Lula tenta convencer ministros sobre redução de juros, diz Marinho
ANA PAULA RIBEIRO da Folha Online
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem trabalhado para convencer os ministros da área econômica da necessidade de reduzir as taxas de juros, segundo indicou o ministro Luiz Marinho (Trabalho).
"Se não vier [a redução das taxas de juros], acho que aí o presidente Lula tem que conversar com as autoridades responsáveis por esses organismos e fazer um convencimento. Creio que esse convencimento está acontecendo já no dia de hoje. Estou bastante otimista de que esses resultados virão."
Hoje, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decide o futuro da Selic, que está em 18,5% ao ano. Amanhã, o CMN (Comitê de Política Monetária) terá uma decisão sobre a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), que está em 9,75% ao ano.
Questionado se o presidente Lula tem conversado sobre o assunto com os membros do Copom --formado pelo presidente do BC, Henrique Meirelles, e os diretores da instituição-- e do CMN --que tem como membros Meirelles e os ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento)--, Marinho respondeu que sim.
"Vocês sabem que sim. Vocês têm visto o ministro Meirelles no Palácio. Palocci está quase todos os dias no Palácio. Paulo Bernardo também. O presidente tem conversado constantemente com essas autoridades e monitora esses dados", informou.
Para ele, o Copom e o CMN são independentes "até por demais" e que com a inflação sob controle, é necessário reduzir os juros para garantir o crescimento do próximo ano.
"Creio que as decisões do Copom no dia de hoje e do CMN, amanhã, darão continuidade ao processo de redução tanto da Selic quando da TJLP. Portanto, temos as condições de um crescimento significativo no ano que vem", disse.
O processo de redução da TJLP ainda não começou. Marinho defende o corte nessa taxa para dar segurança aos investimentos futuros. Para ele, o próximo ano terá um crescimento similar ao do ano passado, que foi de 4,9%. Ele também aposta na recuperação da economia no último trimestre do ano.
"Chamo a atenção para aqueles que ficam apavorados com o resultado do terceiro trimestre. O quarto será melhor. Haverá uma recuperação, anulando um pouco o desastre do terceiro trimestre", disse.
No terceiro trimestre, o PIB (Produto Interno Bruto) apresentou um recuo de 1,2%.
Para o ministro, as reduções da Selic e da TJLP, aliadas ao pagamento antecipado ao FMI (Fundo Monetário Internacional), são suficientes para garantir o crescimento econômico em 2006. Ele também reafirmou, assim como outros membros do governo, de que não haverá mudanças na política econômica --alteração defendida pelo partido do presidente, o PT.
"A política econômica continuará sendo administrada de forma segura. O presidente Lula tem dito isso. Não adotará nenhuma medida irresponsável de mudança na política econômica, que alguns desejam. Isso não ocorrerá."
3 comentários:
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