Lula diz que 'o povo sofre' e ataca Congresso por não votar orçamento
Presidente ainda exalta a sua "baianidade" e reclama do preconceito contra nordestinos, negros e pobres
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem a oposição e o Congresso pelo fato de o Orçamento-Geral da União deste ano ainda não ter sido votado. Lula aproveitou para dizer que outras propostas de interesse "da classe pobre" também estão paradas.
Inicialmente, o presidente culpou o Congresso. "No Brasil, enquanto o povo sofre - e vocês estão vendo isso agora -, nós não conseguimos aprovar o Orçamento da União. O Congresso Nacional ainda não aprovou o Orçamento. Nós estamos trabalhando para que os deputados e senadores votem", afirmou.
Em seguida, foi a vez de a oposição ser responsabilizada. "Porque a maior desgraça do ser humano é a inveja", afirmou. "Com 30 e poucos meses de governo, eles (seus opositores) querem que a gente já tenha feito o que eles não fizeram em 500 anos. E o povo não tem nada a ver com nossas divergências partidárias e ideológicas. O povo não pode sofrer pela irresponsabilidade ou perseguição de um político."
As declarações foram feitas em Lauro de Freitas, na Bahia, onde cerca de 2 mil pessoas participaram da solenidade de entrega de 239 casas populares do Conjunto Vila do Portão. Entre elas, havia uma claque petista que reclamava a candidatura de Lula à reeleição, aos gritos de: "Um, dois, três, Lula outra vez."
Na solenidade, o presidente exaltou a "baianidade", reclamou do preconceito contra nordestinos, negros e pobres e disse que a crise política não pode afetar as camadas mais pobres. "O povo não tem nada a ver com isso, não pode sofrer com a irresponsabilidade ou a perseguição de um político."
"LUTADOR"
Em Salvador, mais tarde, Lula reconheceu que este não é um dos melhores momentos para o governo. Mais uma vez, a platéia era composta majoritariamente por petistas, que foram ao canteiro de obras do metrô de Salvador, que Lula visitou. "Hoje, não estou bem, a situação está mal. Mas eu acredito em Deus, sou brasileiro e lutador", afirmou.
Mesmo assim, ele insistiu em que seu governo fez mais pelo social do que governos dos últimos 100 anos. "Podem fazer as políticas que quiserem. No campo da política, sou democrático. Mas não me peçam destratar o pobre como cidadão", afirmou.
Tendo a seu lado o governador da Bahia, Paulo Souto (PFL), a quem elogiou, Lula disse que há muitos políticos que vivem falando mal dos outros. Nesse momento, parte da platéia apontou para o governador.
O presidente disse, então, que Souto é um exemplo de político civilizado e, como em outras áreas, é preciso conviver com pessoas de idéias diferentes. "Imaginem se o torcedor do Vitória, quando encontra o do Bahia, começa a brigar, ou um evangélico quando encontra um católico."
ALFINETADAS
Momentos antes, no entanto, Lula fizera uma série de ataques indiretos ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a outros ex-presidentes. Disse que, de 1990 a 2002, a economia do País cresceu de forma muito frágil e o nível de desemprego foi alto.
Ele ressaltou que, no seu governo, conseguiu criar 4 milhões de empregos com carteira assinada e os críticos têm pensamento "destrutivo". "Os que estão me atacando hoje atacaram JK. Eu duvido, por exemplo, que alguém tratou melhor o sem-terra como eu tratei", afirmou.
Um dos integrantes da comitiva presidencial era o deputado Josias Gomes (PT-BA), um dos envolvidos no esquema do mensalão, que responde a processo no Conselho de Ética da Camara.
Mais cedo, em Cachoeira, o presidente Lula não fez discurso, não deu entrevista, mas não deixou de ir para os braços do povo. Apertou mãos, abraçou, beijou. Tirou fotos com dona Canô, mãe do cantor Caetano Veloso, convidada especial da Presidência. Foi recebido com festa pela população, de 36 mil habitantes, governada pelo PFL.
Estadão
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