18.5.06

VOCÊ TEVE MEDO?

ADRIANE GALISTEU, apresentadora
O sentimento é de indignação. Fiquei muito mais chateada que com medo. Eu estava e estou triste. O Brasil é tão maravilhoso e ao mesmo tempo dá tanta vergonha de ser brasileira ao olhar para os políticos. Neste ano de eleição, algum político irá se aproveitar dessa situação. É preciso ver bem em quem irá votar

ANA MARIA BRAGA, apresentadora
Claro que eu tive medo. Toda a população teve medo. O medo é inerente a essa situação que nós vivemos de morar na cidade grande. A situação deixa a população desmoralizada, fragilizada. É preciso que o Estado seja organizado e integrado em ações que reprimam o crime

ALEX ATALA, chefe de cozinha
Foi como uma tromba d'água que caiu à tarde. A partir das 13h até as 15h, os clientes começaram a ligar cancelando as reservas. Acabei fechando, porque pensei no transporte público que os funcionários teriam que pegar. Enfim, eu também não teria cliente naquela noite.

ALEXANDRE HERCHCOVITCH, estilista
Medo? Absolutamente. Quando vi meus funcionários indo embora às 15h, pensei no prejuízo. O que eu vi na rua era um misto de pânico e euforia, porque estava todo mundo indo pra casa. Parecia o dia em que o Tancredo Neves morreu, e ligaram da escola avisando que seria feriado. Fiquei felicíssimo

PAULO SKAF, presidente da Fiesp
Não tive medo, mas tive preocupação com a sociedade paulistana e brasileira. Acho que todas as nossas instituições têm de ser respeitadas e a lei tem de ser cumprida. E que esta experiência que nós tivemos sirva como lição no sentido de parar de discutir questões e ir buscar soluções

JOSÉ ROBERTO AGUILAR, artista plástico
Estou preocupadíssimo com a situação, porque me parece que é uma coisa que está fugindo do consenso de democracia. Toda a questão me parece um arbítrio de forças. E é claro que eu tive medo. A situação foge bastante do princípio da democracia. É muito terrível

CHIQUINHO SCARPA, empresário
Fiquei em casa o dia inteiro, razoavelmente tranqüilo porque um desses grandes grupos de segurança fica a um quarteirão da minha casa. Por sinal, eles foram atacados também. O pior foi o desfecho do episódio: não fiquei assustado com os bandidos, mas com o governo

BEATRIZ SEGALL, atriz
Eu me sinto extremamente desprotegida, revoltada, de saber que os poderosos foram negociar com o PCC e fizeram tantas concessões. Negociar assim, e achar que tudo ficou em paz, é um absurdo. É claro que não estamos em paz. E vai piorar

MAURO FREIRE, cabeleireiro
O mais terrível para mim foi perceber a fragilidade em que vivemos. Quando a gente acha que mora em um país civilizado, sem guerras, de repente se vê impedido de sair de casa no maior Estado do país. Todos reféns da violência, sem ter a quem apelar no momento crítico

ELEONORA MENDES CALDEIRA, psicóloga
Fiquei revoltada. Se a solução estivesse com pessoas resolutas, talvez o desfecho fosse menos pior. Quando ouço do governador que ele não faria nenhum acordo com os bandidos e, no dia seguinte, leio nos jornais que fez, e só por isso a situação ficou mais tranqüila, percebo que não há garantia de nada

CELSO FRATESCHI, ator
Foi uma sensação amarga. Os boatos eram cada vez mais escabrosos, como se já não bastasse a gravidade da coisa em si. Não existe uma estratégia de se enfrentar o problema de uma forma definitiva. Do modo que se cultiva a violência, fica cada vez mais distante uma solução

LILIA CABRAL, atriz
No domingo, a minha vontade era ir embora. Não se pode conviver com essa guerra e nós desprotegidos. Vendo tudo o que a imprensa publicou ultimamente, eu me sinto dentro de um poço que não tem fundo. Parece que a gente está sempre caindo e eu não consigo ver uma luz

JOSÉ ORLANDO PAULILLO, empresário
Medo? Claro, como todo paulistano. Foi uma mistura de medo e impotência. Eu tive medo de um arrastão, de um aproveitamento da situação. Na segunda-feira, fechei o meu restaurante e mandei os funcionários para casa. Não havia clima para trabalhar. Eu me senti em Bagdá

LAÍS BODANSKY, cineasta
Quando passei por uma blitz, parecia que estava em plena guerra. Só tinha visto isso em filme. Aqui em São Paulo nunca vi nada parecido na minha vida. A situação é grave. Eu tenho medo de isso ter sido apenas uma primeira experiência. Nós estamos muito vulneráveis.
Folha

Um comentário:

Anônimo disse...

Where did you find it? Interesting read »