15.12.05

Mui amigo!

Morales quer que Petrobras devolva refinarias à Bolivia
Diego Toledo
enviado especial BBC a Santa Cruz de la Sierra (Bolívia)

Evo Morales fez declarações durante comício eleitoral
O líder cocaleiro Evo Morales, candidato à Presidência da Bolívia, afirmou que, caso seja eleito, pretende retomar para o governo boliviano o controle de refinarias do país atualmente administradas pela Petrobras.
“Vamos recuperar as refinarias que o Estado brasileiro controla ”, disse Morales. “Se vamos ganhar as eleições, o companheiro Lula tem que nos devolver as refinarias que nos correspondem.”

Em uma entrevista a uma emissora de televisão local, o candidato a vice na chapa de Morales, Alvaro García Linera, afirmou que a idéia é comprar de volta as refinarias com condições especiais que seriam negociadas com a Petrobras.

A empresa brasileira opera uma refinaria em Cochabamba e outra em Santa Cruz de la Sierra. As duas refinarias processam em média 40 mil barris de petróleo e líquido de gás natural por dia.

A Petrobras investiu cerca de US$ 1,5 bilhão na Bolívia nos últimos dez anos e o governo boliviano arrecada aproximadamente 20% de seu PIB com tributos pagos pela empresa.

Por meio do gasoduto que liga os dois países, o Brasil importa da Bolívia 24 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia.

Reduto adversário

Evo Morales fez as declarações sobre as refinarias da Petrobras na noite de quarta-feira, em Santa Cruz de la Sierra, no penúltimo comício do candidato antes das eleições gerais, que serão realizadas no domingo.

O tribunal eleitoral boliviano determinou que as campanhas devem terminar nesta quinta-feira. O MAS (Movimento ao Socialismo), partido de Morales, realizará o último comício à noite, em Cochabamba.

De acordo com a mais recente pesquisa, divulgada na quarta-feira pelo instituto Ipsos-Captura, Evo Morales lidera a disputa pela presidência com 34,2% das intenções de voto.

O principal adversário de Morales é o ex-presidente Jorge ‘Tuto’ Quiroga, que aparece na pesquisa com 29,2%.

A legislação boliviana prevê que, se nenhum dos oito candidatos conseguir 50% e mais um dos votos válidos, o Congresso é quem vai escolher o presidente entre os dois mais votados.

Líder na pesquisa, Evo Morales é também o candidato com o maior índice de rejeição: 28,8%, segundo o instituto Ipsos-Captura.

As províncias de Santa Cruz, La Paz e Cochabamba possuem, juntas, mais de 70% dos 3,6 milhões de eleitores aptos para votar no domingo. Morales aparece na frente em La Paz e Cochabamba, mas Quiroga lidera com ampla vantagem em Santa Cruz.

Recursos naturais

No comício de quarta-feira, Morales voltou a insistir naquela que é a principal bandeira de sua campanha: a nacionalização dos recursos naturais bolivianos, principalmente o gás natural e o petróleo.

“Há algo muito importante, que é a luta de nossos antepassados, a luta pelo território”, disse o candidato do MAS. “Essa luta pelo território segue vigente e segue adiante nesse momento. E em que se resume? Primeiro, recuperar o poder político para recuperar o território. E o que é o território? Todos os recursos naturais.”

Se permanecer na frente, Morales, que surgiu no cenário boliviano como representante dos plantadores de coca, pode ser o primeiro indígena a vencer as eleições presidenciais na Bolívia, um país marcado por décadas de exclusão étnica.

Em Santa Cruz de la Sierra, a cidade mais rica de um dos países mais pobres da América do Sul, o líder cocaleiro reafirmou o desejo de governar com a participação dos movimentos sociais bolivianos.

“Podemos dizer que os setores mais humilhados, mais marginalizados, mais abandonados podem contar com um instrumento político de liberação”, afirmou Morales. “E esse instrumento político de liberação é a primeira força política desse país nesse momento.”

Mas, em uma tentativa de diminuir a vantagem de Quiroga na região, o candidato indígena disse que sua campanha não representa apenas o movimento campesino, mas também todos os setores de trabalhadores.

“Essa luta é pela segunda independência do nosso país”, disse Evo Morales. “Fomos outra vez submetidos aos saqueadores dos nossos recursos naturais, e agora chegou a hora de nos liberarmos definitivamente.”

2 comentários:

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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