16.5.06

Deputados do PCC

PCC arrecada R$ 700 mil ao mês para ter 2 deputados
O Primeiro Comando da Capital (PCC) quer eleger em outubro um deputado federal e outro estadual para defender seus interesses no Poder Legislativo. A facção vem investindo na campanha os R$ 700 mil arrecadados por mês com os "integrantes financeiramente estruturados". O Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) tenta identificar os possíveis candidatos.

O PCC ampliou seus negócios e, atualmente, empresta dinheiro para quadrilhas e cobra com juros e correção monetária. Nas prisões, a facção conta com pelo menos 130 mil homens, além de um exército de 10 mil "soldados" nas ruas. Considerando que cada detento tem pelo menos três parentes, o número de familiares chega a 390 mil, o suficiente para eleger parlamentares.

Também chamado de Partido do Crime, o PCC já é visto por deputados federais como uma organização comunista, com várias células, uma tesouraria descentralizada e um comando central forte e com poder de decisão. Os parlamentares receberam da polícia informações sobre outra estratégia da facção: recrutar no exterior especialistas em explosivos e manuseio de fuzis para treinar seus soldados.

O estatuto da facção, escrito por Mizael Aparecido da Silva, o Miza, um dos oito fundadores da facção, tem forte teor político. Antes de ser assassinado na prisão, em fevereiro de 2002, ele escreveu uma carta para parceiros presos em Bangu 1 (RJ), pregando um megaevento nacional, ou seja, uma rebelião em vários Estados, além de atentados e assassinatos de políticos do PSDB e jornalistas, com a ajuda do aliado Comando Vermelho (CV). Muitos líderes do PCC procuram se politizar, lendo livros de esquerda, como obras de Lenin e Trotski (líderes da Revolução Russa de 1917). O número 1 do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, já leu, segundo o Ministério Público, 3 mil livros, incluindo A Arte da Guerra.

Segundo a Polícia Civil, a principal arma do PCC, hoje, é o telefone celular. Um policial, que prefere não se identificar, observa que o celular de um preso representa mais perigo do que dez fuzis com bandidos nas ruas. Segundo ele, 70% dos seqüestros são planejados dentro das prisões, graças ao uso do celular. Os detentos dão para os parceiros nas ruas orientações de como arrebatar as vítimas, escolher o cativeiro e negociar o pedido de resgate.

As séries de atentados e rebeliões, ataques a bases policiais, prédios públicos, fóruns e assassinatos de policiais e magistrados intimidam, segundo policiais civis, o Poder Judiciário. Muitos juízes, com medo de retaliações, estariam absolvendo integrantes do PCC processados por formação de quadrilha e outros crimes e negando pedidos de internações de presos em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Policiais civis também foram ameaçados.

Para a Polícia Civil, a facção criminosa conta ainda com a importante ajuda de advogados. Além de investir nas candidaturas políticas, o PCC é acusado de usar o caixa da facção para pagar cursos de Direito. O objetivo seria contar com advogados para acompanhar processos dos integrantes nas ruas e cadeias. Outra tática atribuída ao grupo criminoso é fraudar concursos públicos e manter em seus quadros policiais e até agentes penitenciários federais e estaduais de confiança.

Outra preocupação da polícia é com os constantes acordos feitos pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) com a facção. Até aparelhos de TV os líderes exigiram e conseguiram para assistir aos jogos do Brasil na Copa do Mundo. Só no anexo de Avaré os chefes do grupo receberam, pelo Correio, 60 aparelhos em três lotes de 20. Os televisores foram comprados com dinheiro do grupo. Afinal, o PCC cobra, religiosamente, a mensalidade de R$ 500,00 dos "soldados" em liberdade; R$ 50,00 dos que estão em regime semi-aberto, e R$ 25,00 daqueles que cumprem pena em regime fechado.

Passeata

Para ter idéia da estrutura do grupo, o caixa da facção financiou, em abril de 2005, uma passeata de 8 mil mulheres e parentes de presos. Foram fretados centenas de ônibus em capital, Grande São Paulo, litoral e interior. Com carro de som, faixas e camisetas, os manifestantes se reuniram na frente da SAP para reivindicar melhorias nas prisões. Segundo o Poder Judiciário, até o Movimento dos Sem-Terra (MST) ajudou o PCC a organizar o protesto.

Agência Estado

Um comentário:

Anônimo disse...

Best regards from NY!
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