente justificáveis. Nos meses de setembro e dezembro de 2003, o ecônomo Clever Pereira Fialho, número 1 no ranking dos gastos palacianos, pagou 142.392,30 reais a uma locadora de veículos, a Full Time. Ele justificou o gasto como "diárias de veículos para atender viagens de familiares do presidente". Em 2004, a servidora Maria Emília Évora, oitava no ranking dos gastadores do Planalto, apresentou uma nota fiscal no valor de 52,30 reais. A despesa se refere ao creme para mãos Neutrogena, a um protetor labial da marca Nivea e a um gel para pálpebras sensíveis. Em sua prestação de contas, Maria Emília relatou que a despesa foi feita para "atender necessidades da primeira-dama, dona Marisa". Comprou-se, também, uma pomada antibiótica para o presidente. Um creme hidratante para a primeira-dama durante uma viagem oficial e um remédio de emergência para o presidente são despesas que nem mesmo na mais estóica das administrações podem ser consideradas luxo. A revelação desses gastos se justifica quando eles são tomados como amostragem do que é feito com o dinheiro público e quando se discute a razão de serem classificados como sigilosos.


Rose Brasil/ABR
Cristiano Mariz
Neuto De Conto e Clever Fialho: o presidente da CPI e o ecônomo oficial

As explicações para esses gastos dadas pelo governo são muito objetivas. A assessoria da Presidência esclareceu que, embora a legislação determine que familiares do presidente têm direito apenas à segurança, é autorizada a locação de carros, caso isso se faça necessário. Explicou também que, eventualmente, as compras de medicamentos para o presidente com os cartões corporativos são autorizadas quando não há o item em estoque na farmácia do serviço médico do Palácio do Planalto. Sobre os cosméticos, a assessoria informa que a compra, na verdade, foi solicitada pelo coordenador de saúde da Presidência, o médico Júnio Mário Pereira Gama, para atender a necessidades do presidente Lula, e não da primeira-dama.


Ivan Cabral

Ainda assim, os gastos dos assessores palacianos, quando são secretos, têm potencial para causar embaraços. Um dos pagamentos aos quais VEJA teve acesso se refere a uma viagem de Lula a São Paulo no dia 29 de junho de 2004. A viagem ocorreu no Sucatão, o Boeing presidencial substituído três anos atrás pelo Aerolula. Havia 78 pessoas a bordo. Dois tipos de refeição foram servidos na viagem. O jantar dos viajantes foi comprado pela ecônoma Maria Emília Évora da empresa Gate Gourmet, do Rio de Janeiro – e pago em dinheiro vivo. Com caviar no cardápio, o jantar servido na cabine presidencial, ocupada por Lula e mais onze passageiros, custou 385 reais por pessoa. Já a refeição das outras 66 pessoas, entre tripulação e comitiva, ficou em 126 reais por cabeça. Sobre essas despesas, o Planalto informa que existe uma companhia contratada por licitação pública, desde 2000, com o objetivo de fornecer alimentação ao presidente e a sua comitiva. Apesar disso, explica, podem ocorrer gastos eventuais com o serviço sempre que o presidente viajar para um local onde a empresa contratada não tiver uma filial capaz de suprir as necessidades do avião presidencial. Também nesse caso não há estoicismo que justifique condenar o fato de um presidente da República se servir e aos convidados íntimos de um prato com caviar a 385 reais por cabeça durante uma viagem de trabalho.

Gilmar


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso considerou arbitrária a decisão de investigar os gastos com cartão corporativo e contas do tipo B a partir de 1998, período em que ocupou a Presidência. Segundo ele, não há fato determinado que justifique a investigação por uma CPI. "Em primeiro lugar, não tenho nenhum problema. Mas, do ponto de vista da Constituição, é preciso haver um fato determinado", afirmou. Apesar de condenar a investigação, FHC diz não temê-la: "Essas coisas não passam diretamente pelo presidente. Certamente não tinha questionamento nem pelo TCU, nem pela imprensa nem por nenhum deputado". As questões centrais a ser travadas em torno dos gastos das altas autoridades são as mesmas que dizem respeito a todos os gastos do dinheiro público. A saber, quais são os limites? Quais são as regras? Quem controla os gastos? Quais são as punições para quem transgride? Quando essas questões tiverem respostas transparentes, a crise dos cartões desaparecerá tão rapidamente quanto surgiu.


