28.2.06

A farsa do Banco Popular

Com inadimplência alta e prejuízos, instituição criada para dar crédito a pobres é alvo de disputa no governo
BB negocia com Palocci incorporação do Banco Popular


Na contramão da safra de notícias positivas e dos pacotes de bondades para estimular setores específicos e acumular dividendos políticos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá que decidir nas próximas semanas o futuro do Banco Popular do Brasil. Voltado para conceder empréstimos para pessoas de baixa renda que nunca tiveram uma conta bancária, a instituição criada em 2004 é o novo alvo de disputa política dentro do governo.
Com um índice elevado de inadimplência -que chegou a 30% dos empréstimos concedidos e hoje está em 20%- e sucessivos prejuízos, o banco já consumiu 76% dos R$ 116 milhões aportados pelo Banco do Brasil para que a sua subsidiária popular entrasse em funcionamento. Em 2004, o banco fechou com um saldo negativo de R$ 25 milhões. No ano passado, o rombo foi ainda maior: R$ 62 milhões. Com isso, o patrimônio da instituição atual é de apenas R$ 28 milhões.
A continuar nesse ritmo de prejuízos, o governo terá que colocar mais dinheiro no banco em breve. Diante dessa possibilidade, a cúpula do BB negocia com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, a incorporação no Banco Popular pelo seu controlador. A proposta já está pronta e terá que ser aprovada pelo Conselho de Administração. Antes, porém, precisa do aval do presidente.
Essa idéia, no entanto, faz muitos petistas dentro do governo torcerem o nariz. Eles argumentam que isso seria um atestado de fracasso do programa de microcrédito, bandeira de Lula e principal instrumento para mesclar os lucros recordes do setor financeiro com um projeto de inclusão social.
Com isso, prometem "fazer a cabeça do presidente" para impedir que essa proposta avance. O ministro Palocci já previa resistências mas tem dado apoio à direção do BB para tomar medidas que evitem a geração de rombos ainda maiores.
No final do ano passado, houve um enxugamento da estrutura do Banco Popular. Uma diretoria e as seis gerências executivas foram extintas e o comando da instituição ficou resumido a uma presidência e duas diretorias, proporcionando uma redução de custo de 20%.
A medida foi uma espécie de preparação para reestruturação maior. Por isso, desde a saída do petista Geraldo Magela da presidência do Banco Popular, em setembro de 2005, o banco trabalha com um presidente interino.
A proposta em estudo, que deverá ser levada ao presidente Lula por Palocci e pelo presidente do BB, Rossano Maranhão, nas próximas semanas, é incorporar o Banco Popular ao BB, transformando parte da equipe atual da instituição num departamento do Banco do Brasil.
A equipe econômica espera convencer o presidente de que "tecnicamente" essa é a melhor medida. Eles vão garantir que o Banco Popular não deixará de existir e não haverá prejuízo ao programa de microcrédito. O banco manterá a contabilidade separada. Apenas haverá uma "racionalização, com o BB assumindo áreas comuns", como por exemplo a de análise de risco de crédito.
Outro argumento será o de que a maior parte dos empréstimos dentro do programa de microcrédito foi concedida pelo BB e não pelo Banco Popular. Do saldo de cerca de R$ 460 milhões em operações no final do ano passado, apenas R$ 79 milhões foram feitas pela subsidiária popular. O restante refere-se a crédito concedido pelo BB.
Com base nesses números, os defensores da reestruturação no Banco Popular irão argumentar que a integração com o BB proporcionará melhor atendimento aos 1,5 milhão de clientes e ampliação dos serviços oferecidos de uma forma mais saudável, já que haverá um controle "mais de perto" das operações realizadas.
Também está em estudo uma alteração no foco de atuação do Banco Popular que passaria a priorizar mais o microcrédito produtivo ao invés de apenas atender pessoas do setor informal que estavam fora do sistema bancário. Na avaliação dos defensores dessa tese, se insistir na forma de atuação atual, o banco não conseguirá se sustentar.
Folha

PT promove filiação em massa de sem-terra

Com métodos de antigos coronéis da política, o PT conseguiu aumentar em quase 25 mil o número de filiados no ano passado. O partido do presidente da República e de três governadores, mesmo com as denúncias diárias de envolvimento em corrupção, teve um aumento de 4,76% no número de filiados, segundo a secretaria de organização do partido. O primeiro método de sedução é a filiação em massa de miseráveis e desinformados. O segundo é o poder das nomeações e a decisão de como gastar o Orçamento. “O governo fez um investimento maciço no campo, nos assentamentos e entre os pequenos produtores rurais através do Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar)”, explica o deputado Walter Pinheiro (BA), ex-líder da bancada na Câmara. “Com isto, muita gente se aproxima das instâncias partidárias e termina entrando no partido”, acrescenta.

A sinceridade de Pinheiro – um deputado que só não se transferiu para o PSOL porque o partido fundado pela senadora ex-petista Heloísa Helena (AL) não tem viabilidade eleitoral – complementa a explicação: “Governo é sempre governo. Máquina é máquina. Atrai como um ímã”. Ele tem razão. Os petistas de carteirinha eram 840 mil em janeiro de 2005 e passavam de 864 mil no mês passado, segundo dados divulgados pela secretaria de organização do partido. Na média nacional, para cada mil eleitores, sete são filiados ao PT.

A expansão do PT chama a atenção pelos números e pelo perfil. Com as novas filiações, o partido avança nos grotões, termo cunhado pelo ex-governador de Minas Gerais Tancredo Neves para definir as áreas do país com pouca presença do Estado. A estratégia dos petistas é chegar junto com o governo para atrair novos filiados. O crescimento mais significativo ocorreu no Ceará, onde em 2004 o partido ganhou a prefeitura de Fortaleza. No ano passado, foram quase 19% a mais de associados. A prefeita Luiziane Lins elegeu-se contra a vontade da cúpula da sigla, que apoiou candidato de outro partido, Inácio Arruda (PCdoB).

O PT engordou no Ceará, mesmo depois que a Polícia Federal prendeu no aeroporto de São Paulo José Adalberto, o assessor do deputado estadual José Nobre Guimarães, irmão do então presidente do partido José Genoino, com R$ 200 mil em malas e um pacote de dólares escondido na cueca.

Rondônia, Bahia e Rio Grande do Norte também foram Estados onde o PT teve crescimento significativo, segundo levantamento da secretaria de organização. As denúncias de que o PT está envolvido em corrupção não impediram que 30% das novas filiações ocorressem depois de agosto do ano passado, após as acusações do ex-deputado Roberto Jefferson de que o PT e o empresário Marcos Valédio teriam criado uma rede de corrupção para arrecadar dinheiro para o partido e para a compra de apoio no Congresso.

Cargos

Ter conseguido eleger mais prefeitos também ajudou o PT a aumentar o número de militantes oficiais. “A prefeitura tem relação direta e as pessoas terminam se filiando ao partido”, explica Walter Pinheiro. Ele critica essa política e admite que o partido incorporou vícios de siglas tradicionais e perdeu características importantes. “O PT trocou o funcionamento de núcleos de debates por ocupação de cargos. Isso é ruim”, lamenta.

Pinheiro revela que no começo do mandato de Lula houve filiação em massa. “Esses casos apareceram no início do governo e eu alertei para os riscos. Eu não faço filiações”, garante. Pelas contas do deputado, cerca de 20 milhões de eleitores de esquerda votaram em Lula e é nesse celeiro onde ele vê potenciais militantes.

O crescimento do número de filiados a um partido político tem várias explicações e motivações, avalia o cientista político Luiz Werneck, do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (IUPERJ). “Os partidos têm redes que não são de opinião. São relações de amizade, de coleguismo, de identidade de classe e até de afeto que transcendem o mundo da política”, analisa. Mesmo com mais petistas de carteirinha (hoje, um cartão magnético), Werneck aposta que o partido terá menos votos nas eleições de outubro, mesmo com a vitória do presidente Lula. “O Lula pode até ganhar, mas o PT vai diminuir”, prevê Werneck, que não acredita muito nos números do PT. Na disputa pelos militantes em todo o país, o maior adversário do PT é o PMDB, partido com 2 milhões de filiados, segundo as informações da cúpula peemedebista. O PFL e o PSDB não divulgam dados sobre filiações.

Nos Estados

A saída de dois senadores e seis deputados federais do PT para outros partidos nos últimos dois anos não reduziu o que a direção petista chama de “base”. No Distrito Federal, por exemplo, onde o senador Cristovam Buarque transferiu-se para o PDT e a deputada Maninha radicalizou no PSOL, não houve mais que 42 desfiliações este ano. Desde as eleições internas do partido, em outubro, 400 novas inscrições foram feitas. Metade somente no dia 18 de dezembro, posse do deputado distrital Chico Vigilante na presidência do PT-DF. O exército vermelho petista tem hoje pouco mais de 26 mil militantes.

O PT perdeu filiados em São Paulo, onde o partido amargou quase 2 mil e 400 desligamentos. No Estado, a sigla perdeu deputados federais e um bom grupo de militantes. No Rio Grande do Sul da deputada Luciana Genro, expulsa do PT e hoje no PSOL, a baixa foi de quase 1,5 mil militantes. Em Alagoas, terra da senadora Heloísa Helena, somente 78 pessoas deixaram a sigla este ano. No Pará, a transferência do deputado Babá para o PSOL e depois para o Rio de Janeiro não tirou nenhum petista da sigla.
Correio Brasiliense

27.2.06

Dilma diz que oposição tem "visão elitista" da população

Chefe da Casa Civil refuta que medidas recém-adotadas pelo governo tenham objetivos eleitorais

Chefe da Casa Civil, responsável pelo gerenciamento do governo Lula, a ministra Dilma Rousseff disse à Folha que a oposição tem uma "visão elitista" da população brasileira ao comentar o resultado das últimas pesquisas que indicam recuperação da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na opinião dela, tucanos e pefelistas subestimaram a reação do eleitorado às medidas que o governo Lula vem tomando e à atitude do presidente diante da crise do "mensalão". "Há uma visão elitista de quem supõe que temos um conjunto de habitantes pobres que não entende o que está sendo falado."
Dilma rebate ainda as críticas da oposição às últimas medidas do governo, como o aumento do salário mínimo para R$ 350 e o lançamento do pacote habitacional. "Não são eleitoreiras."
Substituta do ministro José Dirceu, que teve seu mandato de deputado cassado pelo Congresso, Dilma afirma que até agora "não houve prova" do "mensalão" e que o PT deve reconhecer os erros que cometeu, mas não pode reduzir a eleição a "uma via-crúcis", "uma autoflagelação".
Crítica da política de superávits elevados, que reduzem os investimentos do governo, a ministra diz que um segundo governo petista deve manter a estabilidade, mas priorizar o desenvolvimento. Dilma recebeu a Folha na quarta-feira passada, antes da divulgação do resultado do PIB de 2005.

Folha - Neste início de ano, o governo Lula lançou uma série de medidas, como aumento do salário mínimo para R$ 350 e pacote habitacional, tachadas de eleitoreiras pela oposição. O governo resolveu adotar medidas para reeleger o presidente?
Dilma Rousseff - Olha, uma vez você me perguntou, no ano passado, por que o governo estava parado. E eu disse que nunca esteve parado. É isso. Não são medidas eleitoreiras. O que é uma iniciativa eleitoreira? É aquela de curto prazo, inconseqüente, que não foi planejada. Essas não são. O governo planejou o Bolsa-Família, uma política de recuperação do salário mínimo, o pacote habitacional, a ampliação da farmácia popular.

Folha - Mas o ritmo das medidas não acelerou? O governo não está gastando mais neste ano, de eleição, do que em outros?
Dilma - Quando assumimos o governo, estávamos diante de uma crise fiscal e cambial. Nós fomos recuperando as margens de manobra, aumentando a nossa capacidade de investimento. Foi isso que aconteceu.

Folha - Mas algumas medidas não têm esse caráter eleitoral, sendo lançadas apenas agora? A oposição vai insistir nas críticas ao governo.
Dilma - Eu te diria o seguinte: eu não sei se vão. Sabe por quê? A população brasileira tem acesso à comunicação, TV, rádio, internet, as pessoas escutam, falam e chegam a conclusões. Vai chegar uma hora em que reverterá contra a oposição essa crítica de tentar tachar uma porção de coisas fundamentais para o país com o crivo de eleitoreiro. Afinal, foi eleitoreiro pagar o Fundo Monetário Internacional e aumentar o grau de liberdade do país de gestão de sua questão externa? Foi eleitoreiro diminuir o Imposto de Renda dos investidores estrangeiros que aplicam em títulos para alongar o perfil da dívida e diminuir a taxa de juros?

