11.5.06

A verdade de Dantas e PT!!

Grupo Opportunity acusa PT de persegui-lo por negar propina
Afirmação está em carta enviada à Justiça dos EUA, onde banco tem litígio com Citibank

Documento enviado pelo Opportunity à Justiça dos Estados Unidos afirma que o grupo foi procurado pelo PT, em 2002 e 2003, e recebeu um pedido de propina de "dezenas de milhões de dólares".
O texto -uma carta assinada pelos advogados americanos do Opportunity- foi apresentado ontem na CPI dos Bingos durante o depoimento do ex-secretário do PT Silvio Pereira. O presidente do PT, Ricardo Berzoini, negou a veracidade das acusações do documento.
"O ódio e a perseguição relacionados ao Opportunity começaram com a recusa do banco, em 2002 e 2003, de aceitar a sugestão do Partido dos Trabalhadores de pagar dezenas de milhões de dólares ao partido, para evitar pressões governamentais sobre o Opportunity", diz o escritório de advocacia Boies, Schiller & Flexner, signatário do documento.
De acordo com a versão do Opportunity, a abordagem petista foi informada ao Citibank -então associado ao banco brasileiro-, na época em que ocorreu por meio de várias conversas. Ao saber da tentativa de aproximação do PT, o Citi, ainda segundo o Opportunity, concordou com a sugestão do banco brasileiro e negou o repasse. Procurado pela Folha, o Citi não confirmou as informações.
A carta apresentada ontem pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), não diz quem teria procurado o Opportunity. A Folha apurou que o controlador do grupo, Daniel Dantas, não foi abordado diretamente e que mais de uma pessoa ligada ao PT mandou recados a outros executivos sobre doações. A insinuação era que uma contribuição entre R$ 90 milhões e R$ 110 milhões poderia aplacar o clima de guerra do governo contra o banqueiro.
Procurado pela reportagem, Dantas recusou-se a comentar a carta. Interlocutores dizem, no entanto, que ele está disposto a falar sobre o assunto no Congresso, se for chamado, e que tem documentos sobre o tema.

Juiz
A carta na qual o Opportunity se refere ao suposto pedido de propina foi protocolada no último dia 13 na Corte de Nova York, sob o número 315, e encaminhada ao juiz Lewis Kaplan. O acesso ao documento, que integra ação judicial movida pelo Citi contra o Opportunity desde 2005, é público.
Entre 1998 e 2003, o Opportunity foi gestor dos recursos usados pelo Citi para investir nas privatizações brasileiras. O dinheiro, US$ 700 milhões, foi alocado em um fundo de investimento chamado CVC/Opportunity, controlador da Brasil Telecom, operadora de telefonia fixa das regiões Sul, Centro-Oeste e Norte que é alvo da maior disputa societária ocorrida no Brasil.
As empresas romperam em 2003. O Citi acusa o Opportunity de chantagem, fraude, negligência, conduta profissional indevida e quebra de contrato. Pede US$ 300 milhões como indenização.
A defesa do grupo de Dantas afirma que todas suas decisões foram tomadas com anuência dos americanos e que o governo do PT empreendeu uma cruzada para afastar o banqueiro da administração do CVC/Opportunity. Até a apresentação da carta de Nova York, os motivos da suposta perseguição não haviam sido esclarecidos pelo Opportunity.
A Brasil Telecom é disputada por quatro sócios: Citigroup, fundos de pensão, Telecom Italia e Opportunity. Os dois primeiros formam um bloco contra os demais. Italianos e Opportunity tinham outro acordo entre si, mas ele expirou no último dia 29.
O processo que corre em Nova York é apenas um dentre várias ações judiciais referentes à BrT.
Pela lei americana, os litigantes são obrigados a apresentar aos advogados contrários todos os documentos que possam ser usados como provas nos autos.
Há correspondências, e-mails, contratos e documentos assinados pelo Opportunity e pelo Citi sendo esquadrinhados desde fevereiro. A maior parte desses papéis está sob sigilo processual.
Um dos e-mails, porém, foi citado na carta divulgada. Funcionários do Citi teriam afirmado a Verônica Dantas, irmã de Daniel Dantas e então, uma das gestoras do CVC, que "o governo do Brasil -[o presidente] Lula, [o então ministro da Fazenda] Palocci e [o então ministro da Casa Civil] Dirceu- odeiam Daniel Dantas e vão promover uma guerra para afastá-lo da administração [do fundo CVC/Opportunity]".
Dantas é considerado desafeto da ala petista ligada ao movimento sindical bancário e aos fundos de pensão, liderada por Luiz Gushiken. Coordenador da campanha presidencial do PT em 2002, Gushiken afirmou publicamente que o partido não aceitaria doações do Opportunity.
Mais tarde, o nome do banqueiro apareceu ligado ao do empresário Marcos Valério e ao do advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, amigo de José Dirceu. Ambos tiveram negócios com a Brasil Telecom quando o Opportunity administrava a empresa. Roberto Teixeira, compadre de Lula, também foi contratado pela Brasil Telecom na época.
Folha

Um comentário:

Anônimo disse...

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