Venezuela assina acordo para explorar mercado boliviano de gás
Por Coco Cuba LA PAZ, Mayo 11 (AFP) - A Venezuela entrará em cheio no setor energético na Bolívia, onde empresas do Brasil, dos Estados Unidos e da Europa operam no país há uma década, informou o ministro de Petróleo Andrés Soliz, que destacou as condições "favoráveis" para seu país deste novo sócio.
Quinto produtor mundial de cru e quarto fornecedor dos Estados Unidos com 1,5 milhão de barris diários, a Venezuela explorará, através da empresa estatal PDVSA, gás e petróleo na Bolívia, que possui a segunda reserva de gás da América do Sul.
Os presidentes Evo Morales e Hugo Chávez assinarão na quinta-feira da próxima semana na região "cocalera" Chapare boliviana uma série de acordos em vários setores, como exploração, perfuração, produção, comercialização e a construção de usinas de fabricação de resina e asfalto.
Soliz adiantou que Morales e Chávez subscreverão "contratos para a exploração de campos", em condições altamente favoráveis à Bolívia.
Segundo o ministro, a Venezuela solicitou uma participação de entre 5 e 10% de lucros eventuais.
Em associação com a YPFB, a PDVSA projetou também a construção de duas usinas de industrialização de gás, que se somam às duas únicas refinarias na Bolívia, a Palmasola e a Gualberto Villarroel, operadas pela brasileira Petrobras e cujo controle acionário será retomado pelo Estado.
O consórcio YPFB-PDVSA projeta também a instalação de outro complexo em Villamontes, na fronteira boliviano-paraguaia.
Ambas, que seriam concluídas num prazo de seis meses, serão operadas por técnicos bolivianos capacitados na Venezuela. O ingresso da PDVSA na Bolívia se produz num momento em que o governo de Brasília comunicou a decisão de acatar a nacionalização de hidrocarbonetos, dispuesta por Morales no dia 1 de maio.
O acordo YPFB-PDVSA envolve, também, a possibilidade de montar, com assessoramente e logística venezuelanos uma fábrica de asfalto no distrito central de Cochabamba e uma importação de 200.000 barris de diesel (gasoil) venezuelano.
O entendimento também prevê a instalação de postos de gasolina na Bolívia, onde a Petrobras instalou pelo menos uma centena.
O governo Chávez, acusado por meios brasileiros de incitar a nacionalização dos recursos energéticos bolivianos e atentar, segundo o governo brasileiro, contra a integração sul-americana, anunciou uma doação de 2 milhões de dólares para asfaltar uma estrada no Chapare.
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