Ministro se irrita...

Ministro se irrita ao ser indagado sobre a presença de filho de Lula na comitiva


Filho do presidente e conhecido como Lulinha, o empresário Fábio Luís da Silva integra a comitiva que visitará a base brasileira na Antártida. A assessoria da Presidência informou ontem que a presença dele, a convite de Lula e de Marisa Letícia, não elevará os custos da viagem, já que Lulinha arcará com sua hospedagem.
Ontem à noite, na chegada a Punta Arenas, no sul do Chile, o ministro Franklin Martins disse que não "tem nada de mais" a presença de Fábio Luís na viagem e que isso não obrigou a substituição de algum outro integrante da comitiva.
O ministro se irritou ao ser indagado sobre a presença de Lulinha na comitiva. "Não existe Lulinha. Existe Fábio", disse a jornalistas, para completar: "Outros filhos e netos de presidentes já viajaram e ninguém achou nada de mais. O que é isso? Algum preconceito?"
A seguir, mais calmo, Franklin afirmou: "Acho que é um avanço da imprensa, porque com outros presidentes, quando se levava [familiares em viagens], não era notícia".
Formado em biologia, Fábio Luís é um dos principais acionistas da Gamecorp, produtora de TV e de jogos para celulares. Seu nome ganhou publicidade em 2005 quando foi acusado de favorecimento pelo fato de a Telemar (atual Oi) ter injetado R$ 10 milhões na empresa. Ele nega que tenha recebido o recurso por ser filho de Lula.
Na Antártida, a Oi, com quem a Gamecorp tem sociedade, montou em 2006 a estrutura de comunicação para o uso de militares e pesquisadores. Na base, a empresa de telefonia instalou uma linha direta para o Rio. Há uma cabine telefônica com o logotipo da empresa. Além disso, colocou conexão de internet de alta velocidade.
Folha

9.2.08

O escândalo é outro

Editorial Estadão

Como faz, pavlovianamente, sempre que suspeitas de improbidade pairam sobre o Palácio do Planalto, o ministro da Justiça, Tarso Genro, atribuiu a onda, que não pára de se avolumar, de revelações sobre o uso abusivo de cartões de crédito estatais a uma operação da imprensa mal-intencionada, para dar assunto a uma oposição silenciada pelos êxitos do lulismo. Foi o que alegou ao ser confrontado com o copioso - e surpreendentemente minucioso - noticiário sobre o que a ex-ministra da Igualdade Racial chamou de "erros administrativos" nos gastos e retiradas mediante cartão corporativo por funcionários e autoridades da administração federal. Trata-se, desdenhou, de um "escândalo artificial". De mais a mais, alegou o ministro, não fosse uma iniciativa moralizadora do presidente Lula - a criação do Portal da Transparência, de livre acesso no site da Controladoria-Geral da União (CGU) -, a mídia não teria a seu alcance, e com essa facilidade, as informações detalhadas dos pagamentos e saques feitos com os 11 mil cartões emitidos pelo governo.

Nesse ponto, Tarso tem toda razão. Pena que ele tenha deixado de combinar com os russos, no caso o chefe, antes de reaquecer as suas críticas à imprensa. Afinal, os meios de comunicação fazem rigorosamente o que Lula incentivou a sociedade a fazer quando do lançamento do portal, em 2005 - ajudar "no controle e fiscalização" do uso do dinheiro público. Não há nada de artificial, portanto, nem no exercício dessa contribuição nem nos seus resultados. É o governo que deixou o serviço pela metade. Na edição de 13 de janeiro, este jornal revelou, com base no exame dos dados disponíveis no portal, o assombroso aumento superior a 800% dos dispêndios com o cartão corporativo entre 2003 e 2007. Desde então, a massa de fatos e números trazidos ao conhecimento dos brasileiros deixa patente, à parte tudo mais, a extraordinária eficiência desse sistema de agregação de minuciosas informações objetivas, graças à tecnologia da computação, como instrumento do controle e fiscalização de que falava Lula - e que deixou de ser utilizado por quem tem a obrigação de se valer dele em primeiro lugar: o próprio governo.

