2.3.06

Gastança para a reeleição

A fórmula do presidente Lula para ficar mais quatro anos no Planalto está longe de se limitar, na atual fase da sua campanha não declarada, a ofender a legislação eleitoral com os seus quase cotidianos comícios pelo Brasil afora. (Vai ver é por isso que reclama dos feriados. Cada um deles é uma oportunidade a menos para subir aos palanques a pretexto de "fiscalizar" as ações do governo federal.) Outro ingrediente da receita para a reeleição é a desabrida gastança do dinheiro do contribuinte, vale dizer, do próprio eleitorado.

Reportagem publicada segunda-feira neste jornal, com base em números do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), que registra os dispêndios do poder público, revela uma assombrosa escalada dos gastos do Executivo com propaganda. No trimestre final do ano passado, quando a popularidade do presidente acusava os efeitos desmoralizadores do mensalão, o desembolso do Planalto com publicidade saltou de cerca R$ 20 milhões (em outubro) para inéditos R$ 55,4 milhões.

Este ano, até 23 de fevereiro (últimos dados disponíveis), o governo empenhou quase outro tanto (R$ 52 milhões) para o mesmo fim. Em igual período de 2005, o montante empenhado correspondia a ínfimo 0,5% do atual. Outra comparação que dá idéia da incontinência do lulismo nesse carnaval de reclames está nos dados referentes aos três anos finais do governo Fernando Henrique e os três primeiros deste. Em valores corrigidos, Lula gastou 85% a mais do que o antecessor.

Em 1997, um ano pré-reeleitoral como 2005, a Presidência tucana soltou, em dinheiro de hoje, R$ 245 milhões para proclamar as suas virtudes. A Presidência petista, no período equivalente, R$ 348 milhões. Mais, por exemplo, do que os investimentos em publicidade de gigantes do setor privado como o Grupo Pão de Açúcar, a Ford, o Bradesco, o Itaú... Graças a essa esbórnia, é como se o presidente-candidato visitasse todas as noites as famílias brasileiras diante dos seus televisores para martelar que nunca antes o País esteve tão bem.

É uma questão em aberto o peso disso para a recuperação das chances reeleitorais do presidente, atestada pelas mais recentes pesquisas. O que de mais seguro se pode dizer é que "a publicidade oficial tem um efeito real sobre os eleitores", nas palavras da diretora-executiva do Ibope, Márcia Cavallari, "mas é difícil medir sua magnitude". De todo modo, os números justificam o que poderia parecer mera retórica oposicionista - o fato de o governo Lula ser "escandalosamente perdulário", como afirma o deputado tucano Alberto Goldman. Já não se trata apenas da orgia publicitária.

Na sexta-feira passada, o Banco Central atestou que a política de cofres abertos - em janeiro, o governo gastou R$ 2,8 bilhões a mais do que no mês anterior - provocou expressiva redução no superávit primário. O valor reservado para o pagamento da dívida do setor público caiu 73% no cotejo entre janeiro último e janeiro de 2005. "Tem muito ministro trabalhando para mostrar serviço aos eleitores", admitiu ao Estado uma fonte planaltina. Que dirá então do presidente que, pela legislação eleitoral, só tem até junho para investir nas obras que pretende inaugurar antes da primeira rodada de 3 de outubro.

No caso de Lula, o "mostrar serviço" se destina a neutralizar perante o eleitorado seja os desvios éticos do petismo, seja o fiasco econômico de 2005, quando o PIB cresceu 2,3%, menos da metade do que ele prometera. O impacto eleitoral do Bolsa-Família, nesse sentido, é um caso de manual. Conforme o Datafolha, a diferença entre as intenções de voto dos beneficiados por esse e outros programas de transferência de renda, e dos eleitores que deles não participam nem conhecem quem participe, é notável. Neste último grupo, o mais robusto presidenciável tucano, José Serra, bateria o presidente em um hipotético segundo turno por 6 pontos porcentuais (47 a 41). Já no grupo anterior, a vantagem de Lula alcança nada menos de 22 pontos (58 a 36). No eleitorado como um todo, Lula está 5 pontos à frente de Serra (48 a 43). Segundo números oficiais, o Bolsa-Família chega a 30 milhões de pessoas), ou 77% da população com renda familiar per capita abaixo de R$ 100).

A lambança publicitária quer incutir no eleitorado a percepção de que o governo foi bem não apenas no social, mas em tudo no que se empenhou - antes que seja contestado quando a campanha vier.
Estadão

8 comentários:

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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