Quatro tratores já estão ao redor da Câmara Municipal de Vereadores, em Campo Grande, onde produtores rurais vão expor a crise vivida no campo aos deputados que integram a Comissão de Agricultura e Pecuária, na Câmara Federal. A idéia é que os parlamentares possam intermediar negociação com o governo federal, do qual o setor exige principalmente políticas que viabilizem a negociação da safra agropecuária.
Desde o dia 26 de abril foi deflagrado em Mato Grosso do Sul, assim como já ocorria no Mato Grosso, o movimento Alerta no Campo, que bloqueia no Estado mais de 100 armazéns e promove fechamentos temporários de rodovias. No caso das federais, liminar deferida na sexta-feira à noite pelo juiz federal Odilon de Oliveira proibiu os bloqueios sob pena de multa de R$ 50 mil diários e prisão de dirigentes dos movimentos. Até sábado 46 municípios dos 78 de Mato Grosso do Sul já haviam aderido ao movimento e a previsão da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) era de 100% de adesão até o fim desta semana.
O deputado federal Waldemir Moka (PMDB), que integra a Comissão de Agricultura e Pecuária, afirma que os deputados percorrem os estados onde foi deflagrado o movimento em solidariedade aos produtores. “A Comissão de Agricultura tem legitimidade para ser um interlocutor”, afirma. Na quarta-feira próxima será votado requerimento convocando ministros de Agricultura, Fazenda e Planejamento e da Casa Civil para uma audiência para tratar do assunto. No dia 16 de maio ocorre mobilização nacional dos produtores que se concentrarão em frente ao Congresso Nacional, em Brasília (DF).
Moka observa que o fechamento de rodovias e armazéns prejudica a economia, mas por outro lado observa que o direito de os produtores protestarem é legítimo uma vez que aos preços de comercialização não conseguem sequer cobrir os custos. “O preço está lá embaixo. O produtor plantou a R$ 24,00 ou R$ 28,00 a saca de soja e vende a R$ 19,00”, exemplificou. Assim como alegam os produtores, ele ressaltou que o pacote de socorro anunciado pelo governo não atende as principais reivindicações. “A combinação de câmbio em baixa e alta do juros é um desastre”, diz.
Segundo informações da Cooagri, que reúne 20 unidades em 12 cidades de Mato Grosso do Sul, a maior cooperativa agrícola do Estado, por dia o Estado deixa de escoar 40 mil toneladas de soja, com o protesto, negócios de R$ 19 milhões diários que estão interrompidos. Cerca de 50% dos 4,5 milhões de soja produzidos no Estado ainda não foram vendidos.
Um comentário:
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