7.3.06

Ex-diretor de fundo acusa Gushiken

Segundo ele, ex-ministro pediu que Nucleos investisse em estrada

O chefe do NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos), Luiz Gushiken, teria pedido ao ex-presidente do fundo de pensão Nucleos Paulo Figueiredo para que a fundação investisse num consórcio que administra uma estrada privatizada no Rio de Janeiro. A declaração foi dada ontem à CPI dos Correios pelo ex-diretor financeiro do Nucleos Gildásio Amado Filho.
É a primeira vez que um ex-dirigente de um fundo de pensão relata um suposto caso de ingerência do ex-ministro Gushiken sobre decisão de investimento. Gushiken e Figueiredo, no entanto, negam que o fato tenha ocorrido.
"É totalmente mentirosa a informação prestada pelo ex-diretor de investimentos do Nucleos. Há uma tentativa recorrente de me vincular aos fundos de pensão, em virtude do conflito societário entre grupos privados e os principais fundos do país", disse Gushiken, referindo-se à disputa entre os fundos Previ, Petros e Funcef e o grupo Opportunity em torno do controle da Brasil Telecom.
Os investimentos a que Gildásio se referiu são aplicações num fundo de participações da CRT, concessionária que administra a estrada que liga o Rio a Teresópolis.
Em 2004, o Nucleos (das estatais nucleares) comprou cotas do fundo de participações da CRT. Foram R$ 10 milhões por 100% das cotas, o que desrespeita resolução do Conselho Monetário Nacional, pela qual uma fundação de previdência não pode ter mais de 25% das cotas desse tipo de fundo.
Gildásio confirmou também um pedido de investimento feito pelo ex-secretário de Comunicação do PT Marcelo Sereno. Hoje, Sereno, que nega que exercesse influência sobre o Nucleos, deve depor na CPI dos Correios.
Folha