Escândalo, para recorrer ao termo do ministro da Justiça, não é o produto do trabalho jornalístico que consistiu simplesmente no esquadrinhamento do fabuloso arquivo do Portal da Transparência. É, isso, a incompetência, ou inapetência, de quem de direito na cúpula do aparelho de Estado para passar periodicamente um pente-fino nos gastos declarados, para separar aqueles que respeitam as normas que regem o uso dos cartões corporativos daqueles que as transgridem, e punir os responsáveis, também com o ressarcimento dos cofres públicos. Um governo verdadeiramente comprometido com o manejo escrupuloso do dinheiro alheio - ou seja, não só da boca para fora, a fim de impressionar os incautos - não esperaria a imprensa denunciar o que ele tinha plenas condições de saber a qualquer momento, por estar escancarado diante de si, para só então mostrar-se zeloso guardião da moralidade. Se quisesse, o Executivo teria identificado as grossas irregularidades cometidas pela ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, e agido de acordo com a gravidade do que ela preferiu chamar, complacentemente, "erros administrativos".

O mesmo vale para a outra ponta das impropriedades - a do varejo das tapiocas, como a insignificância dos R$ 8,30 que o ministro dos Esportes, Orlando Silva, gastou indevidamente pelo manjar com o seu cartão, ou acima disso, embora não na escala da ex-ministra. É, notoriamente, o caso do servidor do Ministério das Comunicações que, em junho do ano passado, fez o contribuinte bancar os R$ 1.400 pela reforma de uma mesa de sinuca de uso na repartição. O que exaspera é o governo a reboque. Foi preciso que um repórter flagrasse o episódio no portal da CGU, passados sete meses, para o Ministério anunciar a abertura de uma investigação, ao fim da qual se adotarão as "medidas cabíveis", com a eventual demissão do sinuqueiro. É de se perguntar quantos malfeitos do gênero ainda aguardam o olhar de um jornalista para merecer a (tardia) atenção do governo da transparência. E quantos portadores de cartões corporativos estatais, na dúvida sobre se podem usá-los para cobrir uma despesa, não se guiam pelo cômodo princípio do "em dúvida, gaste". Afinal, de quem é o dinheiro?

5.2.08

OS MILITARES TÊM BOM SENSO.

www.fortalweb,com.br/grupoguararapes

Somente ignorantes da nossa história e das personalidades que a fizeram,
ou canalhas da mesma laia do ex-agente do “Serviço de Inteligência Uruguaia”, Mario Neira Barreiros, podem considerar como verdadeira a imbecilidade por ele contada e transmitida no dia 28.01.2008, pelo Jornal Nacional, TV GLOBO, de que João Goulart havia sido assassinado na Argentina, em 1976, por ordem direta do Presidente Geisel ao Delegado Fleury.
Quando bandido, condenado por muitos crimes, por falsidade ideológica
e preso em cadeia de segurança máxima, tem fé de ofício pode fechar pra balanço.

Num País sério e de homens de vergonha na cara, bandido desse tipo não dá entrevista. Comecemos pelo título. Dizemos que os militares têm bom senso porque, antes de qualquer decisão, comparam as vantagens e desvantagens da decisão a ser tomada.
Quanto a João Goulart, lembramos que, após o Movimento de 1964, contrariando Brizola que queria resistir no Rio Grande do Sul, foi do próprio Jango a decisão de deixar o Brasil declarando que não queria uma luta fratricida para manter-se no Poder.
E esta decisão de Jango facilitou a adesão do III Exército que foi o último a aderir ao Movimento de 1964.
Quanto ao Presidente Geisel, em 1974, já assumiu com as guerrilhas urbana e rural derrotadas pelo Presidente Médici, tanto que, logo de inicio, iniciou a abertura política.
Qual a vantagem de, em 1976, matar Jango, que vivia pacificamente em paises vizinhos?
Seria uma insensatez e uma burrice sem tamanho, depois de anos de luta para liquidar a Guerrilha, assassinar quem não representava qualquer ameaça, podendo colocar em risco a abertura política iniciada.

Quanto ao Presidente Geisel, lembramos que ele completou com sucesso a pacificação nacional, tanto que, logo que assumiu, o Presidente Figueiredo promoveu a Lei da Anistia, e autorizou a volta dos exilados inclusive, de Brizola, Arrais e outros políticos radicais (pois, segundo ele, “lugar de brasileiro era no Brasil”).

Agora, a maior evidencia da mentira, que julgamos que nem os próprios inimigos dos Governos Militares que conheceram o General Geisel aceitam, é aquele bandido uruguaio dizer que o Presidente Geisel deu a ordem de assassinato, pessoalmente, ao Delegado Fleury.