Folha - As pesquisas divulgadas nos últimos dias, mostrando recuperação do presidente, podem estar sinalizando isso ou trata-se apenas do que a oposição vem repetindo, de que seria reflexo da superexposição do presidente?
Dilma - Eu acho que há uma visão um tanto quanto elitista de quem supõe que nós temos um conjunto indiferenciado de habitantes brasileiros pobres que não entende o que está sendo falado. Aliás, essa foi a versão do período de ditadura militar -"o povo vota mal, não entende o que acontece". Acho que é um rescaldo disso, de uma certa visão bastante elitista a respeito da população brasileira. Tem hora em que até ela pode cometer erros, como qualquer um de nós comete, sejam os mais intelectualizados.
A gente tem de perceber que atualmente é muito complicado ter aquela versão de que a opinião pública é algo inerme sendo formado por um agente ativo externo a ela. Acho que a gente tem de repensar o que é a opinião pública em um universo de comunicação de massa.

Folha - A sra. acha que a oposição subestimou isso?
Dilma - Acho que ela subestima isso. Tem uma visão elitista do povo brasileiro. O povo só acredita naquilo que tiver fundamento. Você não engana o povo -estou falando dessa grande multidão de brasileiros que ganha até dez salários mínimos. Não acho que eles são manipuláveis, no sentido de que é possível passar para esse povo uma versão do que não estiver acontecendo.
Veja, você acha que tentar colocar energia elétrica em toda a zona rural brasileira é uma questão populista de manipulação? Não. Quem recebe a luz elétrica sabe perfeitamente que ela vai melhorar sua vida numa pequena propriedade lá no interiorzão do Brasil. Quem chegar lá e disser "olha, isso aí está sendo feito para te manipular" vai bater de frente com a realidade.

Folha - Na campanha, a oposição vai explorar também a questão ética para atacar o PT. Como o partido vai enfrentar esse debate?
Dilma - Nós achamos que os erros que forem feitos têm de ser assumidos como erros. O que a população tem condição de discernir é que esse governo, ao ser confrontado com processos incorretos, com suspeitas, teve uma atitude no sentido de tentar impedir que isso continuasse. Nós jamais fomos coniventes quando tivemos conhecimento. E eu acho que isso a população percebeu.

Folha - Agora, na reta final das investigações do "mensalão", a sra. poderia dizer com convicção que não houve desvio de dinheiro público?
Dilma - O que eu posso falar, e falo com convicção, é que não houve prova. Nós, como toda a população brasileira, os deputados, estamos querendo que se prove. Acho que a conclusão das CPIs vai permitir definir qual é o nível de prova que existe no Brasil quanto a certos processos. Em todos os processos nos quais houve denúncia contra o governo, a Polícia Federal foi envolvida, o próprio governo tomou providência. Até hoje, até onde nós enxergamos, nós não constatamos a existência de "mensalão". Aguardamos os resultados da CPI e as provas que ela vai gerar.

Folha - Voltando à questão da campanha, a sra. defende que o PT reconheça publicamente, em seus programas eleitorais, que errou?
Dilma - O PT já está se posicionando em vários momentos a esse respeito. Acho que deve reconhecer todos os erros durante a campanha eleitoral, sempre que solicitado. Agora, você não pode reduzir a campanha eleitoral do PT a simplesmente uma via-crúcis, não é isso. Não é uma autoflagelação do partido. É algo muito mais construtivo no sentido de se comprometer com práticas que sejam preventivas e não pura e simplesmente se chicotear por equívocos. O PT tem de pensar a questão da ética não só numa dimensão exclusiva do que foi de falha, mas muito mais numa visão de como não deixar repetir, de aperfeiçoamento do país.

Folha - Como o governo deve se apresentar durante a campanha eleitoral deste ano? A oposição pretende atacar o PT pelo lado da ética?
Dilma - A nossa linha, eu estou falando no plano do PT, é muito mais no sentido de apresentar os resultados dos nossos quatro anos de governo. Eu acredito que a linha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deveria ser apresentar os resultados dos oito anos de governo, que parece que a população não o avalia muito bem. Eu estou falando pelos resultados das pesquisas, não tem nenhuma avaliação subjetiva da minha parte.
Agora, nós vamos ter o firme compromisso de fundamentalmente governar o país até o último dia de governo. Nós não vamos parar, não paramos em situações muito adversas, não vamos parar durante a eleição, nós vamos governar até o final e achamos que a melhor propaganda, ou seja, a melhor propaganda do PT é a gente entregar as obras e as realizações do governo.

Folha - Durante a eleição, o presidente deverá ser muito questionado sobre se sabia ou não do esquema de caixa dois do PT...
Dilma - O presidente já esclareceu em várias entrevistas coletivas qual é a posição dele a respeito disso. Ele de fato não sabia, e, quando soube, tomou todas as providências cabíveis. Sobre o que ele soube, sobre o que o governo soube, sobre tudo que provaram para nós, nós tomamos todas as providências cabíveis. Nós usamos de todos os mecanismos, nós abrimos todos os inquéritos possíveis, nós investigamos, inclusive em alguns casos até nos antecipamos nas investigações. O que o presidente demonstra de forma pública é o absoluto compromisso com a apuração, doa a quem doer. Isso eu acho que a população reconhece.
Agora, se alguém quer se utilizar desse fato... Olha, esse negócio de não saber começa lá no FonteCindam [quando o Banco Central, no governo FHC, foi acusado de ajudar bancos em dificuldades]. Lá alegaram que não sabiam também. Então, eles têm o benefício da dúvida.

Folha - O que deve mudar no programa de um eventual segundo mandato do governo Lula?
Dilma - O presidente, como você sabe, ainda não tomou uma decisão a respeito da sua candidatura. Eu, obviamente, acho que, se ele decidir ser candidato, o povo dará a ele o direito de um segundo mandato. Mas o presidente, como você sabe, e ele insiste nisso sistematicamente, só irá decidir em junho.

Folha - Na hipótese de ele decidir...
Dilma - Eu não faço hipótese sobre questões que envolvam o presidente da República. O que eu posso falar é que um segundo governo do PT tem de manter a estabilidade econômica, obtida com muito sacrifício, mas terá necessariamente de priorizar o desenvolvimento, fazer o país crescer, gerar empregos, distribuir renda. Essa é a prioridade.
Folha

Lula veta traje de gala em jantar com a rainha

Em sua primeira viagem oficial a Londres, presidente se nega a usar "white tie" para banquete no Palácio de Buckingham

Convidado pela rainha Elizabeth 2ª para sua primeira visita oficial ao Reino Unido, de 7 a 9 de março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como ocorre com os principais chefes de Estado estrangeiros, será recebido num banquete de gala no palácio de Buckingham. Mas, contrariando o protocolo, se negou a vestir o "white tie", o formalíssimo traje recomendado pela realeza nessas ocasiões -fraque ou casaca, no caso dos homens, ornamentados com medalhas e condecorações.
A delegação brasileira foi liberada para vestir terno e gravata na recepção, para 150 convidados.
O traje é apenas um dos muitos pormenores que têm dado trabalho às diplomacias brasileira e britânica para finalizar o programa da viagem, que até agora, a poucos dias da chegada de Lula, ainda não foi divulgado. O Itamaraty promete fazê-lo nesta semana.
O Palácio do Planalto cortou atividades programadas originalmente, como a ida de Lula à Universidade de Oxford, onde funciona o movimentado Centro de Estudos Brasileiros. Coincidência ou não, o ambiente é muito associado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso -foi durante sua visita oficial ao país, em 1997, que o centro foi inaugurado, e ele já discursou lá em pelo menos duas ocasiões nos últimos anos, uma delas no mês passado.
O governo britânico, ávido por se distanciar da imagem antiga e conservadora imposta a essas recepções pela monarquia, queria que Lula visitasse um centro de nanotecnologia. O Planalto a princípio disse que não, e essa era até há pouco uma das questões em aberto da agenda.
É certo que a comitiva terá uma reunião bilateral com os representantes do governo Tony Blair. Além de uma conversa reservada com o primeiro-ministro, o presidente deve dar (e receber) atenção especial ao ministro das Finanças, Gordon Brown, provável sucessor de Blair e que já divide parte do poder central com o premiê.
No Parlamento, Lula deve se encontrar com o líder da oposição, o conservador David Cameron.
Logo após chegarem à cidade, Lula e a primeira-dama, Marisa Letícia, desfilarão de carruagem pelo "Mall", a avenida que leva ao palácio de Buckingham, onde ficarão hospedados. O caminho já está decorado com bandeiras do Brasil e do Reino Unido.

Tropicália
Outras certezas para o petista em seus três dias em Londres: o jantar no Guildhall, sede corporativa da área administrativa da City (coração financeiro da capital), a participação num seminário de negócios com empresários dos dois países, uma visita a uma exposição sobre a Tropicália no centro cultural Barbican e um almoço na residência oficial do embaixador José Maurício Bustani.
Pode ser que o presidente vá ao local onde será construída a Vila Olímpica dos Jogos de 2012, uma área que passa por um bem-sucedido projeto de revitalização na zona leste de Londres.
A última visita de um chefe de Estado brasileiro ao Reino Unido foi justamente a de FHC em 1997. Na época, ele e sua delegação vestiram "white tie" para o jantar de gala com a rainha. Depois disso, o príncipe Charles, primeiro na linha de sucessão ao trono, visitou o Brasil em março de 2002.
Folha

26.2.06

Bolsa-Família é principal razão para subida de Lula

Apoio ao presidente cresce acima da média entre beneficiados pelo programa social

O Bolsa-Família é o principal fator da recuperação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de intenção de voto para presidente. Vêm das famílias dos eleitores beneficiadas por este programa social a maior parte dos votos que levaram o presidente da República de volta à liderança da série de pesquisas Datafolha.
Lula seria batido hoje no primeiro e no segundo turno pelo prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), entre os eleitores que não são beneficiados nem conhecem favorecidos pelo Bolsa-Família.
Da pesquisa de outubro de 2005 à realizada nos dias 20 e 21 de fevereiro deste ano, Lula subiu de 30% para 39% das intenções de voto, no cenário mais disputado, em que concorrem Serra e Anthony Garotinho (PMDB).
Entre o eleitor beneficiado por programas sociais (ou que tem parentes beneficiados), a votação de Lula subiu de 37% para 48%. Na média da população, o presidente bate Serra por oito pontos percentuais; entre os eleitores envolvidos com o Bolsa-Família, vence por 21 pontos.

O social bate a corrupção
Novos números do Datafolha mostram ainda que os programas sociais são a principal causa de satisfação do eleitor que aprova o governo Lula. Entre os entrevistados que têm como ótima a gestão federal, 43% apontam tais programas como motivo de aprovação.
Quase metade desses eleitores elogia Lula pela criação de programas que, embora amplificados no governo petista, foram iniciados nos governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
A segunda causa de aprovação mais comum foi de ordem econômica, 24%, sendo que a maior parte das referências positivas na economia (75% delas) dizia respeito ao controle da inflação e dos preços dos alimentos.
Quanto menor a renda familiar do eleitor, mais importância se dá a programas sociais, motivo de aprovação do governo Lula para 45% do eleitorado de famílias com renda até R$ 1.500 e para 33% daqueles de famílias com renda maior que R$ 3 mil. A ordem das razões se inverte no caso da economia, causa de satisfação para 41% dos eleitores de maior renda e de 21% dos mais pobres.
No universo de entrevistados pelo Datafolha, 86% dos eleitores declaram renda familiar inferior a R$ 1.500; 5% declaram renda familiar mensal maior que R$ 3 mil.
A corrupção não é o motivo mais citado para a desaprovação do governo Lula. Entre quem considera o governo ruim ou péssimo, os escândalos foram citados como motivo de insatisfação por 20% dos entrevistados, abaixo dos 29% de citações que receberam as promessas não cumpridas pela administração petista.
As cobranças mais comuns de promessas foram as relativas a emprego e salários. A falta de trabalho é em si mesma motivo de 16% das queixas contra o governo, quase a mesma taxa (14%), dos que consideram melhorias no emprego um motivo de elogios.

