Temor com ajuste global derruba Bolsas
Bovespa cai 3,28%, dólar vai a R$ 2,28 (alta de 3,57%) e risco sobe mais de 5%, acompanhando tendência internacional
Já títulos e papéis de países como EUA e Japão subiram, expondo reajuste na carteira de grandes investidores, que agora fogem do risco
Os mercados financeiros globais tiveram ontem um dos piores dias da década, derrubados pelos temores de alta dos juros nos EUA. As ações de países latino-americanos tiveram seu 10º dia seguido de recuo e a maior queda desde os atentados de 11 de Setembro, segundo índices de bancos americanos.
Os ativos brasileiros não conseguiram se isolar. A Bovespa teve sua maior baixa do ano, com queda de 3,28%. O dólar subiu 3,57%, sua mais forte alta em três anos, e foi a R$ 2,289.
Declarações do diretor-gerente do FMI, Rodrigo de Rato, e do presidente do Fed (banco central dos EUA) regional de Dallas, manifestando preocupação com a inflação americana e a possibilidade de os juros voltarem a subir no país, foram as detonadoras do agravamento do mau momento que abala o mercado há cerca de dez dias.
Ao lado de Brasil, os principais emergentes sofreram pesadas vendas. A Bolsa mexicana caiu 4,03%; a de Buenos Aires, 3,91%; e a da Turquia, 7%. Na Índia, o pregão chegou a ser paralisado, com a Bolsa marcando perdas de 10%.
"Não foi um dia difícil só no mercado brasileiro. O movimento de redução de exposição ao risco, que ocorre há alguns dias, se acelerou, punindo os emergentes como um todo", disse Maristella Ansanelli, economista-chfe do banco Fibra.
As manifestações dos dirigentes do FMI e do Fed esquentaram as discussões em torno da possibilidade de as taxas de juros seguirem em alta nos EUA. O resultado foi o aumento da aversão ao risco: a palavra de ordem foi vender ativos (moedas, ações e títulos) de emergentes para comprar papéis menos arriscados, especialmente do Tesouro dos EUA.
Com os investidores vendendo papéis dos emergentes, o dia foi de elevação do risco-país. O indicador brasileiro fechou a 279 pontos (em alta de 5,28%), maior nível desde janeiro. O risco da Rússia subiu 5,17%, seguido pelo turco (+4,52%) e o mexicano (+4,35%).
Na outra ponta, títulos do Tesouro dos EUA e papéis da dívida de governos europeus e do Japão subiram, o que ilustra a corrida dos grandes investidores por ativos de menor risco.
O mercado mundial iniciou um processo de reajuste após a reunião do Fomc (comitê de política monetária dos EUA), no dia 10. Após o encontro, o Fomc divulgou nota onde não deixou claro o futuro dos juros nos EUA. Analistas e investidores esperavam que a entidade desse sinais de que o processo de elevação dos juros no país tinha chegado a seu fim. Desde então, a Bovespa já caiu 12,5%.
Com novas dúvidas rondando o cenário, os grandes fundos de investimento passaram a mudar suas carteiras, oferecendo rendimento melhor sem o risco associado a investimentos em mercados emergentes.
Folha
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