30.7.09

Um diálogo fictício no Twitter entre dois Zés: Saramago e Sarney

Aproveitando a crítica do Editor do UOL Tabloide ao Twitter, o UOL Tabloide orgulhosamente apresenta o exclusivo e fictício diálogo, no Twitter, entre dois Zés bem comentados no momento: Saramago e Sarney! Aqui

josesarney: caro colega escritor, como José, estou indignado com a perseguição que estamos sofrendo no twitter

saramago: escrevo curtamente, porque curto é o espaço, espaço que não deveria ter limites, mas tem, todavia, contra suposta vocação da inter

josesarney: como dizia, tenho tentado explicar, da forma mais transparente possível, todos os meus atos, secretos ou não

saramago: da internet, e no exíguo espaço, antes de reduzi-lo a ruídos, rumores ou roncos grunhidos como grunho forte, daqueles que metem me

josesarney: assim como tentei explicar a qualidade de minha vasta obra literária, que apenas alguns críticos conseguiram compreender

saramago: lamento não só a falta de caracteres e de caracteres (mantenho a grafia portuguesa que o acordo ortográfico pretende matar), que

saramago: que permeia a vida virtual, que inexiste virtualmente, alheia ao real que nos rodeia, ainda que não o percebamos, como também a pe

josesarney: como assim, falta de caráter? Você é mais um desses provocadores, que não acreditam que eu não sei o que é ato secreto?

saramago: permissão que se confunde lamentavelmente com a pior das permissividades, humanos agredindo e agredindo-se sem razão ou sem limite

josesarney: não estou entendendo a sua posição, colega José. Você também entrou para o #forasarney?

saramago: incendiários digitais que querem tudo transformar, que jamais compreenderão o sentido de orações subordinadas repletas de vírgulas

josesarney: caro Saramago, sou um admirador de seus livros, que um assessor leu-me e gostou, jamais imaginaria que estivesse do outro lado

saramago: vírgula, suprema pontuação, que guarda em si porvir e passado, e que amarra as pontas da vida, como queria a personagem de Machado

saramago: que tentou sem sucesso uni-las, as duas pontas, a de lá e a de cá, como forma de recuperar o grande amor que nunca veio a conhecer

saramago: ou seja, o de Capitu, a virgem dos lábios de mel, já vinha eu a dizer, equivocadamente, confundindo-a com outra musa das letras do

saramago: outra musa literária brasileira, a do Alencar, não o vice, mas o escritor, como eu, que não soube bem dividir vida política de vid

saramago: literária, não misturando-a em demasia, apesar de defender umas ultrapassadíssimas ideias sobre a vergonhosa escravidão brasileira

josesarney: então, desculpe, não consegui acompanhar seu raciocínio, mas queria dizer que a crise não é minha, é do Senado

saramago: escritor que foi senador como o senhor, aliás, e que, apesar duma lamentável defesa da escravidão, que já citei, deixou obras bela

josesarney: como eu!

saramago: diferentemente de outros escritores brasileiros, que até presidente da República foram, mas que nem de longe deixaram a obra-prima

saramago: esses 140 toques me deixam doudo! Como já dizia, obras como Iracema, com seus olhos de cigana dissimulada, já ia dizer, a novament

saramago: a novamente confundi-la, Iracema, com Capitu, do imortal Machado de Assis, um escritor de capítulos curtos, curtíssimos, por vezes

saramago: curtos demais para o meu pobre gosto, que sempre fui autor de livros e parágrafos intermináveis, intermináveis, mesmo sem o limite

saramago: RAIOS! O limite dos 140 toques, aliás, cento e quarenta, por extenso, que fica mais interessante e bonito que os míseros 140 toque

josesarney: caro Saramago, cansei de segui-lo no twitter. Afirmo, só, que não deixarei a cadeira, a menos que o presidente Lula deixe a sua

saramago: a minha? Que cadeira, pois, estás maluco, opá? Não é que consegui escrever uma mensagem que não é um grunho dentro daqueles 140 to

josesarney: fui!


saramago: foste? já avisaste a imprensa? Pois imagino eu como ela reagiria com tal declaração inesperada e imperiosa, tamanha gente a aguard

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