O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB – AL) – Concedo a palavra ao Senador Arthur Virgílio, Líder do PSDB.
O SR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM). Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srsª e Srs. Senadores, a inversão de valores está chegando a um ponto efetivamente culminante.
Leio a notícia de que o Ministro da Justiça se teria encontrado com o Sr. Daniel Dantas para algum tipo de acerto em relação à postura do Sr. Dantas no que concerne ao Governo do Presidente Lula.
Muito bem. A CPI dos Bingos e do Crime Organizadoresolveu, hoje, pelo voto – e respeito essa decisão –, não acatar meu requerimento para que ouvíssemos o Sr. Daniel Dantas, e sua irmã. Ela disse que o PT e líderes do Governo, a começar por Lula, haviam tentando extorquir dezenas de milhões de dólares – ela disse isso em Nova Iorque, na Corte Distrital Sul – do Grupo Opportunity. Eu queria ouvir também o outro lado, o Grupo Citibank. A CPI achou que não, que não devia.
Muito bem. Eu pergunto: o que faz o PT conseguir encontrar foro íntimo, razão moral para se recusar a ouvir o Sr. Daniel Dantas?
Não estou me envolvendo nessa história de conta, mas a revista Veja publica que o Presidente Lula e o Ministro da Justiça, e fulano e mais o grego e mais o troiano tinham contas no exterior.
Se é verdade que o Ministro da Justiça se encontrou com o Sr. Daniel Dantas, é a renovação de uma decepção. Eu imaginava o Ministro indignado, vilipendiado, ultrajado, caluniado e processando o Sr. Dantas. O Governo optou por processar a Veja e não demonstrou coragem de processar o Sr. Daniel Dantas. Ou seja, parece-me, realmente, que continua funcionando o esquema jurídico fundamental desta República do rabo preso.
Portanto, Sr. Presidente, estou apresentando requerimento de informações ao Ministro da Justiça, para que negue ou confirme esse tal encontro.
O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL – BA) – V. Exª me permite um aparte?
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Com muita alegria, Senador Antonio Carlos Magalhães.
O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL – BA) – Eu não entendo por que o Governo votou hoje contra a vinda do Sr. Daniel Dantas. Evidentemente, se dúvida havia se Daniel Dantas sabia e sabe alguma coisa, na minha consciência, essa dúvida desapareceu. Acho que ele sabe. Eu estava na dúvida e queria saber. O Dr. Márcio me telefonou, dizendo que não havia nada. Mas, com a votação de hoje, há. Um governo não iria se mobilizar, como se mobilizou, para impedir a vinda do Sr. Daniel Dantas, logo eles que atacavam diariamente o Sr. Daniel Dantas, que diziam que o Sr. Daniel Dantas fazia isso e aquilo. Como é que, hoje, negam, depois da reportagem da Veja? Isso é muito estranho. V. Exª faz bem em explorar esse assunto ao máximo, porque a verdade tem de aparecer.
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Obrigado, Senador Antonio Carlos Magalhães. É muito forte o seu raciocínio. Falavam cobras e lagartos do Sr. Dantas, figura que eu não conheço, que não admiro e por isso recomendo aos meus filhos que procurem não serem parecidos. Por que não se ouvir aquele que era acusado de tudo que era mal feito no Governo anterior, neste Governo e no Governo de Pedro Álvares Cabral?
Ouvi-lo era um dever do PT, sim, era um dever do Governo, sim, e o Governo, na verdade, articulou sua Base para que nós não ouvíssemos aquele que poderia, quem sabe, esclarecer – até em favor do Governo – ser ele, Dantas, o mentiroso, o caluniador, e não o Governo o culpado da falcatrua que passa pela extorsão ou da falcatrua que passa até pelas tais contas ilegais detectadas e denunciadas por Veja.
Concedo um aparte ao Senador Antero Paes de Barros. (Pausa.)
Concedo um aparte ao Líder Romero Jucá.
O Sr. Romero Jucá (PMDB – RR) – Senador Arthur Virgílio, V. Exª pergunta se o Ministro confirmaria se se reuniu ou não com Daniel Dantas. O Ministro já se posicionou quanto a isso. O Ministro se reuniu com o Daniel Dantas, acompanhado de alguns parlamentares que participaram da conversa. Na conversa, segundo a palavra do Ministro e dos presentes, foi informado pelo Daniel Dantas que não teria nenhum dossiê, que não teria feito nenhuma acusação desse tipo. E ele teria perguntado também sobre a questão do inquérito. O Ministro confirmou que já existe inquérito aberto na Polícia Federal e que esse inquérito será apurado, não será sustado, e que não há nenhuma condição de ser paralisado esse tipo de investigação. Portanto, se o Sr. Daniel Dantas tem algo a declarar ou tem alguma lista a entregar, ele terá oportunidade, no inquérito da Polícia Federal, de entregar esse material e de as coisas serem esclarecidas. Essa é a posição do Governo.
