BRASÍLIA. Nas investigações da chamada Operação Sanguessuga, a Polícia Federal registrou duas conversas em que integrantes da bancada da fraude tramam a morte de pelo menos duas pessoas. Num dos diálogos, gravados com autorização judicial, o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, um dos donos da empresa Planam apontado pela PF como o chefe da organização, acerta com Francisco Machado Filho, o Chico, assessor do deputado Nilton Capixaba (PTB-RO), a morte de um jornalista do “Correio Braziliense”.
Na conversa, gravada no início da tarde do dia 23 de dezembro, Vedoin pergunta a Chico se um repórter do “Correio” estava mesmo em Rondônia. O jornalista estaria fazendo uma reportagem sobre direcionamento de verbas do Orçamento da União para compra fraudulenta de ambulâncias.
“Luiz, você mandou matar o prefeito, Luiz?”
Em outro trecho, uma mulher reclama com Vedoin porque o empresário teria mandado matar um prefeito. A polícia acompanhou de perto os passos dos suspeitos. Mas as tramas não chegaram a ser postas em prática.
A polícia descobriu as combinações para matar o prefeito de uma cidade do Pará ao gravar uma conversa de Vedoin com Estela, funcionária da Planam, a principal empresa da organização, no dia 26 de dezembro passado. A seguir, os trechos da gravação que constam do relatório da PF:
“Estela liga para Luiz Antônio e pergunta por duas vezes: — Luiz, você mandou matar o prefeito, Luiz?
— Baseado em quê? — pergunta Luiz.
Estela prossegue:
— O cara falou assim: ‘Você mandou matar, não? Você falou que ia matar, que o juiz’...”.
Para a polícia, a conversa “revela o grau de periculosidade dos investigados, que chegam a considerar a possibilidade de medidas drásticas, como assassinatos, caso seus interesses venham a ser contrariados”.
O pai de Luiz Antônio Vedoin, o empresário Darci Vedoin, diretor da Planam, também foi preso ontem pela PF.
‘Podia arrumar um jeito de mandar matar o cara’
A seguir, a transcrição do diálogo, de 23 de dezembro do ano passado, em que Luiz Antônio Trevisan Vedoin, um dos chefes da quadrilha, conversa com Francisco Machado Filho, o Chico, assessor do deputado Nilton Capixaba (PTB-RO), sobre o assassinato de um jornalista do “Correio Braziliense”:
LUIZ ANTÔNIO:
... E o jornalista, deu as caras ou não?
CHICO:
Ele me falou... ele falou que... que... que tava, que tava lá; que ele tinha chegado lá em Rondônia, né.
LUIZ ANTÔNIO:
E procurou alguém, fez alguma coisa?
CHICO:
Não procurou ninguém não. Procurou ninguém não!
LUIZ ANTÔNIO:
Podia arrumar um jeito de mandar matar o cara lá, o que que cê acha?
CHICO:
Eu também acho que é uma boa.
LUIZ ANTÔNIO:
... Vou falar pra um amigo meu... vou ver se esse cara agüenta ficar dez minutos debaixo d’água.
CHICO:
Num sei, uai.
LUIZ ANTÔNIO:
Será que ele agüenta?
CHICO:
Eu acho que não agüenta não.
LUIZ ANTÔNIO:
...vão ver se ele consegue ficar quinze minutos debaixo d’água.
CHICO:
Tá bom, então.
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