3.5.06

Um eixo do mal?

A Bolívia fez manchetes nos canais de notícias pelo mundo, da CNN à Telesur de Hugo Chávez. Nesta última, destaque para longa entrevista ao vivo com Evo Morales, com perto de uma hora, por volta das 20h. Contido na retórica, o boliviano louvou o Brasil e a integração regional -e tratou de responsabilizar, ele também, a mídia: - Ouvi comentários de que com esta nacionalização faltaria gás ao Brasil, a São Paulo. Isso é totalmente falso. Somos aliados estratégicos. Alguns meios de comunicação quiseram nos confrontar com o companheiro Lula, do Brasil. Alguns meios tratam de nos dividir, e isso não vai acontecer.

Além dele, também o ministro boliviano de petróleo e gás falou ao vivo à Telesur, à tarde, mas em tom bem mais belicoso, com trechos como: - Os contratos foram total e definitivamente anulados. Na entrevista reproduzida até pelo "JN", o ministro afirmou que, para os novos contratos, "o Estado não vai se submeter aos modelos das petroleiras". Por outro lado: - Com toda a clareza, nós não vamos vender gás ao Chile. É a arma de negociação que tem a Bolívia para recuperar sua qualidade marítima. Vai pelos ares a integração dos sul-americanos.

Nos canais BBC, CNN e Fox News, as chamadas falavam da "profunda preocupação", da "condenação internacional" -e por fim, no caso da terceira, ultraconservadora: - A nova onda de socialismo sul-americano ameaça os EUA? É um eixo do mal? De todo modo, os analistas ouvidos relativizavam os efeitos das medidas de Morales, em contraste com as de Chávez, que também tomou dois campos no último mês: - A Venezuela ainda detém reservas tremendas de petróleo bruto, ao qual muitas empresas querem acesso, então tendem a aceitar o que se fez. A Bolívia é outra história, elas deixariam sem maior dor. Uma analista de investimento da Fitch Ratings chegou a dizer à BBC que a nota da Bolívia nem muda, pois a ação era esperada e já está embutida.
Nelson de Sá