Lula quer lançar candidatura com novo Ministério
O Globo
Preocupado em construir uma aliança partidária que viabilize sua candidatura à reeleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá anunciar de uma só vez o lançamento de sua candidatura e a composição do novo Ministério. Segundo ministros, Lula fará uma “operação casada” entre a eleição presidencial e as disputas regionais.
O presidente discutirá caso a caso com os ministros que querem concorrer em 2006. Lula deverá acelerar as conversas em fevereiro, sendo que o prazo legal para a desincompatibilização é 1 de abril. Lula disse ao comando do PT que até março tomará uma decisão.
— Será um tratamento individual de cada ministro — disse o ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, que mantém o mistério sobre se será candidato ao governo da Bahia.
O dilema de Lula é reforçar as disputas regionais e acabar ficando com um Ministério fraco politicamente, formado por técnicos. Nos bastidores, assessores do presidente dizem que os ministros políticos vão esperar, além da decisão do presidente, que o quadro eleitoral fique mais claro.
— A posição dos ministros vai depender dos planos do presidente de fortalecer as candidaturas nos estados. No caso de Minas, por exemplo, o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) seria uma alternativa para concorrer — disse o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que decidiu ficar no governo até o fim.
Lula já pediu ao ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, que permaneça no governo. Já o presidente da Infraero, Carlos Wilson, informou o presidente que será candidato a deputado e que sairá em fevereiro.
Ministros esperam pesquisas para decidir
Realistas, alguns integrantes do governo dizem que a permanência ou não no Ministério dependerá das pesquisas de intenção de voto na época em que a decisão tiver que ser tomada.
— Se em março a situação estiver muito ruim, as pesquisas estiverem indicando derrota do governo, a maioria sai. Não tem muito mistério — resumiu um ministro.
Ex-colaboradores podem voltar a integrar a equipe
Para não ficar com um Ministério sem grandes quadros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode trazer de volta petistas como o ex-ministro Tarso Genro. Ele deixou a pasta da Educação para presidir o PT em plena crise e acabou sendo atropelado por uma manobra do ex-deputado José Dirceu, que garantiu a eleição do deputado Ricardo Berzoini como presidente do partido. Tarso não tem mandato parlamentar e enfrenta uma complicada situação no PT gaúcho.
O caso do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, é o mais delicado para Lula. Durante a semana, Lula reagiu às especulações sobre a saída de Palocci do governo, dizendo que se tratava “de uma bobagem”. No entanto, integrantes do governo acreditam que Palocci, cada vez mais criticado no governo pela rigidez da política econômica, deveria sair para se candidatar a deputado. Alguns dizem que ele, alvo de investigação das CPIs, não pode correr o risco de ficar sem mandato após o fim do governo.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, havia desistido de se candidatar em fevereiro passado, a pedido de Lula, mas poderá mudar de idéia se Palocci sair.
Rossetto quer ser candidato do PT no Rio Grande do Sul
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, quer ser o candidato do PT ao governo do Rio Grande do Sul. Ele já deixou clara sua disposição ao presidente, embora tenha que enfrentar uma disputa pela vaga com o ex-ministro Olívio Dutra.
Na lista dos ministros que devem deixar o governo estão ainda Alfredo Nascimento (Transporte); Paulo Bernardo (Planejamento); Saraiva Felipe (Saúde); e Ciro Gomes (Integração Nacional). Este último tem dito que não será candidato a nada, mas sua saída é dada como certa por integrantes do governo. Seu nome é apontado inclusive para ser vice de Lula e até como alternativa para disputar a Presidência, caso Lula não se dispute a reeleição.
— Isso é falta de assunto. Não sou candidato a nada — sempre reage Ciro Gomes.
Para muitos, a questão regional vai prevalecer sobre a nacional. O titular da Secretaria de Aqüicultura e Pesca, José Fritsch, disse que será candidato para reforçar o PT em Santa Catarina.
Com pressa, já que em 2006 as medidas administrativas precisarão ser tomadas num espaço de tempo mais curto, devido à legislação eleitoral, Lula pediu aos ministros que estejam em Brasília no início de janeiro. Ele pretende então decidir os gastos e projetos de 2006 e quem vai tocá-los até as eleições.
2 comentários:
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