25.2.06

Doença holandesa

Estrangeiros já vêem sinais da 'doença holandesa'


A sustentabilidade do ajuste do setor externo, promovida durante o governo Lula, começa a preocupar analistas estrangeiros. Para Christian Stracke, chefe de Mercados Emergentes da consultoria americana CreditSights, o déficit em conta corrente de janeiro e a desaceleração das exportações em fevereiro acenderam a luz amarela.

Stracke acaba de divulgar um relatório para clientes em que afirma que a "doença holandesa" está se instalando no Brasil. Economistas batizaram de doença holandesa a situação em que a grande exportação de um produto leva à valorização da moeda de um país, o que torna seus produtos manufaturados menos competitivos e acaba por levar à desindustrialização.

A "doença" foi identificada no fim dos anos 70 na Holanda, que passou a exportar fortemente gás natural. A exportação provocou grande entrada de dólares, que valorizou muito a moeda local (na época, o florim). O câmbio valorizado tirou a competitividade da indústria, estimulou importações e acabou levando a uma desindustrialização.

Segundo Stracke, as exportações estão desacelerando, as remessas de lucros explodiram e há um crescimento do investimento de brasileiros no exterior. "Tudo isso indica que a doença holandesa está se alojando no Brasil, enquanto o real continua a se valorizar", diz o analista.

A grande exportação de commodities levou à valorização do real, que está tirando competitividade da indústria brasileira. "Por um lado, o grande aumento nas remessas de lucros é um bom sinal, porque mostra que as empresas estão lucrando; por outro lado, esse aumento mostra que as multinacionais preferem mandar os lucros para fora a reinvesti-los no País", diz Stracke.

Isso, segundo o economista, é reflexo da perda de competitividade da economia brasileira, por conta da valorização do real. As remessas de lucros e dividendos foram de US$ 1,176 bilhão em janeiro, quase quatro vezes mais que em janeiro de 2005 (US$ 318 milhões).

"Se as empresas estivessem tão eufóricas com o Brasil como o setor financeiro está, elas estariam correndo para investir no País". O investimento estrangeiro em janeiro foi de US$ 1,5 bilhão, praticamente o mesmo de janeiro de 2005.

"A moeda forte está tirando investidores do País e eles estão indo para outros mercados mais competitivos; enquanto isso, os investidores financeiros continuam indo para o Brasil com força, atrás da moeda em constante valorização", conclui Stracke.
Estadão

2 comentários:

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