O General Geisel nunca deixou de manter e preservar a sua autoridade e dignidade pessoal, quer como General quer como Presidente.
E ainda, outra mentira enorme, o bandido uruguaio contar que participou de um assassinato político de um ex-Presidente do Brasil, praticado na Argentina por Argentinos.

Qualquer pessoa de bom senso sabe que isto não pode nunca ser verdade.
Para o Grupo Guararapes, trata-se de mais um caso de Corrupção na busca por Indenização.
E, apesar de muitos de nós, militares, termos combatido Jango em 1964,
no que se trata de dinheiro, sempre nos pareceu um homem honesto,
mas, o filho não parece ter seguido o exemplo do pai neste particular.
Em síntese, o filho quer Indenização e o Povo Brasileiro vai acabar pagando.
O bandido uruguaio leva uma ponta e quem sabe, é solto da cadeia por delação premiada.
Felizmente, com a graça de Deus, a Justiça Brasileira, ainda, não chegou a esse nível.
ESTAMOS VIVOS! GRUPO GUARARAPES!

E ninguém percebe...

http://www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=6335&language=pt

E ninguém percebe...
por Graça Salgueiro em 30 de janeiro de 2008
[]


Resumo: Causa estranheza o silêncio latino-americano em torno do Foro de São Paulo e do mal por atacado que tem proporcionado ao nosso continente.

© 2008 MidiaSemMascara.org

A capacidade que o presidente Lula tem de fazer afirmações de coisas pertencentes apenas ao seu imaginário ou desejo, como se fossem a mais cristalina verdade, é proporcional à vergonha que sentem os brasileiros bem informados, sobretudo quando tais afirmações extrapolam as fronteiras nacionais.

Dentre as tantas pérolas que jorram da boca de Sua Excelência a mais notável foi quando da volta de sua visita a Cuba, referindo-se ao velho ditador com quem teve um cálido e nostálgico encontro de duas horas e meia, em lugar incerto e não sabido da ilha-cárcere. Segundo Lula, “A impressão que eu tenho é que o Fidel está muito bem de saúde, que está com uma lucidez como nos melhores momentos”. (...) “Penso que Fidel está pronto para assumir o papel político que ele tem na história, no mundo globalizado, na humanidade”. Entretanto, é o próprio Fidel quem o desmente sem meias palavras: Não desfruto da capacidade física necessária para falar diretamente aos vizinhos do município onde me postularam para as eleições do próximo domingo. Faço o que posso: escrevo. (...) Hoje, que disponho de mais tempo para me informar e meditar sobre o que vejo, consigo apenas escrever”, escrito dois dias antes do encontro. Teria sido a “messiânica” visita a causadora de tão extraordinária e repentina recuperação?

No Brasil a mídia companheira de viagem fez referência à citação do presidente Lula mas não a do ditador Castro, tampouco permitiu que as imagens do encontro dos dois - televisionadas desde Cuba e retransmitidas aqui - tivessem áudio, retrocedendo à época do cinema mudo. Caso se pudesse ouvir a conversa, deixaria à mostra a decrepitude do velho ditador com sua fala escandida e sem nexo, com visível dificuldade até de articular corretamente as palavras. Estaria com isto a mídia encobrindo as falsas afirmações de Lula e preservando a imagem de Castro?

Em um excelente artigo intitulado “Fidel desmentiu Lula” escrito para o jornal “Diario Las Américas”, de Miami, o economista cubano Ernesto Betancourt faz duras e acertadas críticas às declarações de Lula, entretanto cai no conto da “autosuficiência” em produção de petróleo divulgada aos quatro cantos do mundo ano passado. Diz ele sobre a conversa dos dois comunistas: “Por certo que depois do descobrimento de imensos depósitos de petróleo nas costas do Brasil pela Petrobras, o cavalheiro Lula fez mutismo em sua propaganda do etanol”.

