6.2.06

Caixa Econômica e BMG

Segundo análise da Caixa, transação com o banco mineiro não poderia ter sido feita

Caixa ignorou alerta interno ao fazer negócio com BMG

Documentos entregues à CPI dos Correios revelam que a compra pela Caixa Econômica Federal da carteira de crédito consignado do BMG ocorreu num momento em que estavam suspensos, na Caixa, os negócios com as instituições financeiras que tivessem o mesmo conceito da análise de risco atribuído ao banco mineiro.
O BMG é um dos financiadores do "valerioduto". Repassou R$ 44,6 milhões (valores atualizados em novembro) ao esquema montado pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, mas a dívida só passou a ser cobrada após o início do escândalo do "mensalão".
A CPI investiga se a transação com a Caixa beneficiou o BMG em troca dos empréstimos indiretos ao PT. As operações com a Caixa já renderam ao BMG R$ 163,9 milhões a título de lucro.

Risco
"Em face da intervenção do banco Santos pelo Banco Central e a conseqüente possibilidade de risco de contaminação, propomos, de forma temporal, a suspensão de operações que envolvem risco privado com instituições financeiras, cujo conceito de risco de crédito na Caixa seja igual ou superior a B (B, C, D)", diz análise da Caixa entregue à CPI pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
O documento é assinado pelo superintendente da Suric (Superintendência Nacional de Risco de Crédito) da Caixa, Jonildo César de Paula Carvalho, e pela gerência da Geanp (Gerência Nacional de Avaliação de Risco de Crédito de Operações com Projetos).
O relatório é de 3 de dezembro de 2004 -19 dias antes do fechamento do negócio e quatro dias após a presidência do BMG ter procurado a Caixa para oferecer a carteira de crédito consignado (empréstimo pessoal com desconto na folha de vencimentos de aposentados e pensionistas).
Planilha anexa revelou o conceito atribuído ao BMG, o "B", assim descrito no relatório técnico: "A capacidade de pagamento é suscetível às variações das condições econômicas e financeiras".
Onze dias depois do primeiro relatório, a Suric voltou a avaliar o negócio com o BMG. O documento, também assinado pelo chefe da área, diz que o BMG apresenta nível de risco "B": "sem limite disponibilizado temporariamente, em função da atual política de crédito adotada conforme descrito" no estudo anterior.
No segundo relatório, além de advertirem sobre a suspensão desse tipo de negócio, os técnicos recomendam uma série de medidas antes do fechamento do contrato.
O relatório explicita o risco da operação, e diz: "Ativo de crédito com prazo médio superior ao prazo dos depósitos (gerando risco de mercado e liqüidez para estas instituições)".
Oito dias após o segundo relatório o Conselho Diretor da Caixa decidiu fechar o negócio, em documento assinado pelo presidente do banco, Jorge Mattoso.
FSP

2 comentários:

Anônimo disse...

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