Bolsa de votos
O Bolsa-Família é o guarda-chuva de programas sociais de transferência de renda e de subsídios para a compra de gás e de alimentos. Em janeiro, atendia a 8,8 milhões de famílias, mais de 30 milhões de pessoas. O valor do benefício médio está em R$ 62.
Os beneficiados pelo programa são pessoas pobres, aquelas com renda familiar per capita mensal inferior a R$ 100, na definição do governo. Segundo dados oficiais, o Bolsa-Família atende a 77% das famílias pobres, cerca de 11 milhões. Das famílias beneficiadas, 49% vivem no Nordeste.
É no Nordeste que a aprovação do governo motivada pelo desempenho social é mais comum: 55% dos eleitores, contra 29% do Sudeste, que se anima mais com a economia (35%).
Folha

25.2.06

O pastor que mudou a lei

O presidiário que mudou a lei

Laura Diniz


O Brasil tem 575 mil advogados e grandes juristas, mas foi uma pessoa sem curso superior que conseguiu derrubar o item mais importante da Lei dos Crimes Hediondos. O pastor evangélico Oséas de Campos, de 47 anos, condenado por atentado violento ao pudor, fez com que o Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecesse anteontem o direito dos presos por crimes graves passarem do regime fechado para o semi-aberto e o aberto.

Campos, em liberdade condicional desde agosto de 2005, disse que a decisão vai devolver a esperança aos presos e acabar com as rebeliões. "A única coisa que a Justiça cumpre nesse país com relação ao Direito Penal é a ordem de prisão. Depois, é só problema."

Por que o senhor começou a estudar Direito Penal na cadeia?
Porque eu não tinha advogado. No Brasil, você tem que se virar. Se não tivesse feito isso, estaria cumprindo pena até hoje. Comprei uma Constituição com um maço de cigarro. Pagava o lixeiro da cadeia com maços para ele me trazer livros de jurisprudência criminal que foram jogados fora.

Há vários recursos contra a lei com argumentos como os seus que não foram longe. Por quê?
Foi a unção de Deus. Pedi para Ele me mostrar onde estava o erro e Ele mostrou: "Na Constituição, artigo 5º, versículo, quer dizer, inciso 46 - toda pena tem que ser individualizada."

O senhor acha que tinha de passar por essa provação?
Acho que sim, porque eu era preconceituoso. Era igual à sociedade. Via um ladrão sendo preso e falava que ele era vagabundo e tinha que matar. Fazia igual a esse Paulo Maluf que disse que lugar de ladrão é na cadeia - tanto é que ele foi parar lá. A Bíblia diz: "Não julgue para não ser julgado." E eu condenava. De repente, fui parar no meio deles.

O senhor teve medo na prisão?
Fiquei mais de quatro anos preso, com bandidos perigosos. Mas não tive medo, eles me respeitaram, foram uma família para mim.

Condenados por crimes sexuais geralmente sofrem retaliação.
Comigo, não. Eu sou inocente. Eles falaram: "Pastor, o papel aceita tudo." Se não gosto do seu pai, posso dar um dinheiro para qualquer menina dizer que seu pai se esfregou nela. É o suficiente para ele ser condenado.

O que o senhor tem a dizer para os presos que terão o benefício?
Espero que se arrependam (do crime). Não vão poder falar que continuam no crime porque ninguém deu oportunidade. A Justiça está dando oportunidade. O Supremo devolveu uma coisa que está na Constituição.

Como sua família reagiu à acusação, em 2000?
Minha mulher não acreditou. Ela me conhece. Faz 20 anos que viajo pelo Brasil inteiro pregando e cantando música gospel. De repente eu cismo em ser molestador de criança? Não. Mas como a condenação inicial foi 18 anos, não dava para ela agüentar e nos separamos. Depois, eu recorri e o Tribunal de Justiça reduziu a pena para 12 anos e o Superior Tribunal de Justiça, para 8 anos e 2 meses.

E seus filhos?
Meus filhos iam me visitar na cadeia, mas era ruim vê-los naquele lugar e pedi para minha mulher não levá-los mais. Um deles acabou se envolvendo com drogas, tive de orar muito. Ele era muito apegado a mim. Foi pego por porte de drogas, mas o promotor recorreu dizendo que ele é traficante. Ele responde ao processo em liberdade.

O senhor enfrenta muito preconceito?
Tem uns pastores fariseus que, infelizmente... Nessa parte, eu louvo a Igreja Católica. Quando padres têm problema com pedofilia, eles ajudam aquela pessoa, dão tratamento, porque isso é doença. Enquanto o pastor está firme, tudo bem, mas, quando acontece um problema, a maioria vira as costas.Oséas de Campos, pastor evangélico

Doença holandesa

Estrangeiros já vêem sinais da 'doença holandesa'


A sustentabilidade do ajuste do setor externo, promovida durante o governo Lula, começa a preocupar analistas estrangeiros. Para Christian Stracke, chefe de Mercados Emergentes da consultoria americana CreditSights, o déficit em conta corrente de janeiro e a desaceleração das exportações em fevereiro acenderam a luz amarela.

Stracke acaba de divulgar um relatório para clientes em que afirma que a "doença holandesa" está se instalando no Brasil. Economistas batizaram de doença holandesa a situação em que a grande exportação de um produto leva à valorização da moeda de um país, o que torna seus produtos manufaturados menos competitivos e acaba por levar à desindustrialização.

A "doença" foi identificada no fim dos anos 70 na Holanda, que passou a exportar fortemente gás natural. A exportação provocou grande entrada de dólares, que valorizou muito a moeda local (na época, o florim). O câmbio valorizado tirou a competitividade da indústria, estimulou importações e acabou levando a uma desindustrialização.

Segundo Stracke, as exportações estão desacelerando, as remessas de lucros explodiram e há um crescimento do investimento de brasileiros no exterior. "Tudo isso indica que a doença holandesa está se alojando no Brasil, enquanto o real continua a se valorizar", diz o analista.

A grande exportação de commodities levou à valorização do real, que está tirando competitividade da indústria brasileira. "Por um lado, o grande aumento nas remessas de lucros é um bom sinal, porque mostra que as empresas estão lucrando; por outro lado, esse aumento mostra que as multinacionais preferem mandar os lucros para fora a reinvesti-los no País", diz Stracke.

Isso, segundo o economista, é reflexo da perda de competitividade da economia brasileira, por conta da valorização do real. As remessas de lucros e dividendos foram de US$ 1,176 bilhão em janeiro, quase quatro vezes mais que em janeiro de 2005 (US$ 318 milhões).

"Se as empresas estivessem tão eufóricas com o Brasil como o setor financeiro está, elas estariam correndo para investir no País". O investimento estrangeiro em janeiro foi de US$ 1,5 bilhão, praticamente o mesmo de janeiro de 2005.

"A moeda forte está tirando investidores do País e eles estão indo para outros mercados mais competitivos; enquanto isso, os investidores financeiros continuam indo para o Brasil com força, atrás da moeda em constante valorização", conclui Stracke.
Estadão

Justiça

JUSTIÇA

O pastor Oséas de Campos, solto desde agosto, cumpria pena quando enviou, por carta, pedido de habeas corpus ao STF
Recurso contra lei de hediondos foi escrito na cadeia

DA REPORTAGEM LOCAL

DA AGÊNCIA FOLHA

O pedido de habeas corpus que pode mudar a jurisprudência sobre a progressão de regime de pena para condenados por crimes hediondos no país foi escrito a mão pelo próprio condenado, que já está em liberdade desde agosto passado, e enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal) por carta, com selo usado que foi reaproveitado pelo detento.
Anteontem, o plenário do STF considerou, por seis votos contra cinco, que é inconstitucional não conceder a progressão de pena (do regime fechado para o semi-aberto, por exemplo) para os presos condenados por crimes hediondos ou equiparados, como o homicídio doloso qualificado, o estupro, o atentado violento ao pudor e o tráfico de drogas.
Os ministros votaram um pedido feito pelo pastor evangélico Oséas de Campos, 47, condenado pelo crime de atentado violento ao pudor contra crianças em Campos do Jordão (167 km de SP), em 2000. No habeas corpus, Campos apontava a inconstitucionalidade da proibição.
Outros tribunais tinham concedido o benefício para outros presos, também usando o mesmo argumento, mas a decisão do plenário do STF -mais alta corte da Justiça brasileira- criou um precedente que deve gerar mais decisões favoráveis aos pedidos de progressão de regime.
"Diziam que eu não iria conseguir nada. Hoje, essas pessoas têm de engolir que eu estava certo", afirmou Campos. "A sociedade fala do preso como se ele fosse um monstro. Mas monstro é quem criou a lei de crimes hediondos."
A votação pelo STF não mudou a situação do pastor evangélico. Ele está em liberdade desde agosto do ano passado, depois de cumprir quase cinco anos de prisão pelo crime do qual se diz inocente. Campos, que escreveu vários pedidos de habeas corpus quando ainda estava preso, conseguiu reduzir a sua pena -começou com 18 anos de prisão e baixou para oito anos.
Como trabalhava na cadeia, o pastor conseguiu diminuir sua pena e, ao completar dois terços da condenação, obteve a liberdade condicional.
"Essa decisão [do STF] não serve para mim, mas serve de incentivo para outros presos. Se uma pessoa como eu, que não é formada em direito, conseguiu reformar uma questão no Supremo, por que os juízes não conseguem fazer a parte deles?", questionou. "Eu usei palavras simples nos pedidos, mas só pedi o que estava na Constituição."
Apelidado de "HC" -habeas corpus- pelos outros presos, Campos pagava com maços de cigarro para conseguir ler livros e sentenças judiciais. Foi assim que conseguiu petições jogadas no lixo por advogados que passavam pela prisão onde estava. Conseguiu uma Constituição, também encontrada no lixo.
O Código Penal comentado ele obteve um novo, ao escrever uma carta ao autor. Os selos para as cartas eram reaproveitados. Ele disse que colocava o selo na testa e, com o suor, conseguia tirar a marca do carimbo dos Correios.
Hoje, o pastor e cantor vive do dinheiro da venda de seus CDs de música evangélica e de pregar em pequenas igrejas. "O próximo passo é provar a minha inocência", disse Campos. Ele entrou com um recurso no Tribunal de Justiça de São Paulo para tentar anular a sua condenação.
A família de três das quatro crianças que teriam sido molestadas sexualmente pelo pastor evangélico criticou a decisão do STF e afirmou que Campos deveria voltar para a prisão.
"Eu tinha apagado isso (o crime) totalmente da minha memória. Achei que nunca mais iria ouvir falar sobre esse pesadelo. Ele tinha que ser bem punido pelo crime que cometeu contra os meus filhos. Ele não pode sair da cadeia antes de cumprir toda a pena, isso é uma injustiça", disse a mãe das três crianças.

24.2.06

É ainda pior do que se pensava

Enquanto seu filho enriquecia, Lula quis mudar a lei que atrapalhava a Telemar

Já se sabia que o biólogo Fábio Luís da Silva, um dos filhos do presidente Lula, se tornou milionário nos últimos dois anos fazendo negócios com a Telemar, a maior operadora de telefones do país. Também se sabia que, além de ser uma concessionária de serviço público, a Telemar é em parte uma empresa pública, pois 55% de suas ações pertencem ao Banco do Brasil, ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a fundos de pensão de estatais. Na semana passada, descobriu-se que a relação da Telemar com Lulinha, como é conhecido o filho do presidente, é ainda mais estreita. Em primeiro lugar, o repasse da Telemar para Lulinha não se limitou a 5 milhões de reais, como se noticiou no ano passado, nem a 10 milhões de reais, como a empresa admitiu há duas semanas. A cifra é ainda maior: bate na casa dos 15 milhões de reais. O mais estranho é que, enquanto a Telemar abastecia o filho de Lula com recursos, o Palácio do Planalto preparava uma mudança na legislação que beneficiava a Telemar. O projeto foi abortado quando saiu das sombras a sociedade Lulinha-Telemar.