Ocorre que o anúncio dessa descoberta ano passado não tinha nada de novo; o governo Lula, para abafar a crise do gás que ainda continua pendente sobre nossas cabeças, reciclou uma notícia velha de mais de uma década, conforme denuncia elegantemente o ex-ministro de Minas e Energia, Alexis Stepanenko, em carta ao ex-presidente Itamar Franco de quem foi ministro. Naturalmente que nem o senhor Betancourt nem ninguém mais foi informado disto e assim segue o Sr. da Silva, contando lorotas mundo afora, na certeza de que ninguém percebe, ninguém o questiona porque todos acham muito palpitante e excêntrico um “presidente-operário”. E nós, sem saber mais aonde enfiar a cara de tanta vergonha...

E na sexta-feira 25, em discurso na cerimônia pelo Dia Internacional de Lembrança das Vítimas do Holocausto, Lula conclamou os brasileiros a deixar a violência e a intolerância de lado acrescentando: Lembranças tristes e trágicas como as do Holocausto não devem e não podem ser apagadas, como não podem ser esquecidas todas as formas de intolerância, especialmente aquelas alçadas à condição de política de Estado”

Seria uma afirmação louvável se não fosse tão cínica e não houvesse, no mínimo, uma discrepância entre este discurso e o proferido recentemente com ar de gratidão perante o maior genocida latino-americano, seu ídolo Fidel: “Lembra, Fidel, quando falamos do Foro de São Paulo e me disseste que era necessária a unidade da esquerda latino-americana para garantir nosso progresso? Pois já estamos avançando nessa direção”. Sabendo que participam como membros efetivos do Foro de São Paulo criado por estas duas humaníssimas criaturas, bandos terroristas monstruosos como as FARC e o ELN, e que todos os membros assinaram uma declaração condenando o “terrorismo de Estado” protagonizado pelo governo da Colômbia por combatê-los, fica a pergunta: qual dos dois Lulas fala a verdade? Qual a “violência” que ele condena?

Causa estranheza o silêncio latino-americano em torno desta nefasta organização – Foro de São Paulo – e do mal por atacado que ela tem proporcionado ao nosso continente. Já nem falo do Brasil porque aqui as pessoas não lêem, não se informam e há décadas estão culturalmente mortas. Mas, será que ninguém mais percebe que a convulsão política e social que está sofendo a América Latina hoje, é fruto desta organização? Observem a Bolívia, a Argentina, a Venezuela, a Nicarágua, o Equador, a Colômbia com as FARC cada dia mais afoitas, e perguntem se seus presidentes – exceto Uribe, claro! - não pertencem a esta organização comuno-terrorista? Toda a compreensão destes fatos passa obrigatoriamente pelo Foro de São Paulo que é a raiz, o centro de toda a estratégia de comunização do nosso continente mas, enquanto as pessoas não se derem conta disso, vão continuar combatendo os efeitos periféricos que são a corrupção, a violência, a miséria, ao mesmo tempo em que o comunismo se fortalece e expande pelos canais subterrâneos. Com as bênçãos de Fidel Castro e Lula da Silva; não esqueçam disso!

4.2.08

Segurança da filha de Lula gastou R$ 55 mil em cartão

Gabinete de Segurança Institucional da Presidência promete explicar compras após o Carnaval; servidor diz não haver irregularidade

Usando um cartão de crédito corporativo do governo federal, um segurança pessoal de Lurian Cordeiro Lula da Silva, filha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, gastou, em Florianópolis, onde ela mora, quase R$ 55 mil nos últimos nove meses em lojas de autopeças, materiais de construção e de ferragens, supermercados, livrarias, combustível e em uma casa de venda de munição.
Os gastos foram feitos entre abril e dezembro de 2007 no cartão da Secretaria de Administração do Planalto cedido a "João Roberto F Jr" -identificado pelo CPF como João Roberto Fernandes Júnior.
Segundo o ministro Jorge Félix, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), as despesas do funcionário são de natureza sigilosa e não deveriam ter sido publicadas no site Portal da Transparência, da Controladoria Geral da União (CGU). "No meu nome, eu tenho certeza de que não vão aparecer irregularidades. Vão aparecer gastos que estão comprovados no Tribunal de Contas e eu não tenho o que dizer nesse sentido", disse Fernandes à Folha.
A grande parte dos gastos foi feita em lojas de peças para veículos e de construção, especialmente a Comércio de Autopeças Badu Ltda., onde foram pagos R$ 16,3 mil no total. O GSI afirmou que a justificativa de cada despesa será explicada a partir de quarta-feira, depois do feriado de Carnaval.
Segundo Félix, os gastos com peças podem se referir à manutenção da frota de carros e as despesas com materiais de construção, à instalação de sistema de segurança -há no portal gastos específicos em pelo menos duas empresas de sistemas de alarme e segurança, a Khronos e a Alarm System Distribuição e Treinamento. "Não deveria ter sido publicado, mas foi. É um problema administrativo", disse Félix. Os cartões estão listados na Secretaria de Administração por ser esse o órgão que aprova os gastos, afirmou o ministro.

