23.3.06

Nildo na PF= denunciante e investigado

Na ambígua condição de acusador e investigado, o caseiro Francenildo Costa - conhecido como Nildo - presta depoimento hoje à Polícia Federal. A PF quer saber quem são os responsáveis pela violação de seu sigilo bancário e, ao mesmo tempo, checar a origem do dinheiro depositado na conta dele de janeiro a março deste ano - operações bancárias já assumidas pelo empresário Eurípedes Soares da Silva, a quem o caseiro aponta como seu pai biológico.

Esta é a segunda vez que Nildo comparece à PF desde que revelou, em entrevista ao Estado, que o ministro Antonio Palocci era freqüentador de uma mansão no Lago Sul, alugada por lobistas da chamada república de Ribeirão, onde seriam realizados negócios ilícitos. Palocci nega que tenha ido alguma vez à mansão.

Nildo foi pela primeira vez à PF em 16 de março. Há sinais de que no momento em que se inscrevia no programa federal de proteção de testemunhas perante o coordenador-geral de Defesa Institucional da PF, delegado Wilson Damásio, uma funcionária da Caixa Econômica Federal com senha de gerente invadiu sua conta de poupança, cujos extratos revelaram movimentações de cerca de R$ 38 mil e saldo de R$ 25 mil. Eurípedes confirma os depósitos, mas nega ser pai de Nildo.

A PF pediu à Justiça a quebra do sigilo bancário do caseiro para averiguar a origem dos recursos encontrados na conta dele. Pediu também autorização para realizar buscas e apreensões na Caixa, a fim de checar a autoria da violação do sigilo bancário do caseiro. A Justiça ainda não se pronunciou a respeito desses pedidos.

Enquanto as autorizações não vêm, a inteligência da PF revelava ontem saber que a Caixa já apurou os responsáveis pela quebra ilegal do sigilo, a partir do código impresso no extrato repassado à imprensa por um assessor de Palocci.