A Telemar comprou 35% das ações da Gamecorp, a empresa da qual Lulinha é sócio, em dezembro de 2004. Pagou 5 milhões de reais. Há duas semanas, noticiou-se que, além dos 5 milhões de reais, a Telemar se comprometera a repassar outros 5 milhões de reais à Gamecorp em 2006. A justificativa oficial é um patrocínio a um programa de televisão produzido pela empresa do filho de Lula, cujos índices de audiência são desprezíveis. Ao confirmar o patrocínio de 5 milhões de reais, porém, a Telemar escondeu que já repassara à Gamecorp outros 5 milhões de reais, sob a mesma justificativa do patrocínio, no ano passado. Assim, os repasses da Telemar à empresa de Lulinha chegam a 15 milhões de reais. Cinco milhões a mais do que se admitira anteriormente. As coisas se complicam ainda mais quando se examinam as razões pelas quais a Telemar decidiu fazer do filho do presidente um alvo preferencial de seus investimentos.

Enquanto os negócios com Lulinha prosperavam, a Telemar articulava paralelamente uma transação cujo êxito dependia do governo: queria comprar a Brasil Telecom. Como a legislação brasileira proíbe que uma empresa seja dona de duas operadoras de telefonia ao mesmo tempo, o negócio só se viabilizaria com uma mudança na lei. A Telemar, no entanto, tinha tanta confiança de que a proibição legal seria removida que chegou até a fazer proposta de compra. Em julho do ano passado, o presidente da Telecom Italia, Paolo Dal Pino, que é sócio da Brasil Telecom, admitiu que recebera uma proposta da Telemar, mas manifestou sua estranheza. "Ou a Telemar está afrontando a legislação ou a proposta já faz parte de um plano da empresa para mudar a Lei Geral das Telecomunicações", dizia, então, Dal Pino. O fato é que, desde o início de 2005, o governo vinha discutindo mudar a lei para permitir que uma empresa controlasse duas concessionárias ao mesmo tempo – presente dos céus à Telemar. Mas a mudança dividia o governo. Luiz Gushiken, então titular da Secretaria de Comunicação, era favorável à alteração, que beneficiaria os planos expansionistas de Carlos Jereissati e Sérgio Andrade, controladores da Telemar. José Dirceu, que ocupava a Casa Civil, apoiava o empresário Daniel Dantas, então controlador da Brasil Telecom. Dirceu, portanto, era contra a mudança da lei.

O cabo-de-guerra entre as teles coincidiu com um assédio repentino ao governo. Daniel Dantas contratou o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, amigão de José Dirceu, por 8 milhões de reais. Contratou, também, o advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, por 1 milhão de reais. Não se sabe até hoje que serviço jurídico eles prestaram. Do lado da Telemar, a situação era mais tranqüila. Um dos controladores, o empreiteiro Sérgio Andrade, é um velho conhecido do presidente. A única filha de Lula, Lurian, chegou a morar no apartamento de familiares de Andrade em Paris. Além disso, Lulinha, a essa altura, já era sócio da Telemar na Gamecorp havia seis meses – embora o público ainda não soubesse disso. Na semana passada, um ex-membro do governo, com a condição de não ser identificado, disse a VEJA que a divisão dentro do governo foi arbitrada pelo próprio presidente – que se decidiu a favor da Telemar. Em um encontro com um ministro, Lula explicou que a Telemar deveria ser priorizada pelo governo por ser uma empresa nacional e que poderia representar o país no exterior. Deu até o exemplo da Telefónica, que, segundo ele, ajuda a divulgar a Espanha pelo mundo.

"Achei que a posição do governo era apenas estratégica, uma idéia nacionalista. Hoje, desconfio que o aporte da Telemar à Gamecorp pode, de alguma maneira, ter influenciado a cabeça do presidente", diz o ex-auxiliar do governo. Uma minuta do projeto chegou a ser redigida e a circular por gabinetes de ministros envolvidos com o processo. No dia 8 de julho de 2005, porém, a sociedade secreta entre Lulinha e a Telemar veio a público. O deputado Delfim Netto, que fora informado das intenções da Telemar de comprar a Brasil Telecom assim que a lei fosse alterada, procurou o presidente Lula para alertá-lo. "Se o governo mudar a lei, vai ser um escândalo, presidente", advertiu Delfim. Lula escutou com atenção. No dia 21 de julho, duas semanas depois da revelação da sociedade secreta entre Lulinha e a Telemar, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, a pedido de Lula, anunciou publicamente que o governo não tinha a intenção de mudar a lei.
Veja

23.2.06

A militância também está nervosa!!!

Meu companheiro Raul Pont


Acabo de ler seu texto no site do PT sobre a quebra do sigilo bancário do diretório nacional do partido pela CPI dos Correios. E senti pena. Tive a impressão de que você só faltou se ajoelhar e pedir perdão aos Bornhausens da vida, aos Virgílios que mandam a senadora Ana Julia calar a boca - e ela cala -, aos Anteros que esperneiam desesperados diante das câmeras de televisão e ganham no grito nas CPIs.

Não espero que você faça escândalo ou baixe o nível como a senadora Heloisa Helena que enfia o dedo no nariz das pessoas e não consegue nada além da repulsa de todos. Não espero que você use palavras xulas e vulgares como o senador Virgílio.

Mas por favor, não peça perdão por representar o sofrido povo brasileiro. Não se envergonhe de fazer parte da direção do maior partido desse país e do mais respeitado do Brasil. Não se envergonhe de se bater pelo presidente Lula. Ele merece que todos nos unamos para defendê-lo, para lutar por seu governo que tem sido o melhor que já existiu nesses 500 anos de história brasileira.

Vamos parar de nos diminuir e usar argumentos de que nas CPIs o adversário tem maioria e por isso só quebra o sigilo bancário do PT.

Nós que elegemos os deputados e senadores do PT estamos cansados de assistir vocês encolhidos em fundos de salas durante as CPIs. Esse papo de minoria não cola mais. Vocês não conseguem sequer marcar a data para o depoimento aprovado do Milton da LISTAS DE FURNAS.

Por que vocês não elaboram perguntas e se mostram aguerridos durante os depoimentos? Seja qual for o depoente - um DIMAS DE FURNAS ou mesmo um juiz que condenou O Arcanjo e mexeu na lama em que o senador Antero nada a largas braçadas - vocês têm a obrigação de vir munidos de perguntas baseadas em fatos expostos pela imprensa e pelas próprias CPIs. Puxar o fio da meada é obrigação dos parlamentares.

Vocês não fazem porque tem o rabo preso? O que a direita tinha que cuspir na gente, ela já escarrou. E todas as vezes vocês recuaram. O que nós temos ainda a perder? Não tenho dúvidas que a surra que levamos nesses longos meses nos fortaleceu. O partido cresceu, as pessoas perceberam a manipulação da direita.

Se o que aconteceu conosco tivesse ocorrido com o PSDB/PFL, estou certa que o FHC teria se arrebentado, se matado ou fugido para a França como o Fujimoro fugiu para o Japão.

Onde anda a dignidade dos parlamentares do PT?

Não agüento mais essas desculpas, esses tapinhas de condescedência que vocês dão nas costas do Bornhausen quando ele ataca e ameaça processar petistas desesperados que enchem Brasília de cartazes com o senador vestido de nazista.

Será que ainda não deu para perceber que o povo não se curva mais?
Dos parlamentares do PT continuo aguardando uma reação nas CPIs...

Glória Leite

Um comentário:
Glória Leite, Vc apresenta um desabafo legítimo da militância que está aí se esborrachando a favor do partido, sem ganhar nada, e ainda encontra parlamentares que SIMPLESMENTE IGNORAM ESSE FATO, e ainda apoio seus algozes. É incrível que os deputados são eleitos em nome do partido e ficam mudos qdo se precisa tanto deles. O que seria do Pt se não fosse sua militância.

Não sou petista, mas me sentir atingido por tudo isso, sobretudo pela ARROGÂNCIA DA MIDIA e de figuras ridícula como esse ACMmizinho e Serralio, que nada mais é do que PAU MANDADO da dupla PSDB/PFL, e que faz de tudo pra destruir e sepultar o PT. Com tudo isso ainda tem parlamente do PT, como o sr. Delcício, paparicando esses figuras repugnantes.

Como o leitor acima falou, não precisa imitar a prepotente da HH, mas tem determinado momento que o camarada deve ter SANGUE DE BARATA PRA AGUENTAR tantos insultos dessa gentalha. Parlamentares, ao contrário de nós cidadão comuns tem imunidade por palavras e votos, então por que não usar essa prerrogatica, se todos da oposição utilizam isso muito bem contra o PT, vide ARTUR VIRGÍLIO E HH. Numa CPI como essas que aí estão a investigação é um artifício político que a oposição está USANDO COM MUITA COMPETÊNCIA, ainda mais em função da cegueira dos membros governistas.

Na CPI dos Bingos, por exemplo, os senadores estão devendo uma DEFESA MAIS CONSISTENTE DO PT, SIM. O SUPLICY só se preocupa com sua eleição para o senado e que se exploda o partido. Entrou direitinho no jogo da direita, dando-lhe legitimidade para CONSTRANGER, permanentemente, LULA e o PT. Nos depoimentos das CPI, os senadores, exceto da Ideli Salvat, se escondem. NA VERDADE, COM ALGUMAS EXCEÇÕES, OS PARLAMENTARES PETISTAS ABANDONARAM LULA E O PARTIDO A sua PRÓPRIA SORTE.
GILBERTO | 02.23.06 - 10:00 pm | #
Do blog "Amigos do presidente Lula".

Micro popular proibitivo!

Micro popular proíbe alterações de soft e hardware

Os computadores que fazem parte de iniciativas de inclusão digital podem, muitas vezes, ter configuração e recursos limitados para reduzir o preço final do produto. Este conceito de restrição fica bastante evidente com o micro FIC Conectado, , lançado no final de 2005. Disponível somente em São Paulo, a máquina deve satisfazer os novos usuários por poucos meses, até que eles percebam a dimensão das limitações deste novo produto.

Parcelado em 36 vezes, o computador sai por R$ 1.544
Em teste realizado pela Folha Online, a máquina mostrou que funciona bem como um terminal de internet discada e ajuda na realização de atividades simples, como a criação de textos e planilhas, por exemplo. Um dos principais problemas aparece quando o usuário se interessa por um novo programa --uma determinação de fábrica impede que o internauta rode qualquer software executável na máquina.

Frente a esta limitação, o consumidor paga caro pelo produto. São R$ 800 à vista ou R$ 1.544 divididos em 36 parcelas de R$ 42,90. A título de comparação, um computador do programa de inclusão digital "Computador Para Todos", sem esta estrutura engessada, sai por 25 prestações de R$ 69,90 (ou R$ 1.255 à vista).

As empresas que participam do projeto --entre elas a iTelefonica, AMD, Samsung e Submarino-- justificam as características restritivas da máquina pelo fato de ela ter como alvo pessoas ainda não-familiarizadas com a tecnologia. "Com esta estrutura, o PC se aproxima do patamar do eletrodoméstico: o usuário liga a máquina na tomada e acessa a internet sem ter de fazer grandes configurações", afirma Otto Stoeterau, gerente de projetos da AMD.

O objetivo de facilitar a vida dos usuários pode causar frustrações, já que o uso de computadores gera cada vez mais demanda por novidades. Em alguns meses, é possível que o internauta se frustre ao perceber que não poderá instalar qualquer tipo de software em seu FIC Conectado.

Software

Os programas disponíveis ao usuário já vêm instalados e configurados --entre eles estão o sistema operacional Windows CE, editor de texto e planilhas, navegador Internet Explorer e comunicador instantâneo MSN Messenger. O editor de texto apresentou lentidão durante os testes ao abrir arquivos em Word: cerca de cinco minutos para um documento de 800 KB, enquanto um PC com Windows 98, Pentium III e 64 MB de memória RAM fez o mesmo em menos de dez segundos.

Como é impossível rodar programas executáveis no FIC Conectado, a máquina não precisa de antivírus --na maioria absoluta dos casos, estes códigos maliciosos são executáveis. Esta aparente vantagem limita muito as possibilidades de uso da máquina e, por isso, pode ser comparada ao fato de uma pessoa não sair de casa para evitar os riscos das ruas.

Hardware

Assim como acontece com o software, o internauta não pode fazer alterações relacionadas ao hardware. A máquina é lacrada, impedindo modificações em sua estrutura física composta por HD de 10 GB, memória RAM de 128 MB, processador AMD Geode de 500 Mhertz e portas USB. Um monitor de 15", um teclado e um mouse acompanham o produto.

