2.3.06

Okamotto e sua turma!

CPIs acham 161 telefonemas entre Okamotto e acusados do mensalão
Presidente do Sebrae é investigado pelo mal explicado pagamento de dívida R$ 29,4 mil de Lula com PT

Impedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de ter acesso ao sigilo fiscal, bancário e telefônico do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, técnicos das CPIs dos Correios e dos Bingos combinaram esforços secretamente e descobriram 161 ligações trocadas por ele com os principais investigados do mensalão. O rastreamento dos peritos, ao qual o Estado teve acesso, dá boa amostra da proximidade de Okamotto com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o publicitário Duda Mendonça.

Os técnicos fizeram o levantamento com base nos dados telefônicos de Delúbio, de Duda, do ex-deputado José Dirceu e do ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira, que estão em poder da CPI dos Correios. O resultado foi compartilhado informalmente com os colegas da CPI dos Bingos para orientar investigações. A maior parte dos telefonemas identificados foi trocada com o ex-tesoureiro do PT e uma das empresas do ex-marqueteiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a campanha presidencial de 2002. Mas há, também, várias ligações feitas já no governo petista.

Amigo de Lula e arrecadador de recursos para o PT, Okamotto controla um orçamento de R$ 900 milhões como presidente do Sebrae, um dos cargos mais cobiçados no governo. No meio empresarial, é tido como mais discreto que Delúbio e, principalmente, como homem de estrita confiança do presidente.

Ele é investigado pelas CPIs por dois motivos. O primeiro é o pagamento ainda mal explicado de uma dívida de R$ 29,4 mil de Lula com o PT. Os registros bancários do partido indicam que o débito foi quitado, mas Okamotto admitiu ter pago os R$ 29,4 mil por meio de depósitos em dinheiro - e disse ainda que usou recursos do próprio bolso, como um "favor" a Lula. A versão não convenceu os parlamentares. Eles suspeitam que Okamotto tenha obtido o dinheiro ou com Duda ou com Delúbio - que com o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza operou o chamado esquema do mensalão.

A segunda razão é o depoimento do economista Paulo de Tarso Venceslau, ex-secretário de Fazenda de São José dos Campos na gestão da petista Ângela Guadagnin. Venceslau acusou Okamotto de arrecadar recursos de caixa 2 entre empresas que tinham contratos com prefeituras administradas pelo PT.

CELULAR
O rastreamento dos técnicos mostra que Okamotto manteve pelo menos 56 telefonemas com Delúbio entre março e novembro de 2002. As ligações eram trocadas da casa ou do celular do então tesoureiro com o celular de Okamotto. Ao todo, os peritos identificaram 94 minutos de conversas.

O telefonema de maior duração ocorreu no auge da campanha de 2002, no dia 7 de setembro. A ligação durou quase cinco minutos. Oito dos telefonemas partiram de Okamotto - os demais foram recebidos por ele.

A influência de Okamotto também pode ser medida pelos telefonemas trocados com a CEP Comunicação, empresa de Duda que trabalhou para a campanha de Lula em 2002. No total, ele foi acionado 75 vezes pela CEP entre fevereiro de 2002 e março de 2003, já no governo petista. Há registro de telefonemas de nove e dez minutos. Ao todo, foram 156 minutos. Segundo o levantamento das CPIs, Okamotto também recebeu 23 ligações do ex-deputado José Dirceu em 2002, além de 4 em 2001. Esses telefonemas somaram 58 minutos de conversas.

Procurado pelo Estado, Okamotto considerou "normal" ter conversado com Delúbio durante o ano da campanha. "Eu coordenava a infra-estrutura da campanha e tinha de consultar o tesoureiro sobre os pagamentos", afirmou. "Não conversava com o Duda, mas posso ter ligado para a CEP para saber sobre o programa eleitoral."
EStadão

Um comentário:

Anônimo disse...

best regards, nice info » » »