22.5.06

Ameaça deixa o Congresso em alerta

Agência Brasileira de Inteligência intercepta informação de que o PCC planejava explodir bomba no Parlamento

Uma possível reação do Primeiro Comando da Capital (PCC) à convocação de Marcos Willians Herbas Camacho, o “Marcola”, para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Armas deixou a segurança do Congresso Nacional em estado de alerta. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) interceptou, na última sexta-feira, a informação de que a organização criminosa iria colocar uma bomba nas dependências na Casa. Imeditamente, o órgão alertou a Polícia Civil do Distrito Federal e a segurança legislativa sobre a suposta ameaça. Os quatro anexos da Câmara e os quatro do Senado foram vasculhados. Nada foi encontrado.

A operação de busca do artefato começou, com muita discrição, na própria sexta-feira, com a participação das polícias Civil e Federal. Apenas na madrugada de ontem, um delegado do Departamento de Operações Especiais da PF deixou o Congresso quando a possibilidade de haver uma bomba tinha sido descartada.

No Congresso, oficialmente, não houve confirmação da ameaça. Mas quatro fontes diferentes garantiram ao Correio que a Abin interceptou a informação e fez o alerta. Uma fonte da agência de inteligência admitiu que a instituição recebeu, na sexta-feira, a informação de que a facção estaria articulando a instalação do artefato em um dos prédios do Congresso. Dois integrantes da Segurança da Câmara confirmaram a notificação, na sexta-feira, às duas casas e a vistoria durante o fim de semana. Um integrante da Polícia Civil também garantiu que a notícia chegou ao órgão na sexta-feira e que houve reforço no policiamento durante todo o fim de semana.


Apreensão

A ameaça não chegou a interferir no domingo de visitas a um dos principais pontos turísticos da capital. Mas deixou parlamentares preocupados. Em São Paulo, berço do PCC, o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) pediu intensificação do sistema de segurança no Congresso. “Não podemos nos intimidar, mas, pelo sim, pelo não, é bom aumentar o controle interno”, afirmou.

No Rio de Janeiro, o líder do PFL, Rodrigo Maia, garantiu que os parlamentares não vão recuar por causa de ameaças. “Se foi a convocação de Marcola que gerou isso, vamos ouvi-lo ainda mais cedo. Não vamos ceder à chantagem, não vamos recuar um milímetro”, disse. “Em resposta, temos que fortalecer o orçamento para a segurança pública, votar leis mais rígidas e apoiar o governo federal e os estaduais. Essa é uma briga sem volta.”

Além da convocação de Marcola, principal líder da facção criminosa responsável por uma semana de pânico no estado de São Paulo, o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) acredita que a apuração do envolvimento dos advogados Maria Cristina de Souza e Sérgio Wesley no crime organizado pode ter desencadeado a ameaça de bomba. Os dois são acusados de comprar, por R$ 200, o depoimento sigiloso dos delegados Godofredo Bittencourt e Ruy Ferraz Fontes, do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado de São Paulo (Deic), na CPI do Tráfico de Armas, do funcionário terceirizado Arthur Vinícius da Silva. “Essa é a prática do crime organizado.


Querem amedrontar para inibir a ação contra eles”, argumenta.

Se a intenção era intimidar, a ameaça pode ter efeito contrário. “Em hipótese alguma vamos deixar de convocar o Marcola, podem jogar a bomba que quiserem. Terça-feira, vamos deliberar e não vamos deixar de convocar o Marcola se for necessário”, afirmou Alberto Fraga (PFL-DF), integrante da CPI do Tráfico de Armas.

Ontem, durante todo o dia, o esquema de visitação ao Congresso foi mantido sob forte segurança. Apesar do trânsito de turistas no Senado estar liberado, não era permitida a entrada dos visitantes pela porta principal da Casa. Além disso, o estacionamento nas rampas que dão acesso à entrada do Congresso pela chapelaria estava proibido. De acordo com a assessoria de imprensa da Câmara dos Deputados, o Senado estava de portas fechadas por causa de problemas nos detectores de metais. A varredura em busca da bomba, por sua vez, foi confirmada, mas a assessoria informou que era um procedimento de rotina.
Correio Brasiliense

Um comentário:

Anônimo disse...

Keep up the good work »