Flagrado no jantar que celebrou em Brasília o vigésimo sexto aniversário do PT, o deputado Professor Luizinho (SP) resumiu o pensamento da maioria das cabeças coroadas do partido e até mesmo da militância quando comentou com um grupo de jornalistas:
— Não me sinto constrangido. Tenho recebido solidariedade. Todos os companheiros sabem que é luta política.
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou o parecer que recomenda a cassação do mandato de Luizinho por quebra de decoro parlamentar.
Ele recebeu R$ 20 mil do caixa 2 montado por Marcos Valério e o "nosso" Delúbio (quem chamou Delúbio de "nosso" foi Lula). Em breve, será julgado pelo plenário da Câmara.
Quando Luizinho diz que "todos os companheiros sabem que é luta política" o que ele enfrenta, quer dizer que é inocente. Que está sendo vítima dos adversários. E que não merece ser cassado, embora a lei considere crime o uso em campanha de dinheiro omitido à Justiça Eleitoral.
O que Luzinho e o PT fizeram é o que todos os partidos costumam fazer no Brasil, justificou Lula em julho do ano passado ao visitar Paris.
Por todos ou quase todos procederem assim, o que é crime deixaria de ser. Isso Lula não disse, mas pensou. Se não pensou, deu a entender.
A ordem dentro do PT é passar uma borracha no passado recente e enfrentar as próximas eleições fazendo de conta de que nada de grave aconteceu.
Novamente é Lula quem dá o tom. É capaz de esgrimir com argumentos contraditórios como se eles guardassem a mínima coerência.
Afirmou a certa altura do discurso pelo aniversário do PT:
- É preciso aprender, quando erramos, a pedir desculpas. Pedir desculpas é um ato de grandeza. Não podemos execrar os que erraram, porque já diz a sabedoria que errar é humano, só tropeça se der um passo.
E quando você imagina que em seguida Lula admitirá sem meias palavras que o PT errou e que ele próprio errou, Lula encaixa:
- Sempre gostaríamos que as coisas acontecessem sem atropelo, mas imagine o mar sem marolas... não aguentaríamos uma hora. Na política é assim... Sempre tem alguém jogando uma casca de banana, uma pedra para você tropeçar, mas é preciso aprender a lidar com isso.
Ninguém jogou uma casca de banana no caminho do PT. Muito menos uma pedra. Foi o PT, e somente ele, que providenciou a casca de banana ou a pedra.
Ao se dispor a ser candidato a presidente da República pela terceira vez, Lula impôs como condição o atendimento de todas as suas vontades - ou das principais.
E uma delas era a de não faltasse dinheiro para o que fosse necessário.
Não faltou. "Nosso" Delúbio deu um jeito com o pleno consentimento dos seus superiores - entre eles, Lula.
Luzinho e Lula falam a mesma língua quando um atribui a situação em que vive à "luta política", e o outro cita a casca de banana para concluir que "na política é assim".
Noblat
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