6.5.06

O 28º ESTADO DO BRASIL

Estamos presenciando um fenômeno que está sendo denominado pelos analistas e pela imprensa de “desintegração da América do Sul”, apesar de nunca os países deste subcontinente terem sido integrados. Ora, o poder não deixa vácuo. Diante do fato de que o Brasil deixou de exercer efetivamente o papel de líder natural dos países sul-americanos, passamos a assistir à ação de Hugo Chávez ocupando esse espaço, além de estar inspirando líderes à sua imagem e semelhança, conforme Evo Morales, presidente da Bolívia.

A nacionalização de todas as etapas da exploração e comercialização do petróleo e gás na Bolívia, ocorrida em primeiro de maio, atingiu violentamente o Brasil. Fato semelhante ocorrera naquele país em 1937 e 1969, quando os principais prejudicados foram os Estados Unidos; entretanto, a grande diferença é que as empresas estadunidenses eram privadas, enquanto que a empresa brasileira, a Petrobras, é do povo brasileiro.

Portanto, o infeliz decreto de Morales prejudica contundentemente o povo brasileiro, que terá de amargar aumento do preço do gás, além do fantasma do racionamento de energia.

Como prêmio por termos investido cerca de US$ 1,5 bilhão nos últimos anos na Bolívia e gerado diversos empregos naquele país, fomos apunhalados nas costas por um líder cocaleiro que, apesar de sua atitude irresponsável e desafiadora, nos permitiu ver o quanto nossos governantes foram omissos e incompetentes. Omissos porque nas últimas décadas não investiram adequadamente nas nossas Forças Armadas, e incompetentes porque o nosso serviço de Inteligência e o nosso corpo diplomático não previram o repugnante ato de Morales. Ademais, se previram e não alertaram a nação foram, no mínimo, inconseqüentes.

O Brasil sequer possui Forças Armadas adequadamente equipadas para dissuadir tamanho insulto, pois se o tivesse Morales não ousaria tanto. Além disso, ele deve estar confiando em uma possível ajuda venezuelana, cujas Forças Armadas estão sendo equipadas por Hugo Chávez há um bom tempo. Caso o Brasil seja forçado a intervir na Bolívia para impedir o estrangulamento de nosso economia, devido à vindoura escassez energética, teremos que enfrentar, além do Exército Boliviano, as forças chavistas e cubanas e o pior, para não sermos humilhados, teremos que aceitar o apoio estadunidense, que em troca sugará ainda mais nossas riquezas e soberania.

O parque industrial paulista depende consideravelmente do gás vindo da Bolívia. Uma paralisação de nossas indústrias, devido à carência energética, aumentará o desemprego no país, alimentando ainda mais a violência.

Por uma questão de segurança nacional, o governo Lula deve imediatamente suspender o pagamento dos R$ 180 milhões de juros previsto para este ano e utilizar esses recursos em investimentos nas Forças Armadas, nas Polícias e em nossas agências de inteligência. O Brasil agiu ingenuamente e foi enganado pelo cocaleiro.

Urge responder à altura. No caso da recente expulsão da siderúrgica brasileira EBX, da Bolívia, “hermanos” bolivianos ficaram contrários ao cocaleiro, portanto Santa Cruz de La Sierra é campo fértil para que o Brasil utilize o chamado Soft Power, isto é, ganhar os corações e mentes dos habitantes locais para atingirmos nossos objetivos, antes de sermos forçados a utilizar o inadequado Hard Power, pois devido à irresponsabilidade de nossos governantes nossas Forças Armadas estão sucateadas.

Precisamos de uma Armada capaz de projetar poder e dissuadir o inimigo. Precisamos de submarinos de propulsão nuclear. No caso da Bolívia, sem acesso ao mar, teríamos que ter uma Força Aérea adequada, o que infelizmente não temos, além de um Exército que represente bem o nosso passado de glórias, nos campos do Paraguai. Nossos intelectuais e essas ONGs que de tudo fizeram para desarmar nosso povo também têm sua parcela de culpa, diante do horizonte nebuloso que nos advém.

Reage Brasil!
Tenente Melquisedec Nascimento
Presidente da Associação dos Militares Auxiliares e Especialistas.
www.amae.org.br