Empresas estudam investimentos até na Ásia
Coteminas e Santista apostam na Argentina. Vicunha quer 20% da produção fora do País
Para escapar das dificuldades no Brasil, as empresas têm investido muito na Argentina, mesmo depois da crise econômica que o país vizinho enfrentou na virada da década. Além da Argentina, as companhias estudam abrir novas fábricas principalmente na América Central e na Ásia, regiões de baixo custo de produção e de fácil acesso aos principais mercados consumidores.
"Temos de aumentar a produção no exterior, o Brasil não oferece condições de competitividade internacional", diz Josué Gomes da Silva, da Coteminas. Fernando Pimentel, superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil ABIT), diz que as exportações brasileiras até tem crescido, mas num ritmo muito menor do que o dos países que competem com o Brasil.
O melhor exemplo é o da Índia. Enquanto Brasil vendeu US$ 2,2 bilhões para o exterior no ano passado, a Índia exportou US$ 15 bilhões. A meta do governo indiano é exportar US$ 85 bilhões ao ano, dentro de uma década.
No Brasil, diz Pimentel, falta uma "política de Estado" para o setor, a começar pelos acordos comerciais com os países ricos. "O Brasil está ficando marginalizado, estamos perdendo mercado nos Estados Unidos para os países da América Central, para a Comunidade Andina e o Caribe", diz Pimentel.
A Argentina foi o primeiro destino das indústrias brasileiras. Coteminas e Santista têm fábricas no país vizinho, operando em plena capacidade. A Coteminas vai investir R$ 80 milhões na filial argentina até o fim do ano. Uma das seis maiores indústrias têxteis do Brasil, a cearense Santana, deverá investir R$ 90 milhões em uma fábrica, na Província de Chaco. A produção será voltada para a Argentina, para outros países da América Latina e EUA.
Maior produtora têxtil da América Latina, com 13 fábricas no Brasil, a Vicunha tem estudos avançados para abrir uma fábrica no exterior. A idéia é instalar 20% da capacidade de produção em um País com acordo de livre comércio com os EUA.
A diretora comercial da Vicunha, Ana Maria Kuntz, garante que não haverá fechamento de fábricas no Brasil e que o projeto no exterior vai trazer aumento da capacidade de produção. Ela diz que será uma ou mais fábricas de "médio porte". A fábrica, que será destinada à produção de índigo e brim colorido, pode ser anunciada neste ano ou em 2007.
"Existem vários estudos em andamento, com vários países, na América Central, Europa e China", diz ela. "Temos contatos com governos e estamos analisando acordos comerciais existentes em cada País ", diz Ana. Nosso desejo é o Brasil, mas gostaríamos que o País fosse mais fértil em acordos comerciais", diz ela.
Estadão
Um comentário:
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