8.9.06

Investimentos caem no governo Lula

Deixando de fora a Petrobrás e a Vale do Rio Doce, os investimentos de 231 companhias abertas em aumento da produção declinaram no governo Lula, na comparação com o governo Fernando Henrique, como mostrou reportagem publicada no domingo pelo Estado. Os números dão uma idéia de quanto o ambiente institucional brasileiro desestimula os investimentos e inibe o ritmo de crescimento do PIB.

Nos três últimos anos do governo Fernando Henrique (2000 a 2002), aquele conjunto de empresas, analisadas pela consultoria Economática, realizou investimentos líquidos de R$ 83,4 bilhões, montante que declinou para R$ 42,7 bilhões nos primeiros três anos (2003 a 2005) do governo Lula. Incluindo o montante aplicado na manutenção e reposição de peças e equipamentos, também houve declínio, neste caso, de investimentos brutos, de R$ 196,8 bilhões para R$ 153,8 bilhões.

Só não houve recuo nos setores de veículos e peças e de petróleo e gás. A maior queda ocorreu em telecomunicações, de R$ 22,5 bilhões para R$ 2,1 bilhões, porque as empresas se anteciparam aos prazos do Plano de Metas de Universalização para expandir a rede. Também houve queda de investimento em energia elétrica, papel e celulose, siderurgia e metalurgia e química.

Não faltam explicações para o declínio - juros e tributos elevados, infra-estrutura deficiente, real valorizado e evolução lenta da demanda. Na energia, também são gargalos as licenças ambientais e os riscos regulatórios.

A comparação seria menos ruim para o governo Lula se fossem incluídas a Petrobrás e a Vale (que elevaram os investimentos líquidos de R$ 30,6 bilhões para R$ 69 bilhões). Mas se trata de empresas multinacionais, que produzem commodities valorizadas - petróleo e minério de ferro.

A piora é confirmada por outros dados sobre as empresas abertas. Segundo o Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad), a relação entre investimentos e ativos totais declinou de 7,8%, no primeiro semestre de 2005, para 5,9%, no mesmo período de 2006.

O enfraquecimento do investimento privado mostra que o governo Lula inspira nas empresas menos confiança do que elas tinham no governo FHC. E as políticas de atração de investimentos - regulação independente, menor carga tributária, crescimento econômico mais rápido - não parecem prováveis. Acima de tudo, o aumento do gasto público antecipa uma tendência restritiva de investimentos em 2007.
Estadão

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