19.3.06

Nova testemunha viu Palocci!

Nova testemunha alugou casa para "república de Ribeirão" e relata encontro que teve com ministro; dona rompeu contrato quando soube de "farras"
Corretor diz ter visto Palocci com lobistas


Uma terceira testemunha apareceu e afirmou ter visto o ministro Antonio Palocci na companhia de seus ex-assessores da Prefeitura de Ribeirão Preto em um imóvel alugado em Brasília.
Em 2003, o corretor Carlos Magalhães intermediou a locação de uma casa no Setor de Mansões Dom Bosco, bairro nobre de Brasília, para o grupo hoje conhecido como "república de Ribeirão": Rogério Buratti, Ralf Barquete e Vladimir Poleto.
"Só sei que ele [Palocci] me cumprimentou, falou "boa noite". Eu falei: "Boa noite". Nem quis falar ministro para não chocar", disse o corretor ao descrever seu único encontro com Palocci no imóvel. Segundo ele, o aluguel (R$ 9.000 mensais) e uma parcela de R$ 22 mil para a construção de uma quadra de tênis foram pagos pela Leão Leão, da qual Buratti foi vice-presidente. Leia a seguir trechos da entrevista.



Folha - Como a casa foi alugada?
Carlos Magalhães - Essa outra casa foi alugada na época pelo Rogério Buratti e pelo Ralf Barquete. Só que o contrato estava em nome de Osvaldo, que eu não sei o sobrenome, da Telecom Cinco Estrelas. Eram US$ 3.500, uns R$ 9.000 e pouco por mês.


Folha - Com quem foi firmado o contrato de aluguel?
Magalhães - Não me lembro mais o nome do proprietário. Sei que a mulher dele se chamava Elza e ele não-sei-o-quê Kadri [embaixador Jorge Geraldo Kadri]. Eu até dei uns papéis [relativos a esse contrato] à imprensa, com a letra desse Vladimir Poleto.


Folha - Mas o Poleto entra formalmente no negócio?
Magalhães - Entra porque era do grupo. Era o Vladimir Poleto, Rogério Buratti, que queria fazer uma quadra de tênis. Mas a proprietária não permitiu porque ele mandou a metade do dinheiro e depois não mandou o resto.


Folha - Mandou para quem?
Magalhães - Para a proprietária. A quadra ia ficar em R$ 44 mil. Buratti mandou a metade para a dona e depois não mandou mais nada. Aí ela não aceitou porque achou que eles não iam pagar.


Folha - Durante quanto tempo ficaram na casa?
Magalhães - Acho que ficaram uns seis meses lá, até alugarem essa outra, na QI 1.


Folha - O sr. tem contato com o caseiro que trabalhou lá na época?
Magalhães - Não tenho. Ele foi mandado embora e eles trouxeram um de São Paulo. Eles não quiseram o menino lá mais porque ele estava fofocando, falando que o Palocci estava indo lá, que eles estavam levando mulheres.
Aí, no dia em que chegou mudança de São Paulo, com uns quadros, obras de arte, num domingo, o irmão da dona da casa barrou porque não agüentava mais a farra que estavam fazendo.


Folha - O que o caseiro falava?
Magalhães - Ele disse que todo dia de noite chegava lá o Buratti, esse Ralf, o Vladimir e mais um monte de gente de São Paulo, de Ribeirão, e o ministro ia lá com freqüência. O caseiro dizia, mas uma vez cheguei a ver o ministro.


Folha - Quando?
Magalhães - Faz tempo já. Em 2003, não me lembro bem da data. Fui lá medir a quadra, mas o espaço não dava para fazer a quadra que eles queriam. Vi o ministro lá umas sete e meia da noite.


Folha - Como pagavam a casa?
Magalhães - Pagavam direitinho. Mandavam o dinheiro para a dona da casa. Mandaram dinheiro para mim só nos dois primeiros meses. Quando ela rescindiu o contrato, ela devolveu os dois últimos meses pagos, mas não devolveu o dinheiro da quadra.
Para mim foi uma surpresa desagradável saber que o Ralf tinha falecido. Ele é quem mandava e disse: "Não queremos ficar perto do ministro". Eu tinha casa para eles na península [dos ministros, local de residências oficiais, inclusive a de Palocci]. "Não. Pertinho assim do ministro não é bom."


Folha - Como foi o dia em que o sr. viu o ministro?
Magalhães - Eu vi ele chegando com esse Ralf. Ele foi conhecer a casa. É uma casa bem afastada. Lá eles podiam fazer a festa que eles queriam, mas o caseiro fofocou.


Folha - O que o caseiro contou? Magalhães - O caseiro ganhava R$ 500. Eles ofereceram R$ 1.000 para ele, para ele não conversar fiado. Aí eu ia lá, antes de entregar a casa para eles, e o caseiro já estava falando. Aí chegou no ouvido do Buratti, que me disse: "Olha lá, esse homem já está conversando fiado e nós queremos sigilo".
Ele mandava o dinheiro da Leão Leão para mim, lá de Ribeirão. Um dia liguei para ele no celular para falar sobre a quadra. Ele estava em Paris. Disse para eu passar um fax que a secretária dele liberaria o dinheiro. Mandaram R$ 22 mil, que caiu na conta da dona Elza. Como a quadra não deu o tamanho que queriam, disseram que não iriam mais fazer. Ela não quis devolver o dinheiro, para ficar como garantia.


Folha - Como eram feitos os pagamentos do aluguel no começo?
Magalhães - Enquanto dona Elza estava morando no Brasil os pagamentos eram feitos diretamente para ela. Depois que ela foi morar no Paraguai com o dr. Jorge, aí não tinha mais como. Mas, nos últimos dois meses, ela não queria mais porque eles não arrumaram avalista. Aí aconteceu isso: o Buratti queria colocar o contrato no nome dele e da ex-mulher, que se chama Elza também.
A proprietária não aceitou. Eu disse: "Dona Elza, deixa eles aí, porque eles estão pagando direitinho". Ela respondeu: "Mas o meu caseiro me contou umas coisas, eu não estou satisfeita. Estão levando mulher para lá". Eles chegaram com uma conversa que a casa ia ser para o ministro.


Folha - O caseiro....
Magalhães - Mas não era esse caseiro [Francenildo dos Santos Costa] que falou bobagem, não. O Francenildo eu acho que não mentiu. Muitas das coisas que eu estava ouvindo ontem [no depoimento à CPI] bateram igualzinho. O Ralf é que mandava neles todos, porque é amigo do ministro.


Folha - O sr. se lembra em que carro o ministro chegou à casa?
Magalhães - Não sei. Acho que era um Omega. Só sei que ele me cumprimentou, falou "boa noite". Eu falei: "Boa noite". Nem falei ministro para não chocar. Ele falou: "Boa noite, como vai o senhor?". Foi muito educado. Aí eles entraram na casa e eu fiquei do lado de fora, com um outro rapaz, medindo a quadra.


Folha - O sr. recebeu pagamentos, então?
Magalhães - Só esses últimos dois, mas ela não queria eles, não.


Folha - Como foi o pagamento?
Magalhães - Eles mandaram na minha conta. A secretária do Buratti é que mandava pra nós.
Folha

2 comentários:

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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