23.3.06

MST fez 78 invasões em 15 Estados

Números indicam a maior onda de ocupações registrada no País nos últimos seis anos; porta-vozes avisam que ações continuam em abril

No curto espaço de um mês, contado a partir de 22 de fevereiro, o Movimento dos Sem-Terra (MST) promoveu a invasão de 78 propriedades rurais e a ocupação de 2 edifícios públicos. No conjunto, foram mobilizadas cerca de 13.600 famílias em 15 Estados e no Distrito Federal, de acordo com levantamento feito pelo próprio movimento e divulgado ontem.

Trata-se da maior onda de invasões registrada no País desde o ano 2000 e, segundo os porta-vozes do MST, ainda não terminou, devendo estender-se pelo mês de abril. Também está programada para o próximo mês uma série de manifestações e ocupações de edifícios públicos em diversas capitais, para lembrar o décimo aniversário do massacre de Eldorado de Carajás, quando 19 sem-terra morreram num confronto com a Polícia Militar no interior do Pará.

Se forem somadas às ações do MST aquelas executadas por outras organizações dedicadas à defesa da reforma agrária, o total de invasões nos últimos 30 dias já passou da marca de uma centena. No ano passado, segundo a Ouvidoria Agrária Nacional, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, foram registradas 41 invasões em todo o primeiro trimestre.

De acordo com o porta-voz da direção nacional do MST, João Paulo Rodrigues, a onda de invasões deve-se ao não-cumprimento das promessas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto. "Eles prometeram que até o final do governo não deixariam nenhuma família acampada no País", disse Rodrigues. "Isso criou uma enorme expectativa e fez com que o número de famílias em acampamentos do MST subisse de 60 mil para 120 mil. Mas o governo está chegando ao fim e quase todas continuam acampadas, o que provoca enorme preocupação e tensão no meio do nosso povo de sem-terra."

Na série de ações previstas para o período de 17 a 24 de abril, o MST deve lembrar Carajás e também atacar o governo. "Vamos cobrar o cumprimento das promessas e criticar a política econômica."

A tática adotada pelo MST neste ano eleitoral é bem diferente da que usou em 2002, quando, para ajudar na eleição de Lula, reduziu o número de ações. Naquele ano, nos meses de janeiro, fevereiro e março ocorreram 10 invasões.
Estadão

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