Estas saídas USB são úteis caso o usuário queira dar um "upgrade" em seu PC, conectando a máquina a periféricos --caso de impressoras, leitores de HD, de CD-ROM ou de disquete, por exemplo. As portas também dão acesso à conexões rápidas de internet via modem USB. O foco do produto popular, no entanto, é o acesso discado à web.

Seguindo o padrão de funcionamento da máquina, só é possível utilizar periféricos que já tenham seus drives instalados nas máquinas. Caso o uso de alguma novidade seja liberado pelas empresas envolvidas no projeto, o internauta recebe os novos drives automaticamente.
Folha

Eleições / Ironia

Intervencionismo do tucano e governabilidade de novo mandato petista causam moderada preocupação
Investidores vêem incertezas em Serra e Lula

Investidores internacionais esperam alguma volatilidade entre julho e agosto por conta das eleições presidenciais. Gestores de grandes fundos de investimento e bancos reunidos ontem num evento em Nova York concordam que o cenário atual não lembra em nada o do furacão que varreu os mercados em 2002, mas alertam para o fato de grande parte do otimismo nos últimos meses ser resultado da entrada de recursos externos. Executivos da Merrill Lynch, Citigroup e Oppenheimer participaram ontem de uma discussão com o secretário do Tesouro, Joaquim Levy, no auditório de um grande escritório de advocacia.

Ironicamente, desta vez é o pré-candidato do PSDB, José Serra, que faz declarações consideradas "preocupantes" por grandes fundos de investimento. Adam Weiner, gestor de renda fixa do Oppenheimer, que tem cerca de US$ 2 bilhões em papéis brasileiros, não está certo de que o único risco da eleição seja representado apenas por "outsiders" como o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PMDB).

Weiner considera que uma administração do tucano poderia representar "problemas", mas que ainda não está claro se as declarações de Serra a favor de uma política econômica "desenvolvimentista" e de maior interferência na definição de taxas de juros são apenas "retórica eleitoral" ou representam uma real mudança de foco num eventual governo. Um segundo governo Lula, para Weiner, não seria totalmente livre de incertezas, especialmente em relação à governabilidade num segundo mandato, dependendo dos resultados das investigações sobre o escândalo do mensalão. "Ainda há reformas importantes que precisam ser aprovadas, como mudanças na Previdência e sistema tributário".

O secretário do Tesouro procurou reforçar a análise que prevalece até agora, de que a única chance de turbulência seria a ascensão de candidatos franco-atiradores. "Ninguém está fazendo campanha querendo mudar radicalmente a política econômica. Nem mesmo um candidato do PMDB do Rio de Janeiro, que pode ter visões mais 'coloridas' sobre os assuntos", brincou Levy, referindo-se a Garotinho sem citar seu nome diretamente. Para o diretor de análise de América Latina do Citigroup, Geoffrey Dennis, a chance de um "outsider" ganhar a eleição é menor do que 5%, mas mesmo assim deve haver alguma volatilidade nos mercados entre julho e agosto.

Dennis diz que o mercado está hoje muito mais preocupado com os resultados das eleições que estão ocorrendo em países latino-americanos, como a vitória de Evo Morales no início do ano na Bolívia e a possibilidade de vitória de Andres Manuel Lopez Obrador no México, em julho. Até agora, as previsões de influência eleitoral na condução da política econômica não se confirmaram, diz Dennis, lembrando que não houve explosão de gastos para melhorar a popularidade do presidente Lula e que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, continua sendo "muito duro" na política monetária.

O executivo do Citigroup não vê uma guinada à esquerda nas políticas econômicas na América Latina, embora os governos se identifiquem com a esquerda. O diretor acredita que há a chance de volatilidade no mercado, entretanto, por conta da forte especulação nos mercados internacionais de commodities e a incerteza em relação à política monetária adotada pelo novo presidente do banco central americano, Ben Bernanke.

William Landers, diretor da Merrill Lynch Investment Managers, vê a chance de volatilidade de acordo com os resultados da investigação do escândalo do mensalão, mas acha que nem Serra, nem Alckmin nem Lula trariam grandes mudanças que representem um choque para o mercado.
Valor

IMPEDIDOS!

Lula e Serra estão impedidos de disputar eleição para a Presidência, garante Jefferson Péres
Os dois principais candidatos à Presidência da República nas próximas eleições, Luiz Inácio Lula da Silva, pelo PT, e José Serra, pelo PSDB, estão, na avaliação do senador Jefferson Péres (PDT-AM), impedidos de disputar o pleito. O motivo, apontado pelo senador nesta quarta-feira (22), em Plenário, é o de que Lula já estaria, inclusive, impedido moralmente de continuar até à frente do governo, diante dos escândalos que se sucedem. Quanto ao representante tucano, Péres lembra que está atado ao solene compromisso assumido perante os eleitores da cidade de São Paulo de que não disputaria a Presidência caso ganhasse as eleições para a prefeitura em 2004, como ocorreu.

- Seria mais ético se os dois abrissem mão das candidaturas - aconselhou Jefferson Péres, ao deixar claro que, se isso ocorresse, também renunciaria à sua candidatura, pelo PDT, à Presidência da República.

Para o senador, Lula "já deveria ter sido destituído" do governo por meio de um processo de impeachment em razão dos constantes escândalos em 2005, e não disputar a reeleição, como deseja. No entender de Péres, o presidente é responsável pela "corrupção sistemática" que se espalha pelo país. Ainda segundo o senador, falta decoro a Lula quando percorre o Brasil de ponta a ponta fazendo campanha política, apesar de dizer que ainda não decidiu se é ou não candidato, "quando todos sabem que ele é candidatíssimo".

Com relação a José Serra, o senador reconheceu que o candidato tucano, "apesar de ser melhor preparado do que Lula", peca por teimar em disputar o Palácio do Planaltoapós garantir aos eleitores que não abandonaria a prefeitura paulista. A seu ver, palavra empenhada deve ser mantida, e não rasgada.

22.2.06

Mais enganação!

Micro popular proíbe alterações de soft e hardware
Os computadores que fazem parte de iniciativas de inclusão digital podem, muitas vezes, ter configuração e recursos limitados para reduzir o preço final do produto. Este conceito de restrição fica bastante evidente com o micro FIC Conectado, lançado no final de 2005. Disponível somente em São Paulo, a máquina deve satisfazer os novos usuários por poucos meses, até que eles percebam a dimensão das limitações deste novo produto.
Divulgação
Parcelado em 36 vezes, o computador sai por R$ 1.544Em teste realizado pela Folha Online, a máquina mostrou que funciona bem como um terminal de internet discada e ajuda na realização de atividades simples, como a criação de textos e planilhas, por exemplo. Um dos principais problemas aparece quando o usuário se interessa por um novo programa --uma determinação de fábrica impede que o internauta rode qualquer software executável na máquina. Frente a esta limitação, o consumidor paga caro pelo produto. São R$ 800 à vista ou R$ 1.544 divididos em 36 parcelas de R$ 42,90. A título de comparação, um computador do programa de inclusão digital "Computador Para Todos", sem esta estrutura engessada, sai por 25 prestações de R$ 69,90 (ou R$ 1.255 à vista). As empresas que participam do projeto --entre elas a iTelefonica, AMD, Samsung e Submarino-- justificam as características restritivas da máquina pelo fato de ela ter como alvo pessoas ainda não-familiarizadas com a tecnologia. "Com esta estrutura, o PC se aproxima do patamar do eletrodoméstico: o usuário liga a máquina na tomada e acessa a internet sem ter de fazer grandes configurações", afirma Otto Stoeterau, gerente de projetos da AMD. O objetivo de facilitar a vida dos usuários pode causar frustrações, já que o uso de computadores gera cada vez mais demanda por novidades. Em alguns meses, é possível que o internauta se frustre ao perceber que não poderá instalar qualquer tipo de software em seu FIC Conectado. SoftwareOs programas disponíveis ao usuário já vêm instalados e configurados --entre eles estão o sistema operacional Windows CE, editor de texto e planilhas, navegador Internet Explorer e comunicador instantâneo MSN Messenger. O editor de texto apresentou lentidão durante os testes ao abrir arquivos em Word: cerca de cinco minutos para um documento de 800 KB, enquanto um PC com Windows 98, Pentium III e 64 MB de memória RAM fez o mesmo em menos de dez segundos. Como é impossível rodar programas executáveis no FIC Conectado, a máquina não precisa de antivírus --na maioria absoluta dos casos, estes códigos maliciosos são executáveis. Esta aparente vantagem limita muito as possibilidades de uso da máquina e, por isso, pode ser comparada ao fato de uma pessoa não sair de casa para evitar os riscos das ruas. Hardware
Reprodução
Monitor de 15", teclado e mouse acompanham o produtoAssim como acontece com o software, o internauta não pode fazer alterações relacionadas ao hardware. A máquina é lacrada, impedindo modificações em sua estrutura física composta por HD de 10 GB, memória RAM de 128 MB, processador AMD Geode de 500 Mhertz e portas USB. Um monitor de 15", um teclado e um mouse acompanham o produto. Estas saídas USB são úteis caso o usuário queira dar um "upgrade" em seu PC, conectando a máquina a periféricos --caso de impressoras, leitores de HD, de CD-ROM ou de disquete, por exemplo. As portas também dão acesso à conexões rápidas de internet via modem USB. O foco do produto popular, no entanto, é o acesso discado à web. Seguindo o padrão de funcionamento da máquina, só é possível utilizar periféricos que já tenham seus drives instalados nas máquinas. Caso o uso de alguma novidade seja liberado pelas empresas envolvidas no projeto, o internauta recebe os novos drives automatica

21.2.06

Sobre a Petrobrás

Fonte da Informação: INDYMÉDIA –
Qollasugo Ivi Iyambae Bolívia 12/01/2006

SOLICITO CONFIRMAÇÃO:
A notícia diz que a PETROBRÁS não é mais brasileira, pois apenas 32% do capital desta empresa está nas mãos do Governo Lula.
O restante das ações estão nas mãos de capitais externos das empresas:
Merrill Lynch & Co.; ABN AMRO Rothschild; Bank of America Securities LLC;
Morgan Stanley Dean Witter; Salomon Smith Barney; UBS Warburg LLC .

Será importante pesquisar em outras fontes.
A que eu cito é de uma publicação da Bolívia.
_____________________________________________

Petrobras S.A. y sus propietarios

Solo 32 % del capital de la transnacional Petrobras S.A. está en manos del gobierno de Lula y esto debería ser de conocimiento del pueblo representado por Evo Morales.

PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS
Reenvio Hoovers (07/01/2006 05:06)
Underwriters (suscriptores):
Merrill Lynch & Co.; ABN AMRO Rothschild; Bank of America Securities LLC; Morgan Stanley Dean Witter; Salomon Smith Barney; UBS Warburg LLC
http://moneycentral.hoovers.com/global/msn/factsheet.xhtml?COID=41357

PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS

Avenida República do Chile 65, sala 401 E
20035-900 Rio de Janeiro, Brazil
Company Web Site Phone: +55-21-2534-1510
Fax: +55-21-2534-6055

Primary US Office
570 Lexington Ave., 43rd Fl.
New York, NY 10022 Phone: 212-829-1517
Fax: 212-832-5300

PETRÓLEO BRASILEIRO (PETROBRAS) isn't brash, but it is Brazil's largest industrial company. It engages in exploration for oil and gas and in production, refining, purchasing, and transportation of oil and gas products. The company has proved reserves of 11.6 billion barrels of oil equivalent. It operates 16 refineries, more than 20,000 miles of pipeline, and more than 5,000 gas stations. Subsidiary Petrobras Distribuidora is Brazil's leading retailer of oil products and fuel alcohol. Petrobras Energía Participaciones is a leading Argentine oil company. Other units produce petrochemicals and natural gas. The Brazilian government owns 32% of PETROBRAS and 56% of its voting shares.

IPO Information
Date Went Public: Aug 10, 2000
Filing Date: Jul 17, 2000

Actual Offer Price: $24.00
First Day Open: $25.25
First Day Close: $28.63

Shares Offered (mil.): 180.00
Offering Amount (mil.): $4,320.00
Post-Offering Shares (mil.): 634.17

Underwriters:
Merrill Lynch & Co.; ABN AMRO Rothschild; Banc of America Securities LLC; Morgan Stanley Dean Witter; Salomon Smith Barney; UBS Warburg LLC

-----A Petrobras no coração financeiro dos EE.UU.