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Senador Romero Jucá, sou uma pessoa recomposta pessoalmente com o Ministro da Justiça, e isso me dá alegria. Tenho estima por S. Exª. Agora, sinceramente, entendo que o foro adequado seria a CPI, onde, aliás, nasceu a acusação que envolvia o Governo.
Não considero legítimo que o Ministro da Justiça, cercado de alguns parlamentares, vá sondar as intenções daquele que supostamente teria documentos-bomba do Presidente da República a todos os principais integrantes deste Governo.
Agradeço-lhe o aparte.
Concedo um aparte ao Senador Antero Paes de Barros.
O Sr. Antero Paes de Barros (PSDB – MT) – Senador Arthur Virgílio, primeiro, quero cumprimentá-lo pela oportunidade do pronunciamento. Aliás, o Ministro da Justiça vem fazendo coisas inadequadas faz tempo! Ele é o orientador de todos os que cometem crimes dentro daquilo que o Procurador da República chamou de “organização criminosa”. As pessoas se aconselham com ele. Recentemente, houve o episódio do Ministro Palocci: o Ministro Márcio Thomaz Bastos esteve junto com o Ministro Palocci– alguns dias antes da saída do Ministro Palocci – para orientar o Ministro Palocci sobre qual advogado S. Exª deveria ter. Depois, o advogado esteve aqui, e o Ministro Márcio Thomaz Bastos esteve com o Ministro Palocci e com o advogado dele e disse que não falou nada! Na certa ele foi lá para discutir com o Ministro Palocci a escalação do Brasil para a estréia contra a Croácia na Copa do Mundo! Não tratou de assunto jurídico um homem com a capacidade jurídica do Sr. Márcio Thomaz Bastos! Não cabia ao Ministro indicar advogado para defender um crime de invasão do sigilo do caseiro Francenildo, como não cabia ao Ministro encontrar-se com Daniel Dantas. Se quer saber se foi o Daniel ou não, interpele-o! Ele sabe mais do que nós todos que poderia ter feito, primeiro, a interpelação judicial e, depois, o processo. Ele não fez a interpelação. A Polícia Federal, que é uma Polícia de Estado, está sendo tratada como Polícia de Governo. A Polícia Federal reagiu a esse encontro, Senador Arthur! E houve um órgão de imprensa que divulgou algo estranhíssimo: uma viagem ao exterior do ex-Ministro José Dirceu! Aliás, é estranhíssimo esta Casa assistir ao Sr. José Dirceu viajar de jato sem salário! Ele viaja para lá e para cá, no Brasil e no exterior, para conversar sobre esse assunto. Há um adágio na política que diz o seguinte: “Jaboti não sobe no pau”. Para o Ministro da Justiça ir se encontrar com Daniel Dantas, aí tem, Líder Arthur Virgílio! Muito obrigado pelo aparte.
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Muito bem. A não ser que o José Dirceu seja – eu perguntava ao Senador Tasso Jereissati o nome daquele personagem das histórias em quadrinhos, o primo sortudo do Pato Donald, o primo Gastão – o primo Gastão! Não precisa explicar nada, tem sorte, enfim, passa o tempo todo tomando a Margarida do Pato Donald!
Não somos crianças e sabemos quanto tempo se leva para a implantação honesta de um escritório de advocacia ou de um escritório de consultoria. Se é um jovem que se forma em uma cidade como o Rio de Janeiro, Senador Jereissati, se esse jovem não tem tradição jurídica na família, ele matura o seu escritório em dez anos no mínimo. Uma pessoa com nome, desde que seja um bom nome, levaria menos tempo para maturar. Mas, mal começa a trabalhar, já tem toda essa liquidez, Senador Pontes, para viajar para lá e para cá? Só sendo – já que não sou malicioso – o primo Gastão, aquele que ganha todas na disputa com o pobre do Pato Donald – isso foi bom porque me rejuvenesceu, Senador Ramez Tebet, voltei aos melhores tempos da minha infância!
