16.3.06

CPI convoca caseiro, Delúbio e Okamotto

CPI dos Bingos impõe derrota ao governo ao aprovar convocação de testemunha contra Palocci e acareação entre amigo de Lula e ex-petista

A CPI dos Bingos impôs três derrotas ao governo ontem: convocou para depor hoje o caseiro Francenildo dos Santos Costa, chamou o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares para novo depoimento e marcou acareação do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o ex-petista Paulo de Tarso Venceslau.
Apesar disso, o governo derrotou a oposição por 8 votos a 6 no requerimento de nova convocação do presidente do Sebrae. Ao contrário da acareação, em que falará apenas das questões relacionadas a Venceslau, num depoimento Okamotto seria questionado sobre o pagamento de dívida de Lula com o PT.
Os governistas conseguiram também evitar a votação de um pedido de quebra dos sigilos de uma empresa da qual Okamotto é sócio, que deve ser analisado apenas na próxima semana.
Ainda não há data marcada para o depoimento de Delúbio nem a acareação de Okamotto e Venceslau, que acusa o amigo de Lula de comandar um esquema de corrupção em prefeituras petistas no início da década de 90.
O depoimento de Francenildo foi marcado para as 11h de hoje. Sua convocação, aprovada por 8 a 6, teve apoio até do senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Francenildo foi caseiro da casa alugada em Brasília por ex-assessores do ministro Antonio Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) para supostamente fazer negócios com o governo, entre 2003 e 2004.
Não foi definido se o depoimento será feito em sessão aberta ou fechada ao público. Isso só será decidido hoje pelo presidente da CPI, Efraim Morais (PFL-PB). A comissão espera que o caseiro confirme a declaração de que Palocci esteve na casa "umas dez ou 20 vezes". O ministro nega.
Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", Francenildo contou que Palocci chegava à casa dirigindo um Peugeot que também era usado por Ralf Barquete, ex-secretário de Fazenda de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto.
O requerimento de convocação de Francenildo foi apreciado ontem numa sessão tumultuada da comissão. Apresentado pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR), previa que o depoimento de Francenildo fosse tomado em sessão aberta. Porém, durante a discussão do requerimento, o líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), sugeriu que o caseiro fosse ouvido em sessão fechada.
A idéia de Agripino chegou a contar com apoio do oposicionista Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e do governista Magno Malta (PL-ES).
Porém, durante a votação, não ficou claro se a proposta iria adiante, o que fez com que ACM votasse pela convocação do caseiro e Malta, contra.
Os petistas Ideli Salvatti (SC) e Tião Viana (AC) achavam que poderiam evitar a convocação do caseiro, já que haviam conseguido impedir um novo depoimento de Okamotto. Eles contavam com o apoio do senador Augusto Botelho (PDT-RR), que votou contra o requerimento para convocar o presidente do Sebrae.
No entanto, Viana irritou-se com Botelho durante a votação do pedido de acareação entre Okamotto e Venceslau. O pedetista estava ao telefone e acabou votando a favor por engano.
Viana chegou a se levantar da cadeira para dar uma bronca em Botelho, que se lamentou. Contudo, na votação sobre o requerimento de convocação do caseiro, o pedetista também optou por ficar do lado dos oposicionistas.
Outro motivo de irritação para os aliados foi o voto de Suplicy. Suplicy afirmou que votaria favoravelmente à convocação se o depoimento fosse fechado. "Voto com o condicionamento", disse.
Ideli -que é líder do PT no Senado- reclamou da atitude do colega de partido: "Que condicionamento? Não existe isso".
A Polícia Federal também vai ouvir o motorista Francisco das Chagas Costa e o caseiro Francenildo Santos Costa na investigação relacionada ao pagamento de mesadas a parlamentares da base em troca de apoio ao governo.
Folha

Nenhum comentário: