O depoimento de dois funcionários da Superintendência de Controles Internos da Caixa pode complicar ainda mais a situação do ex-presidente do banco Jorge Mattoso no inquérito sobre a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa. Numa conversa com o delegado Rodrigo Carneiro Gomes, que preside o inquérito, os dois técnicos disseram que Mattoso sabia do vazamento das informações do extrato bancário do caseiro antes da divulgação das informações no site da revista “Época” na tarde de sexta-feira, dia 17 passado. A PF vai chamar Mattoso para um novo depoimento.
O ex-presidente da CEF teria mencionado o vazamento do extrato para um jornalista numa reunião com os dois técnicos pouco antes da divulgação das primeiras notícias sobre os depósitos de R$ 25 mil na conta do caseiro. Mattoso determinou que os dois técnicos enviassem um relatório ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e ao Banco Central sobre a suposta movimentação atípica do caseiro. Em seguida teria dito, segundo os técnicos, que uma cópia do extrato já estava em poder de um jornalista. Mattoso não disse como obteve a informação e nem quem repassara o documento sigiloso ao jornalista.
Emdepoimento à PF na segunda-feira, pouco antes de ser demitido, Mattoso assumiu que mandou tirar o extrato da conta de Francenildo, mas negou que o tenha repassado à imprensa. Depois da reunião com Mattoso, os técnicos remeteram o relatório ao Coaf e ao BC. O documento foi enviado pelo Coaf à PF. Com base nas informações do relatório, a PF abriu investigação também para apurar a origem do dinheiro recebido por Francenildo nos últimos três meses, período que antecedeu seu depoimento na CPI dos Bingos.
PF ainda não viu memória do laptop
A PF também decidiu chamar Gabriel Nogueira, chefe da assessoria de Imprensa da Caixa, para depor. Rodrigo Gomes pretendia interrogar Nogueira ontem, mas depois de uma conversa com o jornalista decidiu remarcar o interrogatório para hoje. Nogueira era um dos três assessores que jantavam com Mattoso num restaurante na última sexta-feira, quando o ex-presidente da Caixa recebeu o envelope com o extrato bancário do caseiro.
Nogueira confirma que estava no jantar, mas disse que não viu o momento em que Mattoso recebeu de um outro assessor, Ricardo Schumann, o extrato de Francenildo. Antônio Carlos, um dos assessores jurídicos da Caixa que também estava no jantar, foi espontaneamente à PF à tarde para depor, e também negou ter visto o extrato do caseiro.
No jantar, além de receber o extrato, Mattoso recebeu telefonema do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Na conversa, segundo relatou à PF, Mattoso informou o ministro que havia enviado os dados ao Coaf, medida que só adotaria no dia seguinte.
A Polícia Federal ainda aguarda decisão da Justiça Federal para ter acesso à memória do laptop usado para violar o sigilo bancário de Francenildo. A Justiça Federal também não deu resposta ao pedido de quebra de sigilo bancário e telefônico do caseiro. O Ministério Público Federal pediu que a quebra do sigilo telefônico não fosse autorizada. Procuradores tentam impedir que a PF investigue a origem do dinheiro depositado para Francenildo. Alegam que não há indício de irregularidade ou lavagem de dinheiro. A PF prefere investigar primeiro para só então atestar que não há irregularidade.
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