6.5.06

Não é a Bolívia, estúpido!

Não é a Bolívia, estúpido!por Editoria MSM em 05 de maio de 2006
Resumo: Alguém conseguiu ver, ler ou ouvir um só comentarista da grande mídia fazendo alguma alusão ao Foro de São Paulo, explicando as profundas implicações dessa articulação no affair da Bolívia?
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O servilismo, omissões, bobagens ou qualquer outra classificação que se queira dar aos atos do governo Lula na arena sul-americana, só podem ser entendidos como táticas de garantia da reeleição e inseridas na estratégia maior do Foro de São Paulo.
No contexto do Foro de São Paulo, há uma seqüência de ações na AL. A etapa final é a URSAL – União das Repúblicas Socialistas da América Latina, sigla que já transita livremente pelas bocas e em comunicados de membros do Foro. A parte brasileira desse projeto pode ser vista reafirmada recentemente no site do PT [1] , conforme divulgou o blog Notalatina no dia 01/05.
No momento, é conveniente que o sr. Lula pareça conciliador, que fale em contratos, em soberania, enquanto também acena para a platéia mais à esquerda. No encontro com os companheiros em Puerto Iguazú no dia 04/05, defendeu a integração política e econômica da região. Ninguém parece entender que ele fala da mesma URSAL. Se alguém levou pernada fomos nós, pois o sr. Lula não tem qualquer problema em hoje parecer ingênuo. Aliás, ele até pode se dar ao luxo de sê-lo. O seu grande dia virá.
Num segundo mandato, será então a sua vez de implementar e completar a agenda que hoje cabe a Morales e a Chávez. A inércia inerente ao tamanho do Brasil já foi considerada nessa marcha, até hoje lenta. Lenta no campo econômico, esclareçamos, pois a tomada esquerdista de outros campos da atividade humana já se deu há muito tempo. A mídia e as atividades culturais foram as primeiras a submergir, com muita docilidade.
Ou será que ninguém vê que a expropriação dos ativos da Petrobras é mera alocação de recursos entre os membros do Foro de São Paulo? Para eles não há Brasil, Argentina, Bolívia ou Venezuela. Há sim um caixa único, o sonho das esquerdas na AL. Tanto faz se hoje é o Brasil que perde (sim, o Brasil perdeu, a URSAL ganhou).
Ou ninguém lembra que a URSS incentivava o nacionalismo de fachada em suas repúblicas socialistas? Ninguém lembra que cada um dos movimentos de repressão, ruptura ou de abertura na Europa do leste (isolamento da Iugoslávia, invasão da Tchecoslováquia, repressão ou liberação do Solidariedade na Polônia, ruptura com Albânia e China, etc.) foram cuidadosamente ensaiados por todos os envolvidos, com vistas ao grande show do "fim" da URSS e do comunismo?
Ah, mas alguém muito cônscio da liberdade “neste país” lembrará que na URSS não havia imprensa livre, que lá sim era fácil enganar a patuléia. E aqui há imprensa digna do nome? Por acaso aqui não é fácil enganar até mesmo a senadores e generais? Se não é a mídia chapa-branca a incensar o genial guia de Garanhuns, dia após dia, é a mídia rasa, míope ou covarde, que ainda insiste em falar em contratos e investimentos, desviando o foco do problema maior. Alguém conseguiu ver, ler ou ouvir um só comentarista da grande mídia fazendo alguma alusão à coordenação do Foro e daí tenha explicado as profundas implicações dessa articulação no affair não tão gasoso da Bolívia? Um só que tenha vislumbrado o plano de conjunto da URSAL? Um só, além do jornalista Olavo de Carvalho? Algum outro na grande imprensa que seja capaz de lembrar a NEP de Lênin e dela tirar alguma lição? Algum outro, além de uns poucos do Mídia Sem Máscara? Pensando bem, que diferença faz hoje a liberdade diante da hegemonia, se quem tem aquela é quase sempre cego ou néscio? Não seria possível enganar a tantos durante tanto tempo sem o concurso dos intelectuais, artistas e jornalistas engajados, que do dia para a noite se transformaram em defensores dos investimentos do capital estatal brasileiro, pero sin perder la ternura, é claro.
E finalmente, um outro lembrará que, se considerado o Foro e suas metas, o PT e o sr. Lula são descartáveis, daí que o filho da mãe nascida analfabeta pode mesmo estar sendo colocado de lado por Fidel e Chávez. Respondemos: é verdade, eles são tão descartáveis quanto Gorbachev ou a KGB. O camarada Putin agradece a lembrança. Em 2007, Lulinha paz e amor terá cara “nova”. O Foro de São Paulo, desde 1990, é para valer e só será superado e absorvido pelas ações macro da Nova Ordem. Parafraseando um grande espertalhão americano, é preciso dizer claramente: “O problema não é a Bolívia, estúpido!”
[1] http://www.pt.org.br/site/secretarias_def/secretarias_int.asp?cod=4836&cod_sis=9&cat=8

12/12/2005 Plano de trabalho 2005/2007 da SRI-PT (versão não definitiva)

Plano de trabalho da Secretaria de Relações Internacionais:

"Item 8: aprofundar a prática internacionalista do Partido, nos vários sentidos desta palavra: a solidariedade, as relações com organizações comprometidas com o socialismo e com outra ordem internacional, a mobilização interna e externa em torno de temas de nosso interesse, a ação parlamentar e de governos no plano internacional.”

Item 28: “Este é o motivo principal pelo qual o PT seguirá investindo suas energias na existência e consolidação do Foro de São Paulo, organização criada em 1990”