15.2.06

Brasil perde espaço no exterior

Cai participação relativa de produtos brasileiros nos maiores mercados do mundo
Brasil perde espaço nos EUA e UE para chineses e indianos

Em ritmo acelerado, americanos e europeus estão aumentando o consumo de automóveis, máquinas, produtos químicos e até aço da China e Índia em detrimento do produto brasileiro. O Brasil está perdendo participação relativa nos maiores mercados do mundo justamente nos produtos manufaturados que possui mais tradição.

A consultoria MB Associados comparou, setor por setor, as exportações de Brasil, China e Índia para Estados Unidos e União Européia entre 1999 e 2004, último ano para o qual todos os dados estão disponíveis. O trabalho conclui que a China é um competidor feroz do Brasil em manufaturados e a Índia, com um volume de exportação menor e pauta menos diversificada, ainda não amedronta, mas começa a ganhar espaço.

Para Sérgio Vale, da MB Associados, o Brasil enfrenta mais concorrência em itens de maior conteúdo tecnológico, enquanto avança nos produtos básicos favorecido pelos preços das commodities. "Perdemos espaço nos produtos manufaturados que temos tradição e especialização. Está havendo uma 'primarização' da pauta exportadora", diz. O economista avalia que o câmbio valorizado prejudica as exportações de manufaturados.

O Brasil exportou US$ 2,59 bilhões em aço para os EUA em 2004, alta de 109% ante 1999. Já a China aumentou suas exportações de aço em 326% na mesma comparação, para US$ 1,75 bilhão. A distância entre os dois países no mercado americano diminuiu. Em 1999, as exportações brasileiras de aço superavam as chinesas em 182%. Em 2004, foram 48% maiores.

A China é um dos maiores fabricantes de aço do mundo. Em 2005, a produção do país atingiu 349 milhões de toneladas de aço, a maior parte destinada a atender seu próprio apetite. A Índia é uma exportadora tímida de aço, mas tem potencial. O país embarcou US$ 874 milhões de ferro e aço para os EUA em 2004, alta de 324% ante 1999. A Índia, junto com Brasil e Austrália, é um dos maiores produtores de minério de ferro do mundo. Em 2005, o país produziu 38 milhões de toneladas de aço, ultrapassando pela primeira vez o Brasil, que produz 31 milhões.

Para Carlos Loureiro, diretor-presidente da Rio Negro, a China adotou a estratégia de agregar valor ao aço e não deve seguir aumentando expressivamente os embarques para os EUA por temerem medidas antidumping.

As exportações brasileiras de automóveis cresceram 113% para o mercado americano e caíram 56% para o europeu entre 1999 e 2004, diz o estudo. No mesmo período, as vendas da China cresceram 253% para os EUA e 224% para a UE. A Índia exportou valores mais modestos, mas seus embarques de veículos cresceram 123% para os EUA e 163% para a UE.

China e Índia conquistaram seu lugar no mapa mundial de produção de veículos. Em 1997, a China produzia 1,6% dos carros do mundo, a Índia, 0,6%, e o Mercosul, 2,5%. Em 2004, a fatia chinesa foi para 7,9%, a indiana para 2,4% e a do Mercosul continuou de 2,5%.

Os Estados Unidos são o maior mercado do mundo para máquinas e equipamentos. O Brasil vende para o país máquinas ferramentas, agrícolas, gráficas, têxteis, ferroviárias, entre outras. O país embarcou US$ 853 milhões em máquinas para os EUA em 2004, alta de 56% ante 1999. A China demorou para conquistar a confiança dos canais de distribuição nos EUA, mas agora domina o mercado. Em 2004, o país embarcou US$ 5,96 bilhões em máquinas para os EUA, alta de 202 ante 1999.

Para Newton de Mello, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), China e Índia possuem situações cambiais muito favoráveis, enquanto o Brasil enfrenta problemas de competitividade devido à alta do real. "Antes exportávamos máquinas siderúrgicas, agora não conseguimos concorrer com a China nem dentro do nosso mercado", reclama.

A Índia embarcou US$ 346 milhões em máquinas e equipamentos para os EUA em 2004, menos da metade do Brasil, mas o ritmo de crescimento ante 1999 foi de 225%. Mello diz que as máquinas produzidas na China são equivalentes às feitas no Brasil na década de 80. São produtos de baixa tecnologia e com design arcaico, mas essa indústria está avançando.

No período coberto pela MB, as exportações brasileiras de químicos orgânicos subiram 64% para os EUA e 44% para a UE. As vendas chinesas cresceram 172% para o mercado americano e 74% para o europeu. Os indianos venderam 153% a mais para os EUA e 83% para a UE. Nos químicos inorgânicos, as participações ficaram estáveis.

Guilherme Duque Estrada de Moraes, vice-presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), explica que, em geral, Brasil, China e Índia não competem diretamente no setor químico, devido à grande variedade de produtos. Em algumas áreas, no entanto, a competição é inevitável. Brasil e China disputam palmo-a-palmo o mercado mundial de embalagem PET.
Valor

Um comentário:

Anônimo disse...

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