13/01/2006 19:13


Escritório de Nova Iorque

O escritório da Petrobras em Nova Iorque é o mais antigo da Companhia: existe há quase 50 anos. No passado, seu principal objetivo era operar atividades de compra, operações financeiras, representação e comercialização de petróleo e derivados. Hoje, o escritório de Nova Iorque funciona como representação financeira nos Estados Unidos, promovendo a interação contínua entre a Petrobras e bancos, investidores, escritórios de advocacia, entre outras entidades com o objetivo de captar recursos para a Companhia.

O escritório está localizado no coração financeiro dos Estados Unidos, no centro de Manhattan, e foi projetado como um recurso empresarial para melhorar a comunicação entre a sede da Petrobras e a comunidade financeira de Nova Iorque.

Contato:
Theodore M. Helms
Gerente Geral
570 Lexington Ave. 43rd Floor
New York, NY 10022-6837
Tel: 1 212 8291517
Fax: 1 212 8325300

E-Mail: helms@petrobras.com.br

E-Mail: MANUEL SILVA:
msilva@petrobras.com.br
http://www2.petrobras.com.br/AtuacaoInternacional/portugues
/escritorios/esnor/pop/Esnor.asp

Gobierno de Brasil y Petrobras
Fuente Petrobras 13/01/2006 19:28

En la misma página de Petrobras, se indica que el Gobierno de Brasil posee 55,7 % del Capital Social (en el área inicial de presentación). Sin embargo, en la parte final del documento, se indica que el mismo gobierno solo posee 32,2 % de ese mismo Capital Social...



http://www2.petrobras.com.br/AtuacaoInternacional/portugues
/escritorios/esnor/pop/Esnor.asp

Se equivoca "Hoovers" al afirmar "The Brazilian government owns 32% of PETROBRAS and 56% of its voting shares."?
http://moneycentral.hoovers.com/global/msn/factsheet.xhtml?COID=41357

Petrobras tampoco es empresa "bandida"
14/01/2006 03:42

A la pregunta de si el gobierno de Morales sería confiable, Gabrielli fue contundente al afirmar que se trataba de un gobierno sumamente confiable y con mucha legitimidad. El asesor del presidente Lula para asuntos internacionales, Marco Aurelio García, resumió los encuentros con la siguiente frase:
"Entramos tranquilos, y salimos más tranquilos todavía". Brasilia, AFP-DPA
http://www.la-razon.com/versiones/20060114_005421/nota_249_238071.htm

no hables de los que no sabes
ayar uchu 01/02/2006 13:04

pelotudos, un "underwriter" es un GARANTE no es un PROPIETARIO , y eso solo es garante para el proposito de la colocacion de acciones en la bolsa. (IPO = initial public offering = oferta publica inicial, cuando se ofertan acciones al mercado por primera ves para que las compre el que le de la puta gana ej. Castro es accionista en un monton de negocios..)

de la misma forma que tu cuate que te presta ponchillo no es propietario de tus jugadas esas empresas gringas solo le prestan su repaldo a petrobras para que los gringos inversores se animen a comprar acciones.

vos debes ser secretario de soliz rada, otro pelotudo que no sabe lo que habla.

Para el grosero ayar uchu
Marcelo 04/02/2006 00:55


En ninguna parte hemos afirmado que los garantes son los dueños.

Solo hemos reportado lo que afirman tus amigos de Hoovers, o sea que solo 32 % del capital de la transnacional Petrobras S.A. está en manos del gobierno de Lula.

"The Brazilian government owns 32% of PETROBRAS and 56% of its voting shares."?
http://moneycentral.hoovers.com/global/msn/factsheet.xhtml?COID=41357

Mejor aprendé a leer, nunca es demasiado tarde!

FUNASA - Prorrogado acordo sob suspeita!

Funasa contraria parecer e prorroga acordo sob suspeita
Mesmo sem prestar contas de gastos, entidade que atende ianomâmis ganhou mais um ano de convênio

A Fundação Nacional de Saúde (Funasa)desconsiderou seus próprios relatórios e ignorou normas técnicas de aplicação de recursos públicos para manter um convênio firmado em julho de 2004 com a Fundação Universidade de Brasília (FUB) para assistência médica a índios ianomâmi. A FUB até hoje não explicou ao certo como gasta o dinheiro que recebe. Mesmo assim, em setembro passado, o prazo para a prestação de serviços foi ampliado por mais um ano. O valor repassado à fundação duplicou: dos R$ 10,9 milhões iniciais, a FUB passou a ter direito a R$ 25 milhões.

Apesar de a prestação de contas da FUB não ter sido aprovada, a Funasa manteve em dia os repasses ao convênio, desrespeitando normas da Secretaria do Tesouro Nacional. Mais de R$ 5,4 milhões foram repassados entre setembro e dezembro de 2005. Até a primeira semana deste mês, R$ 6,7 milhões dos gastos da FUB não tinham sido aprovados pela contabilidade da Funasa.

A dificuldade na aprovação da prestação de contas não é exclusividade da FUB. Dos mais de 50 convênios na área de saúde indígena, menos de 10 foram aprovados sem ressalvas. A diferença é o tipo de irregularidade. A maioria dos convênios tem problemas mais simples e em valores mais acanhados. No caso da FUB, as irregularidades incluem pagamento de não funcionários, despesas pagas em duplicidade e documentos contraditórios. O assunto já está sendo analisado no Tribunal de Contas da União (TCU), onde foi aberto um processo para apurar suspeitas de irregularidades no contrato.

Mesmo antes do resultado do TCU, a Funasa reconhece que uma série de irregularidades foi cometida pela FUB e diz que a empresa será descredenciada, mas não agora. Só quando houver outra entidade disposta a desempenhar a função. A Funasa, porém, está pessimista. Acha difícil encontrar rapidamente um candidato. "Em vez do descredenciamento, pode ser que o contrato apenas não seja renovado", diz o coordenador-geral de Convênios da Funasa, Alcides Soares de Souza.

De acordo com a Funasa, a FUB já foi comunicada desta decisão. Há duas semanas, uma carta lhe foi enviada alertando sobre o risco de o convênio não ser renovado. A FUB também mantém contrato com a Funasa para atender índios xavantes e uma casa de saúde indígena próxima da capital.

Alexandre Lima, da FUB, afirma ter realizado um ótimo trabalho e alega que problemas na prestação de contas são corriqueiros e fáceis de ser solucionados. Como exemplo da satisfação da Funasa ele cita convite feito há menos de um mês para que a fundação apresentasse seus resultados a uma missão do Banco Mundial. Souza, o coordenador-geral da Funasa, diz que o tratamento dado à FUB é procedente. Observa que o repasse de recursos não pode ser simplesmente suspenso, sob pena de agravar mais ainda a situação de saúde dos ianomâmis. O Estado procurou, sem sucesso, o representante da FUB novamente para falar sobre o fim da renovação.

Outras entidades recebem tratamento diferente da Funasa. Muitos grupos se queixam de que a fundação suspendeu o repasse de recursos justamente por não concordar com a prestação de contas. Ano passado, vários convênios no Maranhão foram desfeitos depois de constatadas irregularidades. A própria Funasa assumiu a execução da assistência médica - com resultados negativos que produziram protestos das comunidades indígenas.
ESP

Berzoini ameaça acionar Tasso!

Berzoini ameaça acionar Tasso, que acusa PT de roubar
Presidente da legenda diz que filiados merecem respeito e não pode deixar ataques "passar em branco"


O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), voltou ontem a dizer que o partido recorrerá à Justiça para conter as críticas "sem fundamento" da oposição. "Processaremos qualquer ataque gratuito e infundado. O PT merece respeito", afirmou ele, no Recife. Foi uma resposta ao presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), que, sábado, durante convenção estadual do partido no Ceará, acusou a gestão petista de ter montado um esquema de "roubo organizado, sistematizado, dentro do Palácio do Planalto".

"Não vamos abrir centenas de processos, mas vamos pegar os (casos de acusação) mais significativos, para dar o exemplo. E, nesse caso, não podemos deixar passar em branco", avisou o presidente do PT. "Afinal, trata-se de uma liderança partidária, que deveria ter mais cuidado com o que fala. Não vamos aceitar calúnias de forma alguma. Quando éramos oposição, sempre fizemos uma fiscalização dura, mas nunca negamos o direito de defesa."

Berzoini disse, também, que o ataque de Tasso mostra que "o desespero dos tucanos está cada vez maior". "Eles não percebem que esse tipo de discurso truculento, para tentar criar uma imagem falsa sobre o governo e o PT, só faz o PSDB ficar desacreditado", alfinetou.

Em tom irônico, Berzoini aproveitou para provocar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Eu fico satisfeito que ele não pare com as críticas. A melhor coisa para o presidente Lula é a população ter bem presente o que foi a tragédia trabalhista, econômica e social do presidente Fernando Henrique Cardoso", afirmou. "No nosso governo conseguimos reverter o caos econômico. Portanto, toda comparação para nós é bem-vinda."

CAIXA 2

Indagado se as denúncias que abateram o PT vão se transformar no principal assunto da campanha da oposição, o líder petista deu pouca importância ao tema, mas reconheceu que o partido "não poderá fugir a esse debate".

"Temos de assumir o que de fato ocorreu: financiamento irregular de campanha e caixa 2. E combater a versão que tucanos e pefelistas tentam sustentar, de um grande esquema de corrupção dentro do governo."

Mesmo diante do clima de campanha - com as reiteradas declarações em favor da candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) -, Berzoini foi ponderado. "Muito embora todos nós tenhamos a convicção de que ele será candidato, a palavra do presidente deve prevalecer em termos de definição. Por isso, apesar de muita gente já querer falar sobre coordenação de campanha, marketing e assuntos desse tipo, teremos de esperar, pelo menos até o fim de março."

ADVERSÁRIO

Indagado sobre qual dos dois tucanos hoje cotados para disputar a Presidência - o prefeito José Serra e o governador Geraldo Alckmin - seria preferível para o PT enfrentar nas urnas, Berzoini foi evasivo. "A pior coisa que tem é escolher adversários. Por isso, neste momento, preferimos cuidar das questões internas do partido, conversar com todos os aliados possíveis e trabalhar para que as definições possam nos favorecer."

Berzoini passou o dia no Recife, onde participou de reuniões com a cúpula petista pernambucana, na tentativa de dar uma injeção de ânimo na candidatura do secretário nacional do PT, o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, na disputa pelo governo estadual.

20.2.06

"Cocaína zero" x "Coca zero"

Morales destaca 'coincidências' e nega tensão com americanos

O presidente boliviano, Evo Morales, destacou ontem semelhanças na política antidrogas dos EUA e de seu país, especialmente na tese da “cocaína zero”. Durante entrevista coletiva para marcar o primeiro mês de seu governo, ele admitiu, porém, diferenças a respeito da pressão americana para intendificar a destruição de plantações de coca. Segundo ele, há coincidências na política de “cocaína zero” e divergências na de “coca zero”.

Morales encontrou-se no sábado – pela terceira vez desde que venceu as eleições de dezembro – com o embaixador americano na Bolívia, David Greenlee, e negou tensões com os EUA. Morales acusou “alguns meios de comunicação de tratar de levar a um conflito”. Nas últimas semanas, Morales falou por telefone com George W. Bush e com o subsecretário de Estado para a América Latina, Thomas Shannon.

Morales disse que seu maior desafio até aqui foi a greve de dez dias da principal companhia aérea nacional, a Lloyd Aéreo Boliviano (LAB). “Ao negociar esse tema da LAB, senti que sou prisioneiro da lei e da corrupção de alguns empresários”, disse, sem dar mais detalhes sobre os indícios de corrupção que teria encontrado.

Ele se disse desconfortável ao ser chamado de “sr. presidente”. “Nunca gostei do termo presidente, agora gosto de companheiro presidente ou irmão presidente (...), soa melhor.”
REUTERS

Chávez estuda reeleições infinitas

Presidente diz que pode pedir reforma da Constituição se oposição se retirar das eleições de dezembro

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, declarou ontem que se a oposição não apresentar candidatos às eleições presidenciais de dezembro, ele poderia convocar um referendo que lhe permita disputar novas reeleições. "Se os EUA tentam obter uma condenação mundial contra a Venezuela, deslegitimar o governo com a história de que em dezembro não houve oposição nas eleições, eu poderia considerar submeter uma reforma constitucional a um referendo", disse Chávez em seu programa dominical Aló Presidente, transmitido desde a cidade de Puerto Ordaz, cerca de 500 quilômetros ao sul de Caracas.