Florianópolis
Houve um aumento expressivo nos gastos do pessoal de segurança de Lurian em Florianópolis. Antes de Fernandes, as despesas na capital catarinense eram listadas no cartão do servidor Jadir José Duarte. De fevereiro de 2006 a maio de 2007, ele gastou R$ 37,6 mil.
Após a troca de um pelo outro, a média mensal saltou de R$ 2.296 para R$ 6.097. Jadir não foi localizado pela Folha. "Eles fazem tudo. Quem trabalha lá faz tudo. Mas, além da segurança, tem um encarregado da parte administrativa, exatamente para ter centralização e controle", disse Félix. Fernandes se recusou a detalhar a natureza de seu trabalho.
Disse apenas que é "ecônomo" (funcionário que cuida de gastos) do escritório da Presidência em Florianópolis, mas se recusou a fornecer telefone da representação ou explicar onde gastou o dinheiro. A Secretaria de Imprensa do Planalto informou que não irá se manifestar sobre "temas relacionados à segurança do presidente ou seus familiares".
O uso do cartão, porém, segundo a CGU, deveria estar restrito principalmente a emergências e despesas de viagem (acomodação e refeições). Seu uso para outras finalidades pode ser irregular, já que seria necessário realizar processo licitatório para alguns gastos.
O uso irregular já derrubou Matilde Ribeiro, ex-ministra da Igualdade Racial. Ela realizou gastos de natureza pessoal, como compras em um free shop durante suas férias. O ministro Orlando Silva (Esportes) também anunciou que devolverá cerca de R$ 30 mil por gastos indevidos em seu cartão.

Padrão
As despesas dos cartões em Florianópolis seguem uma espécie de padrão, com poucos saques em dinheiro -esse tipo de gasto, impossível de ser identificado, responde por 75% dos R$ 75 milhões usados com cartões corporativos em 2007.
As mesmas lojas são usadas repetidas vezes, de forma preferencial, caso da Philippi Automóveis e Autopeças Badu. Nesta, a funcionária em serviço no sábado disse que não poderia dar informações sobre faturas emitidas para o governo.
Há gastos em supermercado, como na A Angeloni. E compras também são feitas regularmente na livraria e papelaria A Exata. Há ainda despesas expressivas em lojas de material de construção, como as ferragens Milium e Ferromil e a Compensandos Fernandes -que não teria ligação com o usuário do cartão, segundo uma funcionária contatada por telefone. Na Ferromil, foram gastos R$ 2.300 em apenas um dia -em 22 de agosto de 2007.
A lista também contém uma compra em uma loja de armas e munição, cujo nome fantasia é Sports Mens Ltda.
Folha

1.2.08

Brasil
A farra do cartão de crédito

Os cartões de crédito oficiais são usados
até para abastecer a despensa dos palácios


Fábio Portela

VEJA TAMBÉM
Nesta reportagem
Quadro: Eles assinam. Nós pagamos

Há sete anos, o governo começou a distribuir cartões de crédito corporativos a seus funcionários de mais alto escalão. Eles deveriam ser usados por ministros e seus assessores principalmente em viagens para pagar despesas imprevistas decorrentes do exercício do cargo. Também serviriam para que as repartições públicas tivessem mais flexibilidade para fazer compras que não precisam de licitação. A intenção era a melhor possível, mas o resultado foi desastroso. Os cartões corporativos foram convertidos na mais nova mamata da República. Há duas semanas, soube-se que alguns ministros usavam os cartões para pagar restaurantes chiques, botequins, docinhos e até artigos no free shop. Depois que a farra veio à tona, o Palácio do Planalto adotou um discurso moralizador e mandou investigar os ministros perdulários. Agora, descobre-se que até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva paga as contas de casa com esse instrumento. Três funcionários do Planalto fazem compras para o presidente com os cartões pagos pelo governo. Dois são comedidos. Juntos, gastaram 90 000 reais no ano passado. O terceiro, José Henrique de Souza, tem menos controle. Sozinho, torrou 115 000 reais em 2007 em supermercados, açougues e lojas de bebida, entre outros.