Senador José Agripin, concedo-lhe um aparte com muita alegria.
O Sr. José Agripino (PFL – RN) – Senador Arthur Virgílio, deixe-me voltar à questão Daniel Dantas. Creio que ele ficou mal. O Daniel Dantas deu uma entrevista ao Diogo Mainardi, publicada em espaço nobilíssimo da Veja, na qual declarou que foi peitado...
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Foi peitado...?
O Sr. José Agripino (PFL – RN) – Este telefone não pára hoje, Senador! É o mal do dia de aniversário!
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Mas hoje é um dia em que todos devemos homenagear V. Exª, pois faz aniversário e V. Exª merece as homenagens por ter toda essa vida brilhante e posta a serviço do seu País e das suas causas. Nada melhor do que, neste momento, poder oferecer-lhe o meu afeto público, os meus parabéns, à frente da Nação e de todo o Senado.
O Sr. José Agripino (PFL – RN) – Essa ligação pelo menos ensejou a manifestação tão simpática do Colega fraterno e que considero um dos melhores Parlamentares do Congresso Nacional, que é V. Exª, Senador Arthur Virgílio. O Dr. Daniel Dantas, hoje, foi, na verdade, ultrajado duplamente. Primeiro, porque o Governo impediu, por meio da negativa ao requerimento do seu comparecimento à CPI dos Bingos, que ele desse ou confirmasse a sua versão dada ao jornalista Diogo Mainardi, numa entrevista concedida em espaço nobre da Veja, quando ele disse que foi peitado por Delúbio Soares, que pediu US$40 milhões ou US$50 milhões para facilitar a vida do Banco Opportunity. Na medida em que o Governo, que teve um encontro com ele, por intermédio do Ministro Márcio Thomaz Bastos, votou contra o comparecimento do Dr. Daniel Dantas, temos todo o direito de entender que o Governo tem algo a esconder e que tem de ser esclarecido. Perguntei sobre isso a Delúbio Soares. Vem, então, o segundo ultraje: Delúbio Soares afirma que jamais pediu um real sequer ao Banco Opportunity. O Dr. Daniel Dantas ficou na conta de mentiroso hoje e foi-lhe negada a oportunidade de dar uma explicação pública sobre a entrevista que concedeu e sobre a peitada que recebeu do Sr. Delúbio Soares. Com este registro, faço a observação de que V. Exª, em muito boa hora, recolhe esse assunto, porque ele não pode morrer no depoimento de hoje. Esse assunto tem de ser esclarecido, porque ele é parte de um fio da meada, que, custe o que custar, vai terminar aparecendo.
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Muito obrigado, Senador José Agripino. É isso mesmo.
Afinal de contas, volto a bater na tecla de que tentaram fazer confusão com o processo de privatizações. Certamente deve ter havido irregularidades e um jogo de propinas, evidentemente não partindo do terceiro andar do Palácio do Planalto, mas que significou ganhos que hoje servem para que o Presidente, de maneira até tola, vanglorie-se quanto aos resultados econômicos, como se tais resultados não tivessem nada a ver com o processo de modernização da economia, de ganho sistêmico de produtividade. Hoje, há saldos na balança comercial. Pergunto se tais saldos têm ou não a ver com, por exemplo, o processo de privatizações.
Mais ainda, Senador José Agripino: corre à boca pequena que o nosso inquilino da CPI – inquilino porque já é íntimo, vai a toda hora lá, enfim, o Sr. Delúbio; sempre para não dizer nada, mas sempre se faz presente. É aquela história: ele não é bom depoente porque não basta ser depoente, tem que participar. E ele não participa, ele só comparece.
Mas imaginem se, nesse esquema, de que ele era um títere – e que tinha o Sr. Valério, tinha o Sr. Dirceu, tinha essa turma toda –, não houvesse sido privatizada a Companhia Vale do Rio Doce? Imaginem se nesse jogo de valerioduto houvesse mais a Companhia Vale do Rio Doce, houvesse mais as teles? Realmente, não dá para confundir roubo de dinheiro público com algo que tem a ver com a visão ideológica de Estado, que é entender que foi bom – e alguns entendem que não foi – ter havido as privatizações.
Ouço o Senador Heráclito Fortes. Em seguida, o Senador Tasso Jereissati, Sr. Presidente.