Atualmente, a Constituição venezuelana permite apenas uma reeleição consecutiva, mas a reforma levantaria essa restrição e abriria caminho para reeleições sucessivas. "Talvez eu deixe a presidência em 2013, senão em seis anos mais, 2019. E depois seis anos mais, 2025. E depois seis mais, 2031", ameaçou.

Ele insistiu que esta é uma idéia que está estudando para dezembro, caso a oposição queira fazer novamente com que todos se retirem das eleições, alegando que não há condições.

O presidente venezuelano disse que seu rival nas eleições de dezembro é o governo dos EUA que uma vez mais, "para não reconhecer minha vitória, provocará violência, morte e desestabilização para justificar uma intervenção internacional".

Segundo ele, os EUA buscarão lançar um candidato com força financeira e na mídia para fazer parecer, em novembro, que suas possibilidades de triunfo estão emparelhadas com as de Chávez. Se isso ocorrer, o passo seguinte, segundo Chávez, seria o de denunciar fraude quando os resultados eleitorais mostrarem sua "contundente vitória".

Chávez lembrou que a última pesquisa, divulgada esta semana e realizada por uma empresa americana, indica que 66% dos venezuelanos pretendem votar por sua reeleição.

O segundo cenário seria colocado em andamento somente no caso de nenhum opositor obtenha apoio popular suficiente para apresentar-se como um adversário de peso diante do presidente.

Nesse caso, segundo Chávez, Washington ordenaria a retirada da oposição para deslegitimar logo o presidente, com o argumento de que as eleições não foram democráticas, pois não houve adversários. "Se eles fizerem isso, posso responder submetendo a reforma da Constituição a um referendo. Isso seria democrático, pois, por exemplo, o senhor Tony Blair foi reeleito não sei quantas vezes na Grã-Bretanha", advertiu Chávez.
EFE

19.2.06

Um perdão que envergonha

Lula perdoou. E o fez com a sincera convicção de que, se matar é um ato humano, qualquer coisa que os dirigentes do PT tenham feito de errado faz parte da natureza humana, merecendo perdão. Portanto, nenhum petista deve baixar a cabeça. E o partido não tem por que se humilhar. Embalado pela letra do samba "levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima", eufórico com as pesquisas que o põem na dianteira do processo eleitoral, encantado com a silhueta menos encorpada, Luiz Inácio festejou os 26 anos do Partido dos Trabalhadores sob um clima de entusiasmo que reabre o cenário de continuidade na cadeira presidencial, reanima as bases petistas, reacende o ânimo de governistas e deixa nervosas as oposições. Pula no palanque reeleição, embora negue isso, e, com onipotência majestática, empurra para o alto o índice de banalização da imoralidade no País ao dizer, sem nenhum escrúpulo, que "errar é humano", mesmo que o erro referido tenha sido a maior roubalheira da história contemporânea de nossa política. Traduzindo: se próceres do PT estão imersos nesse lodaçal, devem ser perdoados, bastando que acenem com um pequeno gesto de modéstia o reconhecimento do erro. Se a mais alta figura da República perdoa acusados de grandes crimes, é melhor soltar logo todos os pés-de-chinelo que enchem as cadeias do País.

Mesmo considerando a natureza do evento festivo, em ambiente fechado, e a visível intenção de dar um recado à militância, a expressão presidencial, tornada pública, merece reparos. Não se pode ser indulgente com o crime. Mas esta é a sensação que se filtra quando Lula convoca os petistas a andarem de cabeça erguida, dando vazão à estratégia de amaciamento das denúncias contra o PT, pela qual todos os partidos erram quando pegam recursos para o caixa 2. O presidente insiste em ignorar os limites entre a liturgia do poder, da qual é, por excelência, o maior usuário nacional, e a identidade petista. Com perdão de S. Exa., entremos no mérito da fala. Lembre-se que Lula nunca concordou com a existência do mensalão. Desqualificando a denúncia, ensina que a vergonha petista não deve ser tão grande a ponto de justificar cabeça enfiada na toca. Eventuais desvios - os tais empréstimos bancários - podem ser jogados na vala comum da política. E, assim, o presidente contribui, com o poder do cargo, para relativizar a imoralidade. Se todos cometem o mesmo crime, esse crime se torna menor. Algo como a morte em Bagdá. Coisa banal. Os atentados ocorrem todos os dias.

Se vivo, o velho Ulisses Guimarães poderia retrucar com um dito de sua predileção: "Uma pessoa 99% honesta é 100% desonesta, porque não existe honestidade parcial." Quanto à lembrança de que errar faz parte da natureza humana, vale lembrar ao presidente que "persistir ou esconder o erro é mais humano ainda". A adição ao provérbio até reforça a tese presidencial de que os dirigentes petistas, ao esconderem o delito, foram radicalmente humanos. Perdão para eles. Para fechar o discurso cínico, só falta Lula trazer à tona o autor de Leviatã, Thomas Hobbes, com a lição de que o homem, como lobo do homem, faz tudo para ganhar e preservar poder. Principalmente quando esse "tudo" é fácil de conquistar, algo como um dinheirinho para comprar votos, um cargo na administração, facilitação de negócios, licitações dirigidas, empréstimos mal-explicados. Ou esse não é o arsenal de desvios que está sendo apurado pelas Comissões Parlamentares de Inquérito?

Vale ainda perguntar: será que o mandatário-mor, ao perdoar o PT, não quis se inspirar em Santo Tomás de Aquino, para quem os bens dos mais ricos devem ser repartidos com os mais carentes? (É pouco provável que a filosofia e a teologia do dominicano tenham inspirado quem já confessou não apreciar leitura, muito menos as complicadas.) O santo pregava que os necessitados poderiam apropriar-se de coisas exteriores, hipótese que arrematava com o pensamento de que a vida do pobre prevalece sobre a superabundância do rico. Assim, uma pobre mãe faminta, com três filhos nos braços, poderia "subtrair" da gôndola de um supermercado uma barra de chocolate para saciar a fome (quando isso ocorre, as câmaras de TV flagram a mulher, que sai algemada para a prisão). A atitude seria justificada pela extrema necessidade de sustentar a vida moral. O que é bem diferente da apropriação imoral da coisa pública, denúncia da qual o PT procura se desvencilhar. O que se diz é que o partido, imaginando-se exclusivo senhor da ética e intérprete das demandas sociais, se achou legitimado para retirar do Estado superabundante os recursos e fazer deles o que bem lhe aprouvesse. Teria sido este o arrazoado que deu base à acusação de que "a ética do PT é roubar", feita pelo ex-presidente Fernando Henrique?

É evidente que a disputa eleitoral, já iniciada com a intensa mobilização dos pré-candidatos, é responsável por tons mais agudos na escala das acusações recíprocas. Também se pode dizer que a teia de corrupção que está sendo desvendada (plenamente?) não abriga apenas o território petista. Atores de quase todos os partidos - inclusive do PSDB - estão envolvidos ou na rede do mensalão ou no esconderijo do caixa 2. Portanto, por uma questão de justiça, não se pode garantir que o PT seja o único a ser apenado. Porém, ainda para ser justo, não há como deixar de reconhecer que o PT e seus dirigentes foram os responsáveis pelo furacão. O valerioduto e outros dutos de propina, objeto central da crise, nasceram dentro do partido de Lula. E é aqui que entra em cena a figura do presidente da República. Ele não pode e não deve se prestar ao papel de espanador de poeira. Trata-se de um desvio ético usar o poder que detém para limpar as cinzas que sujam seu partido. Aliás, um partido que morde e assopra o corpo central do governo, que é a política econômica. Não há como resistir à impressão de que, ao perdoar os erros do PT, Lula está dando uma banana para a sociedade.


Gaudêncio Torquato, jornalista, é professor-titular da USP e consultor político. E-mail: gautor@gtmarketing.com.br

18.2.06

Incompetência ou perfídia?

Incompetência ou perfídia?

Erraram feio os membros oposicionistas da CPI dos Correios, quando entabularam, com os governistas, um "acordo" tendo em vista impedir duas convocações para depoimentos naquela comissão: a do publicitário Duda Mendonça e a do ex-diretor de Furnas Dimas Toledo, suposto autor da "Lista de Furnas", contendo o nome de 156 políticos (especialmente do PSDB e do PFL) que teriam se beneficiado, via caixa 2, com recursos provenientes daquela estatal.

O grande erro foi o fato de a estratégia da não convocação de Toledo emprestar credibilidade - com base na desconfiança do "quem deve teme" - a um pseudodocumento, fotocópia de original inexistente, com indícios flagrantes de primária falsificação, tanto pelos erros grosseiros quanto aos nomes dos "listados" - detalhes amplamente expostos pela imprensa que a ela teve acesso - quanto pela inverossimilhança de sua própria feitura, que jamais interessaria a supostos abastecedores de caixa 2 eleitoral, que a este crime teriam acrescentado (com recibo passado) o desvio de dinheiro público. Parece evidente que o empresário Dimas Toledo, naquela estatal há cerca de 30 anos, se culpado fosse do que o acusam não teria a ingenuidade de deixar tal exuberante "rastro". É claro que os oposicionistas da CPI logo descobriram o erro cometido e desfizeram o "acordo", aceitando e reiterando com vigor a convocação de Dimas Toledo - e da mesma forma o segundo depoimento do publicitário Duda Mendonça, com todos os riscos que governo e oposição possam correr em razão de suas respectivas oitivas, inclusive pela emocionalidade do já tenso momento pré-eleitoral. Mas sempre é bom lembrar que essa "Lista de Furnas" já está "rolando" na Polícia Federal desde fins do ano passado, sem que a instituição e quem a subordina, o Ministério da Justiça, tenham esclarecido a opinião pública sobre as conclusões da perícia sobre sua autenticidade. Ou será que, desde então, ainda não houve tempo para tal averiguação técnica? A Polícia Federal não teria tido condições técnico-científicas para dizer se a tal lista é real ou "fajuta" - do tipo "Dossiê Cayman"? Assim é que tem causado a maior estranheza - para dizer o menos - a ambigüidade das declarações do diretor-geral da Policia Federal, Paulo Lacerda, sobre o assunto, ao afirmar, por exemplo, que, "mesmo sem a lista original, sua cópia pode ser submetida a perícia".

Se pode, por que não o foi? E se já foi, qual o resultado? A mesma ambigüidade tem adotado o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, ao apenas manifestar a expectativa de que o documento não seja verdadeiro. Quando é previsto que tal expectativa se confirme ou não, perante a opinião pública? Ou a intenção é a de que essa indefinição permaneça e adentre o período eleitoral, para que a "Lista de Furnas" possa estabelecer um contraponto, em termos de discurso acusatório governo versus oposição, com o famigerado mensalão - e aí não importando ao mínimo a comprovação ou não de sua autenticidade? Afinal de contas, se o próprio chefe de Estado e governo já afirmara perante o mundo - na França - que no Brasil "é comum" o uso de recursos ilícitos em campanhas eleitorais (que boa propaganda fez S. Exa. de nossa democracia!), tudo é possível se políticos de todos os partidos são "farinha do mesmo saco", tese sociológica que o Partido dos Trabalhadores se esforça tanto para demonstrar em seus discursos de defesa ética, de todos os dias.

Mas há um incômodo pormenor na utilização de instituições permanentes do Estado, para a defesa dessa tese política. A Polícia Federal - assim como o Ministério da Justiça - existe para defender outras coisas. Seu emprego para a sustentação político-partidária de grupos encastelados no Poder é uma das maiores aberrações éticas que pode conter um Estado Democrático de Direito. Ao não prestar esclarecimentos definitivos à sociedade brasileira, sobre acusação tão grave contida em papel apócrifo - que nem original é - envolvendo mais de uma centena e meia de políticos, grande parte dos quais têm exercido relevantes funções públicas em nosso país, a Polícia Federal não escapa à disjuntiva: ou não consegue estabelecer, tecnicamente, a autenticidade (ou não) de um pseudodocumento, ou consegue mas não o divulga, pelo fato de a ambigüidade interessar, politicamente, aos que no momento a subordinam. Então - é para a sociedade refletir e julgar - trata-se de um caso de mera incompetência ou de pura perfídia?
FSP

17.2.06

O vigilante diuturno

Thomaz Bastos acompanha de perto decisão tucana e pilota desfecho das CPIs

"E aí, já tem alguma decisão?", perguntou o ministro Márcio Thomaz Bastos, da Justiça, na quarta-feira ao prefeito José Serra, pela segunda vez em menos de duas semanas.