José Henrique de Souza aparece no organograma do governo como assessor especial de atendimento ao gabinete pessoal do presidente da República. Apesar do título pomposo, não dá expediente no Planalto. Seria mais próprio dizer que ele é o despenseiro oficial da República. Sua tarefa é abastecer as cozinhas e as adegas do Alvorada e da Granja do Torto, as residências oficiais de Lula. No ano passado, ele gastou 55.400 reais nos supermercados Pão de Açúcar. Pagou outros 23.800 reais à casa de carnes Reisman, um açougue brasiliense conhecido por vender os melhores cortes de carne para churrasco da capital federal. Entre as especialidades do Reisman estão as carnes argentinas, do gado tipo Red Angus, mais macio e tenro que o nacional. Lá, o quilo da picanha argentina custa cerca de 48 reais. O Reisman também se orgulha de ter à disposição de seus clientes um dos pratos prediletos do presidente: carne de coelho. Custa 26 reais o quilo. Muitos brasilienses consideram que o Mercadinho La Palma vende os vegetais mais frescos da cidade – e também aqueles que são mais caros e difíceis de encontrar. Lá, Souza deixou 14 800 reais. Em padarias, foram 1 200 reais. O despenseiro ainda forniu as adegas presidenciais. Gastou 2 400 reais na Wine Company. Souza cuida bem da mesa do chefe, mas, se for essa a única ou mesmo a principal fonte de abastecimento da cozinha presidencial, não se pode afirmar que os gastos sejam exagerados. O que é estranho é o modo de pagamento, à vista, com cartão. O mais adequado é que os fornecedores da Presidência sejam escolhidos por licitação pelo critério da qualidade e do menor preço.


Celso Junior/AE
Dilma Rousseff: ela chegou atrasada para impedir a folia paga com dinheiro público

Situação bem mais delicada é a da ministra para a Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro. Ela fez uma farra tão grande com o cartão corporativo que o Planalto cogita demiti-la. Matilde está no governo desde 2003, mas passou incólume pelas páginas dos jornais. Só apareceu porque gastou 171 500 reais no cartão corporativo. Mandou o cartão em hotéis cinco-estrelas, redutos da boemia carioca e paulistana e bares de todo o país. O caso mais inexplicável foi uma compra de 460 reais em um free shop. Ao ter sua estripulia descoberta por VEJA, Matilde disse ter cometido um equívoco e afirmou que já tinha devolvido o valor à União. Mas, até hoje, ninguém viu o recibo. Apesar desse ser o excesso mais evidente, Matilde incorreu em outras estranhezas e pode até perder o cargo. Na fatura de seu cartão, constam 126 000 reais em aluguel de carros. Desse total, 116 000 foram pagos a uma única empresa: a Localiza. A ministra justificou a despesa alegando que usava sempre um carro com motorista em suas viagens e que gostava do serviço da Localiza. Auditores do governo entendem que, se queria ter sempre um veículo alugado à disposição, deveria ter feito uma licitação. Ao dar preferência à Localiza, Matilde feriu a Lei das Licitações. Ela deixou a impressão de que fracionou os pagamentos justamente para se livrar da obrigatoriedade de fazer a licitação.

Como Matilde, outros ministros caíram na folia. Segundo colocado na lista dos que mais esbanjaram no cartão oficial, Altemir Gregolin, da Pesca, se esbaldou durante o Carnaval de 2007. Passou o feriado no Rio de Janeiro, pagou três diárias em hotéis, comeu na cara churrascaria Porcão, a preferida das celebridades, e deu uma esticada no Hera Bar. Flagrado, Gregolin saiu-se com uma explicação mais comprida do que um samba-enredo. Diz que precisou ir até o Rio para se encontrar com o ministro da Pesca da Noruega, Szen Ulriksen. Seu colega europeu estava na cidade para acompanhar o desfile da Imperatriz Leopoldinense, que tinha como tema o bacalhau. Como ninguém nunca viu esse peixe nas águas territoriais brasileiras, é de supor que Gregolin foi ao Rio simplesmente por cortesia. Ele vai precisar melhorar o rebolado para justificar os 22 000 reais do Erário que torrou em 2007.

