17.2.06

Rice quer frente internacional contra Chávez

Secretária diz ter feito contatos com Brasil, Espanha e Áustria sobre "perigo para democracia" representado por venezuelano

A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, instou ontem a comunidade internacional a criar uma "frente unida" contra o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a quem qualificou de "um desafio para a democracia" e um "perigo" para a região devido a seus vínculos com o regime cubano, do ditador Fidel Castro.
"A comunidade internacional tem de ser muito mais ativa em seu apoio ao povo venezuelano e em sua defesa dele", afirmou Rice em uma audiência na Comissão de Relações Internacionais da Câmara dos EUA.
"Estamos falando com outros [países] para tentar nos assegurar de que haverá uma espécie de frente unida contra algumas coisas em que a Venezuela está envolvida", acrescentou.
Rice afirmou ter mantido contatos por telefone com os ministros das Relações Exteriores da Espanha, do Brasil e da Áustria para "dizer-lhes que têm de prestar realmente atenção no que está acontecendo" na Venezuela.
A Áustria ocupa atualmente a Presidência rotativa da União Européia.
"Um dos problemas que enfrentamos é a relação entre Cuba e a Venezuela", disse. "Penso que isso constitui um perigo particular para a região."
A secretária sustentou ainda que é "certamente importante" para os EUA ter uma "vizinhança segura" na América Latina.
"É importante dizer que um dos maiores problemas que temos nesse aspecto são as políticas da Venezuela", afirmou. Segundo ela, Chávez está "tentando influenciar seus vizinhos a sair do processo democrático".
As relações entre Caracas e Washington se deterioraram depois da tentativa de golpe sofrida por Chávez em abril de 2002. O líder venezuelano acusa os EUA de terem orquestrado o golpe.
No último embate entre os dois países, no início deste mês, Caracas expulsou um adido militar americano do país, acusando-o de espionagem. Em reação, no dia seguinte, os EUA expulsaram uma diplomata venezuelana.

Irã
As declarações de Rice coincidiram com a visita de uma delegação de parlamentares do Irã a Caracas e Havana -em busca de apoio ao programa nuclear iraniano. Eles seguem depois para o Brasil e o Uruguai. Os EUA listam a república islâmica como parte do "eixo do mal" e sustentam que seu programa atômico tem fins militares.
"Ninguém tem o direito de negar a qualquer pessoa a possibilidade do uso pacífico de energia nuclear", disse o presidente da Assembléia Nacional cubana, Ricardo Alarcón, após encontro ontem com representantes iranianos. "O que o mundo deve combater precisamente é o monopólio que alguns têm sobre as armas de destruição em massa."
FSP