Ouviu o "não" regulamentar que brota à boca do tucano a cada vez - e não são poucas - que lhe perguntam se vai ou não deixar a Prefeitura para disputar a Presidência da República; em seguida, foi logo relatar a conversa ao presidente Luiz Inácio da Silva.

Não pôde tranqüilizá-lo com uma informação mais precisa, mas cumpriu a tarefa à qual já se dedica há algum tempo, ultimamente com especial empenho: ser uma espécie de olheiro presidencial no campo do adversário e administrador extra-oficial dos interesses do governo junto às comissões de inquérito dos Correios e dos Bingos.

No tocante às CPIs, o ministro da Justiça cuida de assegurar que ambas terminem em abril e nenhuma das duas produza relatórios finais passíveis de serem usados como peças de publicidade oposicionista na campanha eleitoral.

Em português claro, o governo receia que as comissões de inquérito terminem com documentos em tom panfletário, temor dos temores, que citem de alguma forma o nome do presidente ou mesmo o do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, cuja função de coordenador da campanha está praticamente definida.

As tratativas, garante o ministro da Justiça, não se dão na base do pedido explícito de exclusão disso ou daquilo, mas ele tem feito ver à oposição que não será interessante para ninguém a prorrogação das comissões ou a elaboração de relatórios que sejam contestados a ponto de inviabilizar sua aprovação.

Não há problema, segundo Thomaz Bastos, de a conclusão apontar acusações, desde que sejam bem fundamentadas e "técnicas". A vantagem para o governo seria óbvia, mas por que a oposição concordaria? "Porque se os relatórios não forem aprovados, a investigação pode ficar desmoralizada."

A questionada lista de Furnas tem freqüentado as conversas recentes do ministro Márcio Thomaz Bastos que, embora prefira esperar o pronunciamento da Polícia Federal para dizer se á falsa ou verdadeira, deixa patente sua desconfiança a respeito da credibilidade do lobista Nilton Monteiro, responsável pela divulgação. "Ele tem um histórico pesado de falsificações."

Entre elas, a assinatura do próprio pai para poder receber indevidamente benefício da Previdência.

Quanto às funções extracurriculares de Dimas Toledo, o ministro Márcio Thomaz Bastos também já dispõe de informações suficientes para identificar no ex-diretor de Furnas um ativo e pluripartidário especialista do setor de arrecadação paralela de recursos para campanhas políticas.

Mas daí a dizer que Bastos está ansioso em comparecer à CPI dos Correios para falar sobre o assunto - como querem alguns da oposição - vai uma distância imensa.

O ministro já esteve disposto a ir. No impulso de reação às acusações de que usaria a PF para alimentar suspeições sobre a oposição, decidiu comparecer à CPI. Mas pensou melhor e concluiu que os adversários do governo não teriam a intenção de esclarecer, mas de desmoralizá-lo, levando-o a sentar numa cadeira carimbada como banco dos réus.

Furnas foi um dos assuntos do último encontro com o senador Tasso Jereissati, presidente do PSDB, na mesma quarta-feira em que telefonou para Serra. Em meio ao tema de listas e investigações, falaram, é claro, de eleições.

E o ministro foi ao assunto de seu interesse: o candidato tucano. Saiu com a impressão de que Tasso Jereissati prefere Geraldo Alckmin. Baseado em quê?

"Não sei, a maneira de falar."

Aliás, confessa Thomaz Bastos, ele mesmo prefere o governador de São Paulo como oponente de Lula. Não por suas qualidades, ao contrário. Por pragmatismo eleitoral. "Ele é muito conservador, teria dificuldades entre os formadores de opinião, entre outras vulnerabilidades."

Quanto ao PMDB, apostaria (contra a vontade, pois, admite, tira votos de Lula) na vitória de Anthony Garotinho nas prévias - "ele trabalha como Maluf fez na Arena, direto com as bases". Mas nutre a esperança de vê-lo barrado na convenção de junho, num cenário ideal de Lula lá no alto nas pesquisas e o partido ocupando a vaga de vice. De preferência com Nelson Jobim.
Dora Kramer

Unibanco tem lucro recorde de R$ 1,8 bi em 2005

Número ficou 43,3% acima do registrado em 2004; crédito foi destaque e respondeu por 42% do resultado do banco

O Unibanco não decepcionou seus investidores e registrou um lucro líquido recorde de R$ 1,838 bilhão em 2005. O número ficou 43,3% acima do resultado de 2004. Dentro do tom que tem predominado no setor bancário pelo menos nos últimos dois anos, a expansão das operações de crédito teve forte peso no resultado.
"A soma de expansão do crédito com o elevado "spread" [diferença entre as taxas de captação e empréstimo] praticado no país tem impulsionado os resultados do setor bancário", afirma Erivelton Rodrigues, presidente da Austin Rating.
Somente no último trimestre do ano passado, o Unibanco lucrou R$ 509 milhões.
Segundo Geraldo Travaglia, vice-presidente corporativo do Unibanco, "as operações de crédito responderam por 42% do resultado do banco em 2005". No ano de 2004, o crédito representou por 38% do lucro.
A carteira de crédito da instituição financeira terminou o ano passado somando R$ 39,875 bilhões (cifra 25,4% superior aos números do ano anterior). Nesse segmento, o destaque ficou com a carteira destinada a pessoa física, que teve aumento de 31,1%, chegando a R$ 15,17 bilhões.
Travaglia disse que, apesar do crescimento acelerado desse segmento de crédito, "a qualidade da carteira permaneceu estável".
Mesmo assim, o banco fez uma provisão adicional de R$ 52 milhões para perdas com crédito no quarto trimestre. Segundo a instituição, isso foi feito "em função da crescente exposição e incremento das carteiras de maior risco no segmento de pessoa física".
Para este ano, Travaglia prevê que o crédito siga em expansão, "algo entre 20% e 25%", com destaque para a carteira destinada ao varejo.
Já o percentual das tarifas bancárias no ganho total do banco recuou um pouco, saindo de 26% em 2004 para 25% em 2005.

Próximos números
Na próxima semana, será a vez de Bradesco, Itaú e Banco do Brasil apresentarem seus balanços referentes a 2005.
Rodrigues, da Austin Rating, prevê que o Bradesco, maior banco privado do país, anuncie um lucro cerca de 50% superior aos números de 2004 -algo próximo dos R$ 5,5 bilhões.
"Os bancos vivem um período de fortes resultados. A receita de serviços do setor bancário, na média, equivale hoje a 120% das despesas com pessoal. Ou seja, dá para pagar esses custos e ainda sobra dinheiro", diz Rodrigues.
FSP

Governo reteve verba de pesquisa, diz SBPC

Dinheiro é de fundos setoriais

A SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) reclamou ontem do que considera o descumprimento de uma promessa feita pelo governo à comunidade científica. Segundo a entidade, a proposta de Orçamento da União para 2006 retirou cerca de R$ 400 milhões dos fundos setoriais, destinando dinheiro de pesquisa à reserva de contingenciamento do governo -usada para garantir superávit primário.
Segundo Ennio Candotti, presidente da SBPC, um acordo feito em novembro passado com os cientistas -e uma promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva- garantiria que R$ 1,2 bilhão dos fundos (60% de sua receita) estivesse disponível para o Ministério da Ciência e Tecnologia. Mas a proposta orçamentária do governo só destinou R$ 800 milhões.
"A previsão da LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] era que o contingenciamento fosse de no máximo 40% da receita dos fundos", disse Candotti à Folha. O que aconteceu foi o inverso: só 40% foi liberado. "Nem os acordos com o governo nem a LDO foram obedecidos. O [Ministério do] Planejamento mandou [uma proposta de] R$ 800 milhões e ficou por isso mesmo."
Candotti disse temer um retrocesso no financiamento à ciência, já que a proposta será votada no Congresso na semana que vem.
O ministro Sergio Rezende (Ciência e Tecnologia) diz reconhecer o problema, mas afirma estar negociando com o Congresso a reposição do dinheiro que seria retido. O que aconteceu, segundo o ministro, foi uma desconexão entre a LDO e a proposta de Orçamento do governo.
"O presidente Lula me disse que eu poderia trabalhar no Congresso para retirar R$ 425 milhões da reserva de contingência e devolver ao FNDCT [Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico]", afirmou Rezende. "É isso que eu estou fazendo febrilmente. Estou confiante de que vamos ter o FNDCT recomposto."

Telemar patrocina empresa de filho de Lula

Sócia da Gamecorp, empresa de telefonia gasta ao ano R$ 5 mi em patrocínio, valor igual ao aporte de capital que fez em 2005

Além de ter feito um aporte de capital de R$ 5 milhões na empresa de Fábio Luis Lula da Silva, filho do presidente da República, a Telemar, maior operadora de telefonia fixa brasileira, também gasta anualmente outros R$ 5 milhões com patrocínio e produção nos programas de TV da Gamecorp. O dinheiro é usado para comprar espaço nas emissoras e colocar a atração no ar.
O número exato do investimento de publicidade é de R$ 4,989 milhões. São R$ 415,75 mil mensais. Os valores são oficiais e fornecidos pela Telemar. O dinheiro é dividido entre programas transmitidos pela TV Bandeirantes e Mix TV -essa última uma emissora apenas captada em UHF (forma de transmissão de baixo alcance) ou em algumas operadoras de TV a cabo.

Bom retorno
A Telemar argumenta que se trata de um investimento estratégico e com bom retorno. Visa atingir um público específico. São, ao todo, quatro programas de 30 minutos e um de três minutos. O que tem maior audiência pontuou 0,92 ponto no Ibope nacional (505.440 de pessoas sintonizadas) e 1,12 ponto na Grande São Paulo (197.960 pessoas). Os números são de janeiro.
A empresa de Telefonia não está sozinha no patrocínio da Gamecorp. Outras empresas de porte já fizeram propaganda nos programas de TV sobre videogames produzidos pela empresa do filho de Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os que já anunciaram estão Gradiente e Sadia.
A Gradiente é do empresário Eugênio Staub, um dos primeiros homens de negócios de porte que manifestou apoio a Lula em 2002. A Sadia é a empresa onde fez carreira o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
A Gamecorp passou a ter grande prosperidade depois que Lula chegou ao Palácio do Planalto. A entrada da Telemar se deu no final de 2004, tendo sido oficializado no início de 2005. O capital social da empresa está registrado com um valor de R$ 5,2 milhões. Desse total, R$ 5 milhões saíram da Telemar.
A entrada da Telemar na Gamecorp serviu para que a empresa deslanchasse. Antes, o filho de Lula já fazia um programa de TV modesto que era transmitido num horário comprado na TV Bandeirantes. Depois, expandiu sua programação para a Mix TV, -do empresário João Carlos Di Genio, dono de uma rede de escolas e faculdades.
A Gamecorp é especializada no mundo dos videogames. Seus programas de TV são para esse público. Na Bandeirantes, há o G4 Brasil (30 minutos de duração, aos sábados, a partir das 22h30). É o principal produto.
Além desse há o G4 Drops (três minutos diários, de segunda-feira a sexta-feira, depois da meia-noite e meia). Os horários são comprados e a emissora não tem responsabilidade pelo conteúdo.

Audiência
O G4 Brasil teve uma audiência média registrada pelo Ibope em janeiro de 0,92 ponto em todo o país enquanto esteve no ar. No mesmo horário, a MTV (emissora especializada em música e focada no público jovem) teve 0,18 ponto de audiência média.
A Mix TV tem dois programas e uma reprise: o Play Hit (30 minutos diários, às 18h30) e Game Zone (30 minutos diários, às 18h). Em seguida, esse mesmo Game Zone é reprisado com o nome de Game Zone 2 às 19h30.
Os comerciais veiculados pela Telemar são todos de uma empresa do grupo, a operadora de celulares Oi (cerca de 10 milhões de usuários no final do ano passado). O objetivo é incentivar os usuários de celulares a fazerem download de itens relacionados a games, como clipes, protetores de tela e "ringtones" (sons de campainha). Cada vez que um usuário busca esses produtos, a Oi aufere alguma receita.
FSP