3.3.06

Chaves, Oposição e PDVSA

Oposição a Chávez quer investigar doação à Vila
Para governo venezuelano, impacto da vitória da escola de samba do Rio não tem preço


A vitória da Unidos de Vila Isabel no carnaval do Rio teve ampla repercussão na Venezuela. Opositores do governo do presidente Hugo Chávez criticaram o financiamento oficial à escola e vão denunciar a doação ao Supremo Tribunal de Justiça.

A Vila recebeu cerca de R$ 1 milhão da empresa petrolífera venezuelana PDVSA e apresentou um enredo que tratava da latinidade e da união latino-americana, temas centrais no ideário político de Chávez.

Os oposicionistas disseram que o carro alegórico com a estátua de Simon Bolívar foi uma falta de respeito ao herói. Em contrapartida, o governo comemorou. "Hoje estou feliz. Eu, que não sei dançar, quero aprender a sambar", disse o vice-presidente, José Vicente Rangel. Para ele, o custo não foi elevado se comparado à repercussão que a vitória teve, "o que justificaria qualquer gasto".

O embaixador da Venezuela, Julio García Montoya, disse em Brasília que a vitória da Vila foi "o triunfo da idéia da integração sul-americana". Afirmou ainda que é "a maior manifestação de que a idéia de integração de nossos povos toma força".

A escola de Noel Rosa reforçou o convite ao presidente Chávez para que vá ao Rio participar do desfile das campeãs, no sábado. O convite foi feito pelo presidente da Vila, Wilson Vieira Alves, o Moisés, e encaminhado à embaixada venezuelana. Ainda não houve resposta. Ricardo Fernandes, diretor de Carnaval, disse que o dinheiro da empresa petrolífera foi fundamental para a vitória.

Na Venezuela, o enfoque dado pelos jornais se distanciou dos comentários sarcásticos de comentaristas de rádio e TV. Um desses comentaristas chegou a sugerir que as Forças Armadas patrocinem outra escola, em troca de permitir que militares desfilem de tanga.

O jornal El Universal trouxe em sua capa a foto do carro alegórico que tinha o boneco de 14 metros de Bolívar, qualificado de "polêmico". "Carro de Bolívar ganhou no Rio" foi a manchete do matutino 2001. "Bolívar com plumas premiado no Rio" foi o título do El Nuevo País. O jornal carioca acrescentou que a escola ganhou graças ao samba-enredo Soy Loco Por Ti, América, que, segundo o jornal, "resume o pensamento de Chávez". O El Nacional reproduziu a letra do samba. O matutino Reporte afirmou que mais de 500 partidários de Chávez viajaram ao Rio com todas as despesas pagas.
EFE, AFP e REUTERS