Medalha de bronze entre os perdulários, o ministro dos Esportes, Orlando Silva, também pode ser investigado por cobrir despesas indevidas com o dinheiro público. Arcou com almoços e jantares de seus convidados durante o ano todo. De uma só tacada, deixou mais de 460 reais no Bela Sintra, elegante restaurante português de São Paulo. Pela sua fatura, descobre-se que ele não restringe suas despesas a ambientes requintados. No dia 9 de maio, em Brasília, onde mora, o ministro decidiu fazer uma boquinha e utilizou o cartão corporativo na Tapiocaria Maria Bonita. Valor da conta: 8 reais. Essa confusão já se tornou um clássico do governo do PT. Os políticos nunca sabem onde termina o homem público e onde começa o cidadão particular. Pagar 8 reais por uma tapioca com dinheiro público não chega a ser uma mordomia, mas o fato revela claramente a disseminação do hábito de certas autoridades de usar os recursos do estado como se fossem os seus próprios.

Um sinal de que a situação pode ter fugido do controle é o número de cartões corporativos existente. O Palácio do Planalto levou duas semanas para fazer esse cálculo, a pedido de VEJA. Chegou à conclusão de que há 11 510 cartões nos bolsos de autoridades. É muito? É pouco? Difícil saber, mas o fato é que esse número mais que triplicou desde 2004. A evolução das despesas deu-se no mesmo ritmo. Antes, os cartões só eram utilizados por ministros, secretários e pelos responsáveis pelas finanças das repartições públicas. Hoje, seu uso está disseminado entre todas as categorias – de policiais federais a antropólogos da Funai. O campeão do crédito fácil é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O instituto entregou 1.746 cartões a seus servidores. Só em sua unidade paulista, 260 servidores desfrutam esse benefício. Surge aqui outra indagação. Qual é o critério para a distribuição de cartões? Nenhum. Não existe critério que estabeleça quais funcionários podem ter nas mãos um desses cartões. Pela legislação atual, os portadores de cartões são escolhidos segundo a "necessidade de cada repartição". Isso significa que, na prática, cada secretaria, ministério ou fundação decide quem serão os felizardos agraciados com um pedacinho do Tesouro para gastar.

Como se viu acima, o número de cartões triplicou e o critério para sua distribuição é vago. Então é de esperar que haja um teto, um limite para os gastos. É quase inacreditável, mas o governo também não sabe responder a essa questão. Quando a farra dos cartões começou a vir a público, o governo divulgou que os cartões tinham limite mensal de 8 000 reais. Quem tratou de desmentir essa versão foi a própria perdulária Matilde, que, no ano passado, torrou, em média, 14 300 reais por mês. A verdade é única e espantosa: não há limites. Cada repartição, além de definir quem terá direito aos cartões, também fixa o limite que cada um poderá gastar. O governo nunca se preocupou em impor algum tipo de controle. Os esforços foram feitos no sentido oposto, o de aumentar a liberalidade. Nos últimos meses, o Planalto e o Ministério do Planejamento estimularam a emissão de novos cartões. A alegação é a de que o uso de cartões de crédito aumenta a transparência dos gastos, pois a fatura é de fácil consulta e pode ser publicada na internet. Na teoria é lindo. Na prática não funciona bem assim. No ano passado, foram pagos 78 milhões de reais em despesas feitas com cartões funcionais. Só é possível verificar, no entanto, o destino de 25% delas. Foi só nessa fatia de gastos verificáveis que se identificaram as farras cometidas por Matilde, Gregolin, Orlando Silva e os outros. A maior parte – 58 milhões de reais – foi sacada em dinheiro vivo em caixas eletrônicos. Quem controla os outros três quartos, os 75% dos gastos que são feitos sem que deles se tenha de prestar contas ao público? Aparentemente, ninguém.

Depois que a farra com os cartões corporativos foi descoberta, o Tribunal de Contas da União decidiu fazer um mutirão para analisar todas as faturas dos cartões oficiais. O tribunal pretende processar quem não apresentar nota fiscal ou recibo de cada uma das despesas efetuadas com o cartão. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, também decidiu agir. Determinou à Controladoria-Geral da União que inicie imediatamente uma auditoria sobre a gastança de Matilde e seu colega Gregolin. A ministra está colocando cadeado em um cofre que já foi arrombado, mas, se o controle funcionar daqui para a frente, será um avanço.

Com reportagem de Naiara Magalhães