O Sr. Heráclito Fortes (PFL – PI ) – Senador Arthur Virgílio, desde o início da instalação dessas CPIs, prego e defendo – V. Exª acompanhou em alguns momentos esta minha posição, juntamente com o Senador Antero Paes de Barros – que todos sejam ouvidos sobre essa questão: os representantes e responsáveis pelo Opportunity, os fundos de pensão e, acima de tudo, o Citibank. Certa vez, o Sr. Gushiken disse nesta Casa que, por trás de tudo isso, está envolvida a maior pendência empresarial do Brasil, a maior briga empresarial do Brasil, que é o famoso PUT, que envolve e expõe as vísceras não só dos fundos de pensão como também as do Citibank. Sabe por que isso? Porque a primeira versão que o PT deu para a morte do Sr. Celso Daniel é que se tratava de um crime comum; a primeira versão que deu para a questão do Sr. Toninho do PT, morto em Campinas, é que se tratava de crime comum; a primeira versão dada no caso do conterrâneo do Senador Tasso Jereissati que foi preso no aeroporto de Fortaleza era a de que o dinheiro que estava na cueca era produto do seu trabalho, do seu suor, da venda de maxixe, pimentão, pepinos e outras coisas mais na feira de São Paulo. Quando se anunciou uma lista com Parlamentares da Oposição envolvidos no mensalão, o vice-presidente de uma das Comissões precisou renunciar, porque a lista era falsa. Quando soltaram a lista de Furnas, esta também era falsa. Portanto, tenho o direito de acreditar que essa história não está bem contada. Isso não me remete à ingenuidade de dizer que há santo nessa história, mas é preciso que as partes sejam ouvidas, principalmente, Senador Antonio Carlos Magalhães, quando estamos a poucos dias de uma renovação na Previ. Estão disputando a tapas o fundo de pensão mais rico da América Latina. Os interesses, que não são poucos, estão sendo disputados palmo a palmo e o assunto está sendo desviado. Daí porque eu achar que é fundamental a CPI rever essa posição. Eu até sugiro ao Senador Antonio Carlos Magalhães fazer essa convocação para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. Esse é um assunto que interessa ao País. Não tenho compromisso com erro e não sou procurador de ninguém. Eu disse aqui, desde o começo, que antes dessa CPI eu tinha visto o Sr. Dantas por três ou quatro vezes – sou amigo de um ex-cunhado dele -, mas se há erro, deve ser apurado. Agora, satanizar só um, não. Esse fato precisa ser passado a limpo. E tanto é verdade, Senador Arthur Virgílio, que quando me telefonaram para saber se eu podia receber na minha casa o Sr. Dantas e o Ministro da Justiça, o meu primeiro
raciocínio foi: o Ministro é inteligente e não está engolindo as versões que está recebendo do Governo. Foi o que me passou pela cabeça. E, até por curiosidade de oposicionista, eu queria saber o que ia acontecer nessa conversa. Se havia recuo, de quem era? Não, na realidade, foi para entregar a carta – que está aí. E o mais estranho de tudo foi o vazamento, da maneira como aconteceu. O vazamento foi fogo amigo. É algum interesse contrariado nesse episódio e isso, sim, precisa ser apurado, Senador Arthur Virgílio. Tenho certeza de que vamos chegar a isso, é questão de dias. Mais dia, menos dia, vamos chegar a um esclarecimento que, tenho certeza, será bom para o País. Muito obrigado a V. Exª.
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Senador Heráclito, V. Exª dá uma excelente idéia. Sugiro assinarmos juntos, o Senador José Agripino pelo PFL, e eu pelo PSDB, o requerimento de convocação do Sr. Daniel Dantas e do Citigroup para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. Eu tenho a impressão de que é isso, de que esse é o melhor caminho.
V. Exª talvez tenha cometido, nesse seu aparte tão consistente, um só equívoco: é que a primeira versão não era de crime comum, não. A primeira versão era de crime político. Eles queriam dar a entender que o Governo Fernando Henrique era responsável por um assassinato e pelo outro. Esse é o ponto a ser lembrado, num País que não pode perder a memória. Diziam que os companheiros estavam sendo assassinados; diziam que havia um verdadeiro complô para se matar lideranças petistas. Enfim, foi nesse clima que se realizaram os funerais tanto do Toninho do PT, quanto do Sr. Celso Daniel. Depois, a apuração começou a mostrar envolvimento de figuras ligadas ao Partido a que se filiavam os dois assassinados e, aí, “evoluíram” para a tese do crime comum, a qual não foi engolida pelo Ministério Público Estadual de São Paulo, nem pela polícia de São Paulo. Hoje, está aí o Sr. José Dirceu, indiciado ou apontado como alguém que tivesse a ver com esse episódio de Santo André.
Muito obrigado, Senador.
Sugiro que o Senador José Agripino e eu assinemos esse requerimento para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, convocando o Sr. Dantas e os big shots, ou o big shot, do Citigroup para procurarmos tirar a limpo isso que, hoje, foi-nos denegado por uma maioria absolutamente assustada que o Governo demonstrou ter na CPI dos Bingos.
Concedo o aparte ao Senador Tasso Jereissati.
O Sr. Tasso Jereissati (PSDB – CE) – Senador Arthur Virgílio, com todo o respeito e admiração, até, que tenho pelo Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, confesso que estranhei profundamente o seu encontro com o banqueiro Daniel Dantas. Quando foi publicada a reportagem da revista Veja em que Daniel Dantas acusava várias figuras importantes do Governo do PT, inclusive o próprio Presidente da República – o que não acredito – e o Ministro Márcio Thomaz Bastos, de terem conta no exterior - sem registro, sem declaração, porque não há problema algum em se ter conta no exterior - e quando a irmã do banqueiro, diretora de suas empresas, Drª Verônica, declarou sob juramento, na Corte de Nova Iorque, que o banqueiro foi achacado pelo PT, que lhe exigia dezenas de milhões de dólares - e não há dúvidas da veracidade dessa declaração, pois existe o seu fac-símile -, o mínimo que se poderia esperar era uma reação indignada, seguida por um processo, ou seja, uma reação, um desmentido e um processo imediato. Aliás, isso não era de se esperar pela dignidade do Governo ou dos homens públicos que estão ali. Acredito que era uma obrigação. O Ministro da Justiça, a bem da transparência pública, tinha a obrigação de responder à altura a uma acusação grave como aquela, de que o Governo achacou o banqueiro - porque está ali, dito claramente pela Drª Verônica, que o Governo criaria embaraços ao banqueiro se aquele dinheiro não fosse dado. Não sei se V. Exª se lembra de que está dito ali. Portanto, seria obrigatória a reação do Governo. Ao invés disso, não há sequer uma ameaça, não há indignação, não há uma resposta clara e, na semana seguinte, somos surpreendidos com outra reportagem da revista dizendo que, isso sim, houve um encontro para uma conversa cordial entre o Ministro da Justiça e o próprio banqueiro acusador. Hoje, na CPI, o mesmo Partido acusado de achacar o banqueiro faz um esforço enorme para evitar que ele venha se explicar ou falar perante o Senado e a Nação brasileira. Isso é triste! É
seriíssimo! Não sei o que se pode pensar, mas acredito que, mais do que nunca, devemos nos esforçar. Esta Oposição deve fazer um esforço para ouvir o banqueiro Daniel Dantas. Está muito claro para todos nós que houve um acordo entre o banqueiro, o Ministro da Justiça, em nome do Governo, e que atrás disso aconteceu algo muito sério. Não podemos deixar isso como ficou.
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Senador Tasso Jereissati, V. Exª toca num ponto – encerrei após ouvir outra vez o Senador José Agripino, Sr. Presidente, –, ou seja, essa série de golpes jurídicos aplicados na praça política, que vêm se somar às dezenas de golpes que conhecemos aplicados na praça comercial. Trata-se do mesmo golpe: colocar uma nota valiosa de dinheiro em cima, várias notas sem valor no meio e uma nota valiosa embaixo. Este golpe, por exemplo, no Rio de Janeiro, é chamado de “golpe do paco”; na minha terra, de “golpe do baludo”. Paqueiro é sinônimo de baludeiro. Ou seja, temos dois golpes: em um, os irmãos do Daniel disseram que davam dinheiro a certa pessoa do Palácio para essa pessoa passar o dinheiro para o José Dirceu. Nunca o irmão de Daniel disse que o dinheiro era passado diretamente para o José Dirceu. O que acontece? Essa pessoa não processa o irmão de Daniel; e José Dirceu processa o irmão de Daniel. Por quê? Porque não havia mesmo como se materializar prova nenhuma contra ele. Essa é uma forma de se esquivar. Uma outra forma interessante de se esquivar é a de que o Governo se sente ofendido com o que Dantas disse à Revista Veja, mas opta por processá-la, por processar a Revista Veja. E opta por buscar acordo com o Sr. Daniel Dantas, quando o certo seria processar Dantas pelo que ele disse a Veja e não a Veja por ter acolhido as declarações bombásticas de Daniel Dantas.
Concedo um aparte ao Senador José Agripino, não sem antes deixar de registrar a presença neste Plenário de dois Deputados: meu prezado e dileto amigo, Deputado Átila Lins, e meu prezado e querido amigo, Deputado Paulo Delgado. Ambos, apesar da jovialidade, com toda a pinta e com todo o status senatorial.
Concedo um aparte ao Senador José Agripino.
O Sr. José Agripino (PFL – RN) – Senador Arthur Virgílio, apenas para reiterar. O discurso de V. Exª já produziu um bom resultado. Aliás, V. Exª sempre fala coisas conseqüentes. Vamos dar uma oportunidade ao banqueiro Daniel Dantas de vir falar a sua verdade na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. Estou pronto para assinar o requerimento, juntamente com V. Exª...
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Idéia do Senador Heráclito Fortes.
O Sr. José Agripino (PFL – RN) – ... e com o Senador Heráclito Fortes, para que o Sr. Daniel Dantas compareça à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania para prestar o seu depoimento e confirmar, ou desmentir, o depoimento do Sr. Delúbio Soares, prestado na tarde de hoje na CPMI dos Bingos.
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Já providenciei, Senador José Agripino, o requerimento e, portanto, com o acatamento do Senador Antonio Carlos Magalhães, e a partir da idéia do Senador Heráclito Fortes, buscaremos trazer o Sr. Daniel Dantas e o presidente do Citigroup para deporem, a fim de esclarecer esse episódio tão tortuoso, que não pode ficar no limbo. Ou esse episódio leva alguns para o céu e outros para o inferno, ou outros para o inferno e uns para o céu. Não dá para deixá-los, a todos, no limbo, porque o limbo me parece o pior estado para se generalizar e se misturar as pessoas, as idéias.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Permite-me V. Exª um aparte?
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Concedo um breve aparte ao Senador Eduardo Suplicy.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Senador Arthur Virgílio, de maneira consistente ao argumento que foi hoje exposto, inclusive pelo Senador Tião Viana, quero dizer que, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, serei favorável ao requerimento proposto por V. Exª, juntamente com o Senador Heráclito Fortes, para ouvirmos, seja o Sr. Daniel Dantas, sejam os diretores do Citibank. O argumento para não votarmos na CPMI dos Bingos é o de que fugia ao fato determinado. Avalio ser importante porque, tanto da parte do Senador Heráclito
Fortes como da do Ministro Márcio Thomaz Bastos, dos Parlamentares Sigmaringa Seixas e José Eduardo Martins Cardoso, enfim, de todos os participantes, na medida em que essa reunião se deu sobre algo de interesse público, é importante que ela seja colocada com espírito de transparência, que sempre foi defendido pelo Ministro Márcio Thomaz Bastos.
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Muito obrigado, Senador Eduardo Suplicy.
V. Exª, com sua independência e com suas atitudes, se um dia for expulso do PT, não assuma contrato com ninguém antes conversar conosco. Dê preferência ao PSDB.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Felizmente, Senador, hoje à tarde conversei com o Presidente Paulo Frateschi*, do PT de São Paulo, que me confirmou a minha candidatura para o Senado pelo Partido dos Trabalhadores, por São Paulo. Portanto, não há qualquer cogitação a esse respeito, até porque todos os filiados do PT resolveram indicar-me candidato ao Senado. Estou à espera de saber quais serão os meus adversários, inclusive o do PSDB.
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Então, vou colocar, de novo, na Comissão dos Bingos, o requerimento, porque agora, candidato e já intocável, V. Exª certamente voltará a ter a independência de sempre na Comissão dos Bingos. Vou apresentar de novo. Acho que desta vez vamos, como dizia o seu...
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT – SP) – Na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, não é isso? Ouvi V. Exª falar há pouco: na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania.
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB – AM) – Sim. Mas como V. Exª, agora, está garantido como candidato ao Senado, não podem mais tocar em V. Exª, agora vou tentar o voto de V. Exª na Comissão dos Bingos outra vez. Aí vai voltar a ter a independência de sempre.
Muito obrigado.
2 comentários:
Meu amigo, o Senador Arthur Virg�lio tem DNA de politico. Ele falando e coisa mais fantastica do mundo pq a facilidadee a rapidez do racioc�nio e uma aula par quem assiste.Essa transcricao e para se guardar para sempre. O estado do Amazonas